Capítulo 56: O Coração da Casa
O quarteto subiu as escadas em espiral quadrada, chegando enfim no segundo andar.
— Por onde começamos senh- digo, Kizimu?
— Vamos começar pela enfermaria, aí seguimos uma linha reta. E para de me chamar de senhor!
— Desculpa.
Kim com a cara mais lavada possível se curvou, Kizimu sabia que a modéstia ainda iria continuar, mesmo assim tentou reclamar.
O grupo seguiu a direita, seguindo a direção da enfermaria. Portas diferentes chamavam sua atenção, ainda mais sabendo que ele conheceria cada cômodo. Chegando no final do corredor a direita, estavam na enfermaria.
Kizimu bateu na porta. Nada fora escutado, mesmo assim, entraram.
— Será que Theia está em seu quarto?
— Onde fica o quarto dela?
— Logo aqui do lado.
— Ah, então ela realmente tem um…
Kizimu que acabara de confirmar o que ouviu da própria Althea na última interação. Entrou na sala, seguido de seu grupo; Kim, Pandora — Curupira — e Aisha. O ambiente era iluminado por uma janela central. Ao começo da sala tinha a porta a direita para o quarto de descanso.
O quarto era completamente branco e o teto era o segundo que tinha visto quando acordou pela primeira vez. Era um ambiente nostálgico. Toda falha o trouxe para esse cômodo, e foi nesse comodo o embate com Samuel e onde teve uma de suas derrotas… onde perdeu Aisha.
O sentimento ruim fez olhar para sua considerada irmãzinha, a mesma devolveu com um olhar radiante e feliz.
— Jovem Kizimu, tem alguém dormindo em uma das camas.
— É mesmo?
Pandora — Curupira — apontou para uma garota atrás das cortinhas e Kizimu se aproximou da face dorminhoca…
— Arff, cof, uff… Eii.
— Hehe.
Kizimu tampou o nariz de Althea, que dormia tranquilamente em sua cama, fazendo-a acordar rispidamente. A mesma com seus cabelos bagunçados só pode o olhar com insatisfação. Logo começou a se espreguiçar.
— O que os jovens querem?
— Theia, Theia, estamos mostrando para meu irmãozão a casa, quer vir com a gente?
— Quero não. Muito trabalho.
Althea, finalizando de se espreguiçar, pegou uma escova e começou a escovar o cabelo.
— Senhorita Althea, ao menos pode mostrar seu próprio quarto, o que acha?
— Tem interesse no meu quarto, Kim?
— Não necessariamente, mas o fato que eu nunca vi me surpreende.
— É mesmo?
Enquanto Althea trocava palavras com Kim, Aisha fluidamente já tinha tomado a escova da mão da mesma e tinha começado a pentear o cabelo dela, ela aceitou de bom grado, sendo servida pela garota animada. Kizimu vendo a cena começou a pensar. Pouco sabia sobre sua residente, gostaria de aprender mais.
— Althea, estava aqui pensando… quais são seus hobbies? Tipo, eu só vejo ou você dormindo, ou… na enfermaria.
— Meus hobbies? Bem… Vamos para meu quarto, e assim veremos. Aisha.
Althea pediu a escova e recebeu em sua mão, a mesma guardou o objeto e se levantou sem aviso prévio, sem os chamar para a nada apenas seguiu para fora da enfermaria.
A primeira porta a esquerda, saindo da enfermaria, era uma porta branca com um quadro no centro. Olhando com atenção, no quadro tinha um olho com asas. Althea entrou sem hesitar, deixando todos para trás. A mesma tinha entrado no quarto e todos ficaram inseguros, já que ela não deu uma permissão para entrar.
— Ué, vocês não vêm não?
— …
— Sim! Vem irmãozão.
Aisha tomou a dianteira e puxou Kizimu pelo braço, todos seguiram em sequência.
Entrando no quarto, Kizimu sentiu um desconforto inicial, era um quarto delicado e feminino. Tinha espalhado por todo quarto, livros de todas as coisas, romances, livros de educação, entre outros assuntos. Alguns papeis anotados e ursos jogados. A decoração confortável permitia sentir-se seguro. Talvez esse quarto fosse o completo oposto de Masha. Enquanto o da mulher desprezível era um quarto feminino com um tom adulto, o quarto de Althea parecia de uma adolescente delicada.
A dona do quarto pegou um livro da cabeceira e deitou-se na cama, ignorando as visitas.
— Seu quarto é… lindo.
— Obrigada, fico feliz que gostou do quarto da titia.
Ouvir aquela mulher que parecia uma adolescente se chamar de titia era engraçado, e Kizimu riu.
— O que está lendo?
— É a história de uma criança psicopata. Eu tô bem no comecinho, mas a criança já matou o próprio cachorro e quase matou o primo pequeno. Quero muito saber como a história vai desenrolar.
— É bem… pesado… Acho que é isso, vamos adiantar para os próximos quartos.
— Até…
— Tchau senhorita Althea.
— …
Althea nem olhou para todos que estavam saindo de seu quarto, mas Kizimu notou algo, a mesma dormiu antes que pudessem fechar a porta.
— Certo, próximo quarto é de…
— O próximo quarto é do senhor Lins.
— Ah? É mesmo…
Kizimu ainda não tinha definido o que pensar sobre Lins, o mesmo que tinha dito que não obedeceria Kizimu. Lins trazia um sentimento ruim, já tinha um tempo que algo em sua mente fixou desde que pensou pela primeira vez no assunto. Quem era o traidor? Quem soltou as informações internas? E Lins era a sua principal suspeita.
— Podemos entrar?
— Bata na porta, né irmãozão?
— Verdade.
O que será que alguém tão misterioso quanto Lins tinha dentro do próprio quarto?
Toc, toc, toc.
Passou segundos, e nada.
Toc, toc, toc.
— Lins!
— Talvez ele não esteja aí?
Kizimu falou em um tom alto, mas não foi respondido, ficando decepcionado, sua considerada irmã tentou melhorar a situação, mas não mudou e Pandora — Curupira — olhou fixo a porta.
— Eu sinto presença humana do outro lado.
— Mas ele não responde…
— …
Kim andou até a porta e bateu, dessa vez com uma força que Kizimu não possuia.
TOC, TOC, TOC.
— Ah, entre.
— Finalmente — Kizimu entrou sem pestanejar assim que obteve a permissão. — Licença…
Queria muito ver o quarto dele, por isso não demorou para abrir a porta. O que tinha no quarto da pessoa mais misteriosa da casa era… um quarto normal?
Bem, não tão normal. Ele tinha uma grande tv com diversos consoles, Lins estava em um Pc gamer usando headset, o quarto tinha diversos leds e ao lado da cama uma porta.
— Ku-Kizimu, o que vocês querem comigo? Estou jogando uma ranked.
— Ranked?
— Deixa para sua “irmãzinha” te explicar, eu to em paz aqui.
— Eii! Eu to aqui.
O jovem de olhos cansados estavam concentrados na tela ofuscante que parecia sugar ele para o centro. A forma que desprezou a palavra irmã foi mais provocando Aisha do que Kizimu.
Lins jogava normalmente com Aisha diversos jogos onlines, a rivalidade dos dois era grande nesse quesito. Kizimu vendo a forma indiferente que foi tratado, achou por decisão que não deveria insistir nele. Não era alguém ruim, ele deveria ter suas próprias questões apenas.
— Bem… acho que é isso, obrigado Lins.
Lins apenas espantou Kizimu como um inseto e continuou jogando.
— Irmãozão, irmãozão, agora vamos para o próximo quarto, vamos, vamos.
O quarto quarto conhecia, era o de sua considerada irmã.
— O quarto de Lins é bem focado em jogos, mas o meu, hehehe.
— O seu eu já conheço.
— Maaaas, vamos ver mesmo assim. Não vamos? Vamos?
De forma chorosa, praticamente implorosa ela pediu, foi sem necessidade já que ele faria mesmo assim e foi algo que Kizimu aceitou de bom grado.
Entraram no terceiro quarto depois da enfermaria. O grupo presenciou um quarto cheio de pôsteres. Um dos pôsteres era de um garoto de cabelos brancos, olhos azuis e laranjas com o título The endless. Outro poster era do anime do garoto que morre e volta no tempo que Aisha já havia citado, esse poster em questão tinha diversas garotas lindas, duas que eram gêmeas, uma de cabelos prateados belíssima, só personagens dignas de prêmio. Outro poster era de garotas mágicas fofinhas que Aisha já tinha dito que era um anime trágico e por fim um dos pôsteres de uma colegial de laço vermelho, era curioso que tinha uma corda ao lado dela, mas ignorou.
— Esse é o lar do conforto, sintam-se amados. Sintam-se privilegiados por entrar no próprio paraíso. Me amem, me adorem.
A apresentação visual usual de Aisha fez todos rirem, e a mesma pulou de um lado para o outro para mostrar seus mangás, light noveis e Action Figures que tinha comprado. Era engraçado pensar que tudo isso era comprado, pois então de onde vinha tanto dinheiro?
Eles passaram um tempo com Aisha mostrando tudo que poderia mostrar, até que enfim saíram do quarto.
— Então, o próximo quarto é?
— Ah, esse é o banheiro, Irmãozão.
Kizimu abriu a porta e viu que era realmente um banheiro que não conhecia ainda. Se não fosse avisado não perceberia, já que tinha uma aparência de uma porta normal.
— Senhorita Aisha, olhe.
— Verdade Kimzinho, está molhado.
O chão tinha uma poça de água bem problemática.
— O que eu estou fazendo aqui? — O tom de voz de Pandora mudou, assim como seu cabelo que se tornou loiro.
— Que irônico, a loira do banheiro apareceu no banheiro. Pode nos ajudar com o problema de encanamento?
— Eu sou um encanador por acaso?
— EI! — Uma voz masculina nova surgiu. — Eu ouvi que precisam de um mecânico?
Com um “Há”, um homem de cabelos vermelhos vibrantes estava rindo. Seu corpo era definido e aparecia sob sua regata preta, escrita, “acima de tudo e de todos”, em seu braço direito tinha uma pulseira em formato de coração e correntes douradas, o coração era preto e preenchido com linhas azuis, em volta tinha um adorno dourado.
— Na verdade, precisamos de um encanador — disse Kizimu um pouco inseguro. Era uma pessoa nova. Olhou em volta e os residentes tinham sorrisos nos rostos.
— Encanador? Tipo o vô Minimus do Benjun 10?
— Quê?
O homem caiu na gargalhada como se tivesse dito a coisa mais engraçada possível. Kizimu estranhou, mas ninguém ali parecia achar estranho sua presença. Ele deveria ser com certeza o décimo segundo residente.
— Desculpa, eu perdi minhas memórias, quem é o senhor? O homem deu um sorriso escancarado. Com uma animação de leão, ele bradou — Eu sou o mecânico da casa Kuokoa — falou apontando o polegar para si e com um sorriso de tiozão na face.
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