Capítulo 18: O batalhão de resgate da casa Kuokoa.
Kizimu não via nada.
A escuridão é algo relaxante, ou deveria ser. Estava agoniado demais para relaxar seus olhos. Abrindo-os, viu Althea colocando suas mãos sobre as feridas de Kim.
Suas palmas absorviam a roxidão. Seria algo milagroso se não percebesse a face da garota de cabelos cor creme curto se espremer de dor. Althea sentia a dor completamente, e vendo o braço dela, pode ver um ferimento se formando. O que fez Kizimu pensar, ela ainda estava com seu ferimento?
— Al-althea. Você-
— Ah, é a primeira vez que vê. Desculpa, não te expliquei. Não se preocupe, meu corpo tem uma regeneração sobrehumna. Isso não é nada.
Irritado, por ver uma mentira descarada, avançou até a garota e levantou a camisa dela, até a altura da barriga, e viu. Estava com faixas ensanguentadas.
— Mentirosa.
— Eii?! Quem te deu permissão de levantar minha camisa?
— Te proíbo de mentir para mim.
Ela ficou insatisfeita, não gostou de ter sua camisa levantada, só que ficou mais incomodada em mostrar sua deficiência.
— Garoto. Ela não ta mentindo. O corpo dela, realmente, tem um fator de cura elevado em comparação aos seres humanos. Mas nada milagroso.
Deitada, relaxando com um drink de champanhe que foi servido por Cassian, comentou Masha.
— Mesmo assim, não posso permitir que ela se machuque por nós.
— Então, mestre Kizimu, não se machuque. Minha função é essa, e eu só sirvo para isso. Não posso lutar e não quero ver ninguém se machucar, mas não posso fazer nada.
— Mas…
Kizimu não poderia fazer nada. Queria falar algo, mas seria apenas sua própria forma de pensar. Entendia o que ela queria dizer, então, ficaria chato empurrar seus ideais na determinação de Althea. O que ele sentiria se Masha não permitisse ele ir atrás de Aisha só porque ele é uma criança mentalmente?
— Garoto, quero dizer algo sobre a luta, que lembrei agora.
— Algo sobre a luta?
— Sabe naquele momento que atingiu aquele homem ali parado? — disse Masha apontando para o rei no centro da sala, parado e sorrindo.
Átila Ragnar, um rei de uma era que Kizimu nunca conheceu. Nunca soube suas histórias, mas reconheceu ele como um inimigo acima de suas capacidades. Não poderia sentir raiva desse rei, já que suas ações foram controladas por Samuel, o padre.
— O que tem a luta com ele?
— No momento que você atingiu o rei…
No momento de ira de Kizimu, ele atingiu a lâmina minúscula, não ouve efeito de dano, pouco sabia que era a primeira lamina na história a atingir o rei.
— Por que tentou perfurar ele? A lamina era pequena, não faria mais sentido tentar rasgar ele, tipo puxar para o lado?
Kizimu idealizou a possibilidade e caiu em choque. Realmente era algo muito melhor do que sua ação inútil de tentar enfiar uma lâmina inexistente.
— Verdade, né? Eu não pensei na hora.
— Você é muito imaturo em combate. Pode até prever os ataques dele, mas é inútil se for burro em lutar.
— Desculpaaaa!!!
Kizimu se sentiu envergonhado em fazer uma ação tão ridícula. Masha riu, provocar a criança seria sua maior diversão. Kim, finalmente curado, respirou fundo e falou o que pensou a todo momento.
— Kizimu! Masha. Pandora. Me desculpem.
Todos na sala, incluindo Cassian que não foi citado, olharam para o garoto. Com a confusão alheia, ele continuou:
— Se eu fosse mais forte, poderia ter derrotado Bento e ajudado na luta contra o rei. Mas, eu sou fraco. Eu preciso ser mais forte. Aisha foi sequestrada pela minha fraqueza.
— Cala boca. — Kizimu ficou irritado e levantou Kim pela gola de sua blusa, aproximando o rosto do garoto ao seu. — Não se culpe pela sua fraqueza. Todos aqui foram fracos, se for para culpar alguém… Eu deixei ele entrar. Eu não os comandei bem. Eu fui inútil como seu senhor.
— Não-
— Eu não terminei. Eu tô falando. Eu quero você de cabeça erguida. Somos amigos e você vai me ajudar a resgatar Aisha. Eu não permito você levar a culpa pelos meus erros. — largou as roupas do garoto loiro. A voz de Kizimu enfraqueceu e ele continuou — Se não fosse pela sua força, ai, sim, teríamos morrido. Nunca poderia lutar contra Bento de frente, eu, sim, sou um fraco.
— Peste, o que o garoto quer dizer, é que ele está frustrado. Não quer ouvir a frustração de outra pessoa.
Kim, nada falou, apenas se calou diante a Kizimu que bagunçava sua cabeça, irritado e envergonhado. Althea via a cena com pesar e Cassian se aproximou.
— Meu senhor, eu o agradeço mais do que imagina.
— Ãn?
— Você despertou na manhã anterior, e está em dois embates seguidos. Nessa residência isso nunca aconteceu antes. Porém, no momento de dificuldade foi aquele que seu despertar veio à tona. Você está salvando essa casa como a Senhorita Minne disse que protegeria. Então, eu agradeço ao senhor.
— Não. Eu não…
Não queria ser reconhecido. Sua raiva de si era tamanha que nem poderia raciocinar qual era a escolha certa. Tinha raiva de si por ser fraco. Por não entender maldições. Por ter acordado apenas no dia anterior, quando todos passavam por dificuldades inimagináveis.
Mas o sentimento confuso que crescia em si não fazia sentido. É um sentimento confuso, como se suas emoções estivessem uma bagunça. Mas agora, ele não se importava, agora cumpriria o que prometeu a Amelaaniwa. Salvaria a todos dessa casa. Por isso.
— Eu não quero ser reconhecido. Não ainda. — olhou firme nos olhos do senhor de idade, com boa postura. — Quero ser reconhecido quando salvar Aisha.
— Oh! — Cassian viu a determinação nos olhos de Kizimu, era mais do que a determinação de uma criança. Era a determinação de um rei. O senhor da casa Kuokoa. — Eu vejo, tudo bem. Irei me curvar ao senhor novamente apenas em seu retorno. Iremos voltar vitoriosos, e acredito nisso.
Esme, a empregada de cabelos turquesa, saiu do quarto que Pandora estava, junto a mesma. Ambas estavam arrumando a bagunça que estava o quarto. Olhos inchados foram notados no rosto da criança, que se dizia adolescente. Ela viu a corda sem sombra de dúvida.
Pandora, com a cabeça baixa, andou atrás da garota, segurando um saco cheio de vidro e poeira. O anel ainda estava em seu dedo, impedindo a maldição de enlouquecer ela.
— Verdade. Masha, pode me ajudar com algo.
— O que desejas? — disse enquanto ainda relaxava. Kizimu se aproximou da mulher bela.
— Desde que enfrentei Bento. Minha maldição não entrou em contato comigo. Acho que ele foi afetado com algo.
Ela se virou, ainda deitada, deu um gole, finalizando o líquido e com calma levantou.
— Pelo que eu sei, você foi atingido no peito com um tiro, e não morreu. Poderia me dizer sua maldição?
— Eu poderia explicar ele apenas para você?
De repente o ar em sua volta ficou sufocante, antes que pensasse em colocar a mão na garganta, ele voltou a respirar. O quarto ficou em um tom purpura enlouquecedor. Entendendo a situação, apenas Kizimu e Masha estavam presentes. Quantos truques a mulher tinha?
✡︎ —————✡︎ —————✡︎
— Certo. Vou fazer um breve resumo. Minha maldição é uma consciência inteira. Meu próprio nome, o verdadeiro. Kuzimu.
— Seu nome é Kuzimu? Essa pequena mudança é igual um pai errar o nome na hora de escrever na certidão. Enfim. Diga mais.
— Essa consciência inteira, toma conta de mim, se eu pensar no meu verdadeiro nome. Se eu penso em Kuzimu, ele tomaria normalmente o controle. Apenas o anel que agora está com Pandora controlava ele… Só que, desde que foi morto pela benção de Bento, ele não vem falado.
As informações que estava dizendo era um telefone sem fio. Minne disse para Amelaaniwa que disse para Kizimu que agora estava dizendo para Masha, não sabe dizer se falta alguma informação, mas disse tudo que lembrava.
— Será possível uma maldição morrer?
— Eu não acho isso. Ele ainda me influencia, e ele já falou comigo apenas uma vez. Porém, está muito quieto. Isso me assusta. Ele poderia ter avisado sobre Samuel e eu ter mandado Kim arrancar a cabeça dele desde o começo.
— O que ele disse para você no seu último contato?
— Não foi uma explicação como sempre dito, ele disse para eu colocar meus dedos em uma fechadura… eu senti um choque e a fechadura abriu.
O que ele fez foi algo que nem o mesmo Kizimu entendeu. Ficou surpreso quando a fechadura abriu e não sabe dizer o que aconteceu naquele momento. Masha arregalou os olhos e pulou em Kizimu com energia e excitação.
— Não me diga que. Só pode ser isso. Hihihihi. Você usou um ritual. Mesmo sem entender nada disso.
— Ritual?
— Ele usou sua própria energia corporal para gerar uma eletricidade, tal qual, usada para abrir a fechadura.
Isso era possível? Se bem que, do que ele deveria duvidar? Ele estava dentro de uma dimensão diferente. Viu a mesma usar tantas loucuras e está em um hospício de anormalidades, duvidar dela era tolice.
— Como funciona os rituais?
— Garoto, isso eu gosto tanto de dizer. Olha. Demônios não conseguem criar nada. Apenas usam coisas que já existem. Uma existência que existe e uma lógica irracional. Se você usar os rituais dos demônios, pode usar as noções humanas de formas mais diversas.
Ela disse tudo e não explicou nada. Ficou tão confuso que nem soube como reagir.
— Ah, desculpa, deixa eu falar de uma maneira que entenda… Esse local que estamos. Eu acelerei nossas mentes de forma tão rápida que tudo a nossa volta está lento. E fiz um ambiente para conseguirmos agir dentro de nossa forma acelerada, acentuando nossa lógica. Tipo, naturalmente e humanamente isso seria impossível. Agora, os rituais cedem a lógica com o que já existe e permite que criemos logicas.
Por isso que ela usava chamas e ventos? Ela apenas estava usando coisas que já existem, mas gerando uma função dentro da própria lógica? Ela criava a própria lógica com os rituais, dentro do limite do imaginável. Isso é loucura, ou melhor, isso é Masha Dara.
— Deixando mais explicadinho… eu usei núcleos Gama. Eles me permitiram manipular o fluxo elétrico do corpo e da mente. Sincronizei vários núcleos na mesma frequência e criei um campo de ressonância que acelera os impulsos mentais. É como uma dimensão onde a consciência se move mais rápido que o tempo. Os pensamentos chegam antes da ação. A mente responde antes do mundo. Só precisei estabilizar tudo com ancoragem magnética e evitar a sobrecarga com um anel de descarga. No fim, é pura engenharia energética.
— Isso faz sentido, mas não explica as maldições por completo. Absorver almas, peste e Lendas urbanas. Como isso pode existir.
— Não entende. É por isso que os rituais são tão incríveis. Existem tantas coisas no mundo que não sabemos, existem, mas não estão em nosso conhecimento. Eu mesma, com anos de estudo, só pude aprender alguns rituais, estudando gerações e gerações de bruxas e livros do passado.
Conseguiu aprender mais sobre Masha nessa interação, mas não obteve a resposta que queria.
— E sobre minha maldição? Como faremos?
— Deixa eu verificar.
Símbolos voaram na direção de Kizimu.
— O que é isso?
— Núcleos. Com eles posso fazer meus rituais.
Instantes se passaram, e Masha recitou algo. Os símbolos brilharam e sinos tocaram muito alto na sua mente. Kizimu tentou segurar sua cabeça e fazer os símbolos pararem. Estava doendo, estava desvencilhando sua vida e alma. Estava corroendo sua existência e fazendo ele se odiar por querer Kuzimu de volta.
— Que gatinho traiçoeiro. É curioso. É incrível. Ele é uma existência perfeita. Melhor. É uma alma inteira. Você tem outra alma.
— Certo! Certo! Cala a boca dele.
— Tudo bem. — Segurando os símbolos e fazendo vários diferentes entrarem em Kizimu, ela riu. — Cala-te criatura ridícula.
De forma insana, os sinos se sobressaíram a um chiado e aos poucos tudo se calou. Um talismã de papel se formou na frente de Kizimu e se prendeu em seu braço.
— Bem. Se eu arrancar esse talismã, Kuzimu volta, certo?
— Sim, aqui neste ambiente, sua mente está muito acelerada, não aguentaria a pouca influência dele. Fora daqui, pode retirar. Algo adicional que fiz por conta própria é. Sua energia corporal, pode ser transformada em energia.
— Serio!? — O garoto de cabelos pretos e olhos azul-escuro se animou, seria algo como ter seu próprio poder.
Como poderia usar seu poder? O que sabia sobre super poderes era de desenhos animados que assistia com sua mãe na infância… Mãe? Sinos sobressaíram o pensamento anterior e ele voltou a animação.
— Mas como eu faço?
— Olhe sua mão. — Kizimu olhou e viu um símbolo de ômega. — Com esse simbolo, pode fundir o fim para a energia que corre em seu corpo. Mas não se empolgue. Quanto mais você usar, mais ficará cansado. Então, peço que use apenas como medida preventiva.
Claro, não seria tão simples. Pensando sobre, ele usaria sua própria energia corporal. Ele poderia criar raios ou relâmpagos?
— Ah, antes que se empolgue novamente, sua energia corporal não é grande para algo diferente de um choque grande, mas, isso usando muita energia. Acho que apenas fará cocegas no oponente normalmente. Ah é, e, além disso, use a palma inteira. Ainda não treinou, então não consegue mover sua energia, pense como um choque de mão.
— Certo. Isso é mais do que o suficiente. Eu só preciso de uma lâmina agora. — Dito isso, Masha arremessou algo. Olhando para própria mão, ficou surpreso. Tinha um cabo prateado lindo e uma joia turquesa quadrada no centro do cabo. A proteção de mão era boa para uma faca de caça. A lamina era curvada e belíssima. Poderia fazer um estrago com uma lâmina dessa. — Isso é… Lindo.
— Faça isso, sua companheira. Vai usar melhor que eu. Essa joia turquesa vai catalisar a energia e você pode usar a energia na lâmina. Com isso, encerramos a conversa.
Batendo palmas, o cenário turquesa volta ao normal.
Tudo que as pessoas a volta viram, foi chamas rodearem os dois que se moveram extremamente veloz no período de 2 segundos.
✡︎ —————✡︎ —————✡︎
Kizimu voltou para sala segurando uma lâmina bela prateada nas mãos.
— É uma bela lamina, meu senhor.
— Obrigado Cassian. — Kizimu olhou para todos na sala. — Não quero mais perder tempo. Kim. Pandora. Cassian, Masha. E Eu. Nós seremos aqueles que vamos salvar Aisha. Seremos o batalhão de resgate da casa Kuokoa.
Todos olharam para o cenário a sua própria maneira. Kim assentiu animado. Cassian fez uma reverência. Esme desgostou de um dos nomes citados e Pandora, ansiosa, bateu no próprio rosto com as mãos. Masha se postou a frente de todos e Althea expirou ansiosa.
— Boa sorte a todos. Não morram e nem se firam tanto. — Exclamou Althea.
Um pequeno porte se postou na frente do seu senhor.
— Por favor. Senhor Kizimu, proteja Pandora e traga senhorita Aisha. — Enquanto todos ficavam ao lado de Masha, Kizimu acariciou seu cabelo turquesa.
— Pode contar comigo. Não vou te decepcionar.
Kizimu se postou com sua equipe com 5 membros, contando com ele. Eles iriam para o local onde teria a sua vingança. Os inimigos entraram em sua casa e violaram sua moradia. Devolveria isso.
De frente para o rei. O garoto de cabelos pretos reforçou sua determinação. Iria com tudo para salvar Aisha, quem aceitou como sua irmã de consideração.
— Vamos, Masha.
— Certo, meu senhor. — Masha riu, enquanto as chamas purpuras levaram os 5 membros, até uma grande sala.
— HIHIHIHIIHI. Nem fodendo que vocês chegaram aqui tão rápido. Nem mesmo meu mestre poderia prever. Certo. O que eu faço com vocês?
Um homem sentado em um chafariz no centro da sala enorme ria do quinteto. Ele não era Samuel Selpucro.
✡︎ —————✡︎ —————✡︎
Um homem com uma batina branca e olhos azuis como o céu deitava o corpo de uma garota em uma maca. Em suas costas, tinha, enfileirados. Um caçador de maldições. Uma sacerdotisa e uma criança loira. A garota na maca tinha seus longos cabelos pretos e usava uma roupa que lembrava uma colegial japonesa. O homem tinha um sorriso sádico. Passou a mão pelos cabelos. Pela barriga. Pelo rosto.
— Você será uma boneca tão linda. Como eu deveria me divertir antes do fim?
Seus olhos tinham um pesar cheio de significado.
— Me desculpa, meu amigo, mas, tenho que me fortalecer, mesmo que isso signifique macular sua família.
—————————————
Hora do chá
—————————————
Yahalloi
CaiqueDLF aqui! Novamente, isso está ficando repetitivo, talvez?
Serei breve.
Os “Cap’s” 16 – 18 foram os Cap’s do Capítulo 4: Janelas Quebradas.
Agora, vamos entrar no Capítulo 5: A invasão
Estamos entrando na metade do arco 1, preparados? Os capítulos iniciais era apenas para sentir Lost, depois tiveram mais dois capítulos para desenvolver o verdadeiro começo do arco. E agora, vamos finalmente entrar no ponto de virada, estejam ansiosos, por que, cada vez mais, conheceremos esses incríveis personagens.
Bye bye.
Ass: CaiqueDLF
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.