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    Hora do chá

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    Yahalloi

    CaiqueDLF aqui! No começo é uma novidade, não?

    Esse capítulo era para ter saído ontem, mas, o site bugou, mesmo assim, tudo deu certo e o capítulo foi postado, mas, peço algo para vocês, para entender esse capítulo, vejam o anterior, para que tenham a melhor experiência. Esse “Cap” é maior do que o de costume, mas não se preocupem, ele é muuuuito bom. Boa leitura;

    Bye bye.

    Ass: CaiqueDLF

    Flutuava em um mundo infinito, sem final e sem lógica.

    De frente para Kizimu, Kuzimu estava.

    — Kuzimu, tem algo que eu quero saber.

    — Diga.

    — Por que sempre eu digo seu nome, eu troco com você?

    Naturalmente a maldição de cabelos pretos e olhos azuis-escuros voltou a olhar para o vazio, pensando no que dizer. Quando achou as palavras certas, voltou a falar.

    — Duas mentes não deveriam existir em um corpo. Ao menos, nossa alma não tem duas mentes. Se tivesse entraríamos em colapso. Como somos duas consciências no mesmo corpo, ficamos em uma luta inconsciente para trocar…

    — Mas você não está trocando mais.

    — Isso é coisa daquela pesquisadora, Masha. Ela fez uma restrição para eu não trocar. Eu sou algo vivo, quero ter minha liberdade também. Ficar preso no fundo, de sua consciência não é divertido. Agora… eu só posso esperar. A não ser…

    Kuzimu observou o garoto em sua frente.

    — Aquele cara. Bento, ele tinha uma benção capaz de acabar com maldições. Não… era mais que isso. Ele anulava tudo que era feito pelos demônios. Por isso…

    Kuzimu estava refletindo, pensando sem parar e em uma dúvida individual. Até que.

    — Talvez eu possa… faremos uma troca. Você quer ajudar Pandora certo?

    — Sabe como ajudar ela?

    — Sei, mas eu quero retirar a restrição. Vou ser bem direto, se disser meu nome eu vou trocar e se eu trocar vou fazer aquilo que eu desejar.

    O que ele quer dizer com isso? Faria alguma maldade a alguém se trocasse?

    — Eu não permito que machuque ninguém.

    — Eu não prometo nada para você. Eu farei aquilo que sentir desejo.

    — É tão difícil ser alguém bom?

    Kuzimu olhou a sua volta.

    — Eu não gosto daqui, não quero ser seu amigo, não quero me conectar com alguém com os dias contados. Vou ser direto. Vou destruir essa carta de dentro para fora e jogar você na consciência de Pandora… — Kizimu ficou receoso. — Você vai precisar fazer o seguinte…

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    Uma tormenta explodiu contorcionando o corpo de Pandora em um vórtex de um furacão.

    — Você é algo inaceitável. Uma perdedora. Não acredito que você é a amaldiçoada quem tem a gente. Por que fui existir em uma fraca como você? Quem foi o idiota que fez isso? Quem foi o lixo? Deve ser tão inútil como você. Todos são inúteis. Inúteis. Inúteis. Eu só quero me divertir. Eu só quero viver. E ninguém deixa eu no controle.

    Ventos, tornados, furacões tudo queria destruir e tornar o caos ainda mais aparente.

    Ela sufocava, ela gradativamente perdia o ar em seus pulmões. Era desesperador. Era doloroso. Ela chorava e chorava, não queria morrer assim, não dessa forma dolorosa. Mesmo assim talvez fosse o certo.

    Passou sua vida inteira tentando controlar sua maldição. Ela foi convidada pela Minne para casa Kuokoa, onde sua maldição seria controlada por um controlador usual de maldições.

    Mesmo assim não adiantava, continuava a se perder o controle, por menor que fosse menor a quantidade de vezes, não poderia parar de sofrer.

    Ela tentou não pensar sobre suas dores, ela fez tantos amigos novos.

    Esme, a empregada, a quem ela se inspirou tanto, que pediu para Cassian para se tornar uma empregada também.

    Aisha conversava muito com ela também, sempre tentando alegrar a garota.

    Amelaaniwa que sempre foi distante, conversava com ela.

    Minne, que era tão divertida e inteligente, era sua amiga também.

    Ela gostava de todos eles, mas nunca sentiu uma conexão real com qualquer um deles.

    Todos falavam com ela, mas ninguém nunca tentou ajudar ela. Aisha foi a única que deu uma solução práticas que nada adiantavam. Todos apenas olhava de longe e ficavam perto se ela estivesse bem. Agora, enquanto perdia o ar de seus pulmões, pensava tão profundamente.

    Talvez seja melhor assim. Ninguém se importaria se ela morresse.

    Teria o seu final e ninguém se importava com ela.

    Ninguém.

    Algo, no fundo, de seu âmago tinha uma imagem distorcida, mas, mesmo distorcida, gerava forma.

    “Eu irei controlar sua maldição. Eu não quero só te ajudar, eu não vou dizer que vou estar do seu lado. Eu vou dar um jeito de controlar sua maldição por você.”

    Alguém se importava.

    Alguém disse que iria tirar a maldição dela e protegeria ela, aquele garoto de cabelos pretos e olhos azuis-escuros que estava na frente dela. Ele via seu corpo atravessando os céus e pegando seu próprio corpo no ar.

    Isso era real?

    — Pandora. Eu disse que iria te ajudar. E essa… é a melhor oportunidade.

    ✡ —————✡—————✡

    Os ventos cessaram e Kizimu desceu até o chão, segurando o corpo da garota nos seus braços.

    Pandora não conseguia acreditar, ele estava na mente dela? O garoto atravessou a lógica para poder salvar ela? O quão louco ele era para ir tão fundo e ajudar ela? Quantas vezes ele iria salvar ela?

    — Por que demorou tanto?

    — Haha, desculpa, desculpa. Mas agora vai ficar tudo bem.

    O saci estava curioso.

    — Quem é você?

    O jovem de cabelos pretos que estava comigo em seus braços, sorriu, ele caiu em pé ao chão, já que, o Saci se distraiu e parou de levantar-me. 

    — Meu nome é Kizimu Kuokoa. E você deve ser… o Saci?

    Kizimu colocou Pandora no chão e ficou lado a lado com ela, tentando ser amigavel com o Saci.

    — Tcs. Quem você pensa que é? Eu iria matar ela. Se a mente dela morrer, ninguém vai me impedir de sair. Deixa eu sair. Deixa eu sair. Eu quero sair.

    Levemente o corpo de Kizimu começa a sair do chão.

    — Saci, fica quieto, não precisa fazer isso.

    — Calado. Calado. Calado. Calado. Quem você pensa que é? Você por algum acaso sabe como é ter que ficar preso dentro de alguém. Sem poder sair. Sem liberdade. Sem poder estar no controle. Sem nunca sair. Com alguém te impedindo. É chato. Chato. CHATOOOOO.

    Kizimu realmente não sabia como era a sensação. Kuzimu ficava preso, não ele. Então, não conseguia trazer a resposta certa e o Saci continuou.

    — Ela deve morrer. Eu quero minha liberdade. Ela morre, eu fico livre. Eu posso entrar. Eu posso viver. Eu posso ter o controle. Eu posso viver. Viver. Viver. Ela é inútil. Apenas é chata. Morre. Morre. Morre. MORRREEEEEEE.

    Uma tormenta de furacão avançou em Pandora, que fechou os olhos e teve seu corpo empurrado com tudo. O vento era como um conjunto de ares se embolando infinitamente e explodindo tudo de uma vez. Como uma mare de vento, quebrando como um vórtex fechado.

    Kizimu correu e pegou a garota no ar, impedindo ela de atingir o chão.

    — Deixa ela morrer. Deixa ela morrer. Morra sua idiota. Fraca. Sem sal. Nunca deveria ter nascido.

    — Meu Deus, que chatice. Pandora, corre para algum lugar seguro, eu lido com ele.

    — Não, por favor, não. Eu não posso deixar você lidar com ele sozinho.

    Kizimu disse que faria por ela. Ele deveria fazer isso por ela e proteger ela dos seus demônios internos. Mudaria sua mente e faria isso com suas próprias mãos.

    — Eu disse, não disse? Eu vou controlar sua maldição. Então deixa comigo.

    Lagrimas descontroladas passaram pelo rosto belo de Pandora. O garoto sorria para que ela ficasse tranquila. Passava confiança em seu sorriso e ela cedeu. Soltou-se dos braços de Kizimu e correu para sair do quarto.

    Depositaria sua confiança no garoto que disse que controlaria a maldição por ela. Era tudo que ela poderia fazer?

    Os ventos se tornaram devastadores e então tudo explodiu, levantando milhares de destroços e pedaços de bambos. O corpo de Pandora não conseguiria fugir, e então tudo parou.

    Kizimu segurou o corpo do Saci, fazendo ele esquecer de usar o furacão que controlava.

    — Me larga. Me larga. Solta. Solta. Sai. Você nem deveria estar aqui. Solta. Solta. Solta.

    Pandora viu a cena e aproveitou a brecha, conseguindo finalmente sair do quarto.

    — Agora sou eu e você, saci.

    — Ridículo. Você deixou ela fugir. Deixou ela fugir. Deixou. Deixou. Deixou. Morre. Morre. Morre.

    Vários ataques de ventos avançou na direção do garoto que foi arremessado no chão. Kizimu esquivou com qualidade de cada avanço de vento.

    Como poderia vencer o Saci? Lembrava de uma forma, mas onde acharia uma peneira? Com certeza deveria retirar o gorro, e mesmo assim, como poderia?

    Kuzimu, me diga, como eu venço ele?

    “Tolo, para vencer eles, vai precisar da garota. Do que adianta você vencer. Esqueceu o que eu disse?”

    Antes de entrar nesse mundo, Kuzimu disse para si: “Para você salvar a garota, vai ter que cumprir sua promessa que fez a ela. Deve ajudar ela a controlar sua maldição.”

    Uma tormenta de ataques veio e o garoto esquivou de tudo. Menos de um pé que veio na sua direção.

    Um uma armada1 atingiu seu plexo solar, tal como uma meia-lua de costas, fazendo o corpo físico de Kizimu sentir uma dor aguda. Nesse momento percebeu que estava em um corpo físico, não era mais uma sensação astral. O que significava que era possível ter uma morte.

    Uma sequência de ataques, tal como uma dança gingada, foi feito pelo Saci.

    — Capoeira?

    Kizimu esquivou-se de cada ataque, a queixada, o martelo, a meia-lua para frente, ficando em desvantagem e recebendo uma explosão de vento.

    “Não pode vencer sozinho, vai precisar de Pandora. Corra para a porta.”

    Kizimu viu uma porta a uma certa distância. E um chute acertou-o o por trás.

    — Fraco. Fracos. Inúteis. Eu só vejo pessoas chatas e sem sal. Vocês não são divertidos. Não são. Não são. Eu quero liberdade e você não me dá a minha liberdade. Eu quero. Eu quero. Eu quero.

    Kizimu não tinha seu punhal. Tentou lutar com seus punhos, mas a inexperiência clara fez com que recebesse uma sequência de chutes muito bem colocados. Era claro a experiência do saci na capoeira e os tornados tornavam seus movimentos mais rápidos que um ser humano comum.

    — Arh. Oorrf. Uuff.

    — Chatisse. Inutil. Fraco. Perdedor. Idio- Blearg.

    O saci mordeu a língua, quando um murro atingiu na barriga.

    — Eu sou chato é?

    O saci riu.

    — Sim. Sim. Sim. Muito chato. Muito chato.

    Mesmo assim o Saci ria. Kizimu não conseguia acertar outro golpe, mas conseguiu esquivar da maioria dos movimentos. E então uma tormenta de ar o explodiu. Era como se afogar no ar e o vórtex estava jogando ele de cima a baixo sem poder respirar. Até que caiu na frente da porta.

    Correu como se fosse a última coisa que poderia fazer e os ares tentou o atingir uma última vez. Em um salto, passou pela porta e fechou ela.

    Sentiu um baque enorme com o vento tentando explodir a porta fechada e caindo aos pedaços.

    Kizimu respirou aliviado.

    O garoto estava em um quarto apertado, com uma água rasa sobre seus pés. A sensação das águas subindo, dentro de um quarto tão pequeno, dava um sufoco no garoto. Era assim que era a mente de Pandora?

    Olhando em volta, não achou quem estava procurando.

    Pandora não estava no quarto escuro.

    ✡ —————✡—————✡

    ]Pandora saiu do quarto do Saci e uma depressão enorme atingiu ela logo em seguida.

    Percebeu o que ocorreu e era atormentador. Tudo que ela sentia normalmente aflorava sobre todas as dores dela e ela sentia tudo com uma aversão horrível.

    Estava sendo sufocante. Por que ela vivia? Ninguém se importava. O saci estava certo, ela deveria morrer. O curupira estava certo, ela deveria estar morta.

    Venha.

    Ouviu uma voz ecoar em sua mente.

    Ficará mais tranquila aqui.

    Não tinha porta, era um ambiente vazio e escuro. Estava chamando ela e era tão convidativo. Aos poucos cedeu para a voz doce. E Pandora andou, andou até o local sem porta.

    Ela entrou em um banheiro. Era irônico talvez que o local onde a loira do banheiro estaria era o banheiro. Sentiu o cheiro de perfume e olhou sua volta.

    Era um banheiro feminino com várias pias e vários boxes com privadas. O chão estava inundado e era essas águas que entravam no seu quarto.

    — Você é tão bela…

    Sentiu um arrepio quando escutou a sua própria voz. Pandora se virou e se assustou no instante que percebeu sua aparecia.

    Não diferia tanto de si, eram os mesmos longos cabelos que ela tinha, só que era loira. Cabelos longos representando o luto de ver a mãe morrer. As pontas azuis ainda estavam lá, as mesmas pontas, iguais a cor que a mãe pintava o cabelo quando viva. A única coisa que diferia, era em seus narizes e ouvidos tinha algodão.

    — Pandora Akiva. Perdeu a mãe quando pequena, viu a mesma se suicidar com uma faca sobre seu peito. Mesmo assim se manteve forte. A verdade, é que ela não era tão forte assim.

    Pandora caiu para trás. Não queria escutar e tentou tampar os ouvidos.

    Mesmo assim, escutou.

    — Uma garota nas ruas foi encontrada por uma outra garota de cabelos loiros. Assim, recebeu a proposta de ir morar com a boa samaritana. No começo era apenas uma moradora e escolheu ser uma empregada, por vergonha de viver de favor.

    Esse era seu passado. Estava ouvindo seu passado e uma dor aguda estava esmagando seu peito. Era culpa, tristeza, aversão, raiva. Seu coração apertava, era sufocante, como estar sem ar nos pulmões.

    — Não entende? Foi aceita na casa por pena. E mesmo que aceita por pena, escolheu trabalhar e hihi. Era uma pessoa tão inútil. Ficava na cama, tentando esquecer das falhas. Queria ficar deitada, mas tinha obrigações na casa em que morava.

    — Para.

    — Não consegue fazer nada na casa que possa dar significado a sua morada. É ruim lavando os pratos, que ficam todos engordurados. Sente um cansaço enorme e não consegue concluir aquilo que pedem a você. Quer descansar e se culpa por descansar. Quer parar e mesmo assim não para. Apenas vivendo como um lixo de pessoa que você é.

    — Para por favor.

    Pandora chorava e chorava. Não aguentava ouvir a verdade sobre sua vida, sobre o que ela vivia. Não era boa em fazer nada. Ela não limpava direito. Não sabia fazer comida. Era apenas uma preguiçosa e não conseguia se esforçar o suficiente.

    — Uma pessoa que vive de favor e não consegue nem fazer o suficiente na casa, talvez apenas devesse… morrer.

    Ela ouviu novamente. A verdade, a pura verdade. Se morresse, não precisava de mais nada. Todos disseram isso. Era o certo. Não?

    — Olha, não veja como algo ruim. — A loira do banheiro se aproximou do seu ouvido. — Eu sou a única que vejo a sua morte como algo bom. É uma libertação não?

    Com certeza era.

    Não precisaria se preocupar mais. Sentir dor mais. Era uma inútil. Uma pessoa sem sal. A morte era a melhor opção. As lagrimas não paravam de cair e olhou para suas mãos, onde suas lagrimas caiam.

    De repente, uma faca se materializou na mão de pandora.

    — Você lembra como ela morreu, né? Não é irônico? Mas é a solução. Ela escolheu morrer por não aguentar mais os demônios dela. Agora você vai descansar também, para acabar com essa dor.

    Sim, ela deveria. Era a melhor solução. Ela descansaria, morrer ali, seria sua melhor escolha.

    Pandora colocou a ponta da faca fria sobre seu peito.

    Tudo acabaria. Tudo teria seu fim. Uma vida cansada, sem energia, ela não aguentava mais, acordar e não sentir nada. Ela vivia apenas pela obrigação que ela mesma criou para si. Se não fosse pela sua obrigação, ela nem levantaria mais da cama.

    Preguiçosa. Fraca. Inútil. Sem sal.

    A ponta da faca pressionou e o sangue saiu. Foi assim que sua mãe morreu, não foi? Assim, deveria morrer também.

    — Que papo mais chato hein.

    — Ãn?

    Olhando para frente, viu. Como… como ela explicaria para ele, como explicaria para Kizimu que ela escolheu a morte de novo?

    ✡ —————✡—————✡

    Novamente estava vendo Pandora em um estado onde ela jogava sua vida fora. Conhecia suas dores e não conseguia sentir raiva dela. Ainda sentia aversão ao suicídio, mas as dores de sua amiga ele entendia.

    Ela passou por muita coisa, e ele se culpa por não estar acordado para ajudar ela antes. Será que ninguém tentou ajudar ela? Ninguém conseguia entender ela?

    Agora ele sabia que era o único que poderia fazer algo. Deveria fazer algo, por isso.

    — Ela só quer se libertar.

    — Loira do banheiro, pode ficar quieta, por favor?

    A loira do banheiro desapareceu.

    — Assim é melhor.

    Pandora não soltou a lâmina de seu peito. Estava tremendo e não olhou nos olhos dele.

    — Você já pode soltar isso.

    Sangue escorreu e Kizimu tremeu os olhos.

    — Eiei, Você está afundando isso, solta.

    — Não se aproxime!

    Pandora gritou e de forma rígida, seus ossos travaram. Pandora perfurou seu peito um pouco e sentiu a lâmina fria, a dor e o desespero.

    — Não faça isso de novo… não me ajude. Eu não quero ajuda. Eu… eu quero essa paz. Eu não aguento mais. — Chorou. — Me deixa morrer, por favor.

    — Pandora…

    — Eu sempre, sempre, sempre estivesse no limite. Antes de você me encontrar, eu apenas vivia minha vida a base de me esforçar para levantar da cama. Eu sempre ficava querendo desistir. Querendo parar. Querendo a morte. E então, a possibilidade veio.

    — …

    Ela chorava e chorava. Sua voz arranhada doía a alma de Kizimu que não aguentava ver ela desse jeito. O que ele deveria dizer? Repetir o que disse no quarto de enfermagem? Mas, ela já sabe que ele vai levar as dores por ela. Ela já sabe o que ele sente, então, deveria dizer algo diferente?

    — Eu nunca consegui fazer nada na casa. Tudo que eu fazia estava errado. Eu lavava prato e ficava com gordura. Eu varria o chão e continuava sujo. A única coisa que eu fazia direito que era cuidar das plantas… eu… quantas plantas morreram por que impedi o curupira de assumir o controle.

    — Pandora não é sua culpa.

    — NÃO É MINHA CULPA!? Eu sou uma falha, uma inútil, por que eu estou no controle do corpo? Se eu morrer, eles vão ficar no controle e finalmente minha casca vai fazer algo de útil.

    — Me escute Pandora. Você não é uma inútil.

    Ela não era uma inútil. Ela ajudou Kizimu a vencer Bento. Ela salvou Masha da morte de acordo com ela. Ela era a melhor amiga de Aisha. Mesmo assim a garota não escutaria, não, sendo afetada pela Loira do banheiro.

    — Se eu não fosse uma inútil. Minha mãe não se mataria…

    Kizimu sentiu um frio na espinha. O que essa garota viu na infância? O que ela teve que passar?

    — Eu sou tão inútil… que não consigo nem resolver minhas maldições. Nem você confia em mim para resolver a minha maldição.

    Ela se ajoelhou, ainda com a faca sobre o peito. Ela não parava de chorar. Kizimu sentia sua dor e aversão, ele nem podia fazer nada.

    Ele não confiou nela para resolver sua maldição. Ele disse que ajudaria ela, e não confiou nela para resolver seus próprios problemas. Ela odeia quem diz e nada faz, então ela estava apenas se odiando nesse momento.

    Foi errado escolher lidar com o saci sozinho? Foi errado deixar Pandora sozinha?

    Kizimu estava começando a sentir raiva de si mesmo.

    Como poderia ajudá-la? Qual era a solução magica para ajudar ela? O que deveria dizer?

    — Pandora está certa. — disse a Loira do banheiro, uma voz que ecooava pelo banheiro sem a sua presença.

    — Não! Ela não está. Pandora olha para mim.

    A garota não olhou.

    — Eu sei que você não quer que eu te dê uma solução. Sei que quer resolver isso sozinha e se culpa por deixar na minha mão. Eu peço desculpas por tentar controlar sua maldição sem sua ajuda. Eu ainda não sou um bom senhor. Mas…

    O que ele deveria dizer? Contar? Falar? Resolver? Qual era a solução magica para isso? O que poderia acalmar o coração dela? Como ele poderia se conectar a ela?

    Ele lembrou de algo.

    — Mas eu sou humano. Somos feitos de falhas, e nem sempre temos todas as respostas.

    Kizimu se aproximou dela.

    — Pandora, você não quer a sua vida, mas eu quero ela. Se não quer viver. Eu peço. Viva por mim.

    Isso irritou ela profundamente.

    — Viver por você? O quão egocêntrico você é?

    — Esse tanto.

    Kizimu puxou o corpo de Pandora a força, ela derrubou desajeitadamente a faca. Ela estava com olhos puros em raiva. Raiva de si. Kizimu sentia tristeza em ver isso. Por isso. Aproximou seus rostos, o aproximar estagnou Pandora, que ficou perplexa. 

    — Eh!

    Ela entendeu o que aquilo significava, ela entendeu o que estava prestes a acontecer. Kizimu deu tempo de espera para que a mesma pudesse se preparar, e ali, algo ocorreu.

    Os lábios de Kizimu tocaram os de Pandora.

    Por não entender o que estava fazendo, seus dentes baterem um com o outro, mas um sentimento caloroso caiu sobre seu coração, que acelerou em uma velocidade imensa. Não entendia o que esse sentimento era, mas lembrava de duas coisas.

    ‘O beijo é algo acalmador, que pode fazer os corações se conectarem. Se quiser conectar ao coração de alguém. Você pode tocar os lábios da pessoa que ama.’

    ‘O corpo humano tem reações para diversas coisas, independente de entender ou não. Podemos influenciar a mente das pessoas apenas com uma ação.’

    As coisas que Masha lhe ensinou no mundo das ilusões e na vida real vieram a tona, mesmo sem entender o significado, sabia que poderia influenciar a mente de Pandora. Queria salvar ela, mas não poderia salvar alguém que não quer ser salvo. Então, para influenciar seus pensamentos, ele escolheu fazer algo que afetaria a mente dela.

    O desejo do beijo se tornou mais intenso. Kizimu por dentro, não entendia o que fazia, mas, tinha certeza absoluta de como se fazia, ele compreendia a forma e fez aquilo que mais saberia fazer, mais que qualquer outro. 

    Um conhecimento que não era dele.

    O beijo foi profundo, profano, profanando a raiva dela, adentrando seu corpo, e pulsando sua essência, a vontade de Kizimu adentrava seus lábios e ambos agora eram um. Pandora estava incrédula, ainda sem reação. Não esboçava raiva e sim uma confusão clara. Seu corpo entrou em êxtase e um rubor apareceu. Os seus labios se separaram, aos poucos, ofegantes.

    — … Por quê?

    — Pandora… se você não tem expectativas em si. Se você quiser jogar sua vida fora, se não quer ela, eu digo, eu quero sua vida, eu quero você, então, eu peço. Viva por mim.

    1. Ataque na capoeira, onde é feito um chute meia-lua de costas ↩︎

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    Hora do chá

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    Yahalloi

    CaiqueDLF aqui! E meeeeeeeu Deus

    Finalmente tivemos o “Cap” 30, o meu querido, meu xodó, meu neném. EU amo esse capítulo. Capítulo 8: Viva por mim, é o capítulo que desenvolve nossa querida Pandora Akiva, e no fim, ainda tem aquele beijo, finalmente o primeiro beijo da obra. Quando será que teremos o próximo, hein?

    Próximo Capítulo será: Capítulo 9: Pandora Akiva. Estejam preparados, esse sem falta, lançará completamente dia 28, vou dar alguns dias para vocês poderem aproveitar esse maravilhoso capítulo.
    Estamos encaminhando para o final, mas agora, vamos entrar cada vez mais na mente de Pandora Akiva, o que será que irá acontecer, hein?
    Espero vocês no dia combinado, e caso eu falte, venha nos dias seguintes que com certeza eu venho, por isso, viva bastante.

    Bye bye.

    Ass: CaiqueDLF

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