Capítulo 24: A força

Kizimu e Kim avançaram com tudo em um movimento não combinado, mas muito bem trabalhado, atacaram ambos cada lado do mestre das cartas.

Um brilho dourado fez o homem aparecer atrás de ambos, foi a carta estrela. A carta do julgamento voou e uma espada foi criada, com velocidade o mestre das cartas avançou na direção do garoto loiro.

Kim, mesmo com uma lança, conseguiu usar uma habilidade de lâmina favorável, mesmo que não perfeita. Era muito longa e tornava seus movimentos desajeitados. Mesmo com essa desvantagem repeliu cada ataque de espada.

De repente, a mesma espada que Tatorian estava usando, assim virou um machado pesado e foi na direção de Kim. Ele, que não esperava essa mudança de armamento, tentou se defender como se defenderia usando uma espada, colocando sem querer o cabo de madeira na frente. Com esse erro, a arma foi partida ao meio e o machado quase partiu sua vida.

Apenas não atingiu sua existência porque Kizimu puxou o garoto de supetão. Assim que salvou seu amigo, na sequência, garoto de cabelos negros avançou. O mestre das cartas, com um machado, trocou para uma cimitarra e tentou arrancar a cabeça do garoto.

O mesmo, que previu uma troca de lâmina, já se esquivara antes, com a lâmina passando por cima de sua cabeça. A faca de caça de Kizimu foi no pescoço do homem e um escudo defendeu.

A troca de cartas era incrivelmente irritante, novamente uma nova carta apareceu.

A lua foi invocada e jogou Kizimu para longe que caiu em pé com muita sorte. No instante seguinte, o sol puxou ele, e uma lança, invocação do julgamento, iria perfurá-lo. Kim avançou mais rápido que o sol e quase arrancou o braço do mestre das cartas, usando uma lâmina de foice quebrada na luta anterior, que pegou no chão. Tatorian apenas não perdeu o braço por que invocou a sacerdotisa novamente para se defender.

— Hihihihihiih, não é que vocês juntos me dariam um trabalho maior que eu imaginava. Subestimei vocês. A peste e o purgatório. Vejo que são uma combinação intrigante.

Uma carta nova voou ao ar, era a carta do papa. Um brilho angelical cruzou em volta de Tarotian. Vendo isso, Kim e Kizimu não iriam ficar parados, não iriam esperar outra carta gerar um efeito problemático.

Como superando as expectativas dos garotos que avançaram, uma lâmina vil quase arrancou a cabeça de ambos. Julgamento retornou com uma espada longa, que quase arrancou a cabeça dos garotos.

Isso não foi o mais surpreendente, e sim, a velocidade do homem. Superando a lógica humana, tal como o próprio Bento.

— Eu me sinto tão abençoado.

— Não me diga que ele se bufou?

— Isso. Isso. Isso. Essa é a melhor forma de explicar. Velocidade, força e inteligencia, tudo que eu sou representado aprimorado. Vocês até podem ser fortes, mas eu sou supremo.

Em uma velocidade descomunal, o mestre das cartas usou seu corpo como uma dança para atacar Kim e Kuzimu. O garoto loiro se defendeu com sua própria habilidade. E o garoto de cabelos negros esquivou prevendo os ataques.

Kim tentou usar a lâmina sem cabo para cortar as aberturas que Tarotian deixava, mas a velocidade de reação do homem impedia qualquer ataque. Kizimu não era tão habilidoso, apenas podendo pensar em como esquivar da quantidade de ataques.

Um longo embate ocorreu, apenas faíscas das defesas de Kim poderiam ser notadas. Kizimu conseguiu de alguma forma esquivar de toda a sequência.

Um brilho dourado fez o homem desaparecer e aparecer a certa distância deles.

— Droga, droga, droga. Sejam acertados uma vez. Por favor. — suplicou o mestre das cartas, se curvando. — Eu sou tão bonzinho, vejam, vejam, eu amo o que acontece as pessoas que são atingidas pelo julgamento.

Um brilho dourado desapareceu e reapareceu atrás de Kim, que não reagindo a tempo o suficiente, recebeu um ataque direto nas costas.

As costas de Kim jorrou um sangue vermelho muito belo. E o grito do garoto ecoou o sangue no ar.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHRRRRRRRRR.

Naquele momento, toda a dor que ele já causou aos outros, física e emocional, voltaram ao garoto que gritava sem conseguir reagir. Ali sentiu toda a dor que sua peste causou, tudo que os adultos que perderam seus filhos, toda tristeza que sem culpa gerou, inflamou em sua mente.

Kizimu não se conteve, ao ouvir o grito desesperador e desolador. Lembrou dos gritos de Pandora no quarto de descanso e Aisha do mundo das ilusões. A dor desse grito superava aos piores gritos que escutou em sua vida.

Não teve tempo te avançar no mestre das cartas, foi puxado de supetão pelo sol, que quando estava frente a frente com o homem, ele trocou pela carta diabo, que na mão do homem, foi empurrada na sua cabeça, enquanto o mesmo esmagou o corpo do garoto no chão. O diabo era uma carta nova e não sabia seu arbítrio. O medo surgiu e branco…

— TRAAAAAAAAAAAHHHGAAAAHG — o grito de Kizimu sobressaiu ao grito do seu amigo, um pior que o outro.

A carta do Diabo é frequentemente associada a comportamentos viciantes, seja em relação a substâncias, pessoas, ou até a busca constante por status, ou dinheiro. Ela pode sinalizar que uma pessoa está sendo dominada por uma dependência ou está preso a uma situação tóxica.

Já pensou se o diabo tomasse sua vida? A carta diabo era pior que a carta do Imperador. Diferente de transformar o homem em uma marionete morta. Tomava posse de seus desejos e o controlaria sem poder escolher.

Chiados. 

Sinos. 

Badaladas. 

Chiados. 

Sinos.

Dor. 

Desconforto, agonia, sofrimento. 

Você deve permitir eu entrar Kizimu. 

Mal-estar, queimação, pesar, cansaço, cólica. 

Por que não permite? 

Hein? 

Espasmo, pique, inflamação, ardência, tristeza. 

Nada mal não acha? Comigo te ajudando pode salvar a todos. 

Lamento, angústia, desespero, mágoa, amargura, desgosto, melancolia, decepção, choro. 

Eu vou te ajudar a salvar Aisha. 

Vai parar a dor de Kim. 

Vai salvar Masha e Pandora que estão em grandes apuros. 

Tragédia, tormento, suplicação, martírio, crueldade, feroz, penalidade, tribulação, aflição. 

Você disse que iria salvar a todos. 

Esse é a melhor escolha Kizimu.

“Contenha-se”

A dor continuou. Ele não permitiu, enquanto se contorcia e tentava se desprender do Tarotian, que o segurava com tudo que tinha. Chutava o homem. Tentava retirar sua carta da cabeça e nada funcionava.

A dor de Kim era tanta que ele mesmo não se aguentou. A dor que passou toda sua vida. Toda sua aversão as vozes dos pais que o culparam. Era muita dor e sofrimento voltando e voltando e voltando. Então. A peste saiu, com uma qualidade absurda, descontrolada. Sem a vontade de Kim.

— Eiii. Eiii. Eii. Agora não. Espera mais um pooouuuucaaaaiaiaiaiii.

A carne de Tarotian começava a inflamar, não poderia soltar o arbítrio do julgamento ou do diabo. Não teve escolha, com sua carne quase completamente decomposta por uma maldição descontrolada com todos os sentimentos negativos de uma vida, Tarotian teve de usar a Lua para refletir a magia, desativando o diabo.

E então.

Não passou nem mesmo um segundo para que Kizimu, com chamas de ódio nos olhos, enfiasse seu punhal no peito do homem, onde já decomposto, sofreu um corte devastador.

Kizimu respirou fundo, rindo do homem. Usou toda a energia que tinha no seu corpo, o catalisador que era a joia no centro do punhal brilhou e aumentou a energia foi usada, explodindo como uma rasgada energética.

O peito de Tarotian foi rasgado. Sua carne foi decomposta. Ele estava carne vivo e podre. E ainda, sim, ria. A sua forma não era possível viver, era claro que morreria.

— Hihihihihihihi. Eu vejo. Realmente, é excelente. Eu me sinto tão vivo. Você Kuzimu realmente é incrível.

A carta roda da fortuna foi usada.

— A carta que custa a minha maior energia. A que altera um destino. Eu posso evitar uma morte, sempre que puder usar a carta. É um saco o gasto de energia dela, infelizmente é necessário.

Um brilho dourado fez o homem recuar. Kizimu tinha dores de cabeça que não paravam. Kim parou no chão. Chorava de dor. Não sentia mais o julgamento, porém, não esqueceria a pior das dores que sentiu na sua vida.

Ofegante, lembrou do rosto que refletiu em sua mente tantas vezes, que era o único motivo que não ter morrido mentalmente. 

Dália.

Kim se levantou e olhou fracamente para o homem ofegante. O mesmo não parava de rir, estava com um buraco no peito e o corpo decomposto, estava vivo apenas pela alteração de destino. Os 3 estavam em cacos. Cada um com seu sofrimento.

E então. A torre foi ativada. Como um milagre, regenerou a maior parte do seu corpo, mas não todo.

— Que saco. Vocês conseguiram esgotar minha energia que acumulei dormindo.

Não conseguiu regenerar seu corpo, por usar a carta roda da fortuna. Não tinha energia física para usar a carta. Estava ofegante. Ferido. Fraco.

— Acho que você superestimou a gente, né? Tarotian.

— Você ainda tem senso de humor, depois de sentir o arbítrio do diabo, e mais cedo da Temperança. Você é um monstro.

O sol apareceu e puxou de supetão Kim, que não conseguiu reagir a tempo. Ele parou no ar. Kizimu correu para impedir qualquer ataque ao seu amigo.

Não foi rápido o suficiente.

Não podia acreditar.

O corpo do garoto de cabelos loiros começou a se envolver em um cristal cada vez maior.

Era a carta força.

— Hiihihihihihihihi. A Força é a capacidade de controlar os próprios instintos, emoções e desejos, sem precisar agir com violência ou força bruta. Dito isso, a força pode aprisionar qualquer entidade, a sua própria maneira.

— …

— Veja. Seu amigo tem a maldição da peste, então, um cristal cristalizou ele, de forma que nada poderá sair. E a forma de destruir o cristal é a melhor parte. Por que, nem mesmo eu sei dizer. A carta vai se transformar em algo que está fora de minha cogitação e vai para um lugar fora do meu alcance. Essa é uma das minhas maiores cartas na manga.

Kizimu viu seu amigo aprisionado, feito de refém por alguém que não sabia se odiava ou simpatizava. Apenas, era um sentimento agridoce entre o bem e o mal. Agora, não iria sentir algo bom. A raiva que sentiu no Diabo e Temperança voltou sem a carta, assim avançou no mestre das cartas.

— Seeeuuu.

— Não me entenda mal garoto, eu estou levando o embate agora a sério e eu sei que não tenho forças para te enfrentar. Dito isso…

Kizimu tentou avançar no homem e assim que sua lamina quase arrancou a cabeça de quem estava a sua frente. Kizimu viu um brilho dourado, onde foi jogado para um local que não conhecia.

Sem reação.

Perdeu o seu amigo para uma carta que nem mesmo o mestre das cartas poderia mudar.

Sem energia.

Gastou toda energia do seu corpo para usar aquele ataque. Estava prestes a desmaiar.

Sem forças.

Ele prometeu que iria salvar a todos. E agora, perdeu mais um de seus aliados.

Sem acreditar, sem nada, sem ninguém.

E assim, Kizimu desmaiou.