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    Kizimu andou junto a Cassian para o corredor, eles levaram duas vassouras, um balde e dois esfregões. Inicialmente Cassian instruiu ao garoto de cabelos pretos e olhos azuis-escuros como varrer sem nem mesmo o garoto pedir. Isso foi de grande ajuda e percebeu uma qualidade em sua varrida.

    — Cassian, eu fiquei curioso. Qual a sua maldição?

    — Minha odiosa maldição. Eu contarei ao senhor, vai ser uma boa história.

    Junto aos sons de varridas, Cassian iniciou seu longo monólogo.

    ‘Um dia nasceu uma criança.

    ‘Essa criança viu lentamente sua mãe se mover, não entendia por que tudo era lento, mas como tudo era assim, se acostumou, sua vida foi acostumada com a lentidão, com tudo se passando lentamente.

    ‘De repente, esse bebê viu tudo se passando naturalmente. Isso durou instantes, mas até mesmo seu choro durou pouco tempo, algo que demorava a acontecer, se passou em uma velocidade natural. O bebê irracional aprendeu sobre a sensação de viver naturalmente apenas aos seus 5 meses de vida.

    ‘Dias às vezes se passavam normais e dias às vezes se passavam mais lentos do que de costume, o bebê que se tornou uma criança não conseguia controlar o tempo. Mas o tempo tinha o costume de controlar sua vida.

    ‘Para a criança que o tempo se passava milhares de vezes mais lento, ele viveu, viveu muitos dias, enquanto as pessoas envelheciam normalmente, eu envelheci muito, muito mais rápido. O tempo que vivi foi diferente do meu irmão ou minha mãe.

    ‘Com os dias se passando, certa vez, Minne me encontrou. O pai de Minne era alguém influente, e ele assim conheceu minha mãe. A criança Minne, que era muito inteligente, notou que eu tinha uma maldição. Algo que nem mesmo eu tinha entendido, apenas xingava o tempo, apenas odiava o tempo que brincava com aquele garoto inocente.

    ‘A criança de cabelos loiros me salvou, pediu para o pai levar-me até a residência Kuokoa. Lá eu aprendi a controlar minha própria maldição. Minha maldição é bem simples, o tempo se dividia. Eu passava o dobro do tempo diariamente, às vezes a metade da metade, às vezes mais metades. Essa era a maldição.

    ‘Se colocássemos em nome, isso é o Paradoxo de zeno. Essa é a minha maldição. Eu aprendi a controlar, onde eu vejo o tempo pela metade, assim posso também ver tudo pela metade. É algo complicado, mas útil a sua maneira.

    Tempo o suficiente para varrer todo o corredor se passou. A sujeira acumulada no canto foi varrida por Cassian e Kizimu suspirou pelo cansaço.

    — Que história… espetacular. Meus pêsames pela sua infância, mas que bom que Minne te salvou.

    — Sim, eu devo muito aquela criança. Mas vocês são parecidos. Ambos gostam de tratar a nós amaldiçoados como amigos. Gosto do senhor. Quando minha senhora pediu para eu te considerar meu senhor e obedecer suas ordens, fiquei preocupado, mas fico feliz por ser quem o meu senhor é.

    — Obrigado.

    Cassian sorriu, um sorriso reconfortante. Kizimu estava preso em um estado de não saber quem era Minne, mas estar fixo nas suas ideias, o porquê, ele não saberia.

    — Agora irei passar pano. O hall é bem maior, pode ajudar senhorita Esme por favor?

    — Claro.

    Kizimu agradeceu Cassian pelos seus serviços e correu pelos corredores até o grande Hall. Na sua mão estava sua bela vassoura de palha.

    — Esme.

    — Senhor, já chegou, foi rápido lá?

    — Sim, eramos dois varrendo, até que foi rápido. Mas aqui é bem grande né. Vamos passar um tempinho.

    O hall era realmente impressionante. Não tinha adornos o suficiente para todo o local, mas não temeu, disse que iria ajudar, e estava determinado a ajudar. Pegou sua vassoura e andou até um canto e começou a varrer, assim como Cassian ensinou. Cada bloco deveria ser varrido, e quando terminasse um bloco, iria para o próximo, com movimentos qualitativos, sem empurrar a sujeira para longe.

    — Olha, vejo que sabe varrer, que impressionante.

    — Impressionante?

    — Pandora e Aisha não são boas varrendo o chão.

    Aisha entendia, mas Pandora? Pensando um pouco, lembrou da garota no mundo de ilusões. A mesma disse que não conseguia fazer nada direito. Sentiu-se mal, mas ficou firme.

    — Esme, eu quero saber algo de você, já tem um tempo.

    — Saber sobre mim. A bela empregada da casa Kuokoa vai suprir suas dúvidas.

    A mesma fez uma apresentação visual e rindo voltou a varrer.

    — Nesse caso… quando nos encontramos pela primeira vez. O que foi aquilo? Tipo, eu senti-me controlado, minha emoção, estavam sendo controladas.

    — AH! Aquilo… é… bem, nada que precise se preocupar.

    A garota ficou tensa e tentou esconder a vergonha.

    — Achei que iria me responder o que eu perguntasse.

    — Olha, isso é injusto.

    A mesma olhou de soslaio para Kizimu que continuou varrendo, esperando a garota falar. A mesma ficou inquieta e bateu o pé no chão.

    — Olha, eu não sei explicar o que é. Mas aquela é a minha maldição. Como estávamos fora da casa, ela fluiu.

    — Como ela funciona?

    — …

    Esme ficou quieta, ficou muito, muito incomodada.

    — Não precisa falar se não quiser.

    — Desculpa, eu ainda… eu não me sinto a vontade ainda. Talvez futuramente eu te conte.

    — Tudo bem…

    Kizimu varreu o grande Hall com Esme, por um bom tempo sem falar nada. Poderia ficar assim, mas, não era isso que queria, ele quer se aproximar de todos. Ele quer salvar a todos. Ele precisa, mesmo que não saiba o que significa salvar a todos.

    — Esme, vamos fazer uma brincadeira?

    — Brincadeira?

    — Vamos varrer, e quem varrer mais pó, ganha.

    — Quê?

    Esme ficou incrédula com a brincadeira fora de hora.

    — Vamos, vamos.

    — Tudo bem.

    Ok. Nos seus lugares, e vai!

    — Quê! Já? Tudo bem. Vamos.

    Assim eles correram para varrer. Não era sobre quem varria mais rápido e sim quem fazia com melhor qualidade, mesmo que fosse sobre qualidade, por algum motivo, correram contra o tempo. Tudo foi muito rápido e varreram qualitativamente.

    Ambos colocaram o pó perto, mas não junto. Mediram e Esme ganhou.

    — Ebaaa.

    — Parabéns.

    Esme estava ofegante e sorrindo, a garota estava alegre e pulando em vitória, quando notou sua ação desrespeitosa ela voltou a aparência de praxe.

    — Me desculpe.

    Kizimu acariciou os cabelos de Esme, bagunçando-o.

    — Não precisa ficar sempre tão seria. Pode se divertir também.

    — Mas…

    — Minne não disse para você sorrir?

    Esme sorriu, feliz. A garota sempre estava brincando, mas sempre tentava a sua aparência delicada e respeitosa. E o que falou de Minne foi um chute, pensou o que Minne já teria feito, e imaginou que daria uma resposta daquelas.

    — Obrigada.

    — Seremos bons amigos, tudo bem, Esme?

    Esme ficou quieta por um momento. Com o rosto baixo, não podia ver sua expressão, e então, ela voltou sua face para cima com um grande sorriso.

    — … Sim, eu aceito.

    Uma boa amizade estava se iniciando na grande residência Kuokoa.

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