A morte é a carta mais negativa do Taro. Muitas vezes associada a uma destruição eminente, porém, a carta, tem como sua principal validação a transformação profunda.

    Kizimu via sorrisos. Um de homem adulto com cabelos pretos. Ele estava sentado com Kizimu em seu colo. Não conseguia ouvir sua voz. A outra era uma mulher de grandes cabelos marrons, também adulta. Ela tinha um sorriso tão confortante.

    Olhando a sua volta, percebeu na mão do homem adulto um livro, passando pela cena, observou atrás do livro, estava escrito, contos de horror brasileiros.

    De repente, sentiu como se essa memoria tivesse sendo queimada, de fora para dentro, a escuridão quebrava a lembrada e destruirá a existência. Tudo estava acabando.

    Kizimu não sentia tristeza, seu olhar estava cansado, morto. E ele viu o sorriso congelado em sua face. Uma face jovem, de uma criança de 4 anos de idade.

    Tudo se apaga, e ele tem outra lembrança. Ele estava em um penhasco, sentindo a brisa do vento, meio triste pela perda de algo muito importante. Até que, uma garota se aproximou dele.

    Kizimu não conseguia ver seus rostos, ou escutar o que eles diziam. Como se sinos abafasse tudo.

    Vendo a garota, mais nova que Amelaaniwa, e com a aparência super parecida, ficava muito curioso em saber quem era. O rosto da garota era igual à sua amiga Mel, mas, era diferente, seu cabelo era diferente.

    A criança de cabelos pretos, que estava triste, começou a sorrir, graças a alguma coisa que a garota de cabelos loiros belos disse. A garota com olhos vinhos.

    E novamente chamas queimaram a memória de fora para dentro, rachaduras destruíram tudo como se expulsasse ele de lá.

    Kizimu não sabia o que era essas memorias, era seu passado? Era influencia daquela carta? Era Kuzimu? Minne? Ele mesmo? Então viu outra lembrança.

    Ele viu uma criança chorando. Ela tinha cabelos pretos curtos e seu eu criança abraçou ela. Ela não parava de chorar e o garoto abafava suas lagrimas com cuidado. Uma dor aguda deu no peito de Kizimu, que vendo a cena chorou.

    Não sabia quem era aquela garota, mesmo assim tinha uma familiaridade enorme. E novante as chamas queimaram tudo, as chamas dessa vez queimaram de forma gradual e assustadora, onde no fim, tudo se rachou novamente.

    Ele sentiu uma presença ao seu lado, enquanto flutuava em um vazio familiar.

    Esse vazio era sua mente.

    — Kuzimu, o que é esse lugar?

    Sua outra metade estava novamente ao seu lado, viu suas memórias ao seu lado.

    — Aqui é sua mente. Ela é grande assim por minha culpa.

    — Eu estive pensando… a carta enforcado, eu tinha que perguntar algo para você para resolver meus problemas internos.

    — Sim…

    Kizimu não conseguiu fazer todas as perguntas que queria fazer, já que Kuzimu destruiu a carta com o arbítrio de Bento. Agora estava ao lado de sua outra metade, respirou fundo e perguntou o que estava em sua mente.

    — O que eu tinha que resolver na carta enforcado, era minhas memórias, não é?

    — Sim… mas é tarde demais. A carta morte, está matando você.

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    O corpo de Kizimu está sento expulso do mundo. Ele estava fora de órbita e as linhas de sua alma estava sendo eclodida de sua própria sub existência. Pandora, vendo a cena, ficou desesperada.

    — O que está acontecendo? O que você está fazendo com ele?

    A garota se levantou dos destroços rapidamente e correu com suas chamas. Tarotian se virou, e Pandora percebeu algo que deixou ela assustada, mesmo assim, ela não teria pena.

    Chamas com uma qualidade abrupta avançaram no homem que usou a lua para devolver o fogo para a garota. Ela pulou por cima das chamas azuis e usou uma tormenta de furacão.

    Um brilho dourado ocorreu e ele apareceu atrás de Pandora. Duas cartas voaram na frente dela.

    O sol e A lua. Um puxava a gravidade e o conceito e o outro e refletia a gravidade e devolvia a matéria. Assim, complacentemente um buraco negro ocorreu. O corpo de Pandora não foi afetado por estar intangível, mas sua existência estava sendo puxada e empurrada de forma infinita.

    Ela não conseguia se desprender da forma brutal que estava sendo esmagada. Nada do que poderia ser feito, resolveria nada, então, tudo apenas poderia ser descrito como impossível.

    A forma negativa de pensar mostrava que sua própria pessoa era muito fraca para lidar com o impossível de ser resolvido. Isso machucou Pandora, já que ela queria muito salvar Kizimu. 

    Porém,como ela salvaria Kizimu?

    As chamas azuis ficaram vermelhas.

    “Deixe em minhas mão, jovem Pandora.”

    As chamas incandescentes explodiram e eclodiram dentro do buraco negro, em uma ebulição que fez o calor fervente e escaldante aquecer em excesso. O buraco negro, explodindo a matéria e separando a distância do tempo infinito, começou a ferver escaldantemente e então, as cartas no centro queimaram.

    — Conse… guimos…

    Pandora, pela ardência, desmaiou, usou mais poder que seu próprio corpo aguentara, caindo no chão.

    Tarotian estava triste, ele não estava mais com um sorriso no rosto, e então, olhou para Kizimu que sua existência estava sendo expulsa do plano humano.

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    Kizimu já tinha esse sentimento, ele estava vendo sua vida passar diante de seus olhos. Como suas memórias tinham falhas, ele não conseguiu ver tudo, apenas as coisas que ele mais queria ver.

    O amor de seus pais, e as duas pessoas que mais confiava.

    — Todas essas memorias eram minhas?

    — Essas memorias eram nossas.

    — Antes do coma… nos dividíamos a mesma alma, né?

    Kuzimu não respondeu, aqui ele não tinha obrigação de responder.

    — É realmente o fim? Tipo, não tem nada que você pode fazer?

    — Claro que tem, mas, é mais favorável a mim você morrer.

    — Por que, você não quer se conectar a mim?

    Já ouviu isso da boca de Kuzimu, mas gostaria de entender, por que ele tinha seus dias contados? Um momento de silêncio familiar ocorreu. Até que o garoto de cabelos pretos, Kuzimu, respondeu.

    — Não está triste que vai morrer?

    — Olha… não exatamente, claro que tinha coisas que eu gostaria de fazer ainda. Mas… se eu morrer você vive né?

    Kuzimu ainda serio, parou novamente, suas paradas reflexivas, mostrava a Kizimu que ele não era portador de todas as respostas, apenas era um ser de muito conhecimento.

    — Eu não sou algo bom, mas não sou algo ruim. Isso é contraditório talvez…

    — …

    — O que eu quero dizer, é que, eu não ajudaria seus amigos, se eu entrar no seu corpo, eu apenas iria em busca de meus objetivos.

    Objetivos? Qual seria o objetivo de uma maldição tão misteriosa?

    — Minne?

    — …

    — Isso me deixa um pouco incomodado, não sei por que estou tão calmo, algo me diz que tudo vai dar certo.

    Kuzimu olhou nos olhos tranquilos do garoto.

    — Vocês são ironicamente parecidos, tanto o seu altruísmo, quanto o fato de que confiam demais que tudo vai dar certo, mesmo que o inferno congele, farão que seus objetivos funcionem, passando por cima do que precisar.

    — Acho que sim… meu eu com memórias era assim?

    — …

    Kuzimu não respondeu, apenas ficou parado.

    — É bem incomodo você ficar me ignorando assim.

    Kuzimu notou algo. Refletindo um pouco, olhou nos olhos de Kizimu, ele, mesmo diante da morte, estava alegre, mesmo sabendo de seu fim. A maldição suspirou.

    — Eu não vou dizer sobre seu destino. Mas, refletindo um pouco, sua morte não será útil, não dessa forma. Eu tenho muitas respostas em minha mente, e mesmo assim, não sei o que se passa na mente daquela garota.

    — …

    — Mas, tudo isso, pode te um significado. Ela preparou muito o terreno para você. Não faz sentido tanta espera, o que significa, que ela quer que realize algo antes do momento certo.

    Kizimu tentava entender o que Kuzimu dizia, lendo as entre linhas. Então, pensou em algo.

    — Salvar a todos?

    — Exatamente. Minne quer que você salve a todos.

    — E depois disso, eu irei morrer?

    Kuzimu ficou calado.

    — Tudo bem para mim. Eu não tenho um objetivo melhor. Eu vou ser o melhor senhor daquela casa.

    Kuzimu olhou o garoto, e não mudou sua expressão seria.

    — Essa carta, está te matando, mas eu posso destruir a carta. Agora preste atenção, se você morrer fisicamente, eu não posso impedir sua morte. Então, não morra.

    — Tudo bem, mas quero que você também preste atenção. Kuzimu, eu vou salvar a todos dessa casa… isso inclui…

    Kizimu olhou com seus olhos azuis-escuros, nos olhos azuis-escuros de sua maldição.

    — … Você.

    Kuzimu riu, e foi a segunda vez que viu isso.

    — Idiota.

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    Kizimu estava fisicamente rachando, como se sua existência estivesse sendo expulsa do plano terrestre. Tarotian, cansado, se aproximou do garoto.

    — Kuzimu, desculpa por usar um dos meus maiores trunfos, eu tive que fazer esse sacrifício.

    A alma do garoto quebrava, rachava, e sua existência estava sendo expulsa do mundo dos humanos. A linha da vida estava turvando com a expulsão de um corpo para fora do âmbito espectral e tudo como uma eclosão voltou ao seu início.

    — Hã?

    As linhas da alma de Kizimu voltaram para dentro de seu corpo, onde, ele abriu seus olhos azuis-escuros. O garoto chorou com as suas memórias recuperadas. Não todas, apenas 3 lapsos em sua vida.

    Sua família.

    Aquela que te salvou.

    E aquela que foi salva por ele.

    Ser salvo e salvar, eram suas memórias afetivas mais vividas. E não podia faltar lagrimas para isso.

    Tarotian estava de boca aberta, o sorriso não existia, apenas espanto.

    — Você não morre, nem mesmo com a carta morte? … Mas o efeito do arbítrio continua ativa. Então… é isso.

    Uma nova carta voou ao ar, e Kizimu não tinha forças para se importar, não vendo Tarotian como estava. A carta que voou era a carta O mago. Ela parou na mão do cansado mestre das cartas.

    Segundos se passaram.

    — Entendi… faz sentido… — Tarotian não estava mais falando com a animação dele, era triste. Mas voltou a sorrir. — Kuzimu, não, Kizimu, você é incrível, eu não tive a menor chance desde o começo.

    Tarotian não tinha mais forças, ou energia para fazer mais que duas ultimas cartas. Não tinha energia para usar A roda da fortuna. Ou A torre. Ou O carro. E a maioria de suas cartas.

    Então, duas cartas voou ao ar. O papa, apareceu em sua mão, mas não foi ativa. Tarotian andou até Kizimu que o olhava com tristeza.

    E uma última carta voou ao ar.

    O louco.

    Da carta louco, uma flor chamada Crisântemos nasceu.

    — Como um presente por me vencer. Eu te dou a carta O papa. Use ela em um combate que você não possa vencer. — Kizimu recebeu a carta em sua mão, não disse nada. — E como um presente final, tome. O louco, ela não tem aparência e sim um conceito. Em um futuro oportuno, a carta ira salvar você.

    Tarotian estava com sua existência sendo expulsa do mundo. A carta Morte, fazia a vida do alvo e do usuário, ser expulsa do mundo dos vivos. Mas, apenas o mestre das cartas estava morrendo.

    — O louco é o início de um ciclo. Acho que vai ser divertido. — Tarotian olhou para cima. — Esse é realmente o meu fim… então você está tento o seu começo, eu vou ter o meu fim. Esse é o fim do meu ciclo.

    — Eu não tenho raiva de você… eu, agradeço você.

    — Eu estou surpreso, você não ficou confuso por eu te ajudar no final? Sabe, Eu era um artista antes de morrer. Samuel que me obriga a continuar, e eu aproveitei para me divertir.

    O mestre das cartas ajudou Kizimu 3 vezes. Ele fez o mundo de ilusões, e Kizimu viu um futuro impossível, que ele agora quer fazer virar realidade. O mestre das cartas o ajudou a conseguiu ajudar Pandora a se resolver internamente, fazendo ela conversar com suas próprias maldições. E por fim, mostrou para ele, 3 memorias perdidas.

    Claro que entendia que as três vezes, Tarotian estava tentando-o matar, Kizimu entendia isso, mesmo assim, não conseguia sentir raiva. Apenas se sentia grato.

    — Acho que seríamos bons amigos, Tarotian.

    — Talvez… claro que fui alguém ruim em vida, coloquei pessoas que não gostava e tentavam me passar a perna no O imperador. Mas, sinceramente, obrigado Kuzimu… não. Obrigado Kizimu, obrigado por me liberar… — Tarotian se curvou — Salve a todos da sua residência.

    Ele desapareceu, o arbítrio da carta Morte teve seu fim, dando o final a sua vida.

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