Índice de Capítulo

    Nervoso estava. Seu corpo sentiu uma pressão devastadora. Cada osso em seu corpo não respondia ao comando de se mover. Uma estatua viva, era ele, o garoto louro, belo como uma pintura.

    — Kim. Eu não o culpo pelo que aconteceu, então, levante a cabeça.

    Os pulmões começaram a respirar normalmente, mesmo assim, não estava bem o suficiente.

    — Me desculpa…

    — Por que pede-me desculpa?

    Kim estava diante a uma presença magnifica. Mesmo que as roupas leves eram distantes do grande homem que via. Ali, não era um rei e seu povo, era um pai e filho.

    Estavam sentados em um grande hall, ou melhor, ali era tão grande que parecia um salão. Ali, era o quarto de Maxuel Umbral. Sentados em sofás luxuosos frente a frente, tinha os louros parentes.

    — Eu… eu não consegui prever a ação dos inimigos. Viemos para cá, porque algum problema acarretaria sobre esse reino. Eu fiquei a vontade demais, e não pude prever.

    Estava pressionando sua própria perna em frustração e seu pai notou.

    — Kim, sua mãe estava se perguntando se você estava se divertindo.

    — Hã?

    Maxuel entrou em um assunto que Kim não esperava. Seu rosto amolecido, olhos gentis e voz amaciada, dava um conforto ao garoto louro.

    — É mesmo…?

    — Sim, sua mãe estava muito preocupada que você não conseguisse se divertir, por medo do passado. Então, eu fico muito feliz que você estava a vontade.

    — Mas…

    O rei — não — o pai, Maxuel Umbral, se ergueu e andou até seu filho, sentando ao seu lado.

    — Eu estou irritado com a morte, mas, eu nunca vou culpar meu filho por isso. Não foi sua culpa, você consegue entender?

    Kim estava frustrado, irritado, se sentindo muito mal. Todos estavam ali o confortando e a culpa não ia embora. Se ele não tivesse voltado, será que seria diferente? Será mesmo que não era a sua presença que tinha dado fim a ela?

    Repousando a cabeça de seu filho ao seu peito, o homem acariciou seus fios de seda. O toque confortável que tinha ali, era muito, muito, muito…

    Assustador.

    Por mais de confortável, por mais de tranquilizador, por mais de gentil que ele fosse. Kim, não parava de tremer, e talvez, sua proximidade o fez tremer mais. Esse medo irracional, que estava sentindo diante ao rei, será que era o mesmo medo que as pessoas tinham de Kim?

    Era assim que elas se sentiam?

    Se fosse. Kim, apenas pediu desculpas internamente, por se sentir abandonado todo esse tempo.

    Logo, aquele longo gesto de carinho, foi algo que nunca seria esquecido pelo corpo de Kim. O medo ilógico de uma presença digna de ser chamada de divino.

    — Obrigado, pai.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    A noite caia no céu, enquanto Kim retornava ao seu quarto.

    Refletindo os sentimentos confusos de medo que sentiu a momentos atrás.

    Passando pelos corredores ornamentados com muito luxo, notou uma presença irradiante.

    Em pé e encostada na parede, olhava para o teto desnorteada, como se não tivesse acordada. Seus cabelos em tons de champanhe rosado, ondulados estavam soltos, dando uma nova face a ela. O doce rosto da garota parecia sentir uma tristeza enorme.

    Seus olhos, sem vida e ligeiramente vacilantes, eram diamantes tingidas de azul prateado, cada um refletindo mil pensamentos desconexos. Era como se ocultasse profundas reflexões em devaneio. A falta de sorriso era tão incomum quanto o penteado. Uma isolada gota de solidão escorreu no rosto meigo, como se isolada, pudesse fugir de sua criadora.

    Notando a presença do garoto, surpreendeu-se. A encantadora garota, em tom meigo, limpou os olhos, e voltou um sorriso de ponta a ponta a Kim.

    — Hi, como está Espadinha?

    — Bianca? O que faz acordada tão tarde?

    Ela se aproximou e olhou bem fundo nos olhos de Kim, fazendo ele nervoso dar um passo atrás.

    — Que tal passarmos um pouco? Faz tempo em que ficamos sozinhos.

    — Claro, não tem problema algum.

    A garota, de cabelos soltos, parecia uma presença completamente diferente. Kim estava nervoso, pois, dentro dele, tinha uma dúvida intensa. Será que como todos diziam, Bianca era verdadeiramente a culpada?

    Estava frustrado, pois, não queria acreditar nessa mera possibilidade. E assim, andaram juntos rumo aos jardins do castelo.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    Kizimu estava sozinho mais uma vez. Kim tinha ido ver o rei, e logo voltaria.

    Estar sozinho era estranho, mas bem satisfatório, talvez pensasse assim, mas, dessa vez era tão vazio.

    Hermione estava morta, e esse fato não iria mudar.

    Balançou a cabeça na cama, tentando parar de pensar nisso. Naquela cena, tão brutal. Estava agoniado, nervoso, sua perna não parava de tremer.

    Parou e olhou para sua própria mão.

    — Se tiver um assassino… o quão forte ele é?

    Será que terá de enfrentar um assassino? Seu último contato com um assassino foi John Bento e ele foi muito trabalhoso. Kizimu não era tão habilidoso em combate.

    Puxando a manga da blusa, revelou um bracelete de metal, um presente dado a ele por Ronan, o décimo segundo residente.

    Um bracelete que absorvia completamente um impacto. Era algo bem útil em combate.

    Mesmo que fosse entrar em um combate, não se sentia seguro quanto a lutar.

    Eu aceito. Eu vou. Eu protegerei a todos. Não vou deixar que mais ninguém morra.

    O quão vazios eram as palavras que disse? O quão real era a possibilidade de conseguir cumprir.

    — Kuzimu, me diga, por que eu sou tão fraco…

    “Não é uma questão de ser fraco, você apenas nunca treinou, como seria forte?”

    Divergindo dos sinos que esperava ao falar seu nome, obteve uma resposta eloquente. Isso era tão estranho que levantou da cama em um pulo, ficando sentado.

    — Por que você me respondeu?

    “Sua cabeça está uma bagunça, está me incomodando, e eu faço o que eu quiser fazer, se eu quiser responder algo, eu farei.”

    — Você sabe quem matou Hermione?

    “Não, dessa vez eu não tenho ideia.”

    Kizimu ficou mais animado em ser respondido, como se fosse um resquício de algo que logo poderia acabar, continuou.

    — Você acha que a assassina é usuária de maldição?

    “Existia muita assinatura de núcleos sobre a assassinada, mas, acho que isso era devido a própria maldição. Talvez o culpado, seja sim um usuário de maldição, mas não podemos descartar que é usuário de Bênção.”

    Kizimu começou a andar pelo quarto, enquanto ficou inquieto.

    — Como que a assassina passou por toda a segurança? Tinha câmera, guardas, e Bellatrix estava investigando tudo.

    “É por esse exato motivo que eu acho que tenha envolvimento sobrenatural envolvido. Não é um mero roubo ou assassinato natural. Além disso, lembre-se que a própria Minne enviou a carta para vocês, se ela solicitou a gente, com certeza é algo que envolva a mansão Kuokoa.”

    Kuzimu estava muito cooperativo, isso fez Kizimu ficar muito feliz, como uma criança em um passeio. Logo, continuou a conversar com a nova presença em sua mente.

    — Você tem razão. Foi Jason que mandou a gente para cá, além disso, foi Minne que mandou a gente para Jason. Eles já imaginavam que algo assim iria acontecer. Mas. Se ela sabia, por que não avisou?

    Será que Minne planejou tudo isso? Ou no mínimo, ela sabe o culpado? Minne portava muitos mistérios, não seria estranho que ela soubesse de tudo.

    “Talvez ela não sabia exatamente o que iria acontecer.”

    — Talvez? Você não ter certeza de algo me assusta.

    “Hm, você não entende ainda minha maldição. Eu não tenho todas as verdades do mundo. Minne, por exemplo, é um completo mistério o que se passa na mente dela. Meus conhecimentos são enormes, mas, limitados a um núcleo existente. Mas, não é hora de falar sobre isso. ”

    Kizimu ainda não sabia direito qual era a maldição de Kuzimu, teorizava ser uma inteligência fora do comum. Mas talvez fosse algo mais complexo. Não ser a hora de falar sobre isso era muito chato.

    Sua considerada irmã sempre fazia isso. Em vários determinados assuntos Kizimu nunca poderia saber.

    — Vocês sempre com esses mistérios, sobre eu não poder saber por que eu não tenho idade.

    “Errado, não é sobre sua idade. É sobre você mesmo, você não pode recuperar suas memórias perdidas. Algo muito ruim irá acontecer quando você se lembrar.”

    — Tão ruim, que você não quer que eu lembre?

    “Sinceramente não me importa, mas deixaria ela triste”

    — Entendi. Saindo de coisas que eu não posso saber, para coisas que eu posso. Existe alguma maneira de resolvermos esse assassinato?

    Kizimu moveu sua mão como se posicionasse uma caixa e colocasse ao lado, mudando de posição.

    “Você pode investigar, sempre existe essa possibilidade.”

    — Mas, não adianta eu perseguir algo que não existe… tipo, não tem como você me dar olhos que me deixem ver no escuro, ou algo que eu consiga sentir a presença humana?

    “… acho que podemos fazer algo parecido. Notar presença humana, seria um truque até que fácil, então, eu acho que consigo fazer algo assim. O que torna possível ou não é você conseguir realizar o ritual”

    — Ritual? Tipo os que Masha faz? — Animou com a possibilidade.

    “Ritual, como os que você mesmo já fez. Seu choque de mão, a conjuração das chamas roxas pela sua lâmina. Mas, agora, quero que você seja capaz de usar o Núcleo Lambda. Se transformar esse elemento de luz, que se faz na mente, e ocultar a colocação eficaz de sua própria essência, podemos manipular e gerar algo eficiente, tal como uma transformação ou visão proeminente do que for necessário.”

    Kizimu parou e ficou com seu cérebro fritando.

    “A transformação de um núcleo para um ritual não é de sua necessidade aprender. Mas, o que você quer fazer não é nada que alguém já tenha criado. Seria como usar o núcleo de analisar e obter informação, para moldar e obter uma informação única. Pois então, se transformar ela em um ritual de ativação mecânica, onde, sempre que uma presença humana aparecer, ela funcione.”

    Kizimu estava girando seus olhos em tanta confusão, até que, algo o iluminou.

    — Ah, entendi. Espera, essa informação foi parar no meu cérebro explicadamente, como você faz?

    “É exatamente esse mesmo núcleo que falei, mas, com a função executiva de passar uma informação que eu quero passar. Se eu quero passar o conhecimento, tal núcleo ritualístico é necessário, então, eu repasso.”

    — Isso, na verdade, é bem útil. Olha, você é estranhamente útil, por que não conversamos assim normalmente? Podemos ser amigos, poxa.

    “Eu não tenho motivos para ter uma amizade contigo. Isso seria… problemático.”

    — Mesmo assim, muito obrigado. Certo, a partir de amanhã eu vou começar a investigar, e você vai me ajudar, ok?

    “…”

    Kizimu ouviu um suspiro ecoar em sua mente, e logo, mais nenhuma de suas conversas foram respondidas.

    Kuzimu era um mistério completo, e se incomodava pelo fato de que não poderia saber de tudo, mesmo assim, estava feliz, pois, agora, um novo ritual poderia ser aprendido.

    Deitou e se acomodou, mais confortável que antes, dessa vez, nem um pouco ansioso.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    A grama verde refletia o prateado da lua. A noite, estranhamente calma, trazia uma brisa que parecia suspender o tempo — como se o mundo, por alguns instantes, respirasse em silêncio.

    Kim, imerso em reflexões tardias, sentia um peso nervoso no peito. Estava diante de sua amiga de infância, aquela que nunca o temeu. Nem mesmo quando sua maldição havia ceifado companheiros inocentes; nem mesmo quando sua sombra parecia maior que ele. Bianca sempre manteve o sorriso, sempre esteve ali, sustentando sua dor com a leveza insuportável de sua própria presença.

    A garota girava a saia travessa, como quem brinca com o destino. Seu brilho era noturno: um reflexo da lua que, naquele instante, parecia refletir não o sol distante, mas a luz caótica dela. Brilhante como uma estrela em fúria, ardente como uma labareda indomável, imprevisível como um destino impossível.

    — Era uma vez um sorriso acorrentado, que ainda refletia. Ecoava em sombras, ninguém percebia. Buscou êxtase, mas nada pulsava, até que um demônio a mão lhe ofertava. No toque profano, sentiu esperança, primeira emoção, febril confiança. E no fim da dança, a morte sorriu, na dor da partida, feliz ela partiu.

    Kim reconheceu os versos. Era o antigo poema que Bianca repetia em sua infância, “a criança do sorriso acorrentado”. A lenda da garota que nunca pôde sorrir verdadeiramente — até encontrar a morte nas mãos de um demônio. Bianca sempre se identificara com essa figura, como se buscasse, em meio ao caos, uma felicidade impossível. Agora, Kim percebia: talvez ele também fosse essa garota. Seu sorriso, tantas vezes exposto, nunca havia sido inteiramente verdadeiro.

    — Eu lembro desse poema. Você gostava muito dele.

    — Kim, me diga… você é idiota?

    O sorriso travesso à sua frente era genuíno, um brilho cristalino que cantava em caos. O olhar dela parecia ler Kim por inteiro, desmontando suas muralhas.

    — Do que está falando?

    Ela fechou um olho, ergueu o dedo teatralmente e desenhou um círculo no ar.

    — Eu já estou bem incomodada, você fica aí pensando, ai, Hermione morreu, a culpa é minha, é minha, mas — o dedo deslizou até pousar em seu nariz. — Mas, diferente da morte dos seus companheiros no passado, o agora, sua presença foi totalmente irrelevante.

    — …

    A resposta infantil e cruel o silenciou. Bianca girou no próprio eixo, tirou de sua roupa um pano branco e começou a dividi-lo, e fazer rabos de cavalo em seu cabelo com tais panos.

    — Olha, somos feitos de nossas escolhas, e suas escolhas o levaram a chegar aqui. Mas, não acho que tudo aconteceu por que você está aqui.

    — Você acha?

    — Você sabe que eu nunca fico por fora das coisas, então, eu estive investigando por mim própria. E eu digo e afirmo que essa morte aconteceria mesmo sem vocês estarem aqui. — Amarrando laços brancos, concluiu. — Mas, talvez, foi o chamado de morte que os trouxe aqui, não o contrário.

    As peças se encaixavam. Jason havia dito que algo estava para acontecer em Insurgia. Não fora Kim que trouxera a morte… fora a própria morte que chamara Kim.

    — Bem, é isso que eu acho — anunciou com um ar triunfante.

    — Caramba, acho que você tem razão. Só você mesmo para conseguir me fazer me sentir melhor.

    — Huhuhu, sempre foi assim, não? Lembra quando eramos crianças?

    Sim. Bianca sempre estivera lá. Antes e depois da tragédia, sempre madura demais para sua idade, sempre um caos sábio que ninguém conseguia prever.

    — Por que me chamou aqui?

    — Eu queria tirar esse sua ideia da sua cabeça, que a culpa é sua.

    — Mas, eu não falei nada com ninguém.

    — Caramba, você é idiota mesmo, né?

    Um peteleco na cabeça o fez tombar um pouco para trás. Kim ergueu o olhar e encontrou aquele sorriso — perfeito, impetuoso, devastador.

    — Somos amigos, Kim, é claro que eu sei o que está pensando.

    O coração dele falhou uma batida. Ele nunca esperara ouvir aquilo. Sabia que confiava nela, mas não havia rótulo, não havia confirmação. Dalia havia lhe dado amor. Bianca, naquele instante, lhe dava amizade.

    — Somos… amigos?

    De braços abertos, ela declarou:

    — Claro que somos, não é por que passou todo esse tempo que algo mudou, somos aliados do caos, aqueles que vão salvar o reino da tristeza e irradiar o brilho a todos. Somos os cavaleiros do sorriso.

    O passado o atingiu como uma maré: os cavaleiros do sorriso. Espadas de madeira, castelos em desordem, gargalhadas em corredores proibidos.

    — Será que ainda somos os cavaleiros dos sorrisos?

    — Como assim?

    — Eu segui o que você me disse no passado, e eu continuei a sorrir, mas, assim como a garota do sorriso acorrentado, eu sinto meu sorriso…

    — Nananão. Isso já desapareceu tem um tempo, Kim — ela segurou seu braço com firmeza.

    Ao ouvir seu nome em sua boca o prendeu no instante.

    — Depois que Dalia e você se juntaram, e você se conectar com seus antigos amigos, seu sorriso é o mais verdadeiro sorriso.

    Como uma grande revelação, seu coração foi preenchido com uma maré de energia, ficando completamente em êxtase, aquele sorriso que o dizia tais verdades, eram…

    O sorriso mais do que confortável, o sorriso mais-que-perfeito, o sorriso doce…

    O falso sorriso.

    — Bianca, você também está triste com essa morte, certo?

    Bianca congelou.

    — Quê? Claro que não, estou muito feliz. Agora, eu posso finalmente ser acusada e ter a chance de sentir o medo.

    Ela rodopiava como num teatro, máscaras invisíveis dançando ao seu redor.

    — Para de brincar, você era amiga de Hermione também, você claramente está com um falso sorriso.

    — Não! — explodiu. — Esse meu sorriso é verdadeiro! … tem que ser verdadeiro.

    O grito ecoou. Logo o sorriso retornou, colado ao rosto como uma máscara dolorosa.

    — Você esqueceu que já conversamos no passado, certo? Eu sei que você se sente como a garota do sorriso acorrentado.

    Seu sorriso vacilou.

    — Eu estou sorrindo de verdade, estou sim. Olha, olha para mim, Kim. Digo, Espadinha, olha para mim.

    Ela o segurou pelos braços. O sorriso era radiante, mas Kim o conhecia: era o mesmo falso brilho que um dia carregara.

    — Bianca, poxa, somos amigos, não pode falar como está se sentindo para mim? — Kim se soltou e, agora, foi ele quem segurou o braço dela. — Não fica fingindo para mim!

    O sorriso quebrou. Ela tentou escapar, mas Kim a segurou firme. Ambos tropeçaram e caíram, um sobre o outro.

    Uma lágrima quente caiu no rosto de Kim. Os longos cabelos dela que se soltaram dos laços, o cobriam, e as lágrimas deslizavam sem controle.

    — E-eu… eu preciso sorrir. Eu tenho que mostrar-me forte, para todos, você sabe disso.

    — Eu sei disso. Porque somos os cavaleiros do sorriso.

    — Eu preciso que eles sorriam, eu preciso que eles sejam capazes de sorrir, porque, eu não sou capaz disso.

    O choro dela cortava o silêncio. Queria ser um farol, mas era humana. Queria ser uma heroína, mas estava quebrada.

    — Eu preciso ser forte, e preciso dar o melhor show de todos. Preciso aproveitar essa oportunidade. Talvez eu finalmente possa sentir medo, para conseguir finalmente sorrir de verdade. O desespero, de não poder prever as coisas, o caos do improvável. Eu quero sentir isso, eu quero sentir-me nessa loucura. Mas, por que eu tenho que ser tão normal?

    ‘Eu nunca consegui me sentir bem. Eu nunca consegui sorrir de verdade. Mas, o medo, todos esses sentimentos, tão fortes, maior que o amor, esperança e desespero. Talvez quando eu sentir esse medo. Assim como a garota do sorriso acorrentado.

    ‘Talvez assim, eu possa sorrir, eu possa finalmente ser feliz, quando eu encontrar a morte real. EU APENAS QUERIA SORRIR COMO TODO MUNDO!

    O desespero de Bianca ecoava fundo no coração de Kim. Ele a ergueu em um abraço apertado.

    — Hã?

    — Eu vou te ajudar, eu vou te ajudar a te dar seu sorriso verdadeiro.

    — Kim…

    Sua voz chorosa era quase insuportável. A garota que irradiava caos agora estava sufocada pela própria máscara.

    — Eu sei quem matou Hermione.

    — Você…

    — Eu não vou dizer. Eu vou aproveitar e finalmente encontrar o meu medo! Eu preciso disso, mesmo que eu morra. Eu preciso! E por isso Kim, por favor, por nos dois, mantenha seu sorriso no rosto. Sorria, seja o sorriso mais verdadeiro.

    Testa contra testa, um sorriso confortável. Kim se encheu de um calor inesperado. Bianca sempre seria assim: caótica, sábia, destruidora de muros e construtora de esperança.

    Uma cavaleira do sorriso.

    — Certo, então, eu vou quebrar seu sonho.

    — Quê?

    Kim sorriu.

    — Eu vou descobrir quem é o verdadeiro culpado, e vou impedir você de sentir o medo, assim, você será obrigada a sorrir pelo resto da sua vida.

    Bianca gargalhou. — puff, e como isso vou me ajudar?

    — Porque você vai sentir medo de mim.

    Ele sorriu, e eles tão próximo que podiam sentir a respiração um do outro se entreolharam.

    — Eu vou sentir medo… de você. — Bianca hesitou, mas sorriu novamente, um sorriso diferente, novo, frágil. — Isso é loucura, isso nunca vai dar certo.

    Riram juntos. A lua brilhou mais forte sobre a grama, testemunha de dois adolescentes que, entre lágrimas e caos, ainda conseguiam rir.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota