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    Ataque a Iserlohn – Parte I


    Iserlohn.

    Esse era o nome dado a essa fortaleza vital do Império Galáctico. Localizada a 6.250 anos-luz da capital imperial Odin estava Artena, uma estrela no auge de sua vida, originalmente um sol solitário sem planetas próprios. Era sua posição astrográfica de importância que levou ao Império Galáctico a construir em sua órbita um mundo artificial de sessenta quilômetros de diâmetro para o uso como base de operações.

    Quando a galáxia era vista diretamente de “cima”, Iserlohn aparecia situada próxima à ponta de uma região triangular onde o Império Galáctico influenciava e se aproximava em direção a Aliança dos Planetas Livres. Toda esta faixa de território, uma região difícil para a astrogação, era o cemitério interestelar conhecido como “Espaço do Sargasso”, onde os fundadores da Aliança dos Planetas Livres perderam uma vez muitos dos seus camaradas. Mais tarde, tendo em conta esse pedaço de história, que os VIPs imperiais consideraram mais satisfatório, desempenhou até um papel no fortalecimento da sua determinação de construir uma fortaleza militar nesta região a partir da qual pudessem ameaçar a Aliança.

    Estrelas variáveis, gigantes vermelhas, campos gravitacionais irregulares… através de densas concentrações destes, corria um estreito fio de segurança, e Iserlohn estava sentado bem no meio dele. Viajar da aliança para o império sem passar por esta área significava usar uma rota que passava pelo Domínio Terrestre Phezzan, e o uso dessa rota para operações militares era problemático, com certeza.

    O Corredor de Iserlohn e o Corredor de Phezzan. Estadistas e estrategistas da aliança dolorosamente tentaram encontrar uma terceira rota que pudesse conectar o império com a aliança, mas defeitos em seus mapas estelares e interferências visíveis e invisíveis do império e de Phezzan há muito frustraram essas intenções. Do ponto de vista de Phezzan, a própria importância de sua existência como um entreposto estava em jogo e a descoberta de um “terceiro corredor” não era algo que eles iriam ficar parados e deixar acontecer. 

    Por conta disso, a realização do plano das Forças Armadas da Aliança – resumida nas palavras, “Nós temos que invadir o território imperial!” – dependia da luta por capturar Iserlohn. Ao largo de quatro séculos e meio, eles ousaram seis vezes em lançar ataques de larga escala para tomar a fortaleza e foram repelidos todas as vezes, essas tentativas falhas fez nascer uma frase de vanglória, “O Corredor de Iserlohn está pavimentado com os corpos dos soldados rebeldes.” 

    Yang Wen-li tomou parte por duas vezes em operações que tentaram tomar Iserlohn. Ele era tenente comandante na quinta tentativa e capitão na sexta tentativa. Duas vezes ele testemunhou as massivas fatalidades que vieram com a estupidez de tentar tomar a fortaleza na base da força apenas. 

    Nós não podemos tomar Iserlohn atacando por fora, Yang pensou em meio da frota posta em voo. Mas dado isso, como nós podemos tomá-la?

    Além de ser uma fortaleza, Iserlohn possuía uma forte frota de mais de quinze mil naves. Os comandantes da fortaleza e da frota eram ambos almirantes titulares. Poderia haver algum tipo de abertura que eles poderiam tomar vantagem?

    A recente incursão do Conde von Lohengramm também teve como base de operações avançadas a fortaleza de Iserlohn. Não importa o quê, ele só tinha metade de uma frota para completar essa missão.


    “Francamente, eu não pensei que você aceitaria essa missão,” disse o Contra-Almirante Caselnes enquanto ele revisava um documento de organização de tropas. Eles estavam em seu escritório na Junta de Operações do Quartel General. “O presidente e o diretor estão contando com isso para seus próprios objetivos… Certamente você pode ver através de ambos.” 

    Sentado à frente dele, Yang só sorriu e não respondeu. Caselnes bateu os documentos fortemente na mesa e olhou profundamente com interesse para seu bixo da Academia de Oficiais. 

    “Nossas forças tentaram tomar Iserlohn seis vezes e nas seis vezes nós falhamos. E você está dizendo que o fará com metade de uma frota?” 

    “Bom, eu pensei que seria uma boa tentar.”

    Os olhos do ex-veterano de Yang se estreitaram levemente diante dessa resposta.

    “Então você pensa que há uma chance. O que você fará?”

    “Isso é um segredo.”

    “Mesmo para mim?”

    “Levando-me a agir tão ousadamente e poderosamente sobre isso é o que faz você apreciar esse tipo de coisa,” disse Yang

    “Você acertou miserável. Deixe-me saber se você precisar de quaisquer suprimentos que eu possa preparar para você – eu sequer vou pedir por uma propina.”

    “Nesse caso, uma nave imperial, por favor – você deve ter uma previamente capturada. Também, se você puder aprontar duzentos uniformes imperiais…”

    Caselnes estreitou os olhos que estavam bem abertos.

    “Qual o prazo máximo?”

    “Dentro dos próximos três dias.”

    “… eu não vou pedir por hora-extra, mas você ao menos terá que me dar um conhaque.”

    “Eu lhe comprarei dois. E, aliás, tenho mais um pedido…”

    “Faça três. O que é?” Caselnes perguntou.

    “É sobre aqueles extremistas chamados de Cavaleiros Patrióticos.”

    “Oh sim, eu ouvi a respeito. Aquilo deve ter sido horrível.”

    Desde que Julian estaria em casa sozinho, Yang pediu que fosse arranjado que a polícia militar patrulhar a vizinhança em sua ausência. Ele pensou em deixar o menino com outra família, mas era improvável que o dono do lar sempre que Yang estava fora, iria aceitar isso. Caselnes disse que ia providenciar imediatamente, então olhou para Yang novamente enquanto se lembrava de algo.

    “Oh, certo. O alto Comissário de Phezzan–ultimamente tem estado terrivelmente curioso a seu respeito.”

    “Ahn?”

    A entidade especial conhecida como Phezzan tinha um interesse em Yang que era um pouco diferente daquela detida por outros. Aquele domínio foi a criação de um grande comerciante Terráquio chamado de Leopold Raap, mas muitas coisas a respeito de seu histórico e fontes de fundos não estava claro. Alguém fez por alguma razão provocado Raap a criar a entidade conhecida como Phezzan? Yang, tinha tentado e falhou em se tornar um historiador, pensou sobre coisas assim também. Naturalmente, no entanto, ele não falou disso para ninguém mais.

    “`Parece que você chamou a atenção da Raposa Negra de Phezzan. Ele pode tentar vigiar você.”

    “Eu imagino se o chá de Phezzan é bom?”

    “Mais provável que seja aromatizado com veneno… Aliás, como o planejamento está indo?” Caselnes perguntou.

    “Coisas que vão de acordo com o planejado são muito raras no mundo. Isso dito, não posso deixar de fazer um plano.”

    Tendo dito, Yang partiu. Uma montanha de trabalho estava esperando por ele.

    Não eram só as naves e recursos humanos que a Décima Terceira Frota tinha pela metade do que o usual. A maioria de seus oficiais e soldados eram sobreviventes remanescentes da Quarta e Sexta Frotas que foram derrotados de forma acachapante em Astarte; os demais eram novos recrutas sem experiência de combate. Um recém nomeado Contra-Almirante era seu comandante, mas Yang era apenas um garoto com vinte e alguns anos… e palavras de surpresa, choque e escárnio de almirantes experientes chegaram aos seus ouvidos: Parece que um bebê ainda não desfraldado quer abater um leão com as mãos nuas–isso vai ser divertido de ver. Se você é forçado a isso, você é forçado, mas ir querendo–oh, céus! 

    Yang nem mesmo ficou chateado. Você precisa ser bastante otimista para não ter nenhuma dúvida sobre essa operação, ele pensou.

    O único que defendeu Yang foi o Vice-Almirante Bucock, comandante da Quinta Frota. Almirante insociável, de cabelos brancos e setenta anos de idade, era conhecido como um indivíduo teimoso e de temperamento explosivo. Quando saudado por gente como Yang, ele retribuía uma saudação desinteressada com um olhar desconfiado que quase dizia: “De onde veio esse novato?” No White Stag – um clube para oficiais de alta patente – seus colegas almirantes usavam Yang e a Décima Terceira Frota como motivo de piadas quando aquele “velho assustador” disse: “Espero que todos vocês não acabem com ovos em seus rostos mais tarde 1 Você pode estar apenas olhando para uma muda de sequóia 2 e rindo dela por não ser alta.”

    Eles terminaram por ficar completamente silenciosos. Eles então lembraram das capacidades que Yang demonstrou em Astarte e nas batalhas anteriores. Em razão das palavras do velho almirante, esse grupo mentalmente se dissipou. Os almirantes esvaziaram seus copos e foram para seus próprios rumos, um sentimento de embaraço permaneceu no peito de cada um por lhes serem dito algo que eles não puderam embalar… Yang, cujos ouvidos essa história encontrou, não fez nenhum esforço particular para agradecer ao Vice-Almirante Bucock. Ele sabia que se o fizesse, ele seria ridicularizado pelo almirante de cabelos brancos.

    Apesar da oposição do almirante ter permanecido no momento, a situação geral não se voltou melhor. A atmosfera sombria permaneceu na meia frota híbrida, composta por sobreviventes derrotados e novos recrutas que estavam se encaminhando ao ataque de uma fortaleza inexpugnável. 

    Yang pensou muito na seleção de sua equipe executiva. Para seu Vice-Comandante, ele escolheu o Comodoro Edwin Fischer, um oficial habilidoso e experiente que lutou bem na Quarta Frota. Para Chefe do Estado-Maior, ele escolheu o Comodoro Murai, um homem sem originalidade, mas possuidor de uma mente precisa e bem ordenada. Para Oficial Adjunto do Estado-Maior, ele nomeou o Capitão Fyodor Patrichev, que tinha reputação de bom lutador.

    Yang tomaria conselhos de senso comum de Murai e fazer uso dele como um conselheiro para o planejamento de operações e na tomada de decisões. Patrichev cuidaria de ordenar e encorajar as tropas. E de Fischer, Yang esperava que a frota funcionasse de forma constante e sólida.

    Eu acho que posso ficar satisfeito com essas nomeações por enquanto, mas não doeria achar um ajudante de campo. Yang pensou. Ele colocou uma solicitação para Caselnes por um “jovem oficial exemplar” e um comunicado chegou mais tarde que dizia, “Eu tenho a pessoa certa. Graduado com louvor na Academia de Oficiais em 794–bem melhor do que você. Atualmente está designado para o Departamento de Análise de Dados na Junta Operacional do Quartel General.”

    O oficial que apareceu diante de Yang um breve momento depois era uma jovem mulher de olhos castanhos e cabelos castanho-dourados ondulados naturalmente; até mesmo um simples uniforme militar preto e branco marfim ficava bonito nela. Yang tirou os óculos escuros e olhou fixamente para ela.

    “Sub-Tenente Frederica Greenhill reportando. Eu fui designada para trabalhar como ajudante de campo do Contra-Almirante Yang.”

    Essa foi sua apresentação.

    Yang colocou seus óculos de sol de volta para esconder sua expressão, pensando que certamente deveria ter um rabo pontudo nas costas do uniforme de Alex Caselnes. 

    A filha de Dwight Greenhill, assistente diretor da Junta de Operações do Quartel General, Frederica tem uma reputação de alguém que possui uma memória impressionante.

    E então a designação de pessoal para a Décima Terceira Frota foi decidida.


    Lançamentos todas as segundas, quartas e sextas!

    1. É uma expressão americana que se refere a você fazer um grave erro que no final resulta em acabar se envergonhando. Há duas versões para a origem da expressão, em uma diz que se refere a um ator em uma peça teatral que por conta de sua má performance lhe são jogados ovos e ele é obrigado a sair do palco, na outra diz que se refere a alguém comendo ovos de gema mole e acabar com resquícios dele na barba ou no bigode, eles são bastante vistosos em contraste com o bigode ou a barba, tão vergonhoso quanto falar com alguém com resquícios de feijão nos dentes.[]
    2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sequoia []

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