Índice de Capítulo

    Kizimu estava novamente em sua cela, distraindo-se com um anime em um streaming na televisão. As horas avançaram rápido demais, e a noite engoliu o tempo como um predador faminto. Mas, em vez de descanso, um peso começou a crescer dentro dele, ansiedade, cada vez mais sufocante.

    Amara havia prometido chamá-lo para investigar mais, mas a demora já soava quase como uma traição. O silêncio era tão denso que parecia zombar dele. Kizimu foi até a porta, empurrou a maçaneta com firmeza, mas o frio metálico apenas confirmou: trancada por fora.

    — Kuzimu, isso é muito estranho, não é?

    “Talvez ela já esteja morta. Ela parecia ter descoberto coisas assustadoras. Talvez tenha sido silenciada.”

    A frase cortou como uma lâmina. O peito de Kizimu se apertou, o estômago afundou, e a ansiedade se transformou em um nó sufocante.

    — Tenho que sair desse quarto.

    “Coloque sua mão na porta, usaremos Gama para abrir a trava.”

    As palavras da maldição soaram quase como uma ordem inevitável. Kizimu encostou a mão na porta, e uma sensação estranha de repetição percorreu seu corpo, um déjà vu doloroso. Antes, havia sido um cadeado. Agora, uma porta inteira que cedia sob sua energia.

    A madeira de metal rangeu e se abriu, e Kizimu não pensou duas vezes: correu. Os corredores do castelo eram um labirinto de sombras, iluminados apenas por tochas distantes. Guardas estavam espalhados por todos os cantos, suas armaduras refletindo pequenos lampejos de luz. Cada passo que ele dava parecia mais alto do que deveria, como se o próprio silêncio o denunciasse.

    — Kuzimu, não podemos ser pegos, o que faremos?

    “Deixe comigo.”

    Um corte na linha do tempo.

    A consciência de Kizimu falhou por um instante, como se tivesse apagado e despertado em outro ponto. O corpo se movia sem que a mente lembrasse, como se o tempo tivesse sido roubado. Já havia atravessado corredores repletos de guardas e agora se encontrava no último, a poucos passos do quarto de Amara.

    O coração batia como um tambor de guerra. Ele correu, tropeçando na própria urgência, e enfim alcançou a porta. Mas não estava sozinho. Outra figura acabara de chegar, bloqueando sua passagem.

    — O que você está fazendo fora de sua cela?

    — O que está fazendo no quarto de Amara?

    Um estampido cortou o ar. O disparo ecoou pelo corredor como um trovão metálico, reverberando nas paredes de pedra. O choque congelou os dois onde estavam, o pavor estampado nos olhos de ambos. A porta se abriu, e eles entraram…

    ✡︎—————✡︎—————✡︎

    Um toque ecoou pela porta, até que ansiosamente ela foi aberta.

    — Ah, é você. Eu disse que iria te chamar, não precisa ficar que nem um peixe no deserto. — falou Amara fracamente.

    — Eu fiquei um pouco ansioso e quis vir aqui mais cedo.

    O garoto de cabelos pretos entrou no quarto. A sombra dele parecia alongar-se contra as paredes, como se puxada por uma lâmina de luz. Ele ajeitou as mangas do moletom azul dele — um gesto tão comum que não chamou atenção, mas havia precisão demais ali, uma certeza que não combinava com a fragilidade daquela aparência. Sentou-se e se apossou de uma cadeira com calma deliberada, como quem toma posse de algo que estava esperando por ele.

    O quarto estava escuro, e por algum motivo, a pistoleira não se deu o trabalho de ligar a luz. A penumbra guardava o rosto do garoto em semitons; os olhos captavam o pouco brilho e o devolviam maior, hipnóticos demais para serem apenas jovens.

    — É até agonizante ter um garoto essa hora da noite no meu quarto.

    — Agonizante? Quantos anos você tem?

    — A mesma idade de Bellatrix, 21 anos. Eu ainda posso sentir-me como uma jovem.

    Amara parecia frágil demais, não aquela mulher forte, mas a princesa que era, sem suas roupas formais, estava se sentindo como uma jovem donzela.

    Os olhos azul-escuros do garoto pareciam mais brilhosos naquela lua tão quieta. Havia um calor na forma como ele os inclinava — um olhar adulto vindo de alguém que, por fora, era quase criança. Era familiar o suficiente para enganar, diferente o bastante para incomodar. Amara sentiu um arrepio: algo na entonação era lento demais, ensaiado demais, como quem sabe exatamente o efeito de cada sílaba.

    — A lua está linda não é?

    — Ah! Claro… realmente — corou.

    A voz dela vacilou. O coração de Amara batia com força nova; o moletom azul tocava o ar entre eles como uma promessa. A presença do garoto era, ao mesmo tempo, jovem e calculada, e sua proximidade mexia com algo que ela não sabia nomear. Ele se movia com um equilíbrio que achava sedutor — não por inocência, mas por controle.

    — Você quer um café?

    — Você tem café? Isso pode ser conveniente.

    O garoto passou seus dedos pela mesa como quem explora um mapa. Amara pegou duas xícaras e serviu-os. Com um pegar suave, o garoto segurou seus dedos e os guiou pelas xícaras até chegar na bochecha da mulher à sua frente.

    O toque não era desajeitado; era medido, íntimo — e um sinal de que ali havia intenção mais velha, mais calculista, do que a face juvenil deixava crer. O rosto dela, segurado, deixou a intenção mais do que clara, paralisando-a por um instante. O calor na bochecha espalhou-se como uma marca, e seu lado princesa recuou, imobilizado pela surpresa.

    — Vamos beber. — o garoto de olhos azuis-escuros indagou.

    — Certo.

    Amara pegou seu café e bebeu; o gosto parecia mais forte, mais doce que o normal, mais familiar do que lembrou. O garoto riu — um som baixo que parecia gravar-se na sala, deixando a noite mais densa. O sorriso dele ficou marcado pela noite: sorriso de quem conhece rotas de perigo, sorriso de alguém que oferece calma antes da queda.

    — Que tal finalizarmos isso?

    — Finalizarmos? Você quer…

    — Amara… — as palavras começaram como seda — se mate.

    A frase caiu no quarto como uma sentença esculpida. Não era apenas uma sugestão: soou a mando. No minuto em que aquela voz relaxada pronunciou a ordem, o ar pareceu alterar-se — mais frio, mais preciso. Amara ficou sem fôlego. A vontade de resistir se dissolveu como gelo em água quente; não eram só lágrimas que escorreram, era a certeza de que algo fora de lugar controlava os fios.

    Sem forças, sem forma de reagir, sem nenhuma expectativa, o corpo de Amara se moveu pelo quarto, indo até seu coldre que repousava na cama.

    Ela pegou sua arma, sentou-se na mesa, e olhou uma última vez para o garoto à sua frente. Aquele olhar final buscou algo humano — mas encontrou um espelho distorcido. Uma lágrima fria deslizou pelo rosto belo, e ali… o fim de uma vida era uma despedida da noite.

                                       ✡︎—————✡︎—————✡︎

    O disparo ecoou como um trovão aprisionado nas paredes do castelo. Bellatrix e Kizimu entraram às pressas no quarto, o coração acelerado, os olhos varrendo o escuro em busca de explicação.

    O cheiro de pólvora ainda pairava no ar, denso e sufocante. Sobre a mesa, duas xícaras de café repousavam intactas, o vapor já morrendo na noite gelada. Um detalhe banal, mas que tornava tudo ainda mais perturbador: havia ali uma intimidade interrompida, um encontro que jamais faria sentido.

    E então viram.

    Amara estava caída, a arma ainda presa em sua própria mão, o corpo tombado como se tivesse sido guiado até o chão por uma força inevitável, porém impedido pela cadeira madeirada. O sangue escorria silencioso, tingindo o frio da madeira. A cena parecia quase ritualística, cruel demais para ser acaso.

    Bellatrix prendeu a respiração, incapaz de processar. Kizimu, imóvel, sentiu a garganta secar — não havia palavras que coubessem naquele instante.

    A terceira morte tinha acontecido. A noite, antes apenas densa, agora se tornava aterradora, como se algo invisível tivesse vencido uma batalha que eles nem perceberam estar lutando.

    —————————————

    Hora do chá

    —————————————

    Yahalloi

    CaiqueDLF aqui!

    Su-rre-al! SURREAL!

    A morte mais demorada definitivamente foi a terceira morte. Onde tivemos 14 Cap’s (76 – 90) para finalmente termos a próxima morte. Que coisa insana.

    DIGAM-ME quais suas teorias? Será que Dalia estava certa, afinal de contas? Será que Kizimu é realmente o lúnatico duas caras que está matando as pessoas desse reino? Diga-me vocês. Qual é a teoria de vocês?

    Faz tempo que não vemos o corte na linha do tempo, né? Saudades dessa época.

    Caramba, esse realmente foi o mais demorado até agora. Capítulo 2 – Capítulo 5 foram necessarios para cumprir a terceira morte. Muita coisa aconteceu nesses dois dias. Muitos desenvolvimentos se desenrrolaram, aprendizagens, culpas mal formadas, e finalmente um erro cometido.

    Quero assegurar vocês de um fato, se você gritou com Kizimu com o fato dele ter deixado Amara sozinha, lembre-se que ele não sabe que mortes ocorrem a cada dois dias. Quem sabe disso é Amara, Bellatrix e Ernesto por causa da carta e Absalom, Kim e Leonardo, por causa do Absalom.

    Amara tinha se distanciado parcialmente por não se lembrar que aquele era o dia da morte, mas também ela não imaginava ser morta da forma que ela foi.

    Mas e então, qual a morte mais brutal vocês acham que ocorreu até agora?

    Uma adaga no coração?

    Pendurada pelo pescoço?

    Um tiro em sua própria cabeça?

    Eu sinto que é uma arte escrever mortes. Eu penso, se tivermos mais uma, como será a próxima morte? Ela será tão brutal como essa foi? Diga-me vocês.

    E assim mais um capítulo se encerra.

    Próximo capítulo; Capítulo 6: Enredamento de orquídeas (91 – 92)

    Dois deliciosos capítulos, espero vocês amanhã.

    Bye bye.

    Ass: CaiqueDLF

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota