Índice de Capítulo

    Kim caído, nada poderia fazer. Perderia ali, sem poder ajudar seu mestre. Sem poder vingar seus amigos de infância. Sem se tornar o orgulho de seu pai. Sem cumprir com seu dever. 

    Sem proteger Dália.

    Não!

    Não poderia morrer sem cumprir seu dever, sem proteger Kizimu, sem proteger aqueles que ama. Então, fez algo que nunca tentou fazer.

    Sua peste era como um suor que saia de seu corpo, seus sentimentos negativos eram usados e as coisas a volta se decomporiam. Então. Soltou sua maldição usando toda fúria que tinha no coração, seus erros do passado, seus erros do presente e sua fraca esperança do futuro. Nunca tentou controlar sua maldição, apenas soltava ela. Agora usaria tudo que tinha e nada poderia ser perdido. Usaria tudo que tinha, e então. Os 6 corpos que tentaram chegar em si, apodreceram completamente, definharam e não poderiam se mover sem tendões ou carne.

    Agora, ainda tinha a mulher da flecha, que viva pela distância, puxou seu arco e atirou. Kim estava fraco, poderia morrer ali. Não sofreria mais. Além de Kizimu não tinha mais nada, ao menos lembrou de sua amiga de infância. Aquela que conseguiu salvar.

    Plaft!

    A carne foi perfurada. 

    Não, a de Kim, e sim da perna definhando ao seu lado. Ele esquivou no último segundo. Cansado, avançou e fez um ataque direto ao mestre das cartas. Com seu ombro machucado e flanco sangrando. Usou toda força que não tinha, e então, um escudo parou sua arma.

    O imperador foi desativado e a Imperatriz foi ativa.

    — Você é forte garoto, isso é um fato. Sebastian poderia te levar para Anhanguera, mas não acho que vai querer, você serve ao pai daquele garoto com sua vida. Já que foi o pai daquele garoto que ensinou você a controlar sua maldição.

    — Aquela casa é uma benção para nossas maldições. Mesmo que não torne imune. Mas você se tornou uma pessoa odiosa, não quero ouvir mais nada de você.

    — Você é filho de Maxuel, o que é irônico, não deveríamos estar do mesmo lado? Enfim. Tarotian limpou a sujeira de sua roupa. — Veja, eu descansei já, então, agora podemos voltar a lutar certo.

    O escudo desapareceu e a lua jogou Kim para muito distante. O garoto loiro caiu e assim que viu a carta seguinte, amaldiçoou o destino. Era o carro. Usando a pouca agilidade que ainda tinha, conseguiu usar a espada para desviar o curso da carta. E para isso. Foi quebrado a lamina que estava pela metade.

    Lutou com todos as 22 duas pessoas com uma espada pela metade, e venceu o embate. Cansado, sem forças, agora só podia amaldiçoar a carta carro que quebrou o resto de sua lâmina.

    Não tinha forças para ficar com raiva.

    Não tinha mais uma arma para lutar.

    Seu amigo estava desmaiado em um mundo de ilusões.

    E o Tarotian se aproximou.

    — Você sabe como eu uso a carta Imperador?

    — …

    — Vou interpretar isso como um não. Eu preciso prender a carta na pessoa por um minuto. E agora, você está caído sem forças aí no chão. Portanto.

    A carta imperador caiu na sua cabeça. Uma dor fora do comum nasceu no garoto loiro. Ele viu toda sua vida passar pelos seus olhos.

    ✡︎ —————✡︎ —————✡︎

    Kuzimu andou até o quarto de Aisha. Lá a mesma estava vestindo roupas mais leves.

    — Senta logo aqui do meu lado.

    Kuzimu se sentou na cama de Aisha e a mesma puxou ele para deitar com ela, com a cabeça dele sobre seus seios. Não existia nada de impressionante ali, e ela levantou seu celular. Um anime escolhido pela garota foi colocado, e ambos assistiram. Horas se passaram enquanto trocavam diversas brincadeiras.

    As primeiras horas foram satisfatórias e muitas risadas que tornavam aquele a melhor parte do dia. Não queira que aquilo acabasse. Era muito divertido. Seu dia foi muito divertido.

    O anime era muito legal também. Png Boll fazia ele pensar que seu futebol era tão ruim quanto a animação, mas era ultra inferior à qualidade de futebol jogado no anime.

    Eles terminaram o anime, e as horas se passaram muito rápido. Já era meia-noite e meia.

    — AAAAAA. Que final foi esse, que gancho. Aquele cara era assustador e eles finalizaram ali!? Por que eles fazem isso?

    — Caramba, verdade, até mesmo eu fiquei meio encucado.

    — Uééé? Você não gostou? Está com uma cara meio… não sei.

    Ele prestou atenção ao anime, porém, estava cansado do dia todo, estava com dor de cabeça quando foi ao quarto e a dor passou. Era para estar tudo bem, então, algo estava incomodando ele.

    — Eu, queria perguntar algo…

    — Diga. Sua irmãzinha está escutando.

    Kuzimu ficou tenso… deveria perguntar isso? Tudo poderia mudar quando soubesse a resposta.

    — É…é…

    — Fale.

    — O que significa quando duas pessoas se beijam na boca?

    Aisha travou, ela não esperava essa pergunta, e caiu na gargalhada.

    — Eu sabia que iria rir. Não ria.

    — Certo, certo. Mesmo eu sendo a mais nova, isso faz sentido. Até por que… ���� ��� � ����� �� �������

    Sinos impediram de escutar o que ela disse.

    — Mas certo, vou explicar. Pessoas se beijam quando se amam. Exemplo, eu te amo, então poderia beijar na sua boca.

    — Ah, é assim que funciona?

    — Sim. Sim. Quer experimentar?

    — Na verdade, quero.

    A garota travou novamente. Ele queria? Um sentimento de panico deu na garota que balbuciou e não sabia o que falar.

    — Eh, eh! Cof. Digo. Olha. Certo. Não. Eu estava brincando. Como somos irmãos, não podemos.

    — Mas não somos irmãos de verdade.

    Ela travou.

    — Mesmo os de mentiras, não podemos, a lei não permite.

    — Aaah, que pena, queria saber a sensação.

    — Posso fazer uma pergunta.

    Kuzimu assentiu, despreocupado.

    — Essa não era a pergunta que iria me fazer, então por que mudou?

    — É… eu não… certo, é… eu não sei o que está acontecendo, então, não sei nem dizer o que quero perguntar.

    Ele sabia o que queria perguntar, apenas tinha medo da resposta. Não queria que aquele dia acabasse, estava sendo muito divertido, o melhor dia da sua vida. Então, ele firmou sua determinação. Lembrou que fez isso para a pessoa diante de si.

    — Aisha, como eu faço para voltar?

    Aisha calou-se. A face sorridente se tornou uma face seria. Uma seriedade fria que nunca viu.

    — Por que você quer voltar?

    — Eu-eu. — não sabia por que queria voltar. Não sabia para onde queria voltar. Apenas sabia que era o certo a fazer. Precisava voltar. Algo dentro de si tornava isso a afirmativa certa. Os sinos tornavam isso real.

    — Você tem tudo aqui. Aqui nenhum de nós sofremos para aquelas maldições nojentas e você quer dar aquele sofrimento para nós?

    — Eu não?

    Kuzimu não queria isso. Maldições? Do que ela estava falando?

    — Você disse que iria salvar a gente. Estamos salvos aqui. — Aisha pulou em Kuzimu, segurando ele pela roupa desesperada. — Você quer voltar por quê? Lá nós estamos sofrendo.

    — Mas eu preciso.

    — Precisa fazer o quê? Sofrer também? Você acordou ontem. Mentalmente tem 6 anos de idade. Em apenas dois dias, você já viu um homem quase matar seus amigos e torturar vocês. Uma criança morreu em sua frente. Pandora que você protegeu iria se matar na sua frente. Sua casa foi invadida e eu fui sequestrada. Você não entende que não merece isso? Por que você quer viver isso, sendo que aqui é tão bom? Aqui eu não tenho medo das chamas.

    Do que ela estava falando? Ele não se lembrava de nada que ela estava dizendo. Não sabia por que isso era tão real. Mas isso não aconteceu. Ele sempre viveu naquela casa. Certo? Ele sempre conheceu os residentes, certo? Para onde ele precisava tanto voltar? Quem era as pessoas que precisava proteger? Quem iria querer viver em um mundo tão horrível quando aquele que sua amiga estava dizendo?

    — Eu… não entendo…

    — Não precisa entender. Aqui todos são felizes. Poderemos ver animes todos os dias. Kim tem seus amigos. Niwa não tem uma maldição controlando ela. Pandora não tem depressão e maldições em si. Esme não teve seu trauma de infância. Todos aqui são felizes. — Aisha começou a soluçar. — Eu não vi você entrar em coma… eu não quero me lembrar da dor. Eu não quero sofrer isso. Eu não quero. — A voz arranhada gritava em seu ouvido. A tristeza e lagrimas eram dolorosas.

    Por que ele queira voltar mesmo? O que tinha de tão bom onde ele precisava voltar? Tinha que escolher. Olhou para sua mão como de reflexo.

    Não tinha o anel.

    ‘Salve a todos…’

    — Eu preciso voltar.

    — Você vai voltar para um mundo de sofrimento, onde todos os seus amigos serão mortos?

    — Eu vou salvar a todos.

    — Não consegue ver que tudo vai dar errado. Todos vão morrer, você não tem nenhuma habilidade especial.

    Ela tocou em um ponto odioso. Era sua maior fraqueza, a falta de habilidade. Ele odiava isso. Era fraco, burro e nada sabia fazer. O que ele poderia fazer voltando? Nada. Então, talvez fosse mesmo melhor ele ficar onde está.

    ‘Vamos salvá-la. Minha irmã’

    Sua determinação era clara. Não sabia com exatidão o que essas queriam dizer, mas ele queria salvar Aisha. Precisava salvar a garota de algum destino terrível. Não deveria ficar com medo, ou melhor, mesmo que tivesse que viver o inferno, deveria enfrentar de cabeça erguida.

    — Aisha, você confia em mim.

    — Droga, não me peça para confiar em você… você sabe que eu não consigo dizer que não. — Lagrimas não conseguiam parar.

    Kuzimu pegou a mão de sua irmã e abraçou ela com a outra.

    — Eu prometo para você Aisha, eu vou salvar todos vocês. Eu vou salvar você. Eu vou ser o melhor senhor que essa casa poderia ter. Então, confie em mim.

    — Isso não é justo. Você vai me obrigar a temer as chamas de novo. Eu vou chorar. Eu vou passar anos com você em coma. Isso é injusto. Eu não consigo entender… e mesmo assim, eu te amo tanto.

    O mundo começou a rachar. Chamas consumiram todo o ambiente como repelindo a vida que estava presente naquele quarto.

    — Essa é a última chance. Você quer viver em um mundo, onde todos são felizes. Ou quer viver um mundo, onde todos vão chorar e sofrer. Todos morreram na sua frente, um a um. Não poderá salvar a todos e vai ver aquilo que mais vai te fazer sofrer. Prefere o mundo de dor ou o mundo de ilusões.

    — Me desculpe, eu prometi que iria te salvar. Então eu escolho voltar.

    — Isso é… injusto.

    O mundo se rachou. 

    A carta mundo foi rasgada. 

    Kuzimu olhou para sua própria face. Ela abriu os olhos azuis-escuros e olhou para si mesmo. Uma tristeza estava estampado em sua face. Esse era seu outro lado.

    Você atingiu a realização de um objetivo ou completou uma fase importante.

    Sentir-se em equilíbrio com o que está à sua volta, com seus relacionamentos e com você mesmo.

    A sensação de estar livre para seguir em frente, com confiança e clareza, após concluir algo importante.

    Há um ciclo que ainda não foi completamente fechado ou um objetivo que não foi finalizado, talvez por falta de esforço ou por problemas que surgiram no caminho.

    Esse era o mundo.

    A pessoa pode estar se sentindo desconectada do todo, sem um sentido claro de propósito ou de unidade com os outros.

    Um mundo que a pessoa viveria a maior felicidade.

    Existem barreiras ou dificuldades para alcançar a conclusão ou a realização desejada. Pode também indicar sentimentos de incompletude ou de estar “preso” em uma situação sem saber como avançar.

    Talvez fosse por isso que via Kuzimu em sua frente. Era ele mesmo, e, ao mesmo tempo, não era. Sua maldição era seu outro lado e sua metade. Algo que tornava Kizimu completo, porque sem ele, era uma metade vazia.

    E então, vivendo dentro do vazio. Finalmente estava de volta com sua outra metade. Ele não era alguém inútil e sem habilidade. Ele era Kuzimu, um garoto prodígio, que entendia sobre tudo e aprendia as coisas com facilidade.

    Agora iria voltar para o mundo. Onde seus pais morreram… onde não tinha suas memórias… onde seus amigos estavam sofrendo… tudo isso, apenas para cumprir uma promessa.

    ✡︎ —————✡︎ —————✡︎

    A carta imperador estava dominando Kim, um sofrimento doloroso passou pela sua mente. Dizer que estava morrendo era pouco, estava perdendo de si sua própria essência. Seu passado, presente e futuro estavam sendo roubados por uma técnica cada vez mais maliciosa.

    Lagrimejando e agonizando de dor no chão, enquanto o arbítrio da carta Imperador começava a tomar sua vida. Algo inacreditável ocorreu. Tarotian que estava rindo, teve de se esquivar de uma lâmina prateada que tentou roubar sua vida.

    — O quê!? Conseguiu sair do mundo sozinho? Por que trocou um mundo perfeito por um mundo de sofrimento? Que loucura. Hihihihi, claro que conseguiria, tinha que ser o Kuzimu.

    — Tarotian… — Kizimu respirou fundo, não conseguia sentir raiva. Não mais. — Eu quero lhe agradecer pelo mundo que você me fez ver. Agora eu consigo visualizar o mundo que quero criar. Eu vou trazer aqueles dias de alegria para aquela casa. Então, eu preciso te derrotar aqui e agora. Mesmo que eu seja fraco, eu sou Kuzimu. Kuzimu Kuokoa. E vou vencer você.

    Sua maldição estava ao seu lado, e, ao mesmo tempo, não estava. Ele não iria tomar o controle, mas não iria ajudar ele de forma direta, porém, qualquer conhecimento que precisasse sabia que teria. Por isso, deveria lutar com tudo que tinha, mesmo que não fosse um ótimo combatente.

    Retirou a carta da cabeça de seu amigo, e ele parou de se contorcer no chão. Era triste ver como seu amigo estava. Seu ombro sangrava. Seu peito sangrava. Seu flanco sangrava. Era uma visão deplorável de alguém que lutou com todas suas forças. Mentalmente ele também estava sem forças, não conseguia nem sorrir com as dores de cabeça de ter sua alma invadida pelo Imperador.

    Kuzimu, existe alguma forma de salvar Kim?

    “O que vou fazer agora, não é algo que posso fazer naturalmente, mas, ao menos, entendi como funciona. Toque no garoto.”

    A mão tocou na pele de seu amigo, e as dores começaram a corroer a carne de Kizimu. Ele estava absorvendo os ferimentos do seu amigo. Uma dor fora do comum provaram que seu amigo estava passando pelo inferno. Seu ombro não sangrava, mesmo assim, não conseguia mover o braço. Seu peito ardia. Seu flanco coagulava.

    Mesmo sem ferimentos visíveis, a dor era descomunal. Mesmo assim, vai carregar as dores dos seus amigos.

    — Kim. Levante-se, vamos vencer ele. Agora é a última investida.

    Kim incrédulo, sem sentir nenhuma das dores. Lentamente se levantou. Um cabo de espada sem lâmina estava em sua mão, jogou-a fora. E ali, pegou uma lança, a arma de um dos homens caídos, que desapareceram.

    — Kizimu, finalmente você voltou. – Estava decepcionado que não foi ele que trouxe seu amigo de volta, mas precisava lutar. — Certo, vamos.

    Kim e Kuzimu se postaram a enfrentar seu oponente. O mestre das Cartas. E ali, o fim da luta seria definido.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota