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    A Farsa Entre Os Atos – Parte II


    Marquês Lichtendale, o ministro de estado e atual primeiro ministro em exercício recebeu uma visita do Visconde Gerlach, o ministro das finanças, uma noite na propriedade onde vivia

    A ocasião para a visita do ministro das finanças foi para reportar que um estágio da limpeza da Revolta de Kastropf foi completada. Ter um subordinado enviando um relatório por visifone da própria casa não era uma tradição existente no império. 

    “A destinação das terras e da fortuna do Duque von Kastropf está mormente completa. Depois da liquidação, o valor total dos imóveis perfaz algo perto de quinhentos bilhões de Marcos Imperiais.”

    “Ele certamente tem acumulado bastante, não é mesmo?!”

    “Certamente. Apesar de eu sentir uma pontada no coração pelo homem em razão de quão diligentemente ele tem acumulado só para ao final dar tudo ao tesouro nacional…”

    Depois de saborear suficientemente o encorpado aroma do conjunto de vinhos vermelhos diante dele, o ministro das finanças pousou seus lábios nele. O ministro de estado pousou sua copa e mudou sua expressão.

    “Aliás, há uma pequena questão que gostaria de discutir com você.”

    “E o que seria?”

    “Há pouco tempo atrás, recebi uma comunicação urgente do Conde von Remscheid de Phezzan. Ele disse que as forças rebeldes irão lançar uma massiva invasão no território imperial.”

    “As forças rebeldes–!” O ministro de estado assentiu para ele. O ministro das finanças pousou sua copa semi-cheia na mesa, provocando um violento revolver no vinho restante. “Isso é um problema sério.”   

    “É. Mas eu não posso dizer que não nos presenteia uma oportunidade.” O ministro de estado cruzou seus braços. “Nós temos agora uma necessidade de batalhar e vencer. De acordo com o relatório do ministro do interior, há algum tipo de humor revolucionário sendo fomentado entre a população comum. Eles parecem ter uma vaga ideia da nossa perda de Iserlohn. Em ordem de acabar com isso, nós precisamos destruir os rebeldes e restaurar a dignidade da casa imperial. De forma conjunta a isso, nós precisamos fazer com que os plebeus experimentem um pouco do sabor doce também. Um perdão especial aos criminosos, um aliviar nos tributos, um decréscimo nos preços das bebidas alcoólicas – algo assim.”

    “Se você os satisfizer demais, os plebeus se aproveitarão de você. Eu vi os escritos clandestinos dos radicais – eles estão cheios de declarações ultrajantes. ‘Os seres humanos têm direitos antes dos deveres’, e coisas do gênero. Você não acha que um perdão especial só iria estragá-los?”

    “É como você diz, mas nós não podemos governar exclusivamente pelo chicote”, o ministro de estado disse de forma reprovável.

    “Isso é verdade, mas agradar ao povo mais do que o necessário é… Mas não, vamos deixar isso para outra hora. Esse relatório dos rebeldes que estão invadindo nosso império, a fonte foi Rubinsky?”

    O ministro de estado assentiu.

    “A Raposa Negra de Phezzan,” disse o ministro das finanças, estalando sua língua sonoramente. “Ultimamente tenho sentido que os miseráveis de Phezzan podem ser uma ameaça maior ao Império que os rebeldes são. Não há como dizer o que eles estão tramando.”

    “Eu concordo”, disse Lichtenlade. “Mas por agora é a ameaça rebelde que teremos que lidar. Quem deverá ser designado para a defesa…?”

    “O pirralho dourado provavelmente irá querer fazê-lo,” disse Gerlach. “Por quê não deixá-lo?”

    “É melhor não fazermos uma decisão passional. Suponhamos que o deixemos: se ele tiver sucesso, sua reputação se elevará a um outro nível e o espaço que teremos para impedi-lo irá evaporar. Se, por outro lado, ele falhar, isso significará uma luta contra as forças rebeldes em condições extremamente desfavoráveis – dentro do coração do império, muito provavelmente contra uma gigantesca horda de 30 milhões cuja moral estará elevada por conta de sua vitória.” 

    “Sua Excelência é muito pessimista,” disse o ministro das finanças que se adiantou para começar a explicar sua posição.

    “Mesmo que os rebeldes saíam vitoriosos, eles não sairão da batalha com as forças do Conde von Lohengramm intactos. O conde certamente não é incompetente e irá sem dúvidas inflingir consideráveis casualidades no inimigo. Além do mais, as forças rebeldes estarão em uma campanha muito longe de suas bases de origem, incapazes de se suprir a vontade. Além disso, eles estarão em desvantagem geográfica.” 

    “Por essas razões, as forças imperiais poderão enfrentar um inimigo desgastado da batalha quando quiserem. Dadas as circunstâncias, de fato, talvez nem seja necessário sair para combatê-los. Se simplesmente travarmos uma batalha de atrito, o inimigo sofrerá escassez de suprimentos e tensão psicológica e, no final, não terá outra opção a não ser se retirar. Se as forças imperiais esperarem por esse momento para perseguir e atacar, a vitória virá com pouca dificuldade.”

    “Vejo bem”, disse o Ministro de Estado Lichtenlale. “Isso é certo no caso do pirralho ser derrotado. Mas e se ele vencer? Entre suas conquistas militares e sua exploração do Favor de Sua Magestade, ele é mais do que podemos lidar, mesmo agora. Eu só posso imaginar o quão mais mimado ele se tornará se ele for vitorioso.” 

    “Eu acho que devemos deixar ele ser mimado. Um homem que se eleva além de seu nível? Nós podemos fritá-lo a hora que quisermos. Não é como se ele estivesse 24 horas por dia com suas tropas.”

    “Hmm…”

    “Uma vez que a frota rebelde for dizimada, o pirralho dourado irá cair também,” o ministro das finanças disse friamente. “Não deveríamos fazer o máximo de seus talentos enquanto temos necessidade deles?”


    Lançamentos todas as segundas, quartas e sextas!

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