Capítulo 38: Um último chá.

— Onde eu estou agora?

Samuel foi teleportado para onde tinha o chafariz, era a entrada de seu castelo. Uma catedral que conseguiu comprar com dinheiro do dízimo e de alguns roubos ao patrimonio de suas marionetes.

Ele já foi um homem com mais de 30 marionetes, e todas elas foram destruídas na luta contra Tarotian. O homem riu com a memória, foi uma luta intensa, onde viu sua vida passar diante de seus olhos.

Agora, não sabia quantas marionetes perdeu, mas no fim teria muitas marionetes novas e muito poderosas. Estava feliz que tinha John Bento, que era um amigo seu, se tornou um de seus bispos. Tarotian aquele que causou o caos em sua vida, também era um de seus bispos

Andando pelos corredores que ele mesmo enfeitou, andou para a sala de experimentos e viu algo icônico no quarto. Era o corpo selado de um dos invasores. Isso com certeza era obra do mestre das cartas.

Olhando a volta, percebeu uma máquina de fazer chá, em todos os cômodos colocou uma, por pura falta do que gastar. Então aproveitou para tomar mais um gole relaxante.

Fez o chá e pegou uma cadeira, ficou sentado esperando uma boa resposta de seu bispo mais forte.

— Bem… isso é bem engraçado.

Ele colocou uma xícara para si, e outros 3 separados ao redor da mesa, talvez ele quisesse tomar um chá com eles também.

— Será que senhor Hugo me xingaria? 

Samuel, em sua infância, foi treinado por Hugo Oblivion, um homem muito respeitado, por ele, e seus dois companheiros em sua infância.

— Não, ele era alguém que sempre sabia as respostas, ele nunca ficaria irritado por algo assim… ele saberia exatamente como iria terminar.

Olhou para os chás que colocou na mesa.

— Por que será que estou tão reflexivo… isso sempre é pressagio de…

Seu chá estava amargo. Samuel sorriu.

— Talvez… eu tenha subestimado eles. Me esqueci das regras de etiqueta.

Samuel, colocou seu chá na mesa, e se levantou, ficou admirando o belo quadro preso ao cristal — Kim umbral. Sim, aquele preso ao cristal era filho do seu melhor amigo, em vida.

— Maxuel, sei que me entende… o juízo final virá, não somos fortes o suficiente. Nem mesmo Anastácio foi capaz. Não fomos capazes. 

Samuel colocou a mão no cristal, memorias ruins grudam em sua mente, a perca de uma amiga, um anjo, uma companheira. 

— Talvez seja egoísmo meu, mas, com a sacerdotisa, eu sei o quão forte todos são naquela casa. Mesmo que eu precise matar Masha… não, talvez eu esteja sendo arrogante demais, ela nunca seria morta. 

Samuel se afastou, pegou seu celular em sua mão, começou a passar pela foto de todos os residentes.

— Por que Masha deixou que tudo acontecesse, tenho certeza que ela sabia o fim de tudo, então… será que ela está brincando com eles? Ou será que… ela está testando ele.

Kizimu S. filho de Anastácio S. 

Se o filho for como o pai, uma nova era se iniciará.

— Será que ele irá vencer cada um dos meus bispos? Será que fui manipulado por… 

Samuel começou a rir sozinho.

— Talvez eu esteja ficando louco, matar o filho de um antigo grande amigo. Mesmo que seja por um bem maior, mesmo que fosse… talvez, eu esteja cometendo um erro.

Psi e Eta são gerados.

— Psi e Eta foi os primeiros Núcleos que Hugo nos ensinou. Tenho boas memorias sobre isso. Vento e fogo.

Chamas verdes e ventos ardentes, cruzaram a sala, talvez ali, dentro daquele ambiente, Samuel fosse o segundo mais forte na catedral, mas, nunca usaria suas mãos para vencer um confronto. Nunca usaria os conhecimentos de seu mestre para pecados tão horrendos.

— Fingi ser um padre para infiltração, consegui diversos bispos, e no fim, meu maior desejo não se realizou. Eu consegui minha benção, mas foi em vão, enlouqueci com meu desejo, mas foi em vão — disse em um tom monótono.

Riu, gargalhou e lacrimejou.

Ver seus amigos morrerem, o fez desejar trazer pessoas de volta a vida. Tinha medo de perder seus outros amigos, e no fim, seu desejo realizou, sua benção se criou. 

Mas, o poder veio com um preço. 

O desejo de não perder ninguém, o tornou louco pelo poder abençoado a ele. Mesmo que pudesse ver sua própria crueldade, se ele conseguisse ficar mais forte, ninguém mais morreria.

Sim, depois de Masha, ali, ele era o segundo mais forte. Não poderia ser parado nem mesmo se John Bento e Tarotian lutassem juntos. Mesmo assim, mesmo assim.

— Talvez seja fácil os matar, mas, do que adianta…

Riu.

Não importa. Se juntar todos os amaldiçoados do mundo, ele — Samuel Selpucro, Jamais teria capacidade de vencer, O mal, O Juízo final. 

Mesmo se o inferno congelasse, mesmo se Hugo estivesse ao seu lado, mesmo se Masha estivesse ao seu lado, mesmo se Celeno estivesse ao seu lado.

Se nem Kerly conseguiu, quem seria Samuel Selpucro.

— Kizimu… será que você conseguiria fazer o que seu pai não conseguiu?

Usando Psi e Eta ele desintegrou seu celular.

O cristal rachou, e Samuel sorriu.

— Masha, o que será que você está planejando? — Hugo pensou em sua querida amiga — A filha de Hugo, o filho de Anastácio e o filho de Maxuel… — O cristal começou a rachar cada vez mais. — Isso é excitante demais. Essa é a nova geração. Bento foi morto, Tarotian foi morto. Isso é incrível. 

Samuel sabia que Masha não ajudou diretamente em nada. Estava usando seus rituais para observar ela. 

— Ser derrotada, não é do seu feitio, fingir perder muito menos… droga, eu subestimei seu filho, meu querido amigo.

Kim, se desprendeu e caiu no chão, em pé. Ele olhou a sua volta com calma, acordando de seu coma. Relacionando tudo que ocorreu, seu corpo reagiu assustado, procurando seu senhor.

— Talvez esse seja o melhor jeito de agradecer ela. 

Samuel andou até Kim, que ficou em prontidão, mas sem mover um músculo.

— Garoto da peste, não sei que está procurando, mas nessa sala só tem eu.

— É mesmo… você é o líder deles, não é?

— Eu diria que sim.

— Entendo.

Kim se abaixou e pegou uma faca dupla que tinha no chão. Avançou no limite da velocidade humana e cortou o olho do padre.

— Vai me torturar antes de me matar? — Disse Samuel, enquanto seu glóbulo ocular caia no chão, seu sorriso não saiu, já que não sentiu dor alguma.

Outro corte, e outro corte, e outro corte. Kim estava fazendo diversos cortes que não matavam por a lâmina ser pequena.

Claro que se Kim quisesse matar, era apenas um corte em um ponto vital, mas…

— Onde está meu senhor Kizimu?

— Eu não sei.

Mais cortes.

— Eu não estou brincando, se fez algo a ele.

— Eu não fiz nada, eu juro, ele deve estar na cozinha. — Disse Samuel tranquilo.

Kim se sentia mal fazendo aquilo. Não gostava de torturar, mas, o medo de não achar seu senhor era muita. Mas por que aquele homem não poderia falar nada? Ao menos sofrer de dor.

— Kim, seja um grande homem, assim como seu pai é.

Kim parou.

Samuel gerou Psi e Eta. O corpo de Samuel foi desintegrado com Kim em cima de seu corpo. 

Um corpo humano havia evaporado e apenas sangue se espalhou por todos os lados.

Kim Umbral havia matado Samuel Selpucro, ou melhor, ele mesmo havia se matado.