Capítulo 27: Possibilidades Nulas
— Você é mais uma das marionetes? Eu vejo que é um problema e tanto.
Bento estava em pé, inexpressivo, mas sua risada ecoava de sua garganta. Cassian levantou sua espada, não poderia subestimar seu oponente.
Aisha estava na maca, uma garota pura e inocente. Ela sempre cuidava de todos na casa, Cassian gostava dela como se fosse uma filha. Ver ela desacordada deixava ele irritado.
Bento avançou com seu machado. Cassian vendo tudo a 0.125 viu lentamente o homem se aproximar, impressionantemente ele era mais rápido que pessoas comuns. Cassian desativou e esquivou já sabendo onde o ataque iria.
A sequência direta foi de baixo para cima fazendo outro ataque, Bento era super habilidoso com suas capacidades aumentada pela sua benção, ações sobre-humanas eram assustadoras.
Cassian não esperava um segundo ataque tão rápido e assim ativou sua maldição para entender a linha do ataque.
O impensado aconteceu.
O paradoxo de Zeno dividia pela metade, da metade, da metade e assim poderia ser infinitamente. O machado ficaria preso em um loop infinito tentando atravessar a metade e nunca chegaria no final. A vida de Cassian foi assim.
Então por que o machado estava atravessando o infinito?
Cassian se esquivou de raspão, com apenas um corte na bochecha. Percebeu que não iria ser tão fácil de enfrentar seu oponente. A risada do homem praticamente debochava da fraqueza de Cassian, e mesmo assim, não entendeu como o homem superou o infinito.
Não passou nem mesmo um segundo, a sequência levou a mais um ataque de machado. Cassian só poderia se defender. Sua maldição funcionava se estivesse a uma certa distância, onde poderia ver ele se aproximando, mas se ele tivesse próximo demais, o ataque superaria o infinito.
Era um oponente problemático e riu por enfrentar algo que superava a sua odiosa maldição.
Cassian deveria vencer e proteger Aisha. Com determinação avançou na garganta de Bento e.
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A criança loira e a sacerdotisa estavam na frente de Pandora, Masha e Kizimu.
— Pandora, você perdeu muito sangue, fique para trás.
— Garoto, sei que quer a proteger, mas não é irônico você dizer isso?
Pandora deu um passo a frente.
— Kizimu, eu vou lutar! Dessa vez… Não vou ser um peso morto.
Kizimu olhou de soslaio para ela, e respirou fundo.
— Masha, você deve enfrentar a sacerdotisa. Aquela criança, eu e Pandora lidamos, temos um passado com ela.
— Tudo bem para mim.
Masha gerou dois núcleos ‘Eta’ de chamas purpuras nas mãos.
— Ah, Masha, antes que eu esqueça, encante minha adaga com seu ritual.
Passou meio segundo para o punhal de Kizimu arder em chamas púrpuras. Assim poderia enfrentar seu oponente.
Kizimu e Pandora avançaram juntos, a garota de cabelos pretos e pontas azuis retirou o anel. Mesmo assim não estava com nenhum sentimento complexo para poder usar. Sua maldição odiosa era algo que ela não controlava.
A mesma se irritava. Quando ela não queria, sua maldição sempre ativava e amaldiçoava sua vida. Agora que queria sua maldição, nada acontecia.
— Pandora, aquele cara sequestrou Aisha e quer matar ela. Focalize esse sentimento.
Pandora assim fez, tentou focalizar no sentimento negativo para tentar gerar uma raiva em si, mas, não tinha controle. Na cabana seu desespero foi descontrolado e agora, ela estava sobre a pressão de não poder errar.
Kizimu avançou na criança. Não era sobre matar um ser vivo e sim libertar ela das correntes.
— Pare.
Cada osso de Kizimu parou no ar. O que tinha acabado de acontecer? Kizimu não sabia sua maldição, quando viu ela pela segunda vez, na enfermaria, estava concentrado lutando contra Samuel.
Agora refletiu e lembrou de ver a criança amordaçada, provavelmente, Jonh Bento entendeu a maldição funcionava e assim prendeu ela.
Era triste pensar que o homem lutou contra criança, ela tentou se proteger. Como ele tinha uma benção da exorcização pode vencer facilmente.
Tudo era um incômodo, se não pudesse mover seu corpo não poderia lutar. Tudo já estava encaminhando para um problema e tudo virou de cabeça para baixo.
— Lag legala – exclamou a sacerdotisa.
Literalmente, o ambiente virou e a gravidade se tornou invertida, o corpo paralisado de Kizimu continuou paralisado e ele voou.
Ele avançou com muita velocidade para baixo, ou melhor, para cima, que estava de cabeça pra baixo. Com a velocidade atingida atingiria o teto. O reflexo de ser atingido veio e fechou os olhos, nada aconteceu.
Quando abriu os olhos, uma bela mulher de longos cabelos pretos e chamas azuis nas pontas estava segurando seu corpo. Pandora conseguiu usar sua maldição e seu corpo finalmente se moveu.
Olhando a sua volta, a criança estava caída no teto e a sacerdotisa voava contra Masha em um embate que desafiava as leis da física. Rindo a baixo estava Samuel que não foi afetado, estava sentado enquanto comia um prato de comida.
De repente, Pandora puxou o corpo Kizimu de supetão. Como naquela hora estava olhando para Samuel, não percebeu, mas estacas de vidro tentaram atingir a dupla, um ritual feito pela sacerdotisa. Masha rindo atacou com o ar tentando arrancar a cabeça da mulher que com seus rituais se protegeu.
— Você é incrível. Só que eu superior a você.
Quando uma quantidade grande de chamas atingiu a mulher sacerdotisa, a gravidade voltou ao normal e todos caíram, Pandora agora sobre-humana conseguiu cair em pé com Kizimu no colo.
— Obrigado, certo, vamos lidar com a criança.
Pandora e Kizimu avançaram juntos, lá, tentou gerar chamas nas mãos, para atingir a criança loira, mas, olhar para ela, olhar para criança trazia memorias ruins e não conseguiu ativar suas chamas.
— Ataque seu amigo.
A maldição era como um temor direto na alma que consumia a vontade do atingido. Kizimu sabia o que viria, mesmo não querendo. Olhou para trás e as chamas consumiram seu corpo. Doeu muito, eram uma chama azul vivida com muita ferocidade.
Pandora chorava fazendo uma ação tão fora de seu desejo.
Finalmente, no controle do seu corpo, sua raiva atingiu a criança, mas sua culpa não consumia a vontade. Um sentimento de dualidade feroz gerou uma dúvida na garota que não queria escolher uma ação.
Atacar a criança loira ou não?
O corpo de Kizimu doía pelas chamas vivas que o atingiram. Estava queimado e suas cicatrizes continuavam lá. Notou algo, a dor era existente e muito inferior a tudo que conhecia, como se não doesse tanto como deveria doer.
Esse era o arbítrio do ritual de Masha, ela faz com que não sinta dor. O que significa que as chamas eram tão fortes que superava o ritual, mesmo que só um pouco.
Masha continuava na sua troca de movimentos. Ela voava para todos os lados usando o ar nos seus pés como plataforma. As chamas púrpuras geradas pela mulher púrpura não davam trégua ao seu oponente que usava diversos rituais diferentes.
De repente, um grande carneiro foi invocado e tentou atingir o corpo da mulher de púrpura, que conseguiu se esquivar. A sequência de movimentos muito bem calculados de Masha trazia uma intensa luta de grandes inteligências.
A suma sacerdotisa parecia na vantagem de conhecimento, mas o conhecer de Masha fez um equilíbrio pela qualidade e sabedoria ao usar tudo que poderia usar nas capacidades certas.
Kizimu agora respirando fundo, tentou atingir a criança, mas não foi rápido o suficiente.
— Use a faca em si.
As suas mãos tremulas de Kizimu fizeram aquilo que fora dito. Não conseguiu se proteger da maldição da criança, era muito poderosa, tentava controlar seus braços, mas não conseguia. Outra mão o impediu. Foi Masha, segurando a sua mão.
Uma bola de fogo veio na direção dos dois e o ar parou impedindo as chamas. Uma explosão ocorreu e nada atingiu os dois. Uma faca de cortar carne voou nas mãos da criança Loira, Samuel que jogou para ela.
— Lunática, você disse que não iria atrapalhar, lute do jeito certo.
— Eu não… desculpa.
As chamas oscilavam e geravam dor na cabeça de Pandora. Usar sua maldição não era algo legal, era uma dor fora do comum, ainda mais que tentava controlar seus pensamentos ruins.
— Garoto, vou criar uma abertura, a criança está muito bem protegida com ela mesma, então, ataque Samuel e acabamos com isso.
— Você está certa, faremos isso.
A mulher de púrpura elevou o corpo de Kizimu e jogou ele na direção de Samuel, que surpreso levantou o dedo indicador. O ataque deveria ser direto e matar o homem. Assim iria acabar.
— Erre.
Como superando seus instintos, a sua mão falhou em fazer o punhal atingir um ponto vital, errando completamente e caindo ao lado do homem que rapidamente deu um chute em Kizimu.
Masha tentou ajudar, mas uma sequência de lâminas tentou atingir ela, a mesma usou o ar para desviar da sequência.
Pandora estava tentando lidar com sua própria maldição.
— Eu não… eu não… eu não posso ser um peso morto, eu tenho que ajudar, mas dói tanto, como eu posso ajudar? Como eu posso ajudar? Eu não consigo matar a criança, eu não…
Flashes da criança morrendo apareceu na visão de Pandora e ela entrou em desespero, as chamas ficaram descontroladas por um grito vindo dela mesma que não saiu do lugar. As chamas gritaram enquanto voavam para todos os lados.
Kizimu retornou o controle do corpo, tentou atingir o padre a toda maneira, e nada. Apenas uma sequência muito bem interligada de esquivas, até o homem tirar de sua batina branca uma cruz que era usada como um martelo.
A sequência de movimentos desproporcionais a dois inexperientes gerou uma luta fraca.
— Você é inútil, não consegue me atingir, lixo.
— Vai se fud.
— Pare.
Cada osso de Kizimu parou e o martelo atingiu sua cabeça. Masha percebeu a falha e tentou avançar em seu senhor para o salvar, mas gravidade inverteu e ela caiu na armadilha, caindo sobre uma sequência de ossos que perfuraram levemente seu corpo. Pandora gritava de dor no centro da sala e estava indo para baixo, ou melhor, para o teto.
Não tinham como ganhar dessa dupla, as possibilidades eram nulas. Não tinha como vencer.
Kizimu sangrava recebendo o segundo ataque na cabeça, e Samuel ria. Pandora chorava de dor mental e não se conteve, suas chamas atingiram o ápice quando viu Kizimu se machucar. A sala se enferveceu e a explosão de chamas azuis quebrou o limite da lógica.
A criança não conseguiu manter o contato visual quando sentiu o enfervecer das chamas atingir seus olhos e ela permitiu Kizimu se mover. O mesmo, conseguindo mover seus músculos, avançou a lâmina no homem de batina branca e um brilho dourado ocorreu.
Samuel sumiu e reapareceu atrás de um homem de colete de brocado dourado sobreposto a uma jaqueta vermelha com cauda longa, muito ferido, a carne meio podre e uma ferida aberta. Não era muito distante de Kizimu que sangrava pela testa.
— Tatorian, você está meio ferido hein.
— MEU NOME É Tarotian. Mas sim, estou em mal bocados.
Kizimu estava ofegante, mesmo não sentindo dor, ainda era humano.
Pandora com seus olhos brancos com as chamas consumindo seu corpo, avançou até a suma sacerdotisa, ela usou uma formidável quantidade de chamas que a mulher usou tudo que tinha para se proteger. Masha apareceu atrás da mulher e criou chamas púrpuras que atingiram a sacerdotisa.
A mesma iria ser atingida pelas chamas de Pandora e então um tornado em volta do seu corpo a protegeu. As chamas giraram e se consumiram ao tornado, Pandora parou de usar tudo que tinha cansada, ela caiu no chão ofegante e o tornado em chamas brilhava no centro da sala.
A Suma sacerdotisa fluiu o poder que girava em seu torno e assim consumiu gerando uma bola incandescente, Masha não previu a velocidade atingindo mais rápido que o som e o consumido de chamas a atingiu a mulher negra com tudo.
A mulher de púrpura teve suas roupas queimas e foi consumida por uma explosão descomunal de chamas azuis. Ela tinha feridas abertas por cair na armadilha de osso ossos e ter suas feridas que sangravam ardendo em chamas fez a mesma soltar um grito de dor que nem ela sabia que poderia soltar.
As chamas na lâmina de Kizimu desapareceram.
Kizimu vendo a cena desesperadora correu até sua amiga, pegando o corpo pegando fogo desmaiado. Suas roupas estavam muito queimadas e ele podia ver mais do que deveria, mas sua ira não permitiu pensar nada errado. Ele não conseguiu aceitar isso e elevou sua adaga na direção da sacerdotisa no centro da sala. Os olhos de Kizimu estavam cheios de raiva.
— Acredite. Você assinou sua sentença de morte.
A mulher não disse nada, apenas elevou um livro ainda no ar.
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