Capítulo 21: O mestre de cartas
O martelo foi na direção da sua cabeça, e no último instante esquivou. O chão foi destruído e o velho chutou o garoto acima. Cassian correu até sua espada e como que prevendo, rolou no chão, se esquivando de um ataque que nem observou vindo.
Sua experiência era muita, sua família sempre teve um certo envolvimento com guerras e desde novo foi treinado para uma guerra futura. Estava no sangue a busca pelo poder, apenas não seguiu o que foi destinado.
— Você é um garoto problemático.
O martelo veio novamente em uma velocidade absurda, o velho se esquivou de raspão e.
— Arff. — No instante que desviou do ataque, um novo ataque veio, de forma que nem deu tempo para terminar a última esquiva. O acerto foi direto na barriga, deixando o velho sem ar, no chão. O martelo foi novamente em sua cabeça, enquanto Cassian estava ajoelhado, algo que não poderia ser esquivado, porém, o garoto recuou no último instante.
Recuou por que Cassian tinha feito um movimento de espada que mesmo caído arrancaria o braço do garoto. De forma muito habilidosa, o jovem previu o movimento e recuou. Não seria um garoto fácil de vencer.
Cassian tentou fazer uma sequência de movimentos que se protegeria de ataques imprevisíveis. Deu abertura apenas para alguns locais no corpo e defendendo o mesmo local, que usados como armadilha, dava abertura para o velho tentar acertar o garoto.
Os cortes de Cassian quase sempre acertava, mas o garoto conseguia desviar de forma instintiva. Sua velocidade sobre-humana dava um auxílio.
Não era velocidade, e sim um impulso, um avanço extremamente rápido. Cassian notou isso, porque tinha intervalos entre cada ataque. Usando sua estratégia, algo novo aconteceu. Enquanto defendeu o ataque, tentou acertar um movimento, um novo avanço do oponente, superando o primeiro e quase acertando Cassian. Defendeu o segundo e o terceiro impulso no mesmo instante não foi evitado.
O jovem conseguiu fazer três avanços consecutivos de forma que nem prevendo o segundo, pode se esquivar.
Cassian foi arremessado para uma ponta e enquanto estava no ar, um impulso jogou ele mais longe ainda. O velho derrotado no chão, estava cansado, estava fora de forma e o jovem andou em sua direção. Seu próximo avanço não poderia ser esquivado.
E o garoto avançou.
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Masha se esquivava no momento que sentia que sua vida estava por um fio. Tinha um pouco de incômodo por não poder usar sua maldição e acabar com isso rápido. E como não poderia encontrar o alvo, não poderia colocar um núcleo e teleportar para o mesmo.
O sangue da sua mão ainda pingava, porém, não poderia se ater a esse ferimento, daria atenção ao oponente a sua frente.
Era uma luta unilateral, onde a mulher de púrpura apenas poderia se esquivar.
A velocidade do corpo da criança alta aumentava e cada vez mais. Cada segundo que passava, mais pedaços da roupa de Masha era perdido, feridas em seu corpo eram criadas e arranhões eram cruéis por não conseguir esquivar rápido o suficiente.
Estava tentando acertar aleatoriamente chamas púrpura, mas o corpo era muito ágil e inteligente. Nada poderia ser feito. A mulher negra não era fraca, muito pelo contrário, tinha conhecimentos que poderia desafiar a lógica humana.
Mesmo assim, a mulher ainda era humana.
Pandora estava no mesmo lugar que se iniciou, observando a luta desbalanceada. Masha sempre foi poderosa pelo que conhecia, não sabia como reagir.
Um sentimento novo estava aflorando. Não era medo, raiva ou ódio. Era repulsa, estava achando horrível o que os demônios ou anjos fizeram. Macularam a vida da criança alta e fizeram ele se tornar em uma aberração.
De certa forma, ela também era uma aberração. Sempre que perdia o controle, sua forma alterava para algo desumano. A alteração física não chegava a dor em si, porém não significa que o garoto não sentia dor.
Além disso, sua falta de expressão, apenas alterada pela aberração, era triste. Controlado pelo Samuel, um dos homens que tinha Aisha em seu ombro. Pandora não chegou a conhecer Samuel. Apenas conheceu por falas de Kizimu e dentro do combate, sua risada ainda era escutada.
Observando o combate de sua amiga, percebeu algo novo. Isso mudaria o fluxo da luta.
De supetão, Masha percebeu que algo estava errado, teleportando mais uma vez. Percebeu que teve sua barriga atravessada. O corpo conseguiu acertar diretamente um ataque em sua barriga. Masha teleportou mais uma vez e golfou sangue. No instante que, olhando para baixo e tentando sugar o ar para seus pulmões, a criança veio para dar um fim a sua vida.
Masha se defendeu, o ataque letal com uma sequência de tentativas de perfurar a vida da mulher não chegou na predestinada. Um chute foi executado com qualidade, arremessando Masha até a parede. Ela, com a mão saindo sangue, a barriga agora no mesmo estado, começou a sofrer com a falta de sangue. E não pode esquivar do último ataque que veio na sua direção. A mão vil mataria Masha e…
Um punho cadavérico, jogou a criança para o outro lado da sala.
Uma sequência de clicks era escutado por Masha. Era os dentes de Pandora batendo. Seu corpo estava enrugado e cinza, os dedos ficaram finos e seus braços mais magros que o normal. O corpo cadavérico de Pandora estava andando se arrastando.
A criança que avançou em Pandora recebeu mais um soco e voltou para de onde veio. Os olhos de Pandora estavam pretos e um grito gutural saiu de seu pescoço.
— Essa é a lenda urbana do corpo seco… que assustador. — Masha desmaiou.
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Kim e Kizimu corriam pelos corredores, desceram escadas e chegaram em um corredor conhecido. Eles correm até chegar onde lembrava ser a sala onde Aisha estava. Abrindo sem pensar duas vezes. A dupla entrou na sala e não poderiam prever o que veriam.
Samuel Selpucro estava sentado em uma cadeira. Em uma cadeira oposta estava Tarotian, e eles… estavam jogando baralho?
— Truco.
— Estamos jogando buraco, seu idiota.
— Uno!
Kizimu ficou irritado, olhando para a sala com mais atenção, percebeu que era a sala que Aisha estava, mas a mesma não se encontrava. O ódio que sempre crescia e acalmava, aflorou novamente.
— SAMUEL, Cadê Aisha?
— Calma ae, estou quase vencendo.
Kizimu correu com sua adaga e tentou cortar o pescoço de Samuel. Kim tentou segurar seu amigo, mas ele foi mais rápido. No instante que a lamina fria iria acertar o padre, que não se moveu, nem parou de jogar as cartas na mesa. Uma carta voou e fez Kizimu quase acertar Kim.
Apenas não acertou o pescoço do amigo, pela habilidade do mesmo, movendo o braço de Kizimu com facilidade. Kizimu então percebeu, não tocaria em Samuel, enquanto Tarotian estivesse na sala.
— Kim, vamos matar o mestre das cartas.
— Certo.
Ambos ergueram suas laminas, enquanto Tarotian continuava a jogar cartas, o ignorando.
— Cheque mate. Victory!
— Por que eu ainda tento jogar algo com você?
— TAROTIAN, lute com a gente.
O mestre de cartas finalmente olhou para a dupla, com um sorriso de ponta a ponta no rosto.
— Garotos, vocês não acham que estão se superestimando demais. Se bem que. OOOHHH, NAAAÃO, EU NÃO CREIO. — Tarotian começou a fazer uma brincadeira eloquente, isso lembrava Aisha e isso aumentou o ódio de Kizimu.
— O que aconteceu? Tarotian, não vai me dizer que eles podem vencer você?
— Você não vê. Eles mataram o general Rodolfo Managal. Ele era tão legal, aquela careca brilhava. Que coisa triste, não queria que aquele bispo morresse…
Samuel, que era o mestre das marionetes, não pareceu se importar, começando a arrumar as cartas na mesa.
— Eu vejo, eles mataram mais uma de minhas marionetes, mas não importa, assim que todos eles sejam minha marionete, nem mesmo Sebastian, pode dizer que não sou útil.
A conversa entre a dupla não era compreendida por Kim e Kizimu, que não aguentou mais esperar, avançou no pescoço do mestre das cartas. Ele teleportou com um brilho dourado para o centro da sala.
— Vou dizer algo, eu não gosto de lutar, mas vejo que vocês vão ficar matando nossas marionetes, então, eu serei o oponente de vocês agora. HIHIHIHIHIHI.
Uma carta voou e Samuel desapareceu. Kim e Kizimu levantaram suas laminas.
Uma carta voou no céu. Uma nova carta. A carta era uma espécie de velho curvado segurando uma bengala e com essa carta, que queimou no ar, nada aconteceu.
— Eu vejo, eu vejo, eu vejo. É realmente muito interessante. Minha sacerdotisa disse muita coisa, mas ver com o eremita é algo novo.
Kim irriado não queria participar dessa performasse, avançando para cortar o homem, ele desviou com qualidade de todos os cortes e brincava.
— Kim Umbral, filho de Maxuel Umbral, foi posto para ser um cavaleiro jovem, com apenas 6 anos. Passou anos da sua vida treinando, mas uma enfermidade ocorreu. Todos que treinavam com ele morreram definhando, por sua causa…
Os ataques de Kim estavam ficando mais irritados, ter seu passado tocado por alguém nojento era horrível. Mais nenhum dos seus ataques atingiam o homem que parecia conhecer seus ataques como se tivesse visto cada passo dado pelo garoto.
— Todos os pais o jugaram e culparam, ele era apenas uma criança e teve que ouvir os xingamentos odiosos de pais que perderam seus filhos, tudo por culpa do garoto que não sabia controlar sua raiva. Perdeu a cabeça em determinado momento e todos morreram, que coisa triste.
Os olhos de Kim encheram lagrimas e seus ataques com espadas se tornavam menos precisos. O homem que dançava desviando da lâmina que tentava roubar sua vida. Continuava provocando Kim;
Kizimu nada podia fazer, olhou em volta procurando algo que poderia usar, e nada encontrou. Se nem Kim acertava o homem, era definitivo que não poderia vencer.
— A vida do garoto Kim não se tornou menos difícil depois desse ocorrido. Foi eleito o único a passar para ser um cavaleiro e passou sua vida preso. Companheiros que confiava morreram pelo garoto. As flores que tanto amou morreram pelo garoto. Os campos floridos que queria proteger morreram. A única coisa que conseguiu proteger foram seus pais, fugindo de casa e sua amada.
Kim parou, não queria mais ouvir o homem. Irritado, soltou sua maldição com toda sua insatisfação. Toda raiva que tinha aflorou em uma maldição condessada que se tornou uma névoa densa.
O homem riu.
— Sempre assim não é Kim Umbral, sempre que sente raiva você mata as pessoas com sua maldição!
Uma nova carta voou ao ar, era uma carta com o símbolo da lua, sua aparência era de pingos dourados e prateados fugindo da lua.
— AAAAAARRRSSH. — Kim gritou de dor. Sua pele começou a correr e a dor estava queimando sua vida. A maldição da peste estava corroendo sua vida e ele sentiu uma dor que nunca conheceu antes.
Kizimu nada podia fazer, além de olhar seu amigo sofrer com a própria maldição. O homem ria, zombando do garoto.
— Você matou aquelas crianças com essa maldição. Você destruiu o campo de flores com sua maldição. Você vê a dor? Você sente a dor? Já imaginou como é a dor que eles sempre passaram? Por que acha que está acima deles? Você é a peste, a enfermidade, você é um lixo desprezível, você é Kim Umbral.
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