Capítulo 13: Olhos cansados.
O homem bocejou.
A frente de Kizimu tinha um homem de cabelo cinza e olhos castanhos, cansados, estava junto as duas garotas que já conhecia. Ele tinha uma barba rala e era alto, ele parecia desanimado e isso deixou Kizimu tenso.
— Suponho que seja o Lins, certo?
Kizimu iniciou a conversa, já que o mesmo não tinha a mesma intenção.
— Eehh, algo assim. Meu nome é esse mesmo.
Aba imagem: Lins bocejando e Kizimu tenso com suor escorrendo.1
— Senhor Lins, ele… parece que escutou sua voz enquanto estava inconsciente.
— Errada. Ele escutou naquela hora que abriu os olhos, ele não conseguia mover o corpo por que estava se estabilizando, mas, estava consciente. Ao menos por um tempo.
Lins era alguém inteligente, foi algo simples, porém, sua segurança a dizer era relaxante, não era uma teoria dele. Por mais que fosse algo óbvio.
Seu tom desinteressado provava que estava correto.
— Lins, acredito que você seja o médico em minha residência. Estou correto?
O homem cansado para um pouco antes de responder, sem reagir muito, pode ser que esteja pensando.
— Não. A função que você pensou é melhor aplicada em Althea, minha função é algo que será útil apenas a Minne – bocejou.
— Poderia me dizer sua maldição?
— Não. Minne disse para eu obedecer você, só que, eu não quero. Eu obedeço Minne por uma dívida, só que, você eu não vou obedecer.
Isso era novo, é o primeiro residente que diz diretamente que não vai obedecer ele. Pandora já havia desobedecido, mas, seu caso era diferente.
— A casa é minha, eu poderia tirar você da minha casa, o que você diria?
— Eu diria que não me importo, se quiser me tirar, me tire. Só que… você não vai fazer isso.
Ele está certo e seguro disso.
— Você tem razão. Bem… e você Althea? Você me obedece ou vai seguir apenas as ordens de Minne?
— Eu? Bem… Eu vim para essa casa por causa do Senhor Lins. — A garota se encostou na parede e pensou sobre o passado. — Ele me tirou de meu antigo trabalho quando eu nem sabia que tinha uma benção ou como usar ela, até ele aparecer do nada e me ensinar.
Kizimu se ateve a algo, mas ela continuou.
— Senhor Lins se tornou um grande amigo meu e eu tenho um grande respeito por ele e pela própria Minne, então…
O que chamou atenção de Kizimu não poderia ser ignorado.
— Lins te ensinou a usar sua benção?
Ouvindo a história de fora, era bem claro que uma pessoa de repente te ensinou algo que nem você mesmo sabia, e isso deixou um buraco nas informações para Kizimu. O garoto olhou para Lins, que estava com sua expressão cansada olhando para Althea e até bocejou… talvez ele nem esteja ouvindo a garota.
— Não dê atenção a isso. Eu aceito o pedido de Minne, eu vou obedecer qualquer pedido, contanto que não seja nenhum pedido estranho.
— Eu não vou obrigar vocês a fazer nada que não queiram.
— Isso é reconfortante.
— Agham!
Diante a esse diálogo fluido, Masha tosse de forma exagerada.
— Bem, garoto, gostaria de saber, por que fui chamada?
— Certo, você. Como a pessoa que conhece mais sobre bênçãos e maldições. Quero que me ajude a aprender sobre as maldições.
— De que forma posso te ajudar você, garoto?
A ideia de Kizimu era bem simples, ele queria aprender sobre as maldições, dele, de Pandora e Kim, se possível de Aisha também. Assim, poderia ajudar a todos. Isso se aplicaria a Amelaaniwa e Esme, que ainda são mistérios para Kizimu.
— Masha, o que você sabe sobre a maldição de Pandora?
— Isso é bem vago, mas se eu tivesse que dizer, não sei. É apenas um amontoado de dor de cabeça…
Isso não respondia nada, e a mulher bela continuou.
— Talvez esquizofrenia? Tipo ‘fragmentados’. São várias personalidades com elementos que definem a maldição. Talvez seja mais de uma maldição. O demônio estava de pirraça quando amaldiçoou ela.
— Eu sei qual a maldição dela.
Masha arregalou os olhos momentaneamente e depois olhou com interesse.
— Continue.
— É uma maldição de Lendas Urbanas, ou algo assim. Cabelos de fogo lembra o Curupira. Quando seu corpo fica translúcido pode ser relação com a Loira do banheiro e o tornados em suas pernas não é algo idêntico ao Saci?
— Agora que você disse… tem elementos de folclore também, entendo.
Masha colocou sua mão em seu rosto pensativa. Ela não demorou muito para sorrir e começar sua opinião.
— Isso é interessante, não sei como não pensei nessa possibilidade. Cada Lenda Urbana tem sua alma, como se fosse um demônio real tentando tomar sua mente. Por isso que ela ficava descontrolada de repente, algo relativo a uma lenda urbana ou folclore estava sendo ativada.
— Exato, quando florestas estavam sendo machucadas o curupira tentava assumir. Quando ela se sentia oprimida ou com medo, a loira do banheiro tentava tomar conta.
— Isso é incrível! O chefe Kizimu descobriu o que provavelmente é a maldição dela. Só que, não acho que chamou a senhorita Masha para se gabar.
Enquanto Masha e Kizimu conversava, Althea se intrometeu.
— Chefe? Enfim. Exatamente, Masha, como eu posso ajudar Pandora a controlar sua maldição? Bem… Como Kim controla o dele?
— Não sei. Apenas o garoto pode dizer.
— Diga apenas o que souber pelo menos, tem sua maldição também, você aprendeu a controlar?
A mulher de pele morena e cachos belos se sentou, ela começou a enrolar seus cachos castanhos. O purpura em sua aparência era enlouquecedor. E ela começou a contar.
— Isso é uma longa explicação. Há, vamos lá. Absorver as almas é quando minha alma tenta se alimentar das almas dos outros… explicando de forma que você entenda, apenas em respirar o ar da outra pessoa, ou ver seus olhos, eu posso absorver…
Era uma maldição o tanto interessante, e problemática, se ela não pudesse controlar, isso não tornaria ela alguém solitária?
— Basicamente apenas existindo perto de alguém, minha alma de forma descontrolada absorve a outra. É como respirar. Muitas pessoas morreram por meu descontrole… até que aprendi a controlar essa respiração. É como se eu tivesse fechando os olhos ou a boca. Absorver a alma das pessoas é como se fosse uma extensão de mim, e eu aprendi a controlar essa extensão de minha existência. Apenas isso.
— Entendi. Isso… isso não deve funcionar da mesma maneira para ela.
— Com certeza não. As maldições se comportam de maneira diferente. Ela tem outras almas com ela, não é tão simples assim controlar as almas.
Controlar almas? Ouvir isso de alguém que absorvia almas era irônico, mas ela estava certa. Como poderiam proceder e controlar a maldição de Pandora?
Se eles pudessem entender como cada maldição pensava unilateralmente, talvez até fosse possível conversar… mas como conversariam com a maldição?
— Então, se tivesse como controlar sua alma, ou até conversar com elas, talvez…
— É uma possibilidade. Mesmo assim, as maldições não gostariam de ser escravos, teria que ser um ótimo acordo.
Kizimu pensou e isso era alguma coisa, definitivamente estava com alguma ideia, mesmo que não tivesse ideia de como aplicar. Talvez Kim pudesse dar outra ideia diferente, queria testar.
— Sei que é rude, mas tenho que organizar meus pensamentos. Lins e Althea, quero que continuem sendo os médicos que são, fazendo suas funções como Minne mandou.
— Certo, capitão! — prestou continência.
— Nada vai mudar, então.
O contraste entre Althea e Lins era grande.
— Masha, poderia chamar Kim, quero conversar com ele.
— Hi-hi-hi, claro que posso.
Chamas purpuras surgiram e aparecendo ao lado dela, Kim estava limpando sua espada com um pano fino. O garoto se surpreendeu e em um pulo, observou todos que estavam em sua volta.
— Cer-certo, isso foi muito mais do que eu imaginava, mas vai servir. Poderiam me deixar conversa as sós com Kim?
— Que perda de tempo.
— Não fala assim Senhor Lins, ele queria conhecer a gente.
O primeiro a se mover a ir embora foi Lins, com Althea indo atrás.
— Fico triste de não participar da sua conversa. Estou gostando de sua forma de pensar.
— Quero extrair o máximo de informação, não quero que ele deixe algo de lado, por não confiar em algum de vocês.
— Faz sentido. Eu não penso dessa forma, por isso, perguntou na frente de todos. Muito inteligente.
— Obrigado.
Kim era mais desconfiado e tinha um pé mais atrás sobre tudo, seu sorriso triste era uma comprovação. No pouco tempo de interação conseguiu uma base segura de cada residente e suas formas de pensar.
Masha não fez muito caso, sem nem dizer nada, seguiu Lins e Althea. Fechando a porta da sala de descanso, agora só tinha Kim, confuso e Kizimu.
— Vamos conversar Kim?
- Abas imagens serão imagens futuras que irei adicionar para vocês ↩︎
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