A luz da lua entrava por uma das janelas da cozinha. Kizimu andou e viu Pandora caída, não ficou com raiva de ver sua amiga derrotada, já que, a culpa era unicamente de Samuel. Guardaria sua raiva para ele.

    Ele pegou a garota que estava jogada no chão, e colocou ela sentada ao lado de Masha. Ambas estavam desmaiadas. Kizimu não poderia parar, dentro de si, uma chama estava acessa.

    Salvar Aisha.

    Salvar Kim.

    Salvar a todos.

    Kizimu andou para fora da cozinha e procurou Samuel. Se ele morrer tudo acaba. Se ele morrer, finalmente tudo acabaria e o batalhão de Kuokoa venceria.

    Subiu um lance de escadas até achar uma porta, temia o que poderia estar.

    Com cuidado, se colocou atrás dela, e abriu-a gentilmente, para que quem estivesse dentro não ouvisse som.

    Passando seu olhar pelo quarto, seu coração quase parou. Viu-a, viu sua amiga, que agora, aceitava como sua irmã — Aisha estava deitada na maca.

    Como se esquecendo que estava sendo cauteloso, entrou no quarto de vez, e notou finalmente tudo que continha no quarto.

    Sangue, muito sangue pintava o chão de vermelho carmesim, e então, percebeu de onde saia o sangue.

    — Ca-cassian?

    ✡ —————✡—————✡

    A lamina que avançou no pescoço de Bento, e antes da lâmina atingir seu alvo, Cassian teve de recuar para que defendesse de um ataque sobre-humano que voltou para si.

    A batalha matava ao anoitecer e a bela noite estava sendo abençoada por uma luta intensa e violenta. Bento deu uma estocada que quebrou o piso e tentou arrancar a cabeça do senhor de idade.

    O mesmo, vendo tudo a 0,03125, a metade, da metade, da metade, ainda estava vendo os ataques se movendo a uma velocidade rápida. O ataque, que veio em uma velocidade absurda, só pode ser esquivado, e um novo avanço percorreu perto de seu ouvido.

    Cassian rebateu a lâmina selvagem e tentou fazer um corte no peito de Bento, onde, apenas sentiu uma queimação no braço.

    A lamina prateada de Bento, conseguiu fazer um corte no braço que não empunhava a lâmina, o que mostrava que ele já havia superado mais uma vez a metade de Bento, que agora estava vendo o mundo a 0,015625.

    Fez a lâmina avançar no homem que se abaixou sobre-humanamente dentro do paradoxo de zeno de Cassian.

    O ataque de Bento avançou e o senhor de idade pulou sobre a lâmina, uma habilidade que só tinha, pois treinou com seu irmão. Cassian foi treinando para lutar em guerra, mesmo em uma época que a guerra não ocorria, um passado tortuoso.

    O corte brutal arrebatou a espada do senhor de idade e fez um corte na sua perna. Cassian ficava cada vez mais cansado. Amparado, notou algo estranho, o grande homem que usava machado, pegou rapidamente um sua espingarda e deu um tiro, e a bala veio em sua direção.

    O tiro veio lentamente, mesmo que, estivesse perto de seu próprio rosto. E ele se esquivou, viu lentamente a bala passar, onde, em um momento quando próxima, a bala atingiu uma velocidade impressionante.

    A bala superou o infinito, mesmo que não acertou seu alvo. Cassian não conseguiu se manter calmo, não sabia qual era a maldição ou benção do homem a sua frente, porém, aprendeu que sempre deveria superar seus limites.

    Em falar em limites, quando dividiu o espaço pela metade mais uma vez, aprendeu algo sobre o corpo humano. Ele não aguentava andar em um tempo dividido tantas vezes. Sangue escorreu pelo seu nariz, e tossiu sangue, que quase o sufocou, já que, o sangue se movia a 0,0078125.

    Ele desativou sua maldição, onde viu a estocada de Bento, que em uma sequência direta, quase matou o senhor de idade, que com habilidade, deu uma cambalhota para trás em um movimento habilidoso.

    Tossiu e retirou o sangue de seus pulmões, e um novo tiro veio. No momento que ativou seu arbítrio, o sangue novamente veio.

    Agora, sempre que chegasse nesse limite, o sangue parava sua circulação, onde ele tinha apenas muito, muito menos de um segundo para entender a situação e voltar.

    Desviou da bala, e uma estocada quase arrancou sua vida. Cassian em um movimento qualitativo, avançou sua lamina onde previa o ataque do grande homem, que se tornava previsível.

    E com um corte horizontal, cortou ao meio a espingarda e o olho esquerdo de Bento. No instante seguinte, um chute veio a sua barriga, e Cassian tossiu sangue, um machado cruzou sua cabeça, que mesmo se esquivando, recebeu um ataque direto no ombro, ele caiu.

    Cassian sangrava, teve um corte profundo em seu ombro, seus ossos velhos, quase não os sustentavam, mesmo que tivesse apenas 20 anos de idade, viveu o suficiente para sentir a dor da idade.

    A estocada de Bento avançou, e Cassian teve de usar o paradoxo novamente, onde, sangue saiu de suas bocas e narinas, o avanço sobre-humano avançava dentro do impossível e a carne foi cortada. O ataque superou o infinito de Cassian.

    Cassian sentiu a lâmina prateada atingir sua barriga, o senhor de idade gofou uma boa porção de sangue, e riu.

    O braço esquerdo de Bento foi arrancado. O senhor de idade, vendo que não poderia se esquivar, fez uma jogada ousada, cortando o braço de seu oponente.

    Cassian estava no limite de suas forças, e fez um último corte, tentando retirar a vida a sua frente. Um chute avançou em sua direção e o senhor de idade usou o paradoxo.

    No fim, o chute ultrapassou o infinito, acertando o corte profundo e fazendo uma dor aguda na mente de Cassian, que não se manteve são. Ele caiu ajoelhado e enfim, caiu no chão.

    John Bento superou o infinito e conseguiu vencer Cassian Thales.

    ✡ —————✡—————✡

    Kizimu viu pela primeira vez John Bento na floresta, atacando Pandora, alguém que até então não conhecia na época. Sua expressão de medo fez ele lembrar de um sentimento horrível. Ele viu o sentimento de medo de Pandora e sentiu uma raiva interna, uma raiva que refletiu como o maior sentimento negativo desde que acordou.

    Por causa do grande homem, viu uma morte pela primeira vez, uma morte brutal e triste.

    Graças ao grande homem, agora, viu a morte de mais um de seus companheiros.

    Bento torturou Pandora, fez a armadilha que matou a criança loira e agora matou Cassian.

    — …

    Kizimu só conseguiu sentir uma coisa.

    Raiva

    Ira

    Desprezo. 

    O sentimento que nasceu da carta A temperança tampou seus sentimentos mais profundos.

    “Não vai vencer ele assim, use a carta O papa em si.”

    Você tem razão.

    Os olhos mortos de Kizimu, tinham uma fúria que ninguém diria que ele era humano naquele momento. A carta O papa foi retirada do bolso de Kizimu, e ele colocou em seu peito. Um brilho arcano fluiu sobre ele, e então, respirou fundo.

    Olhou uma última vez para a garota na maca.

    Aisha…

    — Bento! Conheça minha ira!

    E Kizimu avançou superando a velocidade humana.

    Dois ataque ocorreram, um que gritou sobre o luar e outro que brilhou com a brandada de prata com prata. As faíscas belas que mostravam a fúria do lua quebrando a vaidade da noite. Kizimu não queria mais papo, não queria mais uma solução.

    Segurou a raiva que tinha de Samuel até o limite, perdeu Tarotian, seu nêmeses que foi como uma luz de esperança, agora, tudo que poderia ser como sentimento negativo no garoto de olhos azuis-escuros com a noite, provava suas reais intenções.

    — Eu vou salvar a todos, e para isso, eu preciso superar meu primeiro desafio.

    Kizimu a primeira vez que enfrentou Bento, colocou nas mãos de Kuzimu, seu maior erro.

    Ele não sabia as capacidades de sua maldição, mesmo assim, sabia que não tinha habilidade para lutar. E esse foi um erro grave. Aisha se feriu, Kim se feriu a Pandora foi sequestrada. O resultado foi a morte da criança loira consecutivamente.

    Sua fraqueza no passado levou a desgraça e o desespero. Mesmo assim, o que mudou do dia anterior ao de agora? Ele se perguntava ainda se poderia ganhar, mas agora, ele tinha um objetivo.

    Os sorrisos de todos, dias mais divertidos e alegres. Ele queria trazer dias felizes a casa Kuokoa, e assim ser o melhor senhor que poderia ser. Para isso, deveria forçar seus ossos fracos a continuar.

    Feridas e mais feridas estavam em seu corpo, algo desumano para uma criança crescida aguentar, mesmo assim, continuava, avançava, limitando-se a sua adrenalina e determinação. Não era logico, não era claro, era tudo que poderia fazer.

    — Vamoooooos!

    Ataques e mais ataques ocorriam, a carta O papa, fez Kizimu ficar mais qualitativo em seus golpes, agora prevendo cada ataque vindo e com a velocidade para reagir, estava superando todos os limites que o corpo humano aguentava.

    Poderia sentir seus tendões se rompendo, mas não parava, não sentia dor, não sentia nada, além de pura raiva.

    A raiva que tinha de Bento.

    A raiva que tinha de Samuel.

    A raiva que tinha de si.

    A lamina do machado de Bento, era certeira, mesmo que estava avançando apenas com um balançar de apenas um de seus braços. O homem que em vida matou mais de 30 amaldiçoados, lutava com todas as forças que tinha mesmo morto.

    Kizimu usava sua faca de caça curvada para rebater o machado pesado, agora percebendo a força da própria lamina, que estava aguentando o corte de um machado tão feroz, sorriu. Por isso avançava, se poderia avançar, avançaria e acabaria com sua própria vida.

    — Morreeeee.

    O ataque certeiro de Kizimu avançou e acertou o coração do homem, que jogou sua arma para cima, puxou o braço do garoto e o jogou para longe, no instante seguinte, não passando nem um segundo. Assim que bateu suas costas na parede, o machado quase quebrou sua cabeça.

    Kizimu rolou por debaixo das pernas dele e de uma estocada por trás, os braços do homem girou e tentou matar o garoto, que fez um arco com o próprio corpo, se esquivando para trás. Kizimu indo para trás, déu um chute no braço do homem, desviando o curso da lâmina que veio na sua direção.

    Os ataque sobre-humanos de Bento, superavam a lógica, como se ele sempre elevasse a racionalidade. Kizimu começou a sentir um pouco de dor, como se a anestesia estivesse acabando.

    Sentindo o tempo acabar, e estando no limite da morte, ele avançou com tudo que tinha. Energizou o catalisador com a energia que roubou de Tarotian, agora uma grande lamina como raio existia e uma briga de lâmina ocorreu.

    Faíscas e mais faíscas.

    Brutalidade e mais brutalidade.

    A sequência de ataques que se repeliam contrariavam a fortitude da morte, fazia uma bela coloração na sua vida. O garoto de cabelos pretos que balançavam diante a luta mais intensa que teve em sua vida, usando todas as coisas que recebeu até o seguindo dia de sua vida. Fez por onde, e avançou brandando um rugido que assustou o corpo morto de Bento.

    Dois animais estavam brigando para ver quem era mais insano, o garoto que tinha perdido a todos e estava lutando para salvar tudo que perdeu. E o homem que odiava maldições e lutava sendo controlado por um lunático.

    A briga de lâminas ecoava pelas paredes e até mesmo os anjos e demônios se impressionavam com a luta sobre-humana que ocorria, naquele momento, naquele dia, e então, a lua viu. O segundo braço de Bento, foi arrancado.

    O grande homem, que não tinha mais os braços, só pode parar, e olhou para Kizimu, ofegante.

    — E agora, o que vai fazer?

    — …

    — Você ri de mim como se menosprezasse?

    — …

    Bento abriu um grande sorriso e se ajoelhou. Kizimu que não esperava essa atitude, se surpreendeu.

    — Ha-ha-ha, garoto, eu nunca enfrentei um humano tão intenso… eu, não me arrependo dos meus atos, mas fico feliz de morrer para alguém que não é uma maldição.

    Kizimu andou, e perfurou com o raio em sua lâmina o peito do homem. Não era um assassinato, estava libertando um corpo morto, estava salvando eles. O homem ria na sua frente, sem os braços e sem um dos olhos.

    A risada parou apenas quando caiu no chão, e então, Kizimu parou.

    — Desculpa, mas você, eu não consigo perdoar.

    John Bento começou a virar pó, dando um fim ao mundo de desespero e terror que o caçador de maldições trouxe.

    O corpo de Kizimu cada segundo que passava, sentia uma dor absurda, aumentando cada vez superando a dor anterior. Se arrastando, andou até sua amiga, ou melhor, sua irmã Aisha.

    No corpo dela viu, uma carta, a carta A força. O garoto, que estava sentindo uma dor destrutiva, pegou a carta e rasgou. Assim, finalmente a dor atingiu o seu ápice.

    Kizimu caiu no chão, onde uma queimação e explosão de pura do desespero quebrava seu limite, não poderia viver dentro da dor que vivia na sua alma. Ossos esmigalhados, tendões torcidos, perfurações e lacerações no corpo, dores que absorveu de Kim, cansaço mental devido ao uso do ritual, tudo isso vinha um após a outra e ele tossia sangue.

    Será que ele foi um bom senhor?

    Samuel não foi morto, mas mesmo assim, estava feliz e calmo. Talvez quando morresse, Kuzimu matasse o Padre. Não sentia tristeza sabendo que morreria ali.

    Sofrendo da pior dor que poderia imaginar, ele sorriu e desmaiou. Talvez Masha acordasse e salvasse sua irmã. Agora que cortou a carta A força, Kim provavelmente está livre, e conseguiu cumprir um dos seus objetivos.

    Será que Kim poderia vencer Samuel? Estava feliz, mesmo que estivesse diante da morte.

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