Capítulo 83: Asas

Kizimu terminou seu almoço e recebeu uma liberação de Bellatrix.

Guto havia pedido para ficar cuidando de Kizimu, e como ele ficaria de olho, Bellatrix permitiu, onde depois o mesmo levaria ele diretamente para seu quarto.

— Você está bem, Kizimu?

— Estou melhor.

Kizimu chorou muito com sua irmã e logo sua maldição voltou a sua mente, algo muito estranho de acontecer. Estava normal como antes.

— Eu posso realmente ficar fora da cela?

— Nem. Mas prometemos treinar, não?

— Verdade!

Kizimu disse animadamente, treinar era um conceito divertido para si. Porém, percebeu algo.

— Mas eu esqueci de pegar minha arma hoje, tem problema?

— Que tal aprender a usar uma espada? Você já experimentou uma?

Os olhos de Kizimu brilharam como duas joias douradas e pulou em Guto.

— NUNCA! Sério que eu posso aprender?

Guto riu. — Claro que podemos.

Kizimu e Guto chegaram até os jardins da ala central, e lá notaram uma bela presença iluminada pelo sol. A luz dava um ar místico, aquela beleza de fada, e sua aura divina representava a si enquanto escovava suas tranças vermelhas.

— Opa, como está Bri?

— A graça do Senhor Jesus seja com vocês. Estou passando.

Os olhos da garota estavam um pouco inchados e ela mesma limpou seus grandes olhos rosados com um pano delicado.

— Eu estou um pouco abalada com a morte de Eleanor, mas, Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

— Vai ficar tudo bem, eu confio nisso.

— Eu confio no meu senhor também, mas gostaria de fazer algo a respeito, se eu pudesse fazer algo…

Guto fazia carinho na cabeça de Brielle para acalmar ela. Lá, ela pegou a mão dele e levou até sua bochecha, abraçando e fazendo uma pequena oração. Logo notou sua ousadia e soltou a mão, agitada.

— N-não. Eu apenas queria pedir a Deus que protegesse você.

— Não tem problema, eu também peço muito a Deus para você ficar bem. E temos que cuidar do nosso aluno aqui também, certo?

A garota do hábito escuro olhou para Kizimu com seus grandes olhos rosados, e deu uma pequena risada.

— Ele é tão desajeitado que duvido que poderia usar os fios de aço como arma do crime.

— É o que eu disse, né? Pois então Kizimu, fique tranquilo, não duvidamos nem um pouco de você.

Kizimu ficou aliviado com isso, e voltou sua animação para o pequeno suporte com espadas que tinha, ela era como uma grande bainha de metal com diversas espadas estocadas nela.

Puxou aquele afiado metal em suas mãos. A espada caiu pela forma desajeitada de segurar. Ficou boquiaberto por um metal tão brilhoso. O garoto de cabelos pretos não compreendia o quão incrível era aquela espada, mesmo assim, conseguia ver a qualidade do aço.

— Todas as espadas são feitas por Seraphina, por isso são de tão boa qualidade.

Guto pegou uma espada em mãos, e mostrou sua qualidade tão assertiva. Cortes incríveis retorceu o ar a sua maneira como se ele fosse o controlador divino dos ventos.

— Aii.

Kizimu tentou bater palmas, deixando desajeitamento a espada quase cair no próprio pé. Guto riu e andou ao seu lado.

— Certo, vou te ensinar as posições iniciais, consegue me imitar?

— Certo, eu consigo!

Kizimu iniciou seu treinamento, e animadamente imitou guto.

Seu treinamento durou a tarde toda. Ficando com seus ossos todos doloridos. Kizimu aprendeu diversas posições e aprendeu a base completa do ataque com espada.

Aquela visão foi muito boa, pois conseguiu compreender até mesmo o uso da própria lâmina.

Kizimu era desajeitado, mas, Guto era um ótimo professor, não apenas ensinou posição física, mas deu treinos de melhorar o físico. Explicou para Kizimu como se mover e deu deveres de casa para ele, foi muita informação, mas animadamente pareceu assimilar tudo.

Aprender não era difícil, replicar tinha sua dificuldade, existem coisas que o corpo há limitações, mas a qualidade de ensino de Guto era muito boa.

— Muito bem Kizimu, você aprende rápido.

— Obrigado, eu estou dando meu melhor.

Kizimu secava seu suor e sentia toda a dor do seu dia tão exaustivo, mas de repente Amara chegou até ele.

— Finalmente eu te achei, posso falar um pouco com você.

Kizimu olhou para Guto que fez sinal de positivo. Com a permissão de seu mestre, o garoto andou com Amara até um canto.

— O que aconteceu?

— Estou pensando em reunir meu grupo de novo. Quero investigar.

— Quer investigar o assassino?

Kizimu também queria investigar, queria muito, e ter a permissão de sair seria uma grande ajuda.

— Sim, então, eu vou reunir o grupo.

— Eu posso pedir algo?

— Qual foi?

Kizimu até entendia que precisavam fazer todo o esforço necessário para achar o assassino, mas existia algo que o deixava nervoso.

— Poderíamos não chamar Pandora? Eu não quero envolver ela com a procura do assassino, é perigoso.

— Está com medo de envolver ela? Há, não tem problema, não envolveremos então. Mas, para eu ter certeza, eu vou levar você comigo, assim posso ficar completamente de olho.

— Tudo bem por mim.

Contanto que pudesse proteger Pandora, estava tranquilo.

— Certo, o que vamos investigar?

— Amanhã vamos investigar minha principal suspeita… e ela é… a comissária de ordem, Bellatrix Ursula.

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— Oieee, como você está Pandora?

Logo após o almoço, Bellatrix tinha ido informar Aisha que Guto ficaria com guarda de Kizimu momentaneamente, assim, Aisha se despediu dele e foi procurar sua amiga.

Ela tinha visto como Pandora se afastou de Kizimu no almoço e achou super estranho, ficando preocupada.

— Eu estou bem, eu acho. Você não tinha que ficar com Kizimu?

— Ele vai ficar com Guto agora, então, eu vou ficar com você. Eu não vou deixar minha amiga sozinha em tempos tão perigosos.

Aisha tinha medo de deixar Pandora sozinha e ela virar mais uma vítima. Agora com Kizimu resolvido, ela poderia voltar a cuidar de sua amiga.

Sua questão com Kizimu foi parte da própria preocupação, mas, acima de tudo, algo mais estranho ainda. Uma mensagem de Minne tornou a preocupação mais profunda.

— Então, o que faremos agora? — Aisha sorriu para Pandora.

— Você está bem? Eleanor morreu… ela era sua amiga.

— Não estou cem por cento, porém, eu já estou melhor, eu preciso me manter forte para cuidar de vocês.

Aisha se mantinha firme, pelo simples sentimento de querer cuidar. Não conseguiria se sentir melhor se não tivesse com seus amigos bem, então, para poder estar totalmente bem, ela precisava ajudar seus amigos.

— Aisha, estou querendo investigar, você me ajuda?

— Claro, eu estou bem irritada, vamos achar esse culpado!

Aisha e Pandora estavam na mesma linha de pensamento, então, elas determinadas continuaram.

— Onde procuraremos primeiro?

— Eu quero ver a cena do crime.

— Quer ver… o quarto…

Aisha pareceu um pouco abalada e Pandora percebeu. — Tudo bem irmos? — A garota de olhos azuis-claros escurecidos balançou a cabeça.

— Não tem problema, vamos.

Aisha tomou a dianteira com uma determinação inabalável, firme em seu coração vacilante.

Elas andaram pelos corredores e chegaram até o quarto, o corredor do quarto de Eleanor. Lá viram Kim e seus irmãos andando lado a lado. Provavelmente eles também estavam investigando por conta própria.

Aisha ficou feliz em vê-los juntos. E Pandora ficou um pouco ansiosa em ver Kim, pois estava preocupado em como ele estava também, mas viu um sorriso nele, então…

— Talvez eu não deva me preocupar tanto.

— Disse algo?

— Não, vamos entrar.

As duas entraram no quarto e foram surpreendidas por diversas faixas amarelas. Elas ignoraram as faixas e passaram por de baixo das fitas, assim ficando dentro da cena do crime.

— Certo, entrem em ação agora, Maria Augusta e Curupira.

Os cabelos de Pandora ficaram loiros e as pontas ficaram com chamas vermelhas, seus olhos encandeceram e ali Pandora era — Curupira^Loira do banheiro.

— Agora fomos indicados a policiais? Me faça o favor. Por favor, Senhorita Augusta, vamos resolver esse problema com a melhor qualidade possível.

Aisha viu Pandora falar em formas diferentes, ficando um pouco confusa. Naquele momento Aisha seria inútil, como sempre foi, ficando um pouco triste.

— Curioso…. Isso é tão obvio que chega a ser irritante.

— Do que está falando?

— Nosso alvo é um usuário de Bênção. Diversas Runas são visíveis categorizadas. Não apenas isso, mas eu consigo sentir tristeza no ar, como se quem matou não queria matar. Entendo, então ele está sendo obrigado por algo maior.

As habilidades de Curupira e Loira do banheiro são muito mais avançadas do que meras capacidades elementais. Curupira consegue sentir aura, presença e ter noção visível do super natural.

A loira do banheiro, por sua vez, consegue sentir as emoções alheias como capaz de notar até mesmo fragmentos dos resquícios restantes, talvez capaz até mesmo de visualizar a luta, mesmo sem poder ver os rostos.

Ambos notaram algo problemático.

— Jovem Pandora, existem câmeras aqui no quarto. Na verdade, acho que isso deveria ser óbvio, talvez tenha no castelo. Faremos assim focaremos na sua própria mente, então, sem transformações nas investigações. — Pandora voltou ao normal e respirou fundo. — Então estamos enfrentando um usuário de Benção.

— Droga, agora eu estou me sentindo uma inútil.

Pandora voltou sua atenção, a sua amiga, e ficou preocupada.

— Por que fala isso?

— Hoje meu arbítrio funcionou. Eu acordei já sabendo que Eleanor tinha morrido. Tipo, por que meu poder não voltou ontem? Eu poderia ter evitado de alguma forma. Eu só tenho essa habilidade e não adiantou em nada.

Aisha entre suas falas deixou fluir sua fragilidade, não estava em seu melhor momento, ficando sensível facilmente.

— Aisha, todos nós estamos nos sentindo assim. Claro, não vou dizer que nossas dores são iguais, porém, todos os sentimentos como se não pudéssemos fazer nada. Estamos limitados e sem ação em achar o suspeito.

Aisha não parava de chorar. — Mas, Kizimu pode usar o Kuzimu para ajudar ele. Você pode usar as lendas. Eu não consigo usar meu poder para ajudar. Eu sou uma inútil. Eu queria tanto ajudar. Eu apenas posso ser uma coadjuvante, eu queria ajudar, eu queria com minha própria força vingar Eleanor.

— Eu sei como se sente. Aisha, eu queria ser a força que Kizimu encontraria para seguir em frente, mas você foi aquela que salvou ele. Você se sente mal por que eu sou capaz de fazer coisas que você queria fazer, mas eu também sinto o mesmo de você.

As duas estavam sentindo inveja um da outra por serem capazes de fazer o que a outra queria fazer. E Pandora voltou sua determinação a Aisha, colocou sua mão nos ombros de sua amiga e bradou.

— Não somos perfeitas, não somos aquelas que resolveremos isso. Porque essa missão é de Kizimu. Então, seremos aquelas que faremos Kizimu ir para o céus. Juntas, podemos suprir as fraquezas daquele que Minne disse que resolveria tudo. Eu não vou ser mais uma fraca que chora, eu vou achar todas as pistas que eu puder achar para ajudar Kizimu, então, vamos fundo nisso, tudo bem, minha querida amiga?

Aisha não superou a morte de Eleanor, se manteve o mais forte que pode, mas ali, estava quebrada, pois não era capaz de fazer nada. Com as palavras de sua amiga, conseguiu lembrar do que ela mais queria fazer.

Seu objetivo de vida.

— Ajudar… Kizimu… Você tem razão.

Aisha limpou suas lágrimas e firmou sua determinação, ela voltou um grande sorriso a Pandora e gritou.

— Vamos! Nós somos as asas de meu irmãozão. Vamos achar todas as pistas que pudermos.

— Certo, agora você que conhece esse castelo melhor que ninguém, vamos investigar.

Agora juntas, elas procurariam as respostas necessárias para ajudar Kizimu a salvar esse reino de se tornar um mar de sangue.