Índice de Capítulo

    Kizimu viu.

    Os frutos de sua falha.

    Kizimu sentiu.

    Os pesos de não prever o futuro.

    Ele não deu devido valor a esse caso, e agora, algo pior aconteceu.

    Ele prometeu que iria ajudar ela, e agora. Era impossível ajudá-la.

    O miasma impregnado na sala, tornava sua visão turva, algo dentro de si estava gritando, ecoando, colidindo, tudo fora do comum, tudo fora do certo, tudo destoante.

    Por mais que queria ajudar, agora era impossível, viu os limites do que era capaz, viu que não era um verdadeiro salvador.

    Para Kizimu, a morte era algo estranha, pois, significava o fim, mas, o que é o fim?

    A noção de morte, veio pela primeira vez, na morte da criança, ali, foi seu primeiro contato com morte, ao menos, dentro de suas falhas memórias.

    Talvez já tivesse passado pela noção de morte antes de perder as memórias, mas, ele não se lembrava.

    A primeira vez que viu a morte, foi com a criança loira, e ali, não teve tempo para processar a dor, não tinha amizade, nem consideração aquela criança. Uma distância existia e o seu lado racional do cérebro o permitiu continuar sem ligar para sua falha.

    Foi algo natural, ou até desumano.

    Seu segundo contato com a morte, foi John Bento, ali, quase retirou com suas próprias mãos uma vida. Lutou para sobreviver, para proteger seus amigos, a conscientização de proteger e cuidar era acima de qualquer ética ou medo de machucar.

    Mas…

    Sempre esteve lidando com mortes distantes, pessoas sem nenhuma consideração. A lógica aplicada, talvez, fosse cruel ou irreal, mas, agora, estava longe disso, pois não era uma pessoa distante ou um inimigo que fatalmente deixou seus amigos em perigo.

    Era uma amiga.

    Era alguém que dentro de si, quis proteger, salvar, cuidar, preservar o sorriso, e por isso, sua falha era mais do que aparente.

    Sua falha, seu erro, não previu que algo assim poderia acontecer…

    Por que não conseguiu impedir esse desastre?

    Por que não conseguiu prever isso?

    Por que não salvou ela?

    Por que falhou?

    Por quê?

    Por…

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    A madeira cruzou o ar, o som seco de vento sendo retorcido ao ataque era tranquilizante.

    — Uff.

    Estava fugindo.

    Estava procurando algo para fugir, e escapar e fugir da própria mente.

    — Aarff.

    Kim Umbral retornou ao reino de Insurgia e uma morte ocorreu.

    Poderia ser coincidência, mas, para ele, não tinha nada como essa tal coincidência.

    Não foi culpa da Peste, mas não conseguia parar de pensar que era culpa da sua presença. Ele ter voltado, ocasionou uma série de furtos, que posteriormente se tornou uma morte.

    Uma morte de alguém próximo a todos.

    O corte seco no ar, poderia acalmar minimamente, mas sua mente estava em um turbilhão.

    — Aaaarh!

    — Vai ficar assim até quando?

    — …

    A voz irritada do garoto, não fez Kim se sentir melhor.

    — Não se ache tanto, essa morte não te envolve, e ninguém está achando que é culpa sua.

    — …

    O garoto, irritadiço, continuava a falar.

    — Alguém roubou calcinhas, para distrair o principal objetivo, que era esse assassinato. Bellatrix está investigando o culpado, junto a Amara, Ernesto e Talia.

    Kim, continuou a cruzar o ar com sua espada de madeira.

    — Você não vai falar nada?

    — …

    — Claro, por que vai falar comigo? Nem somos tão amigos como antes, eu te ignorava por causa do seu envolvimento com o antigo caso.

    — Não é…

    Por isso… Kim tentou falar, mas, as palavras fugiram de sua boca, a espada não parecia tão real quanto antes, e seu coração estava palpitando com muita força.

    O garoto louro olhou para frente, e diante de si viu um rapaz de feições duras e cabelos bagunçados. Seus cabelos pretos lembravam seu senhor, mas os olhos castanhos eram característicos. Suas roupas estavam bagunçadas a quem não parece levar a sério se arrumar direito.

    Guto estava a sua frente.

    Apontada para si, havia uma espada de madeira.

    — Eu também quero treinar, lute comigo.

    Kim espantou-se, já que a sua frente, um olhar determinado o aguardava. Aquilo não era um olhar de medo, ou de repulsa, era um olhar de alguém preocupado, alguém completamente envolvido com a situação.

    …….

    ….

    .

    Kim não sabia como lidar com isso, mas, precisava afastar ele o mais rápido possível, foi isso que pensou.

    Ali, um confronto iniciou.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    — Você já notou não é?

    — Do que está falando?

    A alta mulher firme segurava um livro, sua presença como um abraço das areias de dunas noturnas. Seus cabelos negros, em ondas fartas até a cintura, tão escuros quanto o céu estrelado antes sem nuvens.

    Algo estava destoante, enquanto sua expressão era neutra, linda, apática e bela, sua aura parecia trovoante, como se aquele ambiente tranquilo fosse ser devastado. Apenas sua presença irradiava um ar assustador e penumbrante, isso tudo era ira sobre sua falha.

    Amara arrumou seu livro, um tal, que revelava a linhagem principal de todos do castelo estrela branca.

    — Não se faça de boba, Bella, esse assassinato, é uma cortina de fumaça.

    — Claro que eu percebi. Ao lado do corpo, uma carta preta repousava ao seu lado.

    “Eu sou seu assassino secreto. Eu estive nas sessões de busca, em um dos três times, que coisa irônica não? Mas, vamos fazer o seguinte, que tal um jogo? É um jogo de assassinato. Eu vou continuar matando um de vocês, em intervalos de 2 dias. Se me descobrirem, eu paro com os assassinatos, então que comecem os jogos.”

    Arrumou seus óculos e balançou as mechas, negras como grafite, rebeldes sobre a testa. Seus olhos verdes faiscavam lendo a carta, irritada, amassou o papel.

    — Assassinatos em intervalos de dois dias? Está brincando com a gente?

    — As câmeras não pegaram o assassino?

    — Não, não é apenas isso, a câmera pegou todos em seus quartos. Mas a própria Talia já demonstrou que é fácil passar da segurança.

    Bellatrix e Talia tiveram uma briga intensa por causa dos vídeos, o que tornava ela muito suspeita. Mas, a mesma tinha uma adaga que só poderia ter sido roubado naquela noite, o que dava inocência a ela.

    O culpado tinha como mudar as câmeras e fazer um suspeito em questão parecer qualquer um do castelo.

    — A arma do crime, foi uma adaga que apareceu na igreja, não?

    — Talia roubou aquela adaga, provavelmente pegaram no quarto dela para incriminar ela.

    — Ou foi a própria…

    Bellatrix amassou ainda mais o papel.

    — Esse tipo de jogo, é algo que Bianca faria não?

    — Mas, ela nunca mataria ninguém.

    — Talvez tenha enlouquecido, sei lá, se fossemos considerar sobre quem é suspeito, não vamos ir a lugar nenhum.

    — Mas dessa forma, sua primeira suspeita, entraria na base, não?

    Eleanor…

    Bellatrix e Bianca olharam para a foto de Eleanor dormindo. Diante as várias fotos que pegaram no quarto de Talia.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    — Kim, droga, controle sua respiração! Está agoniado demais, em uma luta, não pode demonstrar suas frustrações. Tem que estar sempre forte para não ser derrotado.

    Kim estava fraco demais, seus ataques desordenados deixava Guto levar vantagem. Ali não era o mesmo confronto que já tiveram, Guto tinha todo controle na luta.

    — Você nunca lutou frustrado antes, eu vejo isso, ao menos, não está bom o suficiente. Mesmo que fique mal, mesmo que seja o limite, tem que estar com a mente fresca.

    — Eu tô tentando.

    — Não é sobre tentar. Ser um cavaleiro é ser forte para proteger as pessoas, se estamos mal para um combate, não podemos proteger. Imagine, se estivesse lutando para salvar a pessoa mais importante para você, como se sentiria?

    — Eu…

    Como Kim se sentiria se…

    Sua mente entrou em um branco.

    Quem era a pessoa mais importante para ele?

    Kim parou, e Guto notando, deu espaço.

    O garoto de cabelos desgranhados, já passou por falhas desse tipo no passado, foi Ernesto que o ajudou a continuar. Agora, deveria fazer seu papel de cavaleiro e salvar o garoto a frente.

    Kim olhou para suas mãos, uma com uma espada de madeira, e outra sem.

    Dalia fazia parte do passado de Kim, e ela era a pessoa que Kim mais confiava, se fosse levar em consideração, a segunda pessoa que mais confiava, não era Kizimu, e sim…

    Bianca, aquela que salvou o seu sorriso quando criança.

    Seu senhor, apenas entrava em terceiro lugar na lista de pessoas que queria proteger, já que, ele era seu mais novo amigo. Graças a Dalia, conseguiu confiar totalmente em seu senhor.

    Mas, quem era a pessoa mais importante para Kim… seu senhor ou sua namorada?

    — Quem é a pessoa mais importante para você? — perguntou o louro.

    — Ãn? Que pergunta mais besta… olha, claro que eu tenho uma pessoa importante para mim, mas, eu nunca vou admitir isso. E você?

    — Eu não tenho… certeza.

    Kim perguntou para Guto sobre a intimidade dele, e o mesmo ficou meio sem jeito. Levantou novamente sua arma.

    — Atenção!

    — Hã. Ah, desculpa

    As espadas se colidiram.

    — Não está medindo a distância, nem lendo meus movimentos. Sua mente está desfocada. Suas fraquezas ficam aparentes. É alguém muito bom na arte da espada, mas, suas falhas são tão infantis que parece que estou enfrentando uma criança.

    Em um cruzado, a espada de Kim voou.

    — Vamos parar por aqui, descansar, e logo voltamos. AH!

    Guto se assustou quando se virou, lá, segurando um paninho a frente do corpo, estava Brielle.

    Suas tranças vermelhas, davam um ar fofo a ela, seu hábito escuro estava apenas em seus ombros, deixando seus cabelos a mostra, suas tatuagens ficavam a visiveis com aquele gesto gentil e delicado de entregar um pano.

    E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Bem… eu vim, entregar esse pano para limpar o suor, bom trabalho.

    — Ah cara. Muito obrigado.

    Com um leve rubor ao rosto, Guto acariciou o cabelo de Brielle, um gesto gentil que ambos já compartilhavam a um longo tempo. A garota de tranças vermelhas sorriu timidamente, mas, muito feliz.

    Kim, vendo essa interação, se sentiu distante. Eles tinham uma proximidade que Kim nunca teria com…

    Dalia refletiu em sua mente.

    Sim, ele tinha agora, não era o mesmo de antes. Ele tinha alguém que confiava nele. Os anos de solidão que passou na mansão Kuokoa, agora poderia ser preenchido, mesmo que, seja apenas por uma pessoa.

    — Kim, bom trabalho também.

    — Ah!?

    — Você também se esforçou muito, vamos passar por isso juntos.

    Brielle sorriu, ela sempre foi muito gentil.

    Kim sorriu. Um sorriso verdadeiro.

    — Obrigado, obrigado mesmo.

    — Caramba, ela só te elogiou cara, não precisava ficar tão animado, bobão.

    — Quê?

    Guto riu, Brielle sorriu e Kim ficou confuso. Mesmo que tivesse ocorrido uma morte, algo naquela relação, não era ruim.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    — Havia necessidade de uma morte assim?

    Nas sombras, duas personalidades distintas conversavam.

    — Mudança de planos, eu acho que um simples roubo não será o suficiente.

    — Quanto tempo para a iniciação do plano?

    — 10 dias, começando hoje.

    O jovem na escuridão se afastou, e a personalidade que havia cometido o assassinato, sorriu diante aquele luar tão belo.

    — Vamos ver, casa Kuokoa, do que vocês são capazes.

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    Hora do chá

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    Yahalloi

    CaiqueDLF aqui!

    Estamos de volta!! Galera, eu já tenho 25 capítulos revisados, então, não se preocupem; já serão postados todos os capítulos com antecedência.

    Como vocês se sentiram com alguns personagens sentindo a morte com seus próprios sentimentos? Muita coisa está para acontecer, um jogo de assassinato inteiro…. pupupupu, onde eu lembro que já vi isso antes? Então, comentem o que vocês estão achando, e se divirtam com a leitura. Todo dia 20:15 teremos capítulo novo, então, estarei esperando vocês.

    Esse é o volume 3; Capítulo 1: Gritos de angústia (70– 75)

    Bye bye.

    Ass: CaiqueDLF

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