Índice de Capítulo

    Azrael sentiu uma onda de determinação e força crescente dentro dele. A batalha que estava prestes a acontecer era mais do que uma simples disputa de poder; era um teste final de sua capacidade de proteger aqueles que importavam para ele. O caos ao seu redor não poderia ofuscar seu foco. Ele sabia que precisava usar todo o potencial das habilidades que possuía.

    Enquanto Whendoshi ainda estava atordoado após o impacto, Azrael começou a se mover com uma velocidade impressionante. Ele usou sua habilidade de Olho de Deus para observar as técnicas e movimentos de Whendoshi, adquirindo rapidamente um entendimento das defesas e ataques do vampiro. Cada movimento do adversário era registrado, cada ponto fraco identificado.

    “Você não é o único que pode usar truques,” Azrael disse, sua voz cortante e cheia de determinação. “Prepare-se.”

    Azrael ergueu a mão, e Criação de Habilidades ativou, manifestando uma nova habilidade: um escudo de sombras que envolveu completamente sua forma, bloqueando qualquer ataque. As esferas de energia e magias de Whendoshi colidiam contra o escudo, sendo absorvidas ou desintegradas, mas Azrael não estava satisfeito com apenas defesa.

    O poder de Azrael estava crescendo exponencialmente com o tempo, um efeito do seu Poder Irrestrito. Ele sentia sua força se expandir a cada segundo, enquanto as técnicas e habilidades que adquiria através de seu Olho Perfeito e Roubo se fundiam em uma torrente imbatível de poder.

    Os olhos de Whendoshi brilhando com uma determinação feroz. Ele conjurou uma tempestade de energia dourada para confrontar Azrael, criando um campo de energia devastador. Azrael, no entanto, estava pronto. Ele ativou Anti-magia, anulando a tempestade e dissipando a magia que se aproximava.

    A batalha ao redor da arena estava se tornando uma cena de caos e destruição. Eriel e Naara, apesar dos ataques intensos dos vampiros, estavam conseguindo manter a situação sob controle. Naara usou sua habilidade de gelo para congelar e derrubar vários inimigos, enquanto Eriel lutava com uma precisão letal, seu estilo de combate fluindo com graça e eficácia.

    Belial e Samael, ao lado de Alice e Jofiel, estavam lutando ferozmente para manter os vampiros afastados. Samael usava feitiços defensivos, enquanto Belial atacava com sua lança de fogo, criando um bastião de proteção ao redor dos aliados de Azrael.

    Azrael, agora com uma fúria renovada, invocou a habilidade de Perfurar, ignorando qualquer defesa que Whendoshi tentava erguer. Ele avançou, seus ataques se tornando uma série de golpes devastadores que atravessavam as barreiras e defesas do vampiro. Cada ataque era uma combinação letal de precisão e força, impulsionado pelo conhecimento adquirido através do Olho Perfeito.

    Whendoshi, vendo seu adversário usar todas as suas habilidades de forma coordenada e implacável, percebeu que estava em desvantagem. Ele tentou uma última investida, uma fusão de magias negras e feitiçaria antiga, mas Azrael estava pronto. Com um grito de determinação, Azrael usou Ataque Absoluto, lançando uma série de ataques que eram completamente indefensáveis.

    A série de golpes perfurantes e magias devastadoras atingiu Whendoshi com uma força esmagadora. O vampiro tentou se proteger, mas o poder de Azrael era simplesmente muito grande. O impacto final foi brutal, lançando Whendoshi para fora da arena, derrotado e inconsciente.

    O silêncio caiu sobre a arena mais uma vez, desta vez marcado pela vitória. Azrael, ofegante e com o corpo cansado, olhou ao redor, vendo que seus aliados ainda lutavam bravamente, mas estavam em uma posição mais segura agora. A tensão da batalha havia diminuído, mas o custo da luta estava evidente em cada um dos participantes.

    Azrael caminhou até seus aliados, seu olhar firme e determinado. “Estamos quase lá,” ele disse, sua voz cheia de esperança e determinação. “Vamos terminar isso.”

    A batalha continuava, mas com a vitória de Azrael sobre Whendoshi, a maré havia mudado. Agora, era hora de reunir forças e enfrentar a ameaça final que ainda restava.

    Com o corpo exausto e as feridas ainda pulsando, Azrael olhou ao redor, observando seus aliados que, apesar do cansaço visível, lutavam com bravura. A arena, uma vez cheia de caos e destruição, agora começava a mostrar sinais de uma calma precária. O custo da batalha estava claramente estampado em cada rosto e cada movimento.

    Azrael, sentindo a tensão da batalha, decidiu se aproximar dos seus aliados, seu olhar passando por cada um deles. Eriel estava ao lado de Naara, com sua presença oferecendo uma proteção quase palpável. Samael e Jofiel haviam se reunido, seus semblantes sérios refletindo a gravidade da situação.

    “Estamos quase lá,” disse Azrael, sua voz cortante e determinada. “Vamos terminar isso. Juntos.”

    Apesar do cansaço que pesava sobre ele, havia uma chama renovada em seus olhos. Ele sabia que o momento de decisão estava se aproximando. A batalha continuava, mas a vitória sobre Whendoshi havia mudado a maré. A arena estava a um fio de se transformar em um confronto final.

    Foi então que a calma que havia começado a se instaurar foi abruptamente rompida. Azrael notou um movimento furtivo e familiar. Melahel, que até então parecia ser um aliado, avançava com uma velocidade impressionante. O anjo, anteriormente visto como neutro, mas confiável, agora mostrava uma intenção hostil que Azrael não esperava.

    Com um golpe devastador, Melahel atacou Azrael. A força do ataque era implacável, e o impacto parecia inevitável. Azrael, sem tempo para reagir, fechou os olhos, resignado ao fato de que o fim havia chegado. A traição de Melahel, alguém em quem ele havia confiado, era um golpe cruel e inesperado.

    Mas, num flash de movimento, uma figura se lançou à frente de Azrael. Belial, com uma expressão que misturava determinação e desespero, interveio na trajetória do golpe mortal. O impacto foi brutal; a mão de Melahe como uma lâmina, atravessou o peito de Belial com um estalo sinistro, e ele caiu pesadamente no chão, o som do seu corpo ressoando como um trovão sombrio na arena.

    Samael e Jofiel agiram rápido, conseguindo segurar Melahel e levá-lo para longe do Azrael.

    Azrael congelou, o tempo pareceu parar enquanto o choque e o horror se abatiam sobre ele. O mundo ao seu redor desmoronou como um espelho estilhaçado, os fragmentos caindo ao seu redor enquanto ele lutava para processar o que acabara de acontecer.

    “Não… não, isso não pode ser real,” a voz de Azrael saiu trêmula, quase inaudível, enquanto ele se ajoelhava ao lado do pai. A realidade estava se desfazendo, e o desespero começava a invadir seu coração.

    “Azrael… Filho…” A voz de Belial era um sussurro fraco, uma sombra do que costumava ser. Seus olhos estavam sem foco, começando a se fechar lentamente. “Desculpe, está… escurecendo…”

    O chão parecia se abrir sob os pés de Azrael. “Não, pai, por favor, não faça isso. Não me deixe… ” As lágrimas começaram a escorrer, misturando-se com o sangue que manchava a terra ao redor. O desespero tornava-se um peso esmagador, quase insuportável.

    “Desculpe-me por não ser o pai que você merecia…” As palavras de Belial eram entrecortadas, carregadas de arrependimento e dor. O sangue escorria de seu peito, a vida se esvaindo a cada instante. “Eu queria… fazer melhor…”

    “Obrigado por tudo,” a voz de Azrael se quebrou, as palavras saindo com dificuldade enquanto a dor apertava seu peito. “Obrigado por ser um rei excepcional, um marido dedicado, um pai maravilhoso…” Ele lutou para encontrar palavras, o nó em sua garganta quase o sufocando. “Obrigado, pai…”

    Belial sorriu fracamente, uma última centelha de vida piscando em seus olhos. “Ah, você me chamou de pai… É a segunda vez que ouço isso…” Seus olhos começavam a apagar, o calor da vida se dissipando lentamente.

    Azrael mordeu o lábio, o gosto metálico do sangue misturando-se ao sal das lágrimas. “Essa é a primeira vez…” ele murmurou, o remorso esmagando-o.

    “Acredite, é a segunda… Meu filho–” A mão de Belial escorregou, caindo ao lado de seu corpo sem vida.

    “Pai? Pai, não, por favor, não me deixe!” O grito de Azrael rasgou o ar, carregado de angústia. Ele sacudiu o corpo de Belial, na esperança de que ele pudesse despertar, mas os olhos de seu pai permaneceram fechados, a vida havia se esvaído completamente.

    “Pai, por favor, acorde. O que direi para a mãe? Que você morreu por minha causa?” A voz de Azrael se quebrou em soluços enquanto ele abraçava o corpo sem vida de Belial contra seu peito. “Levante-se, você é um anjo, quase uma divindade… levante-se…”

    Mas Belial não respondeu. O mundo de Azrael se desfez em sombras enquanto ele permanecia ali, abraçando o corpo sem vida de seu pai. O desespero consumia-o completamente. Nada mais importava. O único resíduo do que restava era uma dor profunda e irreparável, um vazio imenso que ecoaria em sua alma para sempre.

    O luto e a dor se espalhavam pelo campo de batalha, como um manto pesado e implacável. Azrael permaneceu de joelhos ao lado do corpo inerte de Belial, o peso da perda esmagando seu coração. A batalha ao seu redor parecia distante, um turbilhão de sons e luzes que se fundiam em um fundo indistinto enquanto ele se afundava em sua dor.

    Alice, com lágrimas escorrendo livremente, caiu ao lado de Azrael. O choro dela era um lamento coletivo de todos os que foram tocados pela perda de Belial. Os rostos de Zenith, Naara, Nain e Eriel estavam contorcidos em expressão de tristeza, cada um lutando para lidar com a tragédia que se desenrolava diante deles. A morte de Belial era um golpe cruel e inesperado, um vazio que ecoava profundamente em todos os que conheciam e amavam o antigo rei.

    O grito de angústia de Azrael atravessou o campo de batalha, uma declaração de um sofrimento incomensurável que parecia reverberar pelo ar. Ele abraçava o corpo de seu pai com uma força desesperada, seu próprio lamento misturando-se com o choro coletivo.

    Com um esforço monumental, Azrael ergueu-se, seu corpo tremendo com a mistura de dor e fúria. Sua expressão, normalmente marcada por uma seriedade calculada, agora exibia uma mistura cruel de determinação e desespero. Seus olhos, normalmente firmes e controlados, agora brilhavam com uma intensidade devastadora.

    A batalha continuava ao fundo, mas o som das explosões e do combate parecia distante, abafado pela presença esmagadora de Azrael. Ele caminhou com passos pesados até onde Samael e Jofiel estavam, seus olhos encontrando os deles com uma intensidade que congelava a alma.

    “Não interfiram, isso é uma ordem,” a voz de Azrael cortou o ar, carregada de um poder que não deixava margem para discussão. Samael e Jofiel, apesar da resistência, sentiram o peso absoluto da autoridade de Azrael e, sob a força de sua ordem absoluta, foram incapazes de desobedecer.

    Azrael então se dirigiu até Melahel, que observava com um desdém frio. O anjo, que havia traído sua confiança, não parecia se importar com o sofrimento que havia causado. Ele sorriu com uma frieza calculada, desafiando Azrael a reagir.

    Mas Azrael estava além das palavras. Seu rosto, uma máscara de fúria e tristeza, estava prestes a se transformar em algo muito mais aterrador. Com um murmúrio que parecia carregar a escuridão em si, ele sussurrou: “Forma demoníaca.”

    No instante seguinte, a transformação foi brutal e magnífica. Uma aura escura e palpável começou a emanar de Azrael, envolvendo-o em uma tempestade de sombras. O ar ao seu redor vibrou com tensão enquanto a escuridão parecia se materializar e moldar-se em torno de seu corpo. As sombras se enrolaram e se contorceram, formando uma armadura fluida e negra que parecia viva. Suas asas, anteriormente ocultas, se estenderam com um estalo sonoro, imensas e negras como a noite sem estrelas. Seu cabelo e olhos se tornaram de um negro absoluto, como abismos de escuridão pura.

    A aura de Azrael se tornou uma presença avassaladora. O campo de batalha pareceu encolher diante da magnitude de seu poder. A atmosfera tremeu com a força de sua transformação, o ar dilacerado por sua presença devastadora. Cada movimento seu era acompanhado por uma onda de poder tão intensa que parecia capaz de desintegrar montanhas e rasgar o próprio espaço.

    Melahel, que antes parecia ameaçador, agora era reduzido a uma mera sombra diante da força incomensurável de Azrael. A sensação de poder era palpável, como se o próprio chão estivesse tremendo em reverência e medo. Todos os olhos fixos no imperador dos demônios em sua verdadeira forma, uma entidade cuja presença era suficiente para mudar o destino de qualquer luta.

    Ele quebrou o selo? Pensou Melahel incrédulo.

    A atmosfera estava carregada com uma tensão esmagadora enquanto Azrael, em sua forma demoníaca, encarava Melahel. O anjo, que antes exibia um desdém arrogante, agora fitava Azrael com cautela. Ele sentia o poder monstruoso que emanava de Azrael, um poder que rivalizava com os seres mais antigos e temidos da existência. Melahel, no entanto, era um dos mais poderosos entre os anjos. E ele não cederia facilmente.

    O silêncio entre os dois foi quebrado por um movimento rápido demais para ser seguido. Em um piscar de olhos, Azrael avançou. O chão explodiu sob seus pés, rachaduras se espalhando pelo solo enquanto ele disparava em direção ao anjo. O primeiro impacto foi brutal. O punho de Azrael encontrou o braço de Melahel em um bloqueio que lançou ondas de choque por todo o campo de batalha. A força foi tão imensa que o ar ao redor deles pareceu implodir e, no segundo seguinte, expandiu-se em uma onda destrutiva que se espalhou por quilômetros  destruindo a grande arena.

    A cada troca de golpes, o impacto reverberava não apenas pelo campo de batalha, mas pelo universo. As estrelas mais distantes tremiam, e planetas inteiros sentiram o eco da luta. O cosmos parecia vibrar em resposta ao confronto entre dois seres que estavam além da compreensão comum. Azrael se movia como uma tempestade de sombras, sua armadura negra brilhando com energia demoníaca pura enquanto ele desferia socos e chutes com uma força que distorcia o espaço ao seu redor. Melahel, com suas asas brancas desdobradas, retaliava com a precisão de um guerreiro celestial, seu poder angelical ressoando com cada golpe.

    “Meu senhor!”, gritou o anjo com urgência em sua voz. “Está me limitando devido a um ser inferior?” Sua voz, direcionada aos céus.

    Azrael desferiu um soco direto ao peito de Melahel, que bloqueou com ambas as mãos, mas a força foi tão colossal que o anjo foi arremessado para trás, abrindo uma cratera no solo ao cair. Ele se levantou rapidamente, os olhos cheios de fúria e determinação, lançando uma rajada de luz celestial que parecia cortar o próprio ar. Azrael contra-atacou com uma onda de escuridão, e quando os dois poderes colidiram, o universo ao redor pareceu estremecer. A explosão foi tão devastadora que os céus se abriram, e as nuvens foram dissolvidas pela energia pura.

    As ondas de choque eram sentidas por toda parte. Samael e Jofiel, percebendo o perigo iminente, juntaram suas forças e ergueram uma barreira imensa, uma muralha de luz e magia que se estendia por todo o campo de batalha. Era a única coisa que protegia os aliados de Azrael da destruição. Mas mesmo com sua força combinada, elas mal conseguiam conter as ondas de energia que se espalhavam com cada colisão entre Azrael e Melahel. A barreira tremia, e rachaduras finas começaram a se formar, enquanto Samael apertava os dentes, canalizando todo o seu poder para mantê-la de pé.

    “Isso não vai segurar por muito tempo!” exclamou Jofiel, sua voz tensa.

    A luta entre Azrael e Melahel continuava a uma velocidade vertiginosa, seus movimentos quase invisíveis para os olhos comuns. A cada troca de golpes, pedaços da realidade ao redor deles se despedaçavam como vidro, fragmentos do espaço se distorcendo com a magnitude do poder liberado. Melahel desceu do céu em um ataque devastador, suas asas brilhando como espadas de luz pura, mas Azrael o interceptou no ar, agarrando-o e arremessando-o contra o chão com uma força sísmica.

    O choque foi tão avassalador que o solo tremeu, montanhas à distância começaram a desmoronar, e o céu parecia se abrir em um rasgo colossal de energia. Melahel, embora ferido, se levantou com um brilho feroz em seus olhos, e com um grito de guerra angelical, ele convocou uma lança celestial, brilhante e afiada como a justiça divina. Ele lançou a arma em direção a Azrael, uma rajada de pura energia divina cortando o espaço.

    Azrael, com um simples gesto de sua mão envolta em sombras, desviou o ataque como se fosse uma brisa, sua expressão sombria e implacável. “Isso é o melhor que você tem?” sua voz ecoou como um trovão, antes de ele disparar de volta, sua própria energia demoníaca concentrada em um punho que parecia capaz de rasgar o tecido do próprio universo.

    O impacto da colisão seguinte fez com que as estrelas se apagassem momentaneamente, como se até mesmo os corpos celestes fossem forçados a reconhecer o poder avassalador de Azrael.

    “Isso não é possível…” Jofiel murmurou, os olhos arregalados enquanto observava Azrael em sua forma demoníaca. O poder que ele emanava era simplesmente inimaginável. “Como ele está demonstrando tanto poder? Azrael não deveria conseguir usar essa força!”

    Samael, com a expressão sombria, manteve-se firme enquanto canalizava a barreira ao lado de Jofiel. “Ele está usando sua Forma Demoníaca em conjunto com a Força Dracônica. Quando Azrael tomou o sangue de um dragão verdadeiro, esse poder se tornou parte dele. Agora, ambos os poderes estão entrelaçados, o tornando incomensuravelmente poderoso. Ele está lutando com a força de um imperador demoníaco e a fúria de um dragão ancestral.”

    Jofiel engoliu em seco, sentindo o peso da explicação. “Mesmo assim ele não poderia demostra esse nível de por, a não ser?”, Jofiel olhou para Samael com urgência em seu olhar. “Ele quebrou o selo do Deus Supremo?”

    “Parece que sim…” Samael respondeu, o olhar fixo na batalha à frente. “E parece que o Deus Supremo está limitando a força de Melahel.”

    Enquanto Samael falava, Azrael avançava sem hesitar. Seus movimentos eram rápidos e implacáveis, cada golpe carregado com a força de um universo em fúria. O anjo, antes altivo e confiante, agora estava em desvantagem. Seus bloqueios começavam a falhar, suas asas batiam com menos firmeza, e cada troca de golpes o empurrava para trás. Azrael estava dominando.

    Então, em meio ao frenesi da batalha, Azrael parou por um breve momento. O silêncio era tão denso que todos os sons da luta pareceram sumir. Ele ergueu o punho esquerdo lentamente, e com uma autoridade que fez o ar ao redor vibrar, ele sussurrou palavras carregadas de poder.

    “Quarta magia proibida: Soco das trevas “

    A energia ao redor de Azrael começou a mudar. Uma escuridão pulsante, como se fosse viva, começou a envolver seu punho. A cada segundo que passava, a intensidade dessa energia aumentava exponencialmente, até que uma esfera negra de pura destruição se formou em sua mão. Era uma energia proibida, um poder que não deveria existir, capaz de rasgar a própria realidade.

    O chão abaixo de Azrael começou a se desfazer, incapaz de suportar a pressão. Pequenos relâmpagos negros serpenteavam pela esfera de trevas, prontos para devorar qualquer coisa que se atrevesse a se aproximar. A luz ao redor desapareceu, e o mundo ao redor dele foi mergulhado em uma penumbra assustadora, como se o universo estivesse se preparando para testemunhar o fim de tudo.

    O anjo o observava com descrença, seus olhos refletindo o medo que começava a tomar conta de seu corpo. “Que garoto assustador…” murmurou ele, tentando se recompor, mas era tarde demais.

    Ande, mostre-me sua força!” Azrael desafiou, sua voz fria e implacável. “Ou vou esmagá-lo onde está.”

    Com uma última palavra, Azrael liberou o golpe. Seu punho avançou com uma força descomunal, e a esfera de trevas explodiu em uma onda de energia pura, uma maré de destruição que engoliu tudo em seu caminho. O impacto foi tão avassalador que o ar ao redor foi sugado, o som abafado por um silêncio mortal que precedeu a explosão. Quando a onda de escuridão atingiu finalmente o anjo, não houve grito de dor, apenas o som da própria existência sendo corroída.

    O anjo foi lançado pelos céus, suas asas desfeitas em pedaços, seu corpo despedaçado pela magia proibida de Azrael. Ele caiu do céu como uma estrela morrendo, sem forças, sua luz divina se apagando à medida que a escuridão o consumia.

    No campo de batalha, o chão havia desaparecido. Tudo ao redor de Azrael havia sido devastado. Uma cratera profunda marcava o lugar onde o golpe foi desferido, o solo corroído pela pura força das trevas. O mundo parecia ter sido rasgado, e as energias residuais da magia proibida ainda flutuavam no ar, um lembrete da devastação que Azrael era capaz de liberar.

    Vou atacar para matar…” Azrael murmurou, sua voz fria e cheia de fúria. “Se você quer viver, é melhor pedir ajuda.”

    Mas não houve resposta. O anjo, um dos seres mais poderosos da existência, jazia caído, sem forças, completamente dominado pelo poder de Azrael.

    As barreiras de energia que Samael e Jofiel mantinham, tremendo sob a pressão das ondas de choque, finalmente se dissiparam. O campo de batalha silenciou, e o universo parecia respirar novamente, após ter testemunhado a fúria de Azrael. Samael, com um olhar de alívio, desfazia o escudo mágico, enquanto Jofiel, exausto, assentiu em concordância.

    Azrael, imerso em sua forma demoníaca até então, sentiu a energia em seu corpo vacilar. A escuridão que o envolvia lentamente se desfez, dissipando-se como fumaça levada pelo vento. Suas asas, antes imponentes, sumiram, e o negro de seus olhos retornou à cor original. O peso da batalha finalmente caiu sobre seus ombros, e ele mal conseguia ficar de pé. Seus músculos doíam, seus pulmões ardiam a cada respiração pesada, e a exaustão era absoluta. Mesmo assim, ele forçou-se a caminhar em direção aos seus aliados, buscando conforto no semblante de seus companheiros.

    Foi nesse momento, em meio ao caos silencioso, que Azrael sentiu uma presença nefasta. Seus olhos, cansados, mas ainda atentos, captaram um movimento súbito. Whendoshi, o rei dos vampiros, apareceu por trás de Eriel como uma sombra furtiva. Antes que qualquer um pudesse reagir, o vampiro avançou com a velocidade de um relâmpago, cravando suas presas no pescoço de Eriel.

    “Não!” Azrael tentou gritar, mas sua voz saiu rouca e fraca.

    Em um instante, Samael se lançou sobre Whendoshi, agarrando-o pelo braço com uma força titânica. O vampiro, surpreso com a rapidez de Samael, tentou lutar, mas foi dominado. Alice, com o rosto endurecido pela raiva e dor da perda recente de seu pai, não hesitou. Com um movimento preciso e implacável, ela ergueu sua espadade mana e, em um único golpe, decapitou Whendoshi. A cabeça do vampiro rolou pelo chão, e seu corpo caiu inerte logo depois.

    Mas a atenção de todos se voltou para Eriel. Ela caiu de joelhos, um gemido de dor escapando de seus lábios enquanto sua mão pressionava a ferida no pescoço. Azrael correu até ela, sentindo o desespero começar a sufocar seu coração.

    “Eriel!” Azrael gritou, ajoelhando-se ao lado dela.

    Nain, o vampiro do grupo, aproximou-se rapidamente, seu olhar sombrio. “Azrael, escute,” ele disse com uma voz grave, “Whendoshi injetou nela uma substância mortal para seres vivos. Os vampiros têm isso em suas presas… para nós, é inofensivo. Mas para qualquer outra criatura, é como o veneno de uma besta divina.”

    “Veneno… mortal?” Azrael murmurou, seu olhar fixo no rosto pálido de Eriel, que agora lutava para respirar. Ele sentiu o desespero tomar conta de cada fibra do seu ser, como uma mão gelada apertando seu coração. A ideia de perder Eriel, assim como havia perdido seu pai, era insuportável.

    “O veneno matará em algumas horas,” continuou Nain, sua voz firme, mas carregada de tristeza. “Não conheço cura para isso. Apenas o sangue dos vampiros pode neutralizá-lo, mas… não temos tempo.”

    Azrael cerrou os punhos, tremendo. Seus olhos, ainda cheios de raiva e dor, fitavam a figura frágil de Eriel. O amor de sua vida, a mulher que o fazia querer seguir em frente, agora estava prestes a ser levada por algo tão cruel e implacável quanto a morte.

    Nota