Índice de Capítulo

    De dentro de sua batina branca e perfeita, um alecrim foi retirado. Andando com eloquência de um padre, o mesmo fecha os olhos e começa a falar sem reproduzir som. O que se dava a entender é que ele estava rezando o pai nosso. Um processo continuou mesmo após chegar em frente a Kizimu sentado.

    O padre levantou o palmo diante Kizimu e continuou sua reza. Lentamente ele abre os olhos limpos como o céu, e o alecrim em sua mão é utilizado. Ele começa a abanar levemente a planta enquanto finalmente falava algo.

    — Santo que o observa e observador de cafute bravo, assim como controlou as maldades dos demônios e ressuou a bondade dos anjos. Daí a essa criança, esperanças e salvação. Que suas tristezas e arrependimentos sejam perdidos ao vento. Daí a essa criança esperança forças para sobreviver a sua sina. Sua missão que seja cumprida, como as missões que tu Santo, se realizam. Amém.

    Enquanto movia o alecrim, repetiu esse cântico mais vezes. Entediado, Kizimu observou Esme e Kim, a dupla estava ansiosa.

    Kim estava tenso, esperando por um movimento em falso, segurando sua lâmina na bainha e Esme, que trouxe os convidados não solicitados, estava nervosa com sua própria decisão, a visão de Kizimu seguiu todos no quarto, até que a mulher que veio com o padre lhe chamou atenção.

    Ela ficou parada todo esse tempo, olhando para baixo. Kizimu prestou atenção nela por completo, já que sua existência começava a assustá-lo. O que era mais estranho eram seus seios…

    Kizimu não estava olhando para seus seios por maldade e sim, por instinto, tinha algo errado, a fraca respiração que deveria existir, não existia. Poderia ser as roupas que davam essa impressão, mas era assustador ver como se a mulher não estivesse respirando.

    Na quarta vez que era benzido, notou algo novo, o alecrim nas mãos do padre, aos poucos estava apodrecendo, isso chamou atenção de Kizimu.

    Era muito estranho tudo isso e os instintos do garoto de cabelos pretos só apitavam cada vez mais. Não poderia demorar muito mais. Por isso, ele segurou levemente o braço do Padre.

    — Desculpa, fiz algo errado?

    — Não, er, muito obrigado, mas não precisa mais.

    — Que pena… achei que seria mais fácil. — O padre soltou um suspiro cansado.

    Uma porta sendo aberta bruscamente ecoa e saindo de dentro do quarto que Pandora estava, Aisha corre, gritando.

    — Kizimu, estamos sobe ataque!

    O som de Janelas se quebrando é escutado por toda grande casa.

    ✡︎ —————✡︎ —————✡︎ 

    Masha, Lins e Althea desciam as escadas, o brilho do sol passava pelas janelas, trazendo um cenário alaranjado nas escadas de madeira.

    — Masha, o chefe Kizimu é bem estranho, né?

    — Por que diz isso, Althea?

    — Pensa, ele entrou em coma com 6 anos, conforme as informações de Minne. O que significa que ele deveria ter 6 anos em idade mental…

    Masha mexia em um celular e escutava e nada acrescentou, com essa reação, Althea continuou: 

    — Sem contar que ele perdeu as memórias. Ele não só não deveria ser tão inteligente, mas deveria ser muito confuso sobre tudo. O mais assustador é que ele é bem inteligente e lógico, mesmo para alguém de 16 anos.

    Masha novamente não respondeu, virando seu olhar para Lins que caminhava arrastando seus passos cansados atrás das duas.

    — Lins, qual sua teoria?

    — Não tenho uma teoria. É um fato que sua maldição influencia ele.

    Masha para diretamente a Lins segurando seus fartos seios sobre seus braços cruzados, os olhos mortos, olham para os olhos de Masha.

    — Sua Benção pode ajudar Kizimu, sabe? Por que não ajuda ele?

    — Nem todos que residem aqui são amigos dele. Ou servem a Minne, ou ao pai de Kizimu.

    Lins encerraria a conversa por ai, porém Masha não iria se contentar com essa desculpa esfarrapada. Ele voltou com um “mas” e complementou seu pensamento.

    — Só que, se aquela maldição souber minha benção, aquela maldição pode fazer Kizimu ter medo de mim. Não quero ser evitado. Por isso, vou ocultar essa informação o máximo que der.

    — E se eu contar?

    — Não posso fazer nada. Ahr! — Lins forçou em si um sorriso e juntou as palmas. — Como seu amigo, posso pedir para não contar?

    Masha não respondeu, pensou, pensou e finalmente respondeu.

    — Somos amigos?

    De repente um laço vermelho entrelaça no pescoço de Masha, no instante seguinte, o vidro se quebra e de dentro da Janela, uma mulher atlética entra. Ela, usando laços vermelhos amarrados nos braços, puxou Masha, que por sua vez queimou o laço.

    A mulher que entrou pela janela, pulou para trás, nas escadas. Ficando no fim dela. Althea subiu ao lado de Lins assustada.

    — Sim, somos amigos, e como somos amigos, poderia lidar esse problema para mim?

    — Eu vejo através de sua mentira. Diz isso apenas para sua própria ajuda. O que eu vejo é… essa mulher entrou na residência como inimigo e de acordo com o garoto, eu não tenho permissão, apenas para não roubar a alma dos residentes. — Masha deu um sorriso maldoso. — Ela não é uma residente.

    Os olhos pretos da mulher invasora olhavam fixamente para Masha, a mesma usava um rabo de cavalo e um body azul. Fisicamente ela lembrava uma artista rítmica.

    Outro laço é retirado de um cinto preto e a invasora avança seus laços para a mulher negra que em uma passada aparece atrás da artista rítmica.

    A mulher de púrpura olhou nos olhos da moça de rabo de cavalo, olhando bem, no fundo dos seus olhos. O instante seguinte seria o fim para a artista, sem nem mesmo poder pensar ou reagir. Isso era a maldade do destino de uma maldição tão odiosa. Roubar almas.

    Masha se surpreendeu quando recebeu um soco bem no rosto. Em sequência ao soco, um chute que foi direto para o pescoço, Masha não receberia o segundo ataque e o chute foi parado no ar, pelo próprio ar.      

    — Sua mulherzinha idiota. Mas espera, o que está acontecendo aqui? Minha maldição não funciona em você? — reclamou Masha.

    A mulher com rabo de cavalo pulou para cima, correndo para cima das escadas, na direção de Althea e Lins. Eles, percebendo a troca de alvo da mulher, começaram a correr para cima fugindo da mulher.

    — Olha, nem eu e nem minha colega aqui somos combatentes. Poderia não deixar ela vir para cima de nós?

    — Masha, por que você recebeu um soco?!

    Lins e Althea reclamaram enquanto corria para cima, não conseguindo ser mais rápidos do que a mulher de rabo de cavalo. Os laços vermelhos avançaram para o pescoço da dupla que fugia. Instantes seguiram como uma premunição da morte. Os laços poderiam destruir o pescoço da dupla sem nenhuma dificuldade, ainda mais indo naquela velocidade.

    Eles beijaram os pescoços da dupla e queimaram no ar púrpura. Na frente da mulher invasora, Masha se materializou.

    — Algo me incomoda mais que não ter sua alma absorvida por mim. Poderia me responder uma pergunta.

    — …

    — Quem é você?

    — …

    A mulher não reagiu, nem falou, apenas olhou fixamente para Masha, que riu.

    — Ok, então, não venha reclamar quando eu queimar você.

    ✡︎ —————✡︎ —————✡︎

    Pandora e a garota que parecia que veio de um colegial japonês — Aisha, estavam juntas. A conversa foi unilateral, onde a garota parasita pediu desculpas por não ser uma amiga boa o suficiente. Pandora tentou se explicar, mas como explica quando dá errado?

    A conversa estava bem unilateral, até Aisha olhar para um ponto fixo e retornar assustada. A garota com uma expressão de terror correu para fora do quarto, sem dar uma explicação. Antes que Pandora pudesse correr até sua amiga, ela escuta algo na janela.

    Curiosa, Pandora andou até a janela.

    Aisha saiu do quarto abrindo a porta de forma bruta e fechado da mesma maneira. Ao mesmo tempo, em que Aisha gritou do outro lado da sala, a janela explodiu no mesmo instante com a entrada de um corpo pequeno.

    Pandora pulou para trás e esquivou de ser cortada pelos estilhaços, olhando para o pequeno porte que pulou para dentro da grande casa no segundo andar. Ela lutaria com quem fosse, protegeria a casa, com sua vida.

    Com sua determinação intacta, ela segurou o anel em seu dedo, o anel que a impedia de sentir suas maldições, não queria retirar o anel, porém isso é um momento crítico, sacrificaria seu novo conforto.

    Mas antes de retirar, ela trava.

    Não podia acreditar no que estava vendo. Não poderia acreditar no que estava em sua frente. Lágrimas enchem em seus olhos e suas pernas começam a tremer.

    — Não. É. Possível… — disse horrorizada.

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