Capítulo 114 - Lavagem cerebral
“Parabéns! Estão ótimas, eu suponho…” Ikaris admitiu irônico.
Quando tirou outra moeda do bolso para comparar, descobriu que eram completamente idênticas. Era quase impossível dizer a diferença.
Essa era sua maior preocupação em produzir as moedas da Sombra do Tártaro sem autorização. Se pudesse ser rastreado até ele, ele temia as consequências que resultariam.
Ele poderia, é claro, vender seu ouro diretamente pelo preço de mercado, mas tinha um palpite de que provavelmente perderia. Dessa forma, ele tinha certeza de não se ferrar.
‘Ainda assim, esta é apenas uma medida temporária. O melhor curso de ação é criar minha própria moeda para Último Santo, mas tenho que garantir que isso não funcione contra mim.’ O jovem raciocinou com a cabeça clara.
As mudanças de moeda não eram gratuitas em seu mundo, longe disso. Sempre houve pequenas taxas de transação, mesmo em um banco transparente. Em um mundo tão rural e feudal onde os fortes eram reis, Ikaris duvidava que fosse tão simples.
‘Vou tentar obter a informação de Anaphiel ou de outro Lorde na Academia amanhã.’ Ele finalmente decidiu quando percebeu que não havia como resolver o enigma no momento.
“Esta moeda pesa exatamente 10 gramas.” Nardor continuou com uma voz animada. “Os mais ou menos 107 quilos de minério de ouro obtidos da rendição do bando de Lobisomens do Inferno têm um teor de ouro de cerca de 43% quando purificados. Isso é cerca de 46 quilos de ouro. Então, posso espremer 4600 moedas de ouro de todo esse minério.”
Os olhos de Ikaris se iluminaram ao ouvir as palavras do anão. Em uma frase, sua fortuna foi multiplicada por 10. Segurando sua emoção, ele perguntou tenso:
“Quanto tempo vai demorar para converter tudo?”
Nardor pareceu ponderar por alguns segundos, então respondeu com confiança,
“Agora que sei como produzi-las, algumas dezenas de moedas por dia no início, mas isso vai acelerar conforme eu expandir a forja, desenvolver minha magia e recrutar novos assistentes.”
Ikaris assentiu desapontado. Ele esperava gastar sua fortuna ao retornar a Sombra do Tártaro no dia seguinte, mas aparentemente estava muito impaciente.
A única boa notícia era que, se o valor do ouro neste planeta fosse parecido com o da Terra, uma única dessas moedas de ouro valeria cerca de US$ 500. Cada uso do Portal custava uma pequena fortuna, levando-o a acreditar erroneamente que ele era pobre, mas na verdade este Pacote de Boas-Vindas era mais do que suficiente para apoiar o estabelecimento de uma nova aldeia. A comida e os materiais fornecidos poderiam não valer muito mais do que 10 moedas de ouro.
O que era caro nas Terras Esquecidas era tudo associado à magia. Centelhas de Sangue, Serviços Mágicos, Estelas, Relíquias, Carne Demoníaca e assim por diante.
Antes de deixá-lo trabalhar, Ikaris sugeriu que o anão fosse com eles para Sombra do Tártaro no dia seguinte e ele imediatamente concordou, percebendo que esta seria uma oportunidade para fazer algumas compras e dar uma olhada nos padrões de ferraria deste mundo.
Ao sair da forja, o adolescente se sentiu cheio de energia e depois de passar 3 longos dias sentado e parado para absorver as duas Centelhas de Sangue, de repente sentiu o desejo de enfrentar Malia em um novo treinamento.
‘Vamos ver se você ainda é arrogante agora.’ Ele pensou maliciosamente enquanto voltava para sua residência.
Quando chegou, encontrou apenas Ellie lá dentro.
“Onde Malia foi?” Ele perguntou curioso.
“Oh, ela voltou para fazer lavagem cerebral no emissário.” Ellie revelou sem mostrar um pingo de compaixão.
Depois de saber das mulheres sequestradas e todas as atrocidades que o homem Chihuahua havia feito a elas, ela quase quis matá-lo com as próprias mãos. Tal homem era verdadeiramente a escória da humanidade!
“Obrigado.” Ikaris fez uma expressão estranha.
Ele sabia que Malia havia levado seu conselho a sério e retomado seu treinamento, mas não achava que ela levaria seu papel de manipuladora tão a sério. Normalmente contente em dar ordens, o rapaz não fazia ideia de onde o emissário estava preso e após questionar alguns moradores descobriu que o prisioneiro estava em seu próprio porão.
‘Nossa… Ela está torturando ele na mesma sala onde guardam comida?’ Ele se perguntou com uma carranca.
Um tosco armazém de madeira foi construído para armazenar comida comum, mas a Carne Demoníaca permaneceu sob seu controle na residência do Lorde. A ideia de que o prisioneiro era mantido ali não o satisfez.
Levantando a escotilha que levava ao porão, Ikaris ficou surpreso quando uma escada de cerca de vinte degraus o cumprimentou, descendo na escuridão. Malia era meio vampira, então ele nem se preocupou em acender uma tocha.
O adolescente nem deu um passo para dentro quando ouviu uma voz anasalada recitando uma longa ladainha em tom surdo,
“Eu, Rudolf Frankfurt, o emissário dos Soberbos Onyxcrest, testemunhei a pobreza do bando de Lobisomens do Inferno. Eles tentaram me persuadir com falsas promessas, mas depois de ameaçá-los com sanções, eles finalmente se assustaram e me ofereceram seu tesouro mais sagrado como tributo, 150 quilos de Carne Mágica1 de Nível 4 que eles obtiveram alguns meses antes por acaso, enquanto testemunhavam a luta assassina de dois Javalis Mágicos no cio durante a época de acasalamento. Eles só queriam me dar 50 quilos no início, mas depois de intimidá-los, finalmente os convenci para me dar tudo. Para que sua aldeia não sucumbisse durante o próximo inverno, gentilmente deixei 10 quilos para eles. Claro que mantive suas dívidas anteriores e…”
Chegando ao pé da escada, Ikaris se surpreendeu com a expansão do porão, que agora era quase tão grande quanto a casa acima. Virando a cabeça na direção do barulho, ele encontrou Malia na frente do emissário e de seus guardas presos.
Como muitos deles eram lobisomens corpulentos, as correntes Anti-Centelhas usadas para incapacitar Pluma eram inadequadas, mas felizmente o bando de Lobisomens do Inferno havia aprisionado muitos de sua própria espécie no passado. Grandes correntes de ferro foram recuperadas da vila abandonada e Malia as usou para prender todos esses guardas.
O único que não estava amarrado era Rudolf, mas o emissário era tão fraco que era desnecessário. Além disso, a lavagem cerebral estava indo bem e ele não tinha intenção de fugir, dado seu olhar vazio…
“Ikaris? O que você está fazendo aqui?” Malia se assustou ao avistar sua figura no escuro, o contraste da luz do sol do lado de fora a incomodou levemente.
“Eu estava procurando por você para propor um treino, mas parece que você já está bastante ocupada.” Ele sorriu enquanto olhava despreocupado para o emissário babando, claramente menos elegante do que alguns dias atrás.
Ao ouvir as palavras de seu Lorde, a jovem imediatamente perdeu o interesse por Rudolf e exclamou com alegria:
“Não! Estou disponível agora! Uma luta? Estou dentro! Sempre.”
“Claro…”
Quando ela desviou sua atenção do emissário, a magia hipnótica que estava trabalhando nele foi momentaneamente interrompida e um brilho fugaz de lucidez brilhou nos olhos de Rudolf. Ele ainda estava confuso e sonolento, mas antes que pudesse entender sua situação, Malia sussurrou com uma voz etérea:
“Volte a dormir.”
O emissário fechou os olhos e adormeceu obedientemente sem fazer barulho. Ikaris ficou impressionado com seus métodos. Esse tipo de feitiço, se ele não pudesse dominá-los sozinho, deveria ser capaz de se proteger contra eles.
“Ele está realmente dormindo?” Ele comentou desconfiado ao ver os estranhos movimentos pélvicos do homem Chihuahua.
“Eu o coloquei em um sonho bom.” Malia riu quando viu Rudolf empurrando seu corpo numa vítima imaginária.
“Não parece tão ruim…” Ikaris não se atrevia a falar o que pensava.
Adivinhando o que o estava incomodando, Malia encolheu os ombros satisfeita,
“Meus talentos de Vampira me permitem hipnotizá-los com minha voz, mas minha linhagem Kitsune me permite criar ilusões. Ao mantê-los neste sonho, crio uma continuidade entre suas falsas memórias e a hipnose. Quando os liberarmos em alguns dias, nem vão perceber que sofreram uma lavagem cerebral.”
“Impressionante…” Ikaris havia subestimado a jovem. Ela não era tão ingênua e inocente como ele imaginara.
Malia certamente sofria de uma cruel falta de educação e bom senso, mas ainda cresceu em uma vila perpetuamente ameaçada por todos os tipos de monstros, incluindo a ameaça dos Rastejantes. Ela havia aprendido há muito tempo a usar seus dons para sobreviver, muitas vezes por instigação de Grallu.
Mesmo sem saber como fazer filhos alguns dias antes, obviamente não estava ativamente envolvida na criação dessas ilusões. Depois de guiar as mentes dos prisioneiros, obviamente era a imaginação deles que fazia o resto. A única dificuldade era garantir que suas respectivas experiências ilusórias não se contradissessem. Foi aí que surgiu a hipnose.
Depois de se certificar de que todos os prisioneiros estavam tendo bons sonhos, Ikaris e Malia foram para os arredores da vila, onde um campo de treinamento e alguns prédios de madeira haviam sido construídos como futuros quartéis.
Danchun estava meditando calmamente com os olhos fechados em uma cadeira, deixando Kayden e Connor para supervisionar o treinamento dos novos recrutas. Os dois homens abraçaram suas novas identidades e estavam constantemente gritando, menosprezando e castigando os suados aldeões.
Vendo seu Lorde e Vice Lorde visitá-los, ambos receberam uma injeção de adrenalina e começaram a gritar ainda mais alto, aumentando a intensidade do treinamento dos novatos no processo. O barulho alertou Danchun, que abriu os olhos e lançou-lhes um olhar de culpa. Ao ver Ikaris e Malia, um comentário indiferente escapou de seus lábios,
“Deixe-me adivinhar. Outra luta?”
- autor do nada usou o termo “mágica”, posso fazer nada[↩]
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