Toc, Toc, Toc.

    Ao retirar a mão da maçaneta, ele recuou bruscamente. Ansioso, respondeu:

    — Entre.

    Abrindo suavemente, a porta range, o que lhe faz pensar ser uma porta antiga. Relutante, a pessoa que abriu a porta, parou antes de entrar.

    Algo como um suspiro ansioso se escuta.

    Quem será?

    Finalmente, com dificuldade, entrou uma jovem de cerca de 14 ou 15 anos. Seus cabelos loiros, longos e sedosos, realçavam sua beleza delicada. Seu corpo era esbelto e leve. Ela parecia ter cerca de dois anos a menos que ele (pensou o garoto), mas, inicialmente, ele teve a impressão de que ela era mais velha.

    Imagem ilustrativa:1

    Que sentimento estranho esse?

    Talvez fizesse sentido: ele era uma criança menor que ela — e agora era um adolescente, talvez até um adulto.

    Esse sentimento estranho gerou um branco na mente dele. Quase como um chiado…

    — Você está bem?

    Abalada, perguntou a jovem garota ao garoto caído de joelhos, fraco.

    Quem era? O que era? Era humana? Sim. Era humana, então o que foi que ele sentiu? Era atrás dela? Era dentro dela? Era…?

    — Você está bem?

    Repetiu a garota preocupada, interrompendo seus pensamentos incessantes.

    — Quem é você? — perguntou com certa dificuldade, sua voz fraca trazia uma insegurança, medo era claro, era incerto o que ele estava vendo. Humana ou não, deveria definir quem era primeiro.

    — Eu sou a irmã mais nova de Minne Kuokoa, meu nome é Amelaaniwa Kuokoa.

    “MENTIRA.”

    Ecoou em sua mente. Não foram seus pensamentos, foi algo maior.

    “ELA ESTÁ MENTINDO.”

    Ecoou novamente em sua mente.

    — Mentira, esse não é seu nome — disse sem hesitar.

    — Bem, de certa forma é. Eu não sei meu nome, esse foi o nome que me deram.

    Essa nova informação vinda de Amelaaniwa não parecia ser mentira, já que levou seu dedo indicador ao rosto em introspecção.

    — Onde estamos?

    Observando ao seu redor, ele não conseguia reconhecer o lugar onde estava. Era uma espécie de quarto e suas memórias estavam confusas. Não é como se lembrasse de algo diferente, ele não se lembrava de nada. Era estranho, era um incômodo.

    — No inferno. — disse Amelaaniwa

    — Como?

    Era uma fala seca, sem emoção, como se ela estivesse com raiva, ou, ele sentiu sua raiva? Ela não deixava transparecer, isso deixou o garoto confuso e ansioso.

    — Não metaforicamente, não fisicamente, não realisticamente, e sim, psicologicamente. Estamos aprisionados por nossas falhas e defeitos, esse mundo é perigoso demais para falhas como nós. — disse Amelaaniwa, em um tom triste, explicou tudo e deixou mais dúvidas com ele.

    — Falhas?

    — Minha irmã disse que não é a hora de reencontrá-la, mas ela pediu para que eu escutasse sua voz, entrasse no quarto e te contasse.

    A garota não se mantinha parada, andando pela sala e passando suas mãos pelos móveis.

    — Contar?

    Amelaaniwa andou até o jovem, colocou suas mãos pequenas e suaves em seu rosto jovem, um rosto de um jovem de 16 anos. Ela olhou no fundo da alma do garoto com seus olhos roxos puxados para o vinho.

    Os olhos Bordô olharam no fundo dos olhos azuis-escuros dele e ela disse.

    — Seu nome é Kuzimu.

    Sinos tocam em sua mente.

    — Atualmente se chamará Kuzimu Kuokoa. Mesmo que não sejamos sua família… bem, eles não vão voltar. Mas saiba, você está em sua casa e nós não fazemos parte dela, pode nos tirar quando quiser.

    Os sinos tocam mais alto. Como um som que aos poucos se abafa, ele escuta a última coisa do dia:

    — Lembrar depois do que passou vai ser doloroso. Saiba que, quando se lembrar de tudo, você vai morrer.

    Um corte na linha do tempo.

    Kizimu, o garoto confuso, tem um corte na linha no tempo. Quase como dormir e acordar, era um sentimento tranquilo onde sua própria mente tinha de despertar.

    — Onde estou?

    A sensação do vento, o gosto do ar forte. Tudo eram fortes indícios que ele estava ao ar livre. Olhou para o horizonte, era belo. O sol fraco caindo no céu brilhante que coloria a amplidão laranja deu um conforto no coração do garoto.

    Ele olha para baixo.

    — EH!

    Com um grito, Kizimu dá um passo para trás. Ele estava em um penhasco. Olhando de volta para o lindo horizonte, que era maravilhoso e tão familiar, mesmo que não se lembrava onde estava.

    — Onde eu?

    Demonstrando uma confusão compreensível, o jovem tenta se lembrar por que estava ali. Onde era ali?

    Olhando para trás, ele vê um pouco ao longe, uma grande casa. Pensando pela perspectiva da casa, ele estava no topo de uma montanha. O caminho era reto para essa casa, talvez um jardim?

    O jovem olha para trás, se despedindo da bela vista, as nuvens começam a esconder o fraco sol do fim de tarde.

    O garoto segue pelo caminho para a grande casa, e seus pensamentos afloram, ele finalmente está acordando.

    Meu nome é Kizimu? Mas… Quem é Minne? Ela…?

    — Ãn? — Algo chamou sua atenção, interrompendo seus pensamentos.

    Correndo pelo caminho que ele seguia, indo na sua direção, corria uma garota. Seu corpo pequeno e leve indicava que era uma criança — ou ao menos parecia ser uma. 

    Seu corpo era inocente, pequeno e deleitoso, sua pequena mão balançando em sua corrida poderia caber em um palmo dele. O jovem sentiu uma leve emoção ao ver a garota, era tão pequena, mas era atraente, era delicada e doce, era tão…

    “Não se engane. Não deixe o demônio dela te vencer.”

    Ecoou em sua mente.

    — Kizimu, onde estava?

    Doce, sua voz era doce.

    — E-eu?

    Ela deveria ter entre 8 ou 9 anos. Seus cabelos chegavam até a metade de suas costas e era um tom turquesa lindo. Ela tinha olhos vermelhos e um dos seus dentes, o canino, era um pouco maior que o normal, dando um ar travesso a ela. Uma aparência digna de um prêmio.

    — Criança, qual seu nome?

    — Não sou criança, eu já tenho 13 anos já.

    Mentira? Pensou no momento, mas sua mente não ecoou nada diferente.

    Que estranho, ele está se acostumando com algo tão rápido, não deveria estranhar esse ecoar?

    — Acorda logo, não fica no mundo da lua. — A pequena garota abanou a mão na sua face.

    Sua mente volta.

    — Eu, não…

    O jovem nota que perto da boca da garota tinha molho de alguma comida. Será que ela sujou com algo? O desejo de ajudar aflora e ele puxa o corpo da jovem.

    Ela não luta contra isso.

    A garota se permitiu ser puxada pelo jovem claramente mais forte.

    — Quê?

    Ela fica envergonhada, mas não recua. Ele poderia fazer o que quiser com ela? Mesmo que ele tenha feito algo impensado, ela não recuou, por que não? Ela deveria ao menos reclamar. E outra coisa, por que seu corpo foi tão atrevido? Era apenas para ajudá-la, então…

    Era isso.

    Ele estava sendo induzido, ele entendeu.

    O que ele pensou. A ação que seu corpo fez era uma ação nojenta que ele mesmo sem entender repudiou. Então, sua mente estava sendo conduzida. Não poderia aceitar sua mente ser controlada a fazer algo tão repulsivo. Mentalmente ele não entendia o motivo daquilo ser errado, e nem mesmo entendia o que ele queria fazer. Mas seus sentimentos conformaram-se que aquilo era a coisa mais nojenta possível e ele não se permitiu fazer tal ato.

    O jovem apenas limpa o rosto da garota, soltando-a em seguida.

    — Só isso?

    Ela ficou impressionada, ela esperava alguma coisa, algo que não estava certo. Ele ficou ressabiado em saber o que era, mas, ele tinha uma curiosidade maior. A grande casa.

    — Você pode ser diferente…

    A voz dela saiu menor que um sussurro. Como apenas o vento era um obstáculo, o garoto não teve dificuldade em ouvir, ela ignorada, pelo que ela deveria ter dito apenas para si, apenas voltou sua voz ao garoto.

    — Senhor Kizimu, sua casa o aguarda.

    Olhando para a garota com mais atenção, ele percebe algo incomum. Mesmo com sua memória turva, ele lembra que as roupas delas eram um pouco diferentes.

    O vestido era de um preto profundo, feito de um tecido denso que seguia os contornos do corpo da garota como se tivesse sido costurado diretamente nela. Sobre o tecido escuro, destacava-se um avental branco-alvo, decorado com babados delicados e costuras firmes, como se alguém tivesse passado horas ajustando cada detalhe à mão. A gola alta terminava num laço de fita preta, bem centrado sobre o peito. As mangas, ligeiramente bufantes nos ombros, terminavam justas nos antebraços com punhos bem marcados. A saia rodava suavemente ao redor das pernas, finalizada com rendas brancas sutis, e descia até um pouco acima dos joelhos. Meias pretas lisas subiam até as coxas, e seus pés estavam calçados em sapatos escuros com fivelas discretas. A cabeça, por fim, era adornada por uma pequena touca branca, tão imaculada quanto o avental.

    Ele sabe que ninguém usaria aquele tipo de roupa estranha. Ela disse senhor? Isso reflete em sua mente.

    — Você não respondeu ainda, qual seu nome, e quem é você?

    — Ah, claro. Me desculpe. Meu nome é Esme Filomena. Eu sou a empregada da grande casa Kuokoa. Atualmente estou servindo diretamente ao senhor, sob as ordens de minha mestra amada.

    Inclinando seu corpo e puxando delicadamente a barra de sua saia, ela se apresenta, com uma educação visual impressionante. Era uma jovem pulcra, sua aparência era sinônimo de perfeição, o quão bom seria retirar suas roupas e…

    “Não se iluda pelos seus demônios”

    Kizimu começa ter um rubor, mas, rapidamente, sua expressão junto a sua mente volta. Ele repudiou esse pensamento nojento. Ele não perderia para um simples demônio.

    Calma, Demônio?

    — Vamos para casa — afirma o jovem.

    Novamente a garota, não – Esme, fica impressionada com algo, ficando animada no processo.

    — Sim!

    Esme acompanha Kizimu pelo caminho para casa.

    1. *Todas as imagens ilustrativas usadas aqui são usando ia, por isso, futuramente terão uma versão oficial. Apenas a versão da capa é a versão atual oficial de uma das personagens* ↩︎

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