Mirena

    — Vai querer o de sempre, Scott? — perguntou o taberneiro atrás do balcão, com copo e pano em mãos.

    Sua fala era direcionada ao aventureiro em sua frente, que, igual a tantos outros, estava aproveitando o anoitecer para encher a cara e esquecer dos problemas. A noite havia caído, Mirena e Dhaha passaram o dia inteiro presos na guilda devido ao mal entendido, e agora estavam separados atrás de informações.

    O lugar estava lotado, aventureiros e aventureiras de todos os tipos festejavam a vida com seus canecos de metal e pedaços de carne no espeto. A Taverna Para de Gato era famosa por seu serviço, afinal.

    Mirena foi até o balcão, pedindo dois canecos de cerveja e se encostando no balcão.

    “Como eu consegui me colocar nesse tipo de situação?”, pensou ela ao deixar um bocejo escapar.

    — Aqui está, senhorita. — O taberneiro trouxe as canecas. — Seu acompanhante chegará em breve?

    — Não, não. As duas canecas são para mim.

    Ela virou meia caneca goela a baixo, soltando um suspiro de relaxamento ao bater o copo na mesa.

    As pessoas passaram a observar, mas logo voltaram à rotina. Era mais interessante conversar sobre missões, recompensas e desaparecidos.

    — Vejo que temos uma garota boa de bebida. Hahaha!

    — Hahaha! Não se preocupe, é apenas cerveja.

    Ela virou a outra metade como se não fosse nada, para a infelicidade de seu fígado.

    O taverneiro encarou com os olhos arregalados, esse hábito era incomum, a maioria pedia pequenas doses ou levava aperitivos.

    — Mas o que te fez ficar assim?

    — Gulp… Argh… Eu me coloquei em uma grande encrenca, e agora preciso investigar um caso o qual não tenho informação alguma.

    — Um caso? Sobre o que está investigando?

    — Imagino que tenha ouvido falar sobre os desaparecimentos…

    — Aaaah, entendo sim. Os desaparecimentos em Alta-Engrenora?

    — Esses mesmo! Estou a horas procurando, e quase não havia informações nos arquivos! — A garota virou mais meia caneca, afogando as mágoas.

    — Realmente. Pelo que ouvi, apenas centralizaram na área residencial norte, nada mais.

    — Área residencial norte? Isso não estava nos arquivos.

    — Imagino, são mais boatos mesmo, mas seria bom você dar uma olhada por lá, não?

    — Tem toda a razão, senhor taverneiro! — Mirena colocou dez moedas sobre a mesa, virou o resto da cabeça e acelerou o passo rumo à porta.

    — Pode me chamar de Ellenor… E ela já foi.

    O taverneiro apenas pegou as moedas e encarou o teto, com uma sensação de dever cumprido.

    A garota caminhou pela noite escura, a cidade havia se tornado uma escuridão silenciosa como a morte. Pediu informação a cada pessoa que conseguiu, a falta de um mapa ou bússola era um erro fatal.

    Mirena avistou algumas casas, estabelecimentos, campos, e um templo. O lugar era vasto demais para ter alguma noção de onde procurar.

    “Por quê esta cidade é tão grande? E tão escura? Não havia fábricas até algumas horas atrás?”, pensou ela, sentada em um banco, ofegante.

    O céu estava escuro, sem nenhuma estrela, obra de nuvens carregadas que estavam se aproximando. Não ia demorar até a chuva começar.

    — Droga, chuva agora? — praguejou ela, com as mãos sobre o rosto.

    Foi então que passos soaram pela rua, passos descompassados e lentos, como se lutassem para se repetirem. Uma senhorinha caminhava com uma lamparina em mãos.

    — O que uma jovenzinha faz na rua a essas horas? Foi enxotada de casa? — perguntou a velhinha, com um sorriso travesso no rosto.

    — O que? Não! Hahaha! — A garota se rendeu à piada surpresa.

    — Mas o que faz aqui a essas horas, mocinha?

    — Pode ficar tranquila, senhora. Eu estou bem, mas agradeço pelo “mocinha”.

    — Oh! Uma ardenteriana? Não é muito comum ver ardenterianos aqui pela cidade. 

    — Eu estou… estudando uma coisa — A ardenteriana não poderia dizer aos quatro ventos que estava investigando desaparecimentos, o culpado poderia se esconder.

    — Uma acadêmica? — A senhora sentou ao lado da ardenteriana. — E o que você está estudando?

    — Bom… — Ela tentou pensar muitas formas de abordar isso, mas falhou miseravelmente. — A senhora viu algo suspeito ultimamente?

    — Algo suspeito como o que?

    — Não sei… movimentações estranhas? Talvez pessoas estranhas andando pelo local?

    — Hmmm… — A senhorinha parou por alguns segundos, como se lembrasse a vida inteira.

    “Essa investigação vai ser mais longa do que pensei que seria…”, pensou Mirena.

    — Bom, quando eu era nova, aquele templo, bem ali, ó. — Ela apontou para um templo carcomido pelo tempo. 

    “Ou talvez não”.

    — Ela era cheia de pessoas, os padres de Stormlen, mas a alguns anos ela foi fechada e todos eles foram embora.

    — Uma pena, parece que era muito bonita.

    — E era, toda azulada, igual Stormlen. Mas agora… — disse ela, de cabeça baixa e olhos marejados — só uns esquisitões vão lá.

    — Esquisitões? Que tipo de esquisitões?

    — Umas pessoas assustadoras, de mantos pretos, devem ser jovens brincando de coisas estranhas, então nem me meto. As crianças de hoje em dia gostam de fazer cada coisa…

    — Entendo! Muito obrigada, senhora…?

    — Lídia.

    — Muito obrigada, senhora Lídia!

    Com um salto, ela correu na direção do prédio velho, torcendo para não tropeçar no meio da escuridão e deixando a senhorinha para trás.

    A construção se mostrou em sua frente, um templo caindo aos pedaços, as paredes um dia já tiveram azul. O símbolo de Stormlen, o Pássaro da Tempestade, já estava enferrujado e quase caindo da porta, porta essa que estava trancada por tábuas de madeira pregadas a martelo.

    A garota engoliu em seco, aquele lugar era de dar calafrios.

    “Deve ter alguma janela…”, pensou ela, rodeando o perímetro. Entrar pela porta da frente, além de difícil, não era uma boa ideia.

    Depois de poucos minutos andando, chegou à lateral, com três janelas quebradas em cacos. Usou o braço mecânico para segurar nos cacos e o braço de carne para se impulsionar templo adentro.

    Caiu em uma sala escura e apertada, com uma mesa longa e alguns canecos ao centro, provavelmente uma cozinha.

    — Não tem ninguém aqui, graças a Lebkraut — A garota agradeceu silenciosamente.

    Com uma leve olhada pela fresta, deu de cara com uma escuridão incessante.

    — Como, supostamente, eu deveria investigar algo nesse breu? Eu vou ter que voltar nesse lugar apavorante de novo amanhã?

    Então, uma memória veio como um fulgor de luz, quase literalmente. Dhaha havia ensinado algo útil da última vez.

    “Será que eu consigo?”.

    Ela estendeu a mão esquerda, respirou fundo e se concentrou em sua palma. Seu carma começou a comprimir, formando uma pequena esfera de chamas brancas, e com uma respirada profunda, se tornou uma esfera do tamanho da mão. Uma ótima fonte de iluminação.

    Percebeu que não parecia um templo normal, o piso era de madeira fofa, bancos enfileirados e um tapete fino cobrindo do átrio até a entrada. Porém, havia estátuas de animais jogadas pelo local, sem profundidade alguma, completamente negras.

    Livros estavam jogados por todos os lugares, de todas as cores, de todos os formatos, mas um deles chamou a atenção da garota. Um livro em capa de couro preto.

    Ao pegar o exemplar, notou que a capa era escrita com caracteres que não conhecia, mesmo com seus anos de estudo. Os padrões se repetiam ao longo do escrito e acompanhavam desenhos estranhos, mas não pareciam significar algo.

    Ficou sua mente no mais importante dele, suas páginas. Elas não estavam amareladas pelo tempo, e muito menos comidas por traças, como se fosse um exemplar muito recente.

    — Os humanos não cultuam Stormlen? Esse lugar nem parece um templo humano — sussurrou ela, colocando no bolso do colete.

    Foi até o átrio no final da sala, este portava um livro azul amassado e com teias de aranha, esquecido pelas pessoas. Ao abrir, a grande imagem de um falcão voando em meio a uma tempestade estava estampada, ou tentava estar. As traças não perdoaram o pobre livro.

    — Isso sim é de Stormlen, então por que… — Mirena deu leves tapas em seu rosto, se forçando a voltar à realidade. — Foco, garota! Foco!

    O som do metal tilintou perto de seus pés. Com o mover do livro, a lateral do átrio abriu uma fresta, como se tentasse esconder algo. Uma alavanca.

    Com um leve puxão, engrenagens soaram e uma fechadura estalou. Algo se moveu

    Caminhou novamente até a porta, recomeçando sua análise com mais atenção. Olhou do piso até às paredes, e das paredes até o teto.

    Notou que os pés dos bancos estavam gastos, cheios de ranhuras, e o piso sofria do mesmo mal em certas partes.

    — Certo, pensa. Uma alavanca secreta, livros e estátuas de deuses, bancos desgastados… — Ela coçou o queixo por um instante, e logo estalou os dedos na altura da cabeça. — Espera, é isso!

    Empurrou todos os bancos para longe do corredor, caminhou até o átrio e começou a enrolar o tapete até a entrada, revelando um alçapão abaixo dele. Com o mover da mão, percebeu que estava destrancado.

    — Por que sempre precisa ter um porão macabro? — choramingou ela, levantando a pequena porta.

    Ao abrir o alçapão, viu um grande túnel vertical ligado a uma escada metálica. 

    Era impossível ver o final, a escuridão tomava conta. Um calafrio subiu pela espinha, dos pés ao topo da cabeça, e uma sensação familiar retornou a pesar em suas costas, o mesmo medo que sentiu na caverna de Eldon.

    Algo estava a observando nas sombras, encarando não seu corpo, mas sua alma.

    “Respira, respira…”, as lembranças do homem pútrido voltaram à mente, quase conseguia sentir o cheiro podre e as sombras se movendo.

    Desceu as escadas a contragosto, quase tropeçando pelo corpo que tremia. Ao chegar no chão, sua pequena chama de carma começou a enfraquecer, como se as sombras tentassem devorá-la, não iluminando mais que um palmo à sua frente.

    O cheiro pútrido subiu pelas narinas em um instante, fazendo seu estômago revirar.

    “O que é esse cheiro podre?”, pensou evitando abrir a boca para falar.

    O lugar era ainda mais escuro que o templo, então aumentou o tamanho da esfera luminosa, que lutava para não ser engolida. Viu que estava em uma sala trancada por uma porta de aço e um vidro que revelava outro recinto.

    Foi então que notou o chão, fazendo seu estômago falhar por um segundo. Corpos, não um ou dois, mas vários, retorcidos, despedaçados, a carne já tomada pelo apodrecimento. Correntes de ferro os prendiam ao piso. 

    Segurou a boca, forçando o estômago para não vomitar.

    Ao lado do vidro estava a grande porta de aço, facilmente atraindo a atenção da ardenteriana. Com poucos toques, notou que ela não cederia pela força bruta, pelo menos não a sua.

    — O último mago que eu toquei foi o Dhaha… — Colocou a mão esquerda sobre a porta, concentrando o carma na palma. — [Caleidogênese]!

    Mas nada aconteceu.

    — Que? Isso não é metal? [Metalóxis]!

    A porta não mudou de forma e nem saiu do lugar.

    — Argh… entendi, entendi. Ele não molda aço, muito conveniente!

    Depois de seu fracasso, Mirena decidiu que iria procurar outra forma de atravessar a porta.


    Dhaha

    Após algumas horas procurando informações, o garoto já tinha revirado todo o arquivo, além de conversar com a maioria das pessoas que conseguiu encontrar. A noite começava a cair, junto de suas esperanças em solucionar o caso.

    — Talvez, se separar não tenha sido a melhor das ideias… — murmurou ele, caminhando pela rua escura da área residencial.

    Para alegrar seu trabalho, avistou um brilho ao longe, uma sentada em um banco, portando uma lamparina.

    — Boa noite, senhora! — falou ele de supetão.

    A senhora deu um pulo para o lado, se afastando do garoto. Os olhos de Dhaha eram como pequenas luzes na escuridão, tornando-se uma assombração à primeira vista.

    — Que susto… criança! Não aborde… as pessoas assim… do nada, no escuro — protestou ela, recuperando o fôlego.

    — Ah… É que… Perdão, senhora… — disse ele, fazendo uma mesura para a idosa. Seu rosto ardia de tão vermelho.

    — Não se preocupe, estou bem… — Ela se ajeitou no banco. — Mas o que você precisa, meu jovem?

    — Ah, certo. A senhora sabe de algo estranho que tenha acontecido recentemente?

    — Algo estranho? — Ela pensou por alguns segundos.

    “Talvez não tenha sido a melhor ideia perguntar pra ela…”, pensou o garoto.

    — Começaram a surgir boatos de uma casa mal assombrada no final da rua, serve?

    “Ou talvez tenha!”.

    — Como assim casa mal assombrada? — perguntou o garoto, fazendo pequenos polichinelos. Era óbvio que ele iria direto nessa hipótese.

    — No final da rua, a antiga casa dos Laurance. As pessoas dizem que veem coisas estranhas quando passam por lá à noite, gritos, sombras, fantasmas… — contou ela, fazendo uma pequena reza para Stormlen. — E dizem que ninguém que vai lá volta.

    — Uma casa abandonada? Pessoas sumindo? Obrigado, senhora, eu vou ir lá agora! — Seu corpo já estava aquecido, pronto para correr.

    O garoto rumou para o final da rua, deixando a velhinha para trás, que apenas observava com um sorriso no rosto.

    — E agora, foram dois… — murmurou ela para a escuridão.

    Não demorou para avistar a casa abandonada. Era uma casa antiga, tomada pela vegetação e caindo aos pedaços pelo tempo. A casa era pequena, parecia ter no máximo 4 cômodos, não iria demorar para procurar o que estivesse ali dentro.

    O garoto ignorou a aparência ameaçadora do recinto, e as leis da boa vizinhança, e adentrou pela porta da frente. O local era completamente escuro, a luz externa mal conseguia adentrar as janelas.

    O piso era velho, cada passo o fazia ranger como um animal rugindo, as paredes estavam lotadas de mofo e sufocavam a respiração do douradiano.

    Concentrou o carma na mão e logo fez uma pequena esfera luminosa de chamas, que, infelizmente, iluminava apenas alguns palmos à sua frente.

    “Onde foram parar os móveis desse lugar?”, pensou vendo nada mais que uma pequena casa vazia, com apenas poucas paredes de madeira e poucos cômodos

    Não demorou para vasculhar toda a casa, cada cômodo vazio, cada parede mofada, área escura. Estava quase desistindo, já passando pela porta da frente, quando sentiu algo.

    Seu corpo tremeu, o vento sussurrou no ouvido. Seus instintos gritavam para que ele não se virasse, algo o observava do fundo da sala de entrada, oculto nas sombras.

    Sacou a espada e golpeou o ar em um giro, dando de cara com nada mais que a escuridão.

    — Que merda foi essa?! — Seu corpo suava, suas pupilas estavam histéricas, indo completamente contra seu natural.

    Caminhou até a parede escura, se movendo devagar e de guarda alta. O barulho dos rangidos era ensurdecedor, aumentando conforme se afastava da entrada.

    — Espera… — Ele encarou sua espada, e logo encarou o chão.

    Com um clarão pálido, começou a golpear o piso. Dez golpes foram o necessário para destruir a madeira e revelar uma escada vertical. Era impossível ver o final, a escuridão tomava conta. 

    Fez um pequeno corte na mão, forçando a adrenalina a apagar seu medo, e logo voltou aos seus sentidos como se nada tivesse acontecido.

    — Isso era magia? O mago não deve estar longe…

    Com os dentes cerrados e os olhos brilhando, ele pulou direto para o que se tornou uma descida direta de quinze metros, coberto em carma para resistir a queda.

    Quando chegou ao chão, ecoou como um estrondo, fazendo um leve cheiro de amônia entrar em seus pulmões. 

    Tentou andar, mas esbarrou em algumas cadeiras que caíram ao chão. Agora tateando, chegou até uma  larga mesa de metal com coisas em cima. Uma parede larga e alta estava ao fundo, uma grande janela de vidro a preenchia quase que por inteiro.

    Por fim, uma grande porta de aço ficava ao final da parede.

    — Uma sala para interrogatórios? — questionou o douradiano, rodeando a mesa e a averiguando com as mãos.

    Alguns bolos de papel se portavam acima da mesa, não parecendo envelhecidos ou carcomidos. Eram documentos recentes.

    — “Carta de Promoção”? “Fichário de Aventureiro”? Isso não devia na guilda?

    Seus olhos passearam pelo restante da sala, próximo ao vidro. Foi então que viu algo que a escuridão havia escondido, havia uma mulher. Seu corpo estava magro e pálido, mas emanava um pouco de carma.

    — Ei! Você bem?! — gritou ele, correndo na direção da jovem. 

    Seu corpo parou no meio do caminho. A mulher tentou falar algo, mas sua boca estava tampada com uma corda. Quando se deu conta, sentiu algo vindo em sua direção, algo assombroso.

    O carma que rodeava o corpo da jovem começou a se distorcer, como se tivesse algo entre os dois, formando ondulações em sua visão. Aquele pequeno fio era uma armadilha.

    Um arrepio subiu pela espinha, um medo inexplicável percorreu seu corpo.

    A sensação de ser esmagado por algo imenso, uma sombra enorme que cobria seus olhos, uma forma completamente desfigurada e irreconhecível. Algo estava querendo ele.

    “Eu tenho que sair daqui!”, pensou Dhaha ao dar alguns passos para trás, na direção da escadaria.

    Perto das escadas, notou uma sombra familiar através do vidro, Mirena, mas o garoto já não tinha controle de seu corpo para voltar. Seu carma explodiu, o impulsionando escada acima e casa a fora. 

    Caído no gramado, a chuva caía sobre seu corpo. Com a respiração ofegante, conseguiu colocar seus pensamentos em ordem.

    “Espera… Mirena!”, pensou o garoto, mas seu corpo tremia só de pensar em voltar para aquele porão.

    Mesmo do lado de fora, ele conseguia sentir aquela aberração o observando. Mirena estava em perigo.

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