Mirena

    O céu estava escuro, o sol já havia se posto. O brilho das lamparinas percorria a cidade, iluminando-a como se fosse dia.

     A festa já durava três dias, e agora estava na terceira noite. Halvar já não era mais jovem, ficou conhecido por juntar durante toda a sua vida para realizar a comemoração. Alugou a praça da cidade, alugou alguns aventureiros na guilda, até mesmo comprou os serviços da famigerada Taverna Pata de Gato.

    Não eram todos que eram capazes de realizar isso, mas eram todos que poderiam aproveitar.

    Pessoas de todos os tipos e todos os lugares estavam reunidas, das mais altas para as mais baixas, das mais simples até as mais extravagantes. 

    Dentre elas, algumas se destacavam. Não importava para onde a moça olhasse, via a maioria esmagadora de humanos, não que se ligasse tanto. Era normal para uma cidade grande como Eldon.

    Mirena se aproximou do balcão, desviando das pessoas acabadas de tanto encher a cara, e pegou dois canecos de madeira cheios até a boca.

    Os bêbados a ignoravam, estavam entretidos demais com o teor alcoólico, mas os menos embriagados a encaravam com a sutileza de um martelo lucerno. 

    Sua aparência chamaria atenção em quase todo lugar, usava um colete de couro para se proteger do frio, uma calça marrom com detalhes em preto, e um par de botas de trilha cobriam seus pés. Sua camisa era branca e tinha mangas até o antebraço. O que mais a destacava eram seus braços, seu braço direito era frio e cinzento como o aço de uma espada, completamente mecanizado. Um grande avanço na ciência. 

    Cabelos ondulados e negros como a noite cobriam seus ombros, não passando disso. No lado de sua cabeça, um par de orelhas longas e pontiagudas saltava para fora do cabelo, um traço inato do povo Ardenteriano.

    Ela não ligava para os olhares, era costumeiro em suas viagens.

    Sentou próxima à multidão, a festa se estendia além da taverna, tomando toda a praça da cidade. Todos festejavam como se aquele fosse seu último dia. 

    Halvar urrava com seus convidados, poucos canecos de cerveja não seriam o suficiente para derrubá-lo.

    — Aproveitem! Bebam à vontade, já tá tudo pago mesmo. Hahaha!

    Eles brindaram. Mirena brindou, para logo virar os dois canecos. Era uma pessoa tranquila, mas era forte para bebidas. A cerveja era apenas a entrada.

    — A jovizinha é boa de breja, num é? — disse um dos beberrões. Um humano na casa dos vinte e cinco.

    Não se importava em conversar com cachaceiros, estava em uma festa rodeada deles.

    — Jovenzinha? Obrigada, mas devo ter o dobro da sua idade, hahaha!

    — Ah! Uma auden… audente… audacia… como é memo o nome?

    — Ardenteriana, mas pode me chamar de Mirena. E você?

    Não demorou muito para a conversa fluir, ela tinha o dom da conversação. O que era duas pessoas conversando numa mesa, rapidamente se tornou uma sessão dela ouvindo os problemas de aldeões e aldeãs.

    — A coleita deze anu ta podi, os bichu da fluresta tão atacano as fazenda — O fazendeiro chorava e repunha com pinga.

    — Nah, isu num é nada, eu tabaio com ferro quente e tenhu um sevo de gelo! — O ferreiro ria da própria desgraça. Usar gelo e trabalhar com fogo era o cúmulo da ironia.

    — Não se preocupa, você ainda é um dos melhores ferreiros que eu conheço. — Mirena dava tapinhas nas costas do homem, tentando consolá-lo.

    — Vose é muto gentil, sabia?

    As pessoas eram naturalmente atraídas pela mulher, e conseguiam boas conversas. Os que não se aproximavam ou estavam com receio, ou estavam mais interessados no concurso de comilança.


    Dhaha

    Todos se divertiam com esse tipo de competição. A plateia ria com os derrotados, os vencedores ficavam contentes por comerem muito. Era raro ver gente triste, mas dessa vez as coisas eram diferentes.

    Dezesseis pessoas se inscreveram para a competição, mas quinze foram vencidas esmagadoramente. Um jovem com apetite de uma fera havia aparecido, e superou todos eles sem precisar de pausas. Um verdadeiro monstro.

    Dhaha tinha o costume de treinar, então ganhou o hábito de comer aos montes. Era a competição certa para o garoto certo. 

    Além de seu porte físico, sua aparência também se destacava. Uma camada grossa de couro cobria o restante do corpo, deixando apenas partes da pele negra à mostra. Era uma armadura simples, mas muito bem trabalhada.

    Lembrava um adolescente, mas seu porte físico era mais definido e maduro do que se esperaria para a idade. Tinha o rosto levemente arredondado, seguido de cabelos marrons e escuros que caíam até a altura das orelhas. Seu olhar chamava ainda mais atenção, havia um brilho intenso e incandescente, como se pequenas chamas queimassem em suas pupilas. 

    Um douradiano muito belo, ao ver das outras pessoas.

    Ao final da competição, Dhaha estava prestes a ser premiado com um saco de moedas, mas não demonstrou interesse. Gentilmente negou e aceitou apenas a conta paga.

    Boom!

    Um gongo foi tocado, a atração principal da noite se aproximava.

    — Ôloco, bicho! Senhoras e senhores, humanos e não-humanos, meu! Chega mais, vem chegando, porque vai começar agora o showzão da noite, rapaz! — O apresentador gritou para o público, o cone em sua mão amplificou o som de sua voz.

    Um humano de altura mediana, cabelo curto e lambido. A pele parecia envelhecida, mas bem cuidada, com uma barriga saliente quase escapando das roupas e calças razoavelmente justas. 

    Era o famoso Pedrão. Um apresentador conhecido por seus shows em todos os quatro distritos de Arthuria. Todos estavam surpresos, Halvar tinha contratado alguém e tanto.

    O público rapidamente se reuniu aos pés do palco, Mirena e Dhaha inclusos.

    Com o cair de algumas lonas, diversos prêmios foram revelados. Desde gaiolas com animais até itens brilhantes e chamativos.

    — Essa festa acaba num domingão, meu! Nada mais justo que chamar de Domingão do Pedrão, bicho! Então vamo nessa, que vai começar agora o jogo da noite: a Corrida do Pedrão, ôloco, meu!

    Carregadores e construtores surgiram da multidão, fazendo um circuito de desafios em tempo recorde. Uma parede de escalada, uma corda de equilibrismo, uma área de salto a distância e um tanque de natação.

    — Como eles…? — Mirena encarava aquilo um pouco incrédula.

    — Os pedreiros de hoje em dia tão cada vez mais eficientes, bicho! Mas vamo falar dos prêmios, meu! O vencedor vai ter o direito de escolher entre um desses prêmios aqui no palco, rapaz! — Ele se aproximou de uma das caixas. Era bem menor que as outras, mas adornada com enfeites de prata — E nessa caixa aqui, ó… temos um prêmio especial! Uma folha muito importante, bicho! Uma folha que a galera tá de olho, de um certo livro misterioso que tá todo mundo atrás, meu! Ôloco!

    A atenção das pessoas se transformou em ânsia, o apresentador era muito bom em motivar o público.

    “Será que é…”.

    Antes que Mirena pudesse pensar, o gongo soou novamente.

    As pessoas correram para o circuito, amontoadas e competitivas como nunca.

    Mirena se viu diante da parede de escalada. Nunca foi uma mestra em esportes, mas vivia viajando, então isso não seria um problema.

    Se não houvesse uma multidão ao seu redor.

    Escalar aquela parede se tornou ao menos dez vezes pior. As pessoas se apertavam e derrubavam. Os mais sóbrios tentavam agir seriamente, já os mais bêbados nem se importavam em pegar alguém e o jogar para baixo.

    Em meio a guerra que o lugar tinha se tornado, Mirena conseguiu se esgueirar entre as pessoas e chegar ao topo, somente para se deparar com a mesma cena nos outros desafios.

    Aquilo não seria fácil.

    “Certo, pensa, Mirena! Agora é uma corda de equilibrismo, é só andar com calma. Não tem mais ninguém andando nela, todo mundo já ca…”.

    Enquanto pensava e andava pela corda, algo saltou sobre Mirena e ignorou completamente o desafio da corda. Mesmo com uma armadura de couro, Dhaha conseguia saltar distâncias absurdas.

    — Mas quem é ele? — Mirena deixou escapar o pensamento pela boca.

    — Dhaha. Dhaha Sulfazyan! —  O sorriso em seu rosto era visível. Dizia seu nome como se fosse um título. — O Guerreiro de Aço!

    Mirena não sabia com o que se impressionar mais, com os feitos do garoto ou com ele estar se preparando para continuar a corrida.

    — Com licença! Garoto douradiano! — Gritou a ardenteriana.

    — O que foi?

    — Como você fez isso? Olha para essa distância!

    — Sinto muito, mas estou sem tempo, senhora.

    — Perdão? Senhora?

    — Lógico. A senhora é uma ardenteriana, então deve ter no mínimo o dobro da idade que parece.

    “Desgraçado! Pior que ele tem razão”

    Mirena não conseguia continuar a discussão, Dhaha estava certo. Ser uma ardenteriana lhe deu uma grande expectativa de vida. Parecia estar na faixa dos vinte anos, mas já estava na casa dos cinquenta.

    Derrotada, ela aceitou a situação e continuou passando pela corda, motivada pela multidão furiosa que se aproximava e que tentava cruzar as outras cordas ao lado.

    Rápido como uma bala, Dhaha se virou e seguiu pelos obstáculos. Cruzou as próximas cordas como se fossem plataformas rígidas, tinha um equilíbrio invejável. Em pouco tempo, se viu diante do salto a distância.

    A visão dos aldeões e aldeãs saltando desajeitados era cômica, eles mesmos riam uns dos outros ao caírem sentados no chão de areia.

    Dhaha se segurou para não rir daquilo, precisava focar no desafio.

    Deu alguns passos para trás, respirou fundo e encheu seus pulmões. Uma leve chama branca começou a cobrir seu corpo, era uma visão belíssima. Era o controle de carma se manifestando.

    O carma era a energia sutil que permeia os seres vivos, objetos e até mesmo o ar, uma força presente em tudo. Poucos tinham controle o suficiente para manifestá-lo, mas Dhaha era um desses poucos.

    Ele correu na direção da linha, saltando como um tigre branco e iluminando a noite. Todos pararam de rir e passaram a observar o garoto. Palmas puderam ser ouvidas.

    Continuou saltando até passar o desafio. Não importava como ou o quanto as pessoas olhassem, Dhaha era um prodígio.


    Mirena

    A mulher demorou alguns minutos para conseguir cruzar as cordas de equilíbrio, o peso das roupas de viagem não ajudava nem um pouco.

    Chegando na área de salto, ela pôde ter um vislumbre do garoto chegando ao teste de natação.

    “Prodígio desgraçado…”, pensou ela. Mesmo com raiva, ela reconhecia as capacidades do garoto, sem dúvidas ele seria alguém poderoso no futuro.

    — Certo. São só alguns pulos! Não deve ser tão difícil — disse ela, antes de falhar três vezes no primeiro salto, e mais quatro no segundo e terceiro.

    “Esse lugar é o inferno!”.

    Parou e se sentou ao chão, precisava recuperar o fôlego se quisesse continuar e passar pelo tanque de água.

    A lua não estava longe de se pôr, logo a festa chegaria ao seu fim e Dhaha venceria a corrida. Ela precisava ser rápida.

    “Eu não tenho tanto carma assim, se ele usar isso pra nadar…”.

    Mirena já tinha aceitado a derrota, não existia um mundo onde ela pudesse vencê-lo no atletismo. Ela sabia como sobreviver sozinha, mas não era excepcionalmente atlética.

    “Talvez se eu usar meu servo, isso pode dar certo”.

    Ela se aproximou da beirada do tanque de água, era razoavelmente fundo, talvez um metro e meio. A distância do começo ao fim não dava mais do que vinte metros.

    Por sorte, não havia outras pessoas além deles dois. Aqueles pulos eram realmente infernais quando tinha uma multidão de adultos embriagados neles..

    Mirena não precisou olhar muito para notar Dhaha parado diante do tanque, como se estivesse esperando algo.

    — Ah, você ainda não foi. Não vai nadar?

    — Eu… eu estou pensando.

    Dhaha sempre respondia rápido e seco, como se estivesse otimizando suas falas.

    — O sol vai nascer daqui a pouco…

    — Eu sei, se… senhora.

    “De novo esse negócio de senhora. Acha que vai ser jovem pra sempre?”, os pensamentos de Mirena podiam ser vistos em sua face, mas nenhum deles foi capaz de escapar em sua fala.

    — Não parece tão fundo, não é só você ir nadando raso? Talvez consiga até andar dentro da água. Inclusive, seu nome era Dhaha, não era?

    — Não é tão raso quanto parece, e sim, sou Dhaha Sulfazyan!

    O garoto continuava se chamando como um título. Seu orgulho parecia que ia escapar pelas frestas da armadura, apesar da falta de sua coragem quanto ao tanque.

    Mirena encostou seus dedos na água e lentamente mexeu a água. Não demorou muito para que entrasse no tanque, a água não passava de seu pescoço.

    — Não é muito fundo, Dhaha. Eu acho…

    Dhaha tomou coragem e entrou na água, ela não chegava nem nos seus ombros. Sua altura era uma grande vantagem. 

    O garoto relaxou por uns instantes, recobrindo seu corpo em carma, e começou a empurrar a água enquanto caminhava.

    “Ele entrou depois de ver que alcançava o fundo?”

    A visão de Dhaha empurrando a água para andar contra ela era surpreendente, mas ridícula acima de tudo. Era como uma criança lutando contra a correnteza

    “Então ele não sabe…”.

    Os urros sem sobriedade podiam ser ouvidos ao longe. As pessoas estavam conseguindo ultrapassar o obstáculo dos saltos, era questão de tempo para que elas chegassem até o tanque.

    — Não vai ter jeito.  — Mirena saiu do tanque, ainda curvada e com uma das mãos sobre a água.

    Seu corpo se iluminou abaixo do céu recém clareado pelo nascer do sol. Suas mãos foram cobertas por seu carma, não era tão denso quanto o de Dhaha, mas era algo de impressionar. Era seu servo.

    A energia que fluía pelo corpo dos seres vivos era o carma, capaz de realizar feitos sobrenaturais, mas a força que realmente comandava o mundo eram os servos. Bestas mágicas desconhecidas, feitas inteiramente de carma, puro poder vivo.

    Não era qualquer um que era capaz de fazer um contrato com um servo, só os poucos escolhidos, chamados de magos, conseguiam isso. E Mirena, claro, era uma maga.

    — [Caleidogênese]!

    Em uma fração de segundo, o carma envolto nas mãos da mulher se concentrou nas pontas dos dedos. O ar ao redor começou a resfriar, a temperatura estava reduzindo.

    Antes que Dhaha pudesse chegar ao fim da linha, seu corpo foi completamente paralisado, estava rodeado de gelo. Todo o tanque estava congelado.

    — Sua… Cê é uma maga?! — gritou Dhaha, enquanto tentava se soltar do invólucro de gelo.

    Mirena ignorou a mudança na fala de Dhaha, precisava chegar ao final antes que eles a alcançassem. Seu passo era atrapalhado, o gelo ainda era liso e disforme.

    Dhaha não conseguia mover seu corpo, só conseguia observar e aceitar que dessa vez foi superado. Talvez ela não fosse somente uma senhora.

    Quando chegou ao fim da competição, sua exaustão era visível. Usar seu servo naquela escala também não foi uma ideia prática, não tinha certeza de quantas vezes mais poderia usá-lo.

    — Ôloco, meu! Nós temos uma ganhadora! Rapaz, parabéns, qual seu nome? — Pedrão esperava pela vencedora com os prêmios elegíveis.

    Mirena se virou para a multidão, agora organizada e enfileirada. O circuito foi desmontado rapidamente e sem deixar rastros. Eram pedreiros muito eficientes.

    “Quando que eles…?”.

    — Então, meu. Diz aí seu nome!

    Ela então observou os aldeões, todos com sorrisos em seus rostos. Competição ou não, todos se divertiram. 

    Dhaha a observava com atenção, ele nunca havia perguntado seu nome.

    — Eu sou… Mirena… Kaspiegel! — Mirena não conseguia dizer seu nome da mesma forma que Dhaha. Era necessária muita autoconfiança.

    — Ôloco, Mirena Kaspiegel, meu! 

    Toda a plateia urrou. Era como se um novo conto tivesse se iniciado, mesmo que fosse somente uma corrida com obstáculos para bêbados.

    Em meio às pessoas comemorando e bebendo, não demorou muito para que Mirena se visse diante dos prêmios, a festa só continuaria quando ela escolhesse. 

    Eram prêmios tentadores, um enorme machado importado do distrito de Gelo Fino, um lagarto do deserto adulto enjaulado, uma armadura dourada e uma caixa misteriosa.

    Não importava o quão bonitos ou poderosos fossem os outros prêmios, Mirena veio para essa cidade pelos boatos da caixa, não havia outra escolha.

    Ao abrir a caixa, Mirena se deparou com a triste realidade. Não tinha como um apresentador de show ter algo tão importante quanto o que ela buscava.

    Era somente um desenho autografado pelo Pedrão.

    Mirena se esforçou muito para esconder a decepção. Ela se esforçou mais do que na competição.

    Pedrão se virou para a multidão, retomando a atenção para si.

    — Ô brigadão pra todo mundo que participou, meu! Foi um evento sensacional, a galera se divertiu pra caramba e ainda tivemos uma vencedora de responsa, bicho! E agora… Vamo voltar pra festa, porque o show não pode parar, meu!

    Eles erraram novamente. Não havia nada que pudesse parar uma cidade inteira em festa. Ou quase nada…

    Boom!

    Não era mais o som do gongo, uma explosão soou ao longe. Gritos ecoavam pela cidade, pessoas desesperadas corriam pela multidão. Passos pesados estremeciam o chão.

    Não demorou muito para Dhaha saltar em direção à nuvem de acontecimentos. Uma montante em suas mãos, e ferocidade no olhar.

    Rodeada por dezenas de pequenos esqueletos, a silhueta de uma imensa criatura surgia. No ápice dos seus quatro metros, com cicatrizes percorrendo todo o torso e uma maça enferrujada em suas mãos decompostas.

    — Roaaaaar!!! — O rugido da criatura estremeceu os ossos de todos os convidados. Era um som capaz de causar pesadelos naqueles que não podiam se proteger.

    Um exército de mortos vivos se aproximava.

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