Índice de Capítulo

    — Eu quero que me conte tudo que você sabe sobre, Minne Kuokoa.

    Kizimu foi direto ao ponto, queria desde que ouviu sobre a garota conhecer ela, mas diversas coisas ocorreram em um período de 4 dias.

    Ele acordou e conheceu Esme, Kim, Masha, Aisha e Pandora. Teve um confronto com apenas 1h acordado. Enfrentou um desafio sobre-humano, ainda mesmo sem memórias. Mesmo quando as coisas se acalmaram, sua amiga foi sequestrada e ele teve de invadir uma catedral. Foram muitos ocorridos, e a promessa que iriam conversar sobre Minne teve de ser adiado por 4 dias. Mesmo assim, ele voltou para fazer a pergunta.

    Amelaaniwa por sua vez, reagiu de uma forma inesperada, ela pareceu surpresa, uma expressão de alguém que estava apática até então. Ela com um pesar no olhar pensou, e pensou, até enfim começar a falar.

    — Eu contarei tudo que sei, mas…

    — Mas…?

    — Eu não sei dizer se serei útil diante ao que quer de mim.

    A mesma abaixou a cabeça.

    — Quê! Não, não, levante a cabeça, não tem problema. Me diga apenas o que souber…

    — Muito obrigada.

    — Não, espera, estou confuso, você é na teoria a irmã de Minne, não? Tipo, você viveu com ela há muito tempo… você me-

    — Não. — Ela balançou a cabeça para os lados. — Eu não conheci você antes do coma.

    — Queeh?

    Kizimu se jogou na cadeira, realmente, iria chegar nesse tópico através de Minne, mesmo que seu objetivo inicial seja descobrir quais as intenções da garota.

    — Desculpa lhe decepcionar, mas eu também sofri um coma. Eu acordei tem 3 anos apenas, como uma maldição. Fui nomeada como Amelaaniwa, que deve ser o nome da garota. No fim eu acordei sem memórias também, mas, eu desde sempre senti que era uma maldição.

    Kizimu tinha se decepcionado, mas isso lhe chamou atenção, então começou a pensar. A garota, que era uma maldição viva, sofreu um coma parecido com ele. Se eles tiveram o mesmo passado, pode se dizer que antes ela dividia a mesma alma com a verdadeira Amelaaniwa? Talvez o coma dele e a dela sejam uma consequência de duas almas dividirem a mesma alma? Mas se esse for a causa, o que separou suas almas? Ou isso era algo ocorrente, como uma lei do ciclo?

    — Senhor Kizimu?

    — Ah, desculpa, estava pensando… olha, me conte tudo que se lembra desde que acordou. Quero conhecê-la.

    — Tudo bem, Minne me disse para obedecer de corpo e alma, mesmo que queira meu corpo eu entregarei a você.

    — Por que eu iria querer seu corpo? Você consegue lutar?

    Eles ficaram se encarando em um silêncio confuso, e Kizimu inclinou a cabeça. A mesma olhou para sua própria mão.

    — Nesse momento, talvez eu deveria rir?

    — Como?

    — Nada. Vou começar.

    Amelaaniwa se levantou e andou pelo quarto, ela passou a mão pelos cômodos, e suspirava a cada memória relembrada.

    — Eu acordei. Na minha frente tinha um homem adulto e uma garota quase adolescente. Ambos tinham olhos preocupados e quando notei, ambos já haviam me abraçado. Eu fiquei confusa, já que não me lembrava de nada…

    A mesma segurou a cadeira e apertou com força, seu olhar estava tremulo, mas Kizimu não sentia que ela iria chorar, talvez, ela quisesse, mas ela não soubesse.

    — Eu falei que não me lembrava deles e ambos começaram a chorar, mas olhavam com pena e diziam que iria ficar tudo bem. Eles disseram que meu nome era Amelaaniwa e que eu era uma Kuokoa…

    Kizimu conseguia sentir empatia por viver algo parecido, ele também recebeu seu nome e disseram que ele era um Kuokoa, a diferença é que ninguém conhecia ele, talvez isso tenha tirado o peso de não ter suas memórias, como seria se alguém o conhecesse? Ele estava agindo diferente de como ele era? Ou ele era parecido? Ficou curioso, e a garota que estava refletindo voltou falar.

    — Eles cuidaram de mim, me ajudaram a entender o mundo e me ensinaram coisas, o começo foi muito calmo. Minne era divertida e ela cuidava de mim como uma irmã, mas eu sentia algo errado. Eu me sentia errada. E como uma taça de vinho cheia, a paz começou a ruir…

    Ruir? Os olhos dela tremiam, como se temesse quem ela era. Kizimu ficou ansioso pela continuação da história, mas cada vez que se aproximava de algo, Amelaaniwa parecia parar, como se temesse o que iria dizer.

    — Eu sou era diferente e isso eu sempre tive certeza, mesmo sem memórias. Quando Minne me contou sobre as maldições e isso foi a resposta, foi como uma chave sendo virada. Eu sempre soube, eu não era Amelaaniwa, eu era uma maldição, porém eu não sei que maldição eu sou.

    — Pode me dizer… o que você faz? Ou o que acontece?

    — Eu não… sei. A única coisa que sei é que se eu não for isolada, tudo acaba.

    Kizimu refletiu sobre isso. Algo o incomodou, qual era a sua própria maldição? Sua maldição era o Kuzimu, mas, o que era ele? E o que ele era? Qual era o efeito dele? Prever algo? Ser um gênio? Sua inteligência atual e sua certeza sobre tudo vinha dele, tinha certeza. Era como se a inteligência que recebeu o ajudasse a saber que não vinha do Kizimu, então, era a maldição da inteligência? Isso era possível?

    No fim, era tudo muito trabalhoso, e notou que Amelaaniwa parou de falar, olhando para a garota, notou que a mesma tinha começado a fazer chá.

    — Mel, Gosta de chá?

    — Na verdade… eu não diria que gosto tanto. Minne gosta muito, talvez… eu apenas esteja imitando a minha irmã. — Amelaaniwa olhou para sua própria face refletida no bule. — Mesmo que eu saiba que não sou irmã dela de verdade, o tempo que ela passou comigo, não será apagado. Ela é alguém muito importante para mim. Tomar chá me relaxa e me faz esquecer dos problemas.

    — O que tem no seu chá, hein?

    Amelaaniwa terminou de preparar e colocou chá em duas xícaras, deu uma para o confuso garoto e se sentou em sua poltrona, pronta para beber a sua própria. Kizimu se ateve a algo, ela era muito familiar, e isso o incomodava, Ele conhecia a verdadeira Amelaaniwa ou era muito parecida com Minne? Uma jovem muito linda e delicada, tal como ma boneca, notou que tinha muitas bonecas em sua residência se comparasse. A garota linda tinha braços delgados e era perfeita em sua aparência. Sua forma de beber o chá era elegante e muito bem cuidado. Isso irritou Kizimu.

    A Amelaaniwa que ele conheceu no mundo das ilusões, era a verdadeira Amelaaniwa. Isso colocou uma certeza em algo, se ele quisesse salvar ela, deveria trazer do fundo da alma dela a garota. O que será que a maldição pensaria sobre isso, ela iria querer ceder seu corpo? O seu conflito interno existia e a garota, apenas voltou para o monólogo anterior.

    — Minha maldição… ela segue o seguinte padrão, quem está a minha volta, começa a se sentir inseguro, começa a sentir conflito interno, e no fim ficam irritadiços. Por algum motivo Minne era uma exceção, ela nunca foi afetada pela minha maldição. Ela nunca foi afetada por mim.

    — Conflitos internos? Eu não consigo pensar em nada. Maldição a briga.? Qual foi a teoria de Masha?

    — Senhorita Dara não se importa com os outros residentes, apenas liga para Minne e para suas pesquisas.

    Isso não surpreendeu o garoto, sua pesquisadora, Masha Dara, era uma mulher desprezível. Desde que conheceu aquela mulher, foi surpreendido com corpos mortos em compartimentos, mas não apenas isso, um miasma que apenas ele via e pelo visto, os compartimentos ele também era o único que podia. A mesma também já tinha tentado absorver sua alma, apenas pela sua sede de conhecimento, era uma mulher louca, mas respeitava ela.

    — Maldição da briga, é? Não sei dizer se é o certo, mas podemos nos contentar com isso. Passarei a te observar, mas peço que conviva mais na casa.

    — A casa pode controlar nossa maldição, mas não anula, então, mesmo que ele diminua os efeitos, eles ainda existem. Comer é uma necessidade biológica do corpo, então me verá na casa, mas vou evitar o máximo sair andando pela casa e ter contato com os outros residentes.

    — Eu vou descobrir como controlar sua maldição, não se preocupe, mas quero conversar agora sobre uma última coisa, já que você não tem o que eu gostaria de saber sobre Minne…

    A garota terminou seu chá, enquanto o garoto não havia nem começado, e então, ela pediu para o mesmo prosseguir. Kizimu ficou inseguro com o que pensou em falar, já que não sabia o que se passava na mente da maldição.

    — Você me disse para salvar a todos… o que isso quer dizer?

    — Desculpa, mas eu também não sei dizer. Isso foi algo que Minne pediu para eu lhe passar.

    — Imaginei. Por isso, vou dizer algo, eu também vou salvar você.

    A garota tremeu levemente os olhos, ela ficou surpresa levemente. Trazer a Amelaaniwa verdadeira seria algo problemático para Maldição, conhecia as opiniões de Maldições o suficiente para isso, mesmo que ela recusasse, ficaria firme em sua decisão, e com essa determinação o garoto continuou.

    — Eu vou descobrir como você controla essa maldição e vou tirar a verdadeira Mel de dentro de você, vai se contentar com a presença dele, tudo bem assim?

    — Claro, como quiser.

    — Quê?!

    Kizimu que estava achando que ela iria recusar, ficou muito surpreso. Enfrentou 4 maldições que queriam liberdade, e se contasse com a própria maldição eram 5. Mas a garota a sua frente, concordou com muita facilidade.

    — Só para constar, não está dizendo isso por que deve me obedecer, né?

    — Faz diferença?

    — Não, necessariamente, mas, eu gostaria que fosse um desejo seu e não uma obrigação. Eu não quero te forçar, mesmo que eu irei forçar meu ideal. Isso é confuso?

    Kizimu demonstrou uma confusão clara enquanto tentava explicar e a mesma balançou a cabeça, mesmo que fosse difícil, foi completamente compreendido.

    — Tudo bem, eu fico… feliz? Eu vou ser sincera, eu não entendo o sentimento humano. Eu, na verdade, não tenho. Com o passar do tempo, comecei a entender os sentimentos de vocês e tenho como objetivo achar o sentimento adequado para mim. Quero descobrir por mim mesma qual é o meu sentimento. E então, se eu puder realizar esse desejo, não me importo de dividir meu corpo… mesmo que eu fique igual ao Kuzimu fica em você.

    — AAAAARG.

    A dor veio como um pináculo, só de ouvir o nome Kuzimu sua mente ecoou sinos e chiados horríveis, queriam quebrá-lo, queriam fazê-lo se desvincular de si mesmo, era horrível, ele queria muito sair.

    Kizimu colocou o anel em seu dedo.

    — Então, vai salvar a todos — falou levemente e abriu um sorriso. — Eu agradeço, por Minne.

    — Por Minne?

    — Sim, ela estava muito séria nesse comando, ela disse que quando fosse pedir para você “salvar a todos” era para eu passar o sentimento claro de pedido, ela queria que esse pedido te alcançasse.

    Por quê?

    Essa resposta ele tinha, começou a compreender a garota que não conhecia. Kizimu conseguiu salvar Pandora, conseguiu proteger Aisha e provavelmente ele era uma chave, que moveria tudo e Minne havia preparado o terreno. Ele salvaria a todos a grande casa Kuokoa.

    — Certo, estou decidido.

    — Decidido?

    — Esse é meu proposito. Eu não tenho minhas memórias e até elas retornarem, eu vou salvar a todos da mansão… mesmo que eu não sabia o que isso signifique.

    Amelaaniewa ficou espantada, para uma maldição sem emoções ela era bem expressiva, ela deu um sorriso que poderia ser falso, mas era belíssimo.

    — Por favor, salve a todos.

    — Pode contar comigo.

    Kizimu elevou o polegar, agora decidido de qual caminho deveria tomar.

    Saindo do quarto, Amelaaniwa viu Cassian o esperando na porta.

    — …

    — Meu senhor, como prometido, eu vim fazer o que me pediu.

    — O que pedi?

    Do que Cassian estava falando? Não conseguiu formular o objetivo dessa conversa, e assim, Cassian se curvou.

    — Eh? Por que?

    — Disse que eu só poderia me curvar, quando salvássemos Aisha. Eu como seu servo. Devo prestar minhas primeiras condolências.

    — Acho que eu entendi… mesmo que eu não sinta que fui tão útil, obrigado.

    O servo e o mestre se entre olharam, e no fim, Cassian se levantou.

    — Ainda possuo funções na casa, peço licença.

    — Tu-tudo bem…

    Kizimu assim disse, ainda ansioso por aceitar que ele era o dono da grande casa kuokoa.

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