Índice de Capítulo

    Kizimu pegou suas roupas, e andou com Bellatrix até um local separado na ala central, desceram diversas escadas e começaram a seguir por um caminho quase subterrâneo. Ali, Kizimu viu uma prisão, porém não foram para lá.

    Seguindo os corredores abaixo da terra, eles seguiram para corredores mais estreitos e lá tinha uma porta de ferro. Abrindo uma grande haste pesada, um cômodo se revelou, uma mini cela simples.

    Um guarda-roupa pequeno, uma cama, uma escrivaninha e… uma tv? Por que em uma cela tinha um conforto que não existia nem no quarto de hóspedes?

    — Bellatrix, por que aqui tem uma televisão?

    — Essa não é uma cela comum, ela é apenas uma cela de contenção. Não acredito que você seja o culpado, por isso, darei esse luxo a você.

    — Obrigado…

    Kizimu entrou e colocou suas roupas em cima da cama, ele arrumaria depois. Um som de trava se escutou, e Bellatrix entrou.

    Por que ela trancou a porta? Kizimu ficou um pouco tenso, e apenas começou a analisar o quarto. O guarda-roupa, pequeno, era simples, assim, começou a colocar suas roupas que trouxe. Eram apenas algumas camisas lisas, shorts, calças e cuecas. Aisha deixou três moletons com estrela azul no centro. Agora usava um azul com estrela idêntica a Aisha.

    Bellatrix colocou uma mesa no centro do quarto, e puxou uma cadeira para ambos. Kizimu andou e se sentou, a pedido dela. A tática sentou-se e puxou um bule de café.

    — De onde tirou um bule de café?

    — Do mesmo lugar que tirei as xícaras, daquele armário acima.

    Kizimu viu um armário do lado da porta, e um frigobar, aquele quarto era tão completo que era assustador.

    O café foi servido e Kizimu sentiu um frio na barriga, como se algo de ruim aconteceria se bebesse aquele café. Aquilo era Kuzimu usando a transferência de informação para si, mas por que Bellatrix estaria fazendo algo desse tipo?

    — O tem nesse café?

    — Grãos moídos, açúcar, e um pouco de leite.

    — Eu digo, o que de ruim tem nesse café?

    Bellatrix ergueu uma sobrancelha, e ficou intrigada.

    — Mesmo sendo alguém inocente, é mais inteligente que o esperado. Mesmo assim, eu não irei responder, beba.

    — Eu não vou… tipo, morrer, certo?

    — Não. — disse calmamente.

    Ela não parecia estar mentindo, então… deveria confiar? Ela estava olhando muito profundamente para Kizimu, lendo-o, estudando-o, vendo sua alma. Ela era uma mulher muito interessante e o garoto se sentia confortável com ela, como se confiasse inconscientemente. Uma presença que trazia sentimento de tranquilidade.

    Apenas sua presença trazia um carisma profundo, enquanto uma beleza oculta fazia presente em seu olhar afiado e sereno. Seus olhos verdes fixados em si, uma mulher tão incrível e… bela.

    Kizimu sentiu um leve calor no coração, ao finalmente notar que ela era uma mulher linda. Seu coração palpitou, e um sentimento de curiosidade se formou. Aos poucos perdia o medo de mulher bonita, e isso se formava um tom de curiosidade infantil.

    — Não vai beber?

    — Desculpa.

    Kizimu logo virou a xícara, sem nem mesmo pestanejar, bebeu todo o líquido marrom. A qualidade era excelente, mesmo diante os cafés que já bebeu em sua casa ou que tomava no café da manhã do reino, aquele era de maior qualidade. Além disso, era muito doce, talvez isso tenha aumentado sua qualidade.

    — Está muito bom. O do que é feito?

    — Ele foi feito de grãos muito bem selecionados. Então, vamos começar. Conte-me um segredo seu.

    — Um segredo meu? Ah, Aisha disse que não podemos falar sobre as Bênção e Maldição, já que o governo pode querer investigar a gente se souber disso…

    Kizimu parou, olhou no fundo dos olhos esmeraldas de Bellatrix e sentiu um medo apavorante. Seu corpo, sua alma, sua mente. Ele revelou um segredo como se não fosse nada. Não foi apenas um erro cometido, ele obedeceu Bellatrix com um prazer.

    — O que…?

    — Eu não sei o que deveria significar Bênção e Maldição. Mas foi diferente do que eu imaginava.

    — O que tinha nesse café?

    Bellatrix riu. Ela colocou seu queixo acima das mãos cruzadas.

    — Kizimu, me diga a verdade, você é o assassino?

    — Não, eu não sou.

    — É mesmo? Eu acredito em você.

    Kizimu respondeu, mas foi mais assustador que isso, foi como se seu corpo tivesse se movido sozinho.

    — Eu sou portadora de um veneno proibido que eu chamo de Submissina. Como Comissária da Ordem eu tenho meus truques para interrogação. Ela mexe com seu cérebro e te deixa suscetível a comando com facilidade por minutos. É algo proibido, mas, o rei me permite usar para meus interrogatórios.

    — Uau — Kizimu ficou muito curioso e encantando, mesmo que ele foi a cobaia para tal droga tão efetiva. — O quão poderosa essa droga é?

    Bellatrix pareceu satisfeita com a pergunta, e feliz e ela respondeu.

    — Desse jeito. Levante, pegue sua arma e ponha contra sua própria garganta.

    Kizimu sentiu seu corpo travar, envolver em um modo de ação obrigatória. Contra sua própria força, ele se moveu, sem conseguir nem falar. Ele andou, pegou a faca que escondeu entre as roupas, e tirou da bainha. Em sequência, colocou contra o pescoço e pressionou. A ação aterrorizante não poderia ser mais profunda e assustadora.

    Kizimu sentiu a pressão do quão poderoso era essa droga, e não pode conter o medo.

    Mas… logo seu corpo voltou ao controle.

    — O efeito não é tão duradouro, claro que isso é com base na quantidade que se coloca. Ela é prejudicial ao corpo, por isso, não deve ser colocado muito.

    Bellatrix se levantou.

    — Eu vou ver com Bianca também se ela é a culpada mesmo, pode se acomodar aí, e nem pense em tentar sair. Eu tenho uma câmera aqui.

    — Certo, eu não vou sair! — bateu continência, mesmo que assustado, e aterrorizado.

    E finalmente Kizimu estava sozinho no próprio quarto.

    — … É… agora sou eu, e eu mesmo.

    Descansou.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    Kim andou sozinho pelos corredores. Dalia pediu para ficar com ele, mas, ele queria um tempo. Agora, apenas com ele mesmo, Kim não sabia o que pensar.

    Por dentro, ele já tinha aceitado que a culpa não era dele. Mesmo assim, novamente falhou em descobrir quem seria o próximo a morrer. Falhou em sua missão, e mais uma amiga sua morreu. Não teve tempo para conversar com ela, para reaproximar.

    Kim estava estagnado em sua falha, e agora algo pior aconteceu. Kizimu estava sendo acusado, e pior, por Dalia. Tinha certeza que seu senhor não era o culpado, mesmo assim, Dalia insistiu de toda maneira.

    No dia anterior, insistiu para sua namorada para que ela não falasse para ninguém sobre o que ela viu. Ela, frustrada, até aceitou, mas não permitiu Kim ver Kizimu. O mesmo de cabeça cheia não sabia o que pensar.

    Dois assassinatos, em um período de 2 dias de diferença, algo assim era assustador. Antes tinha sido apenas uma morte, agora, era uma afirmação que aquilo iria continuar.

    Jason tinha avisado que algo aconteceria em Insurgia, mas não estava fazendo nada. Por isso brandeou sua arma firmemente. Precisava de algo para clarear sua mente, para parar de pensar ridiculamente.

    — Vamos lá. — puxou o ar. Atacou. — Uff… — soltou ar.

    Inspirou, atacou, expirou.

    Inspirou, atacou, expirou.

    Inspirou, atacou, expirou.

    Inspirou, atacou… — Argh.

    Kim caiu no chão quando não conseguiu manter sua mente sã. As lágrimas vieram, não era capaz de se acostumar com a morte de pessoas tão próximas.

    Hermione, antes de virar empregada, já brincou com ele quando criança, mas, não tanto a ponto de serem amigos. Por outro lado, Eleanor, sim, ela foi uma amiga sua, até os acontecimentos de sua maldição.

    Ela era próxima, mesmo que os mesmo não se aproximaram novamente.

    — Por quê? Por que isso está acontecendo? Eu não posso só ter um passeio normal?

    Kim não conseguiu aproveitar como gostaria de aproveitar. Claro, encontrou uma felicidade extrema, mas, por que agora estava sendo retirado dele?

    …….

    ….

    — Dalia…

    E se retirassem dele, ela? E se matarem a pessoa que ele mais ama, e se ele tiver que perder a pessoa que mais confia?

    — E Kizimu… por que ele?

    O que Kizimu estava fazendo? Ele não foi dito por Minne ser alguém incrível que seria capaz de resolver todos os problemas? Por que agora que Kim estava sofrendo Kizimu não conseguia salvar ele?

    Kizimu tinha que resolver essa situação. Ele precisa, como o senhor de Kim.

    — Isso é, egoismo demais.

    Claro que é. Pensar dessa forma desastrosa, horrenda. Ele era o cavaleiro pessoal e gostaria que seu senhor resolvesse os problemas? Poderia ser mais egoísta que isso?

    — O que está fazendo caído aí, seu idiota?

    — Olhando assim, ele parece bem patético, né? Irmãozão.

    Kim estava ofegando pendurado na sua arma que estava fixa com sua ponta no chão. Ajoelhado, ele levantou sua cabeça para notar as vozes que o aguardavam e Kim resfolegou.

    — Não… é… possível.

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    Kim olhou para a dupla.

    O primeiro tinha cabelos dourados e bagunçados. Ele sorria travessamente, como uma criança brincalhona. Seus olhos eram de um azul cristalino, brilhantes como safiras, usurpando o ápice de seu carisma.

    Ao topo de sua cabeça, repousa uma coroa dourada de espinhos e seu manto dourado caía sobre os ombros.

    Ao seu lado, como um contraste obsceno. Seus cabelos loiros estavam penteados de forma mais reta e ordenada, seu olhar era sério e determinado. Seu corpo revestido por armadura reluzente, que se destacavam como estrelas em meio ao aço. Um manto azul-real descia de seus ombros, dando-lhe ares de um cavaleiro de elite ou de um príncipe guerreiro.

    Em suas mãos firmes estava uma espada majestosa, com o punho encrustado de joias, a perfeição que aquela arma tinha, condenava que era quase viva.

    — Meus Irmãos…

    Kim estava diante seus dois irmãos, o mais velho e o mais novo, ambos eram um contraste enorme, tal como o sol e a lua.

    — Que coisa insignificante, você não tem orgulho?

    — Leo, vamos lá, as amigas dele morreram, não pega no pé dele.

    Kim abaixou sua cabeça, não tinha energia para lidar com seu irmão mais velho. Ele não era uma pessoa ruim, mas sempre foi rígido, mais do que seus próprios pais. Sempre, sempre foi rigoroso.

    Uma mão se ergueu na sua frente.

    — Absalom?

    Um sorriso confortável roupou no rosto leve e carinhoso, um garoto tão meigo era até um desperdício com irmãos tão egoístas como os que aquele olhar gentil tinha. Kim ergueu sua mão e…

    — Está sendo gentil demais.

    Uma mão bateu na mão de Kim. Impedindo o toque, Leonardo o olhou com desprezo. O irmão mais velho estava olhando com raiva e então, Absalom se irritou também.

    — Para de ser chato, não consegue entender a situação?

    — Kim, se levante, não abaixe a cabeça. Tenha orgulho, você é filho do rei.

    Kim ouviu as palavras mais pesadas que já ouviu.

    Filho do rei.

    Esse peso sempre o acompanhou, desde pequeno, mas agora, seu símbolo era tão distante.

    — Eu sou um filho deserdado.

    — Tolo, meu pai nunca deserdaria nenhum de nós, e por isso…

    O mais velho puxou pelo colarinho da roupa arrumada de Kim e ergueu ele a força, colocando em pé novamente.

    — Pegue sua espada, vamos lutar.

    — Ei, ele não está em condições.

    Leonardo empurrou o mais novo e andou pelo campo, ficando a uma distância considerável.

    — Levante-se, vamos.

    Kim, não sabia o que pensar, não sabia como pensar, não sabia se merecia pensar.

    Então, o louro irmão do meio pegou sua espada.

    — Kim, você não precisa…

    — Abyss, deixa comigo, eu preciso disso.

    Kim afagou sua mão na cabeça de seu irmão mais novo e bagunçou os bagunçados cabelos, então, olhou para frente e tentou manter firmeza.

    Guto já tinha lhe ensinado que em uma luta deve focar totalmente na luta. Se fosse necessário proteger seus companheiros, não poderia se atrapalhar quanto a isso, então, essa seria a luta necessária para provar sua força.

    Kim ergueu sua arma, e olhou para seu irmão. Os olhos azuis dele eram poderosos e firmes, sua postura era tão perfeita que vinha uma visão de Ernesto e Cassian em sua mente. Respirou fundo, e soltou o ar.

    — Certo, vamos!

    — Finalmente, demorou demais. Agora, vamos!

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