Capítulo 149 - O Pequeno Presente de Anaphiel

Agora que tinha um inimigo claro, pretendia entrar em ação. Se um esqueleto tivesse sido visto vagando sozinho em plena luz do dia, haveria mais.

Ikaris temia a Névoa Negra e as incontáveis ​​abominações que espreitavam lá dentro, mas nunca temeria um único morto-vivo. Em vez de esperar e rezar para que o Dia dos Mortos-vivos não acontecesse, ele preferiu diminuir preventivamente seus inimigos enquanto podia.

Conquistar e assumir o controle do Portão do Tártaro e da floresta circundante tornou-se sua nova prioridade número um de uma só vez.

“A partir de amanhã, quero que todos os nossos lutadores se preparem para lutar contra esses mortos-vivos em plena luz do dia.” O adolescente declarou com uma expressão grave. “Coordene com Nardor, Ellie e Juliette a respeito de seus equipamentos. Diga também aos caçadores e coletores para manterem distância da área onde o esqueleto foi avistado. Neste fim de semana, quando não tiver aulas na Academia de Magia, irei pessoalmente investigar esta área com um esquadrão. Vou deixar você selecionar aqueles que irão me acompanhar. Eles devem ser voluntários.”

Liam ouviu sua série de instruções em silêncio e, em seguida, batendo com o punho contra o coração, abaixou a cabeça ligeiramente e disse:

“Será feito como você deseja, meu senhor.”

Erguendo a cabeça, ele então proclamou: “E eu desejo ser um dos participantes. Poucos nativos desta ilha conhecem esta floresta e esses mortos-vivos melhor do que eu.”

Ikaris encarou o Lobisomem Alfa por um longo tempo, tentando discernir suas verdadeiras intenções, mas seu olhar era resoluto. Depois de um momento, ele grunhiu,

“Ok.”

Já estava ficando tarde e Ikaris decidiu ir para casa antes de escurecer. Juliette e Ellie já haviam cuidado da acomodação de seus novos hóspedes.

Desde o meio da tarde, seu desejo por sangue humano e carne fresca aumentava constantemente, mas levando a sério os avisos de Magnus, ele decidiu passar fome o máximo que pudesse para aumentar sua resistência à falta de sangue e limitar o risco de dependência.

‘Meio litro de sangue humano dura cerca de 10 horas comigo.’ Ikaris mentalmente calculou. ‘12 horas antes de perder o bônus e 22 horas antes de minha condição física começar a ser afetada. Como me comparo com os outros vampiros, Magnus?’

‘Não se preocupe por enquanto, você está normal.’ O falecido Arquimago gemeu indiferente. ‘Muitos Escravos e jovens vampiros não sabem como controlar sua sede de sangue e matam suas primeiras vítimas. Depois disso, eles precisam de pelo menos 4 a 5 litros de sangue diariamente para se sentirem cheios e evitarem os sintomas de abstinência. Você bebeu e absorveu muito sangue e energia sanguínea hoje, mas também pode se alimentar comendo carne. Isso limita suas necessidades de sangue até certo ponto ou sua energia sanguínea já teria caído para zero.’

‘Não vai dar.’ Ikaris protestou, recusando-se a ser tão dependente do sangue humano.

Como aumentar seu nível de energia sanguínea em um curto período de tempo não era uma opção, ele não teve escolha a não ser prosseguir agora com o plano matinal. Além de praticar seu feitiço Eu sou Eu, ele também teria que criar mais três Centelhas.

Quando estava prestes a abrir a porta de sua casa, Ikaris lembrou que ainda tinha o anel contendo sua compra no Paraíso dos Lordes com ele. Era bem grande, então ele foi primeiro para o porão atrás de sua casa.

Ele abriu a escotilha com um movimento rápido, que acordou os prisioneiros acorrentados no interior escuro. Graças à magia hipnótica de Malia, eles nem pensaram em usar sua Centelha Divina para se libertar. Ainda tinham baba em seus lábios e rostos sem sangue depois de terem seu sangue drenado, seus olhos abatidos nem mesmo registrou sua presença.

Ikaris bufou e virou as costas para eles, certificando-se de que havia espaço suficiente à sua frente. Tirando o anel de seu bolso, ele o estudou atentamente e então apertou o botão que Ramiro mencionou.

Tudo o que ele havia comprado hoje no Paraíso dos Lordes materializou-se diante dele, enchendo o porão. Alimentos, necessidades e ferramentas, armas, roupas, tecidos, móveis e equipamentos para a forja de Nardor e a sala de costura de Ling.

Com apenas 66 moedas de ouro restantes após este dia de compras, Ikaris poderia literalmente se gabar de que as mercadorias à sua frente representavam toda a sua fortuna. Ramiro havia mencionado que Anaphiel havia deixado uma coisinha lá dentro, e ele imediatamente começou a remexer.

Depois de alguns minutos, seu rosto congelou, ficando lívido quando descobriu o que era o “presente” em questão. Era sangue armazenado em garrafas e frascos de vidro. Muito sangue!

Se fosse sangue humano, Ikaris já teria ficado abalado, pois provou indiscutivelmente que Anaphiel sabia que ele agora também era um Vampiro. Ele tinha uma pequena esperança de que fosse realmente um presente para Malia, mas depois das insinuações de Ramiro ele só conseguiu rir amargamente.

A questão era que o sangue humano era o fluido mais comum contido nesses frascos. Todos eram meticulosamente rotulados, e ao examiná-los, Ikaris viu que esse sangue vinha de todos os tipos de raças humanoides. Havia sangue de raças comuns como elfos, anões ou orcs, mas também havia sangue de várias Raças Amaldiçoadas e espécies exóticas, bem como amostras de sangue de todos os tipos de híbridos.

Ainda mais chocante, também havia sangue de Rastejantes e Glenrings nesses frascos. Aquele sangue preto-azulado xaroposo era impossível de esquecer. Finalmente, quando ele pensou que tinha visto tudo, ele encontrou alguns frascos de sangue de Nefilins de Faulch na última caixa.

Se ele ainda tinha alguma dúvida sobre as intenções de Anaphiel, Ikaris encontrou um papel no final com uma caligrafia caprichada:

“Para você e Malia. Não sei seus segredos, mas você deve saber que o melhor sangue para um Vampiro é o de sua espécie original. Isso não é exatamente verdade para híbridos que combinam várias linhagens. O sangue ideal é aquele que mais se assemelha ao seu próprio sangue. Nota: Este sangue é meu e ninguém foi morto ou ameaçado, exceto os Glenrings, para obter o resto.”

Ikaris se sentiu estranho ao terminar de ler a mensagem curta. Não havia nenhum tipo de ameaça ou preço a pagar implícito nessas linhas, mas ele não podia deixar de sentir que tal generosidade escondia um motivo menos confessável.

“Será que ela realmente deposita tantas esperanças em mim ou sou uma cobaia fascinante que ela satisfaz todas as necessidades para pesquisa?” Ele murmurou com um olhar sombrio em seu rosto.

Ao menor passo em falso ou uma vez que ela estivesse entediada, ela tentaria se livrar dele? Ou para torná-lo seu fantoche? Não se deve esquecer que a Casa Morgunis tinha o hobby de criar abominações dóceis como os Executores do Tártaro por meio de sua magia necromântica.

‘Magnus, você sabia sobre essa coisa de sangue ideal?’ Ikaris franziu a testa amargamente enquanto relia a mensagem.

‘Não… eu não sou um híbrido, mas eu tinha algumas suspeitas.’ O velho Vampiro admitiu: ‘No entanto, como ela ofereceu a você tantas amostras de sangue diferentes, você pode concluir que ela também não sabe exatamente que tipo de híbrido você é. Ela o convida a experimentar e fazer seu próprio coquetel. Pode apostar que em alguns dias ou semanas ela vai perguntar se você precisa de sangue novamente. Dependendo do sangue que você pedir, ela pode restringir o diagnóstico. Nesse momento, você terá que mentir e pedir um pouco de tudo como ela fez hoje, se você não quiser facilitar as coisas para ela.’

Anaphiel também estava considerando Malia porque Ikaris também havia encontrado amostras de sangue de Raposas Demoníacas, Raposas, Gumiho¹ e outras variantes de raposas de nove caudas que não eram tão prevalentes. Essa criatura lendária tinha reputações e habilidades distintas, dependendo se vinha do folclore japonês, coreano, chinês ou vietnamita.

Gumihos eram, por exemplo, o equivalente à raposa coreana de nove caudas e cultivavam uma cauda a cada 100 anos, bem como uma pérola contendo todo o seu cultivo que elas poderiam usar para fazer todo tipo de coisas, sendo a mais notória colocá-la em um corpo humano para absorver lentamente sua energia vital.

Malia sempre disse que era uma Kitsune, mas Ikaris se perguntou o que isso realmente implicava. Afinal, neste mundo, não existia Coreia ou Japão. Uma raposa de nove caudas era apenas uma raposa de nove caudas, fosse o que fosse.

Quando a noite estava para cair, ele rapidamente levou as amostras de sangue para seu quarto, então bateu na porta do quarto de Malia e Ellie. Quando abriu, encontrou-as conversando alegremente na cama.

“Aham… Malia, você pode vir até o meu quarto? Preciso conversar com você sobre uma coisa. Só vai demorar um pouco.” Ele disse friamente, na frente dos olhos boquiabertos e boca escancarada de Ellie.

1. raposa de nove caudas[↩]