Capítulo 131 — O fim Inevitável
O silêncio do palácio era interrompido apenas pelos passos apressados dos servos que carregavam Eriel para uma sala isolada. Seu corpo, pálido e quase sem vida, estava imóvel, com o veneno de Whendoshi correndo rapidamente por suas veias. Azrael seguia logo atrás, seu coração batendo violentamente no peito, a mente tomada pelo medo e pela impotência. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ele observava os curandeiros fazendo o possível para estabilizá-la, mas nada parecia funcionar.
Na sala particular, um ambiente sombrio envolvia o lugar. A luz das tochas tremeluzia nas paredes de pedra, criando sombras que pareciam dançar junto à agonia de Azrael. Ele ajoelhava-se ao lado da cama onde Eriel repousava, sua respiração irregular enquanto tentava conjurar toda a sua magia para curá-la.
Suas mãos tremiam sobre o corpo de Eriel. Ele pressionava seus dedos contra o peito dela, concentrando todo o seu poder, mas a magia não surtia efeito. O veneno estava além de qualquer feitiço que ele conhecia, e isso o corroía por dentro.
“Por favor…” Azrael murmurava, a voz embargada pela angústia. “Não me deixe… Eu não posso viver sem você…”
No entanto, cada tentativa falhava. A pele de Eriel ficava cada vez mais fria, e seu corpo, mais frágil. O desespero crescia dentro de Azrael. Ele não conseguia entender como, com todo o seu poder, era incapaz de salvá-la.
Nesse momento, a porta da sala se abriu silenciosamente. Samael entrou, acompanhada de uma figura envolta em sombras: Nix. Havia uma tensão palpável no ar. Samael observava o estado de Azrael, percebendo a intensidade de sua dor, mas havia algo mais que ela parecia não querer dizer.
Azrael levantou o olhar, desesperado. “Samael… me ajude.” Sua voz era quase um sussurro, carregada de desespero.
Nix, no entanto, foi a primeira a falar. Sua presença era enigmática, e suas palavras carregavam o peso de uma verdade que ninguém queria enfrentar.
“Existe uma forma de salvar Eriel,” disse Nix, sua voz calma, mas com uma seriedade penetrante. Samael virou-se para ela, seu olhar endurecido por uma relutância visível.
“Nix, você sabe o que está propondo,” Samael interrompeu, claramente hesitante. “Isso… Isso é uma quebra de tabu. Nem mesmo deveríamos considerar tal coisa.”
Azrael, incapaz de controlar sua crescente angústia, levantou-se abruptamente. Sua aura exalava pura determinação, uma tempestade prestes a explodir.
“Eu não me importo com tabus!” Ele gritou, sua voz reverberando pelas paredes da sala. “Se isso significa salvar Eriel, eu farei o que for preciso.”
Samael deu um passo para trás, surpresa com a intensidade da reação dele. Ela conhecia Azrael como um guerreiro calculista, mas agora, ele estava deixando de lado toda a lógica por amor. Nix, por outro lado, manteve-se firme, ciente da profundidade daquele momento.
“Então você está pronto para saber o que precisa ser feito?” Nix perguntou, seus olhos fixos nos de Azrael.
“Eu farei qualquer coisa.”
Nix suspirou profundamente, como se carregasse o peso de séculos de conhecimento proibido. Ela olhou para Samael, que se afastou com os braços cruzados, visivelmente desconfortável com a direção que aquilo estava tomando.
“A única forma de salvar Eriel,” Nix começou, sua voz baixa e séria, “é alterar a raça dela. Transformá-la em uma vampira.”
Azrael ficou paralisado por um breve momento, suas pupilas dilatadas em choque. Alterar a raça de alguém? Isso era algo que ia contra todas as leis da criação. Algo que o próprio Deus Supremo havia proibido, pois interferia na essência de quem alguém era. Transformar Eriel… era quase como destruir quem ela foi.
Mas ele entendeu o que Nix queria dizer. Era a única forma de salvar Eriel do veneno. Os vampiros eram imunes àquele tipo de toxina, e transformá-la em uma vampira significaria que o veneno deixaria de ser uma ameaça.
“Você sabe o que isso significa, Azrael,” disse Nix, seus olhos profundos o encarando. “Alterar a raça de uma pessoa é magia antiga e proibida. Está além de qualquer outra magia, ao alterar a própria alma. O próprio Deus Supremo baniu essa prática.”
Samael olhou para Nix com um olhar severo, como se implorasse para que ela não continuasse.
“Mas é possível,” Nix continuou, ignorando a relutância de Samael. “E eu posso te guiar nesse processo. No entanto…”
Azrael, sem hesitar, deu um passo à frente. Seus olhos estavam cheios de uma determinação que não conhecia limites.
“Eu imploro, Nix. Diga-me o que preciso fazer.”
Nix hesitou por um momento, o peso do que estava prestes a dizer claro em sua expressão.
Ele assentiu, seu coração firme na decisão que tomara. Ele salvaria Eriel, não importando o preço.
Azrael partiu imediatamente, atravessando o espaço e o tempo até chegar ao domínio do Deus Supremo, seu avô. Quando chegou, não havia tempo para formalidades. Ele se ajoelhou diante da figura imponente e fez o pedido:
“Avô, preciso do fruto do conhecimento do bem e do mal.”
O Deus Supremo olhou para ele por um longo momento, como se pesasse o pedido em sua mente imortal. “Você sabe o que está pedindo, Azrael. Esse fruto não deveria ser concedido aos mortais ou imortais.”
“Eu sei,” Azrael respondeu, sua voz firme.
Um silêncio profundo se seguiu antes que o Deus Supremo estendesse a mão, e em sua palma, materializou-se o fruto brilhante e pulsante, irradiando uma luz divina. Sem mais palavras, o fruto foi entregue a Azrael.
Com o fruto em suas mãos, Azrael voltou ao palácio e entregou todos os ingredientes a Samael. Ela olhou para ele, surpresa por sua rapidez, mas não disse nada. Sua tarefa agora era preparar a poção.
“Vou dar a poção para Mana,” Samael disse, sua voz cheia de cautela. “Ela será despertada de seu sono de quase quinhentos anos. ”
Azrael olhou para o corpo inerte de Mana, sua irmã. Ele estava feliz que Mana finalmente iria despertar, mas salvar Eriel era sua prioridade. “Sim,” ele disse firmemente. “Desperte-a.”
Enquanto Samael preparava a poção, Azrael se dirigiu para o quarto onde Eriel estava sendo mantida. Ele sabia o que precisava ser feito. Fechou a porta atrás de si e lançou uma barreira poderosa, garantindo que ninguém pudesse interferir.
Azrael sentia o peso do mundo em seus ombros. Com um suspiro profundo, ele traçou o círculo mágico ao redor da cama de Eriel, seus dedos tremendo enquanto a mana fluía pesada e densa. Cada respiração parecia puxar para fora não apenas seu fôlego, mas sua alma, o desespero silencioso que o consumia. Olhou para Eriel deitada, sua pele pálida, os traços de quem já estava à beira de um abismo do qual ele não sabia se poderia salvá-la.
Seu coração, já esmagado pela dor, apertou ainda mais ao murmurar, baixinho, as palavras proibidas. O feitiço. Ele nunca deveria ter se permitido aprender aquilo. Mas agora, as regras não importavam mais. Ele faria qualquer coisa.
A primeira runa brilhou em vermelho flamejante. Em seguida, o segundo círculo mágico começou a se formar, então o terceiro. Diferentes elementos surgiam, e Azrael sentia seu poder sendo drenado como água escorrendo entre os dedos. Cada segundo que passava roubava um pedaço de sua alma, sua consciência oscilando enquanto os círculos se mantinham ativos. O ar ao seu redor parecia vibrar, e sua visão começou a turvar.
“Não vai acontecer de novo,” murmurou, a voz embargada pelo desespero. “Não posso permitir…”
Ele não tinha mais tempo. O despertar de Mana, sua irmã, poderia ajudá-lo com sua habilidade de ‘mana infinita’, mas seria tarde demais. Eriel não sobreviveria tanto tempo.
Seu olhar se fixou no rosto de Eriel, o coração apertando ainda mais. Ela parecia tão frágil, quase quebrada.
“Por favor…” ele sussurrou. “Por favor, não me deixe…”
A decisão veio com um peso insuportável. Azrael exauriu suas últimas reservas de mana, sabendo que não seria suficiente, e começou a liberar sua própria energia vital. O frio da morte arranhava sua pele enquanto o círculo ao seu redor brilhava intensamente, mas ele sabia que, mesmo assim, não seria suficiente. Seu corpo tremia, o desespero o consumindo.
“Por favor… por favor…” repetiu, quase em um grito abafado.
Foi quando sentiu um toque suave e frio contra sua mão, como uma âncora que o trouxe de volta da beira da loucura. Seus olhos, arregalados, moveram-se lentamente em direção ao toque. Lá, diante dele, estava uma figura feminina de aparência demoníaca, seu semblante triste.
“Eisheth?” ele sussurrou, incrédulo.
“Azrael, meu querido,” disse Eisheth, a voz suave, mas carregada de tristeza. Ela se inclinou e o beijou na testa, como se tentasse aliviar seu sofrimento. “Me perdoe por vir tão tarde.”
Ele a observou, sua mente girando. “Continue,” ela disse, enquanto colocava a mão sobre suas costas. “Eu te darei minha mana.”
Azrael sentiu a mana dela fluir para dentro de seu corpo, reabastecendo o que ele já havia perdido, renovando a força que faltava para o ritual. Mas, ele parou. Seus olhos, agora frios, se voltaram para Eisheth, e a expressão de ambos carregava uma compreensão sombria.
“Então foi isso?” ele perguntou, sua voz rouca. “Esse foi o motivo pelo qual você morreu tão facilmente?”
Eisheth hesitou, mas não desviou o olhar. Finalmente, ela suspirou, com o pesar em cada palavra. “Sim.”
“Você veio para o futuro para me ajudar,” disse Azrael, a voz mal saindo de sua garganta, “e depois voltou… para morrer por ele?”
Eisheth assentiu, sem esconder a tristeza em seu rosto. “Sim.”
A dor se agigantou no peito de Azrael. Ele olhou para ela com amor e arrependimento, sabendo que sua própria versão do futuro havia cometido um erro terrível. “Eu não posso… Eu passei por isso antes. Não posso perdê-la de novo, Eisheth. Não dessa forma.”
“É necessário!” Eisheth gritou, sua voz carregada de urgência. “Você precisa salvar Eriel! Por favor, Azrael… eu te imploro, elas precisam de você.”
O silêncio que se seguiu era opressivo. Azrael sentia o peso das duas vidas que agora estavam em suas mãos, e nenhuma escolha parecia certa. Se desistisse de Eriel, ela morreria. Se aceitasse a ajuda de Eisheth, ela pagaria o preço com sua própria vida.
Seu coração se partia em desespero. Olhou para Eriel, depois para Eisheth, e, por um instante, o Imperador dos Demônios não sabia o que fazer.
“Elas?…” sua voz falhou quando se deu conta das palavras de Eisheth.
O silêncio que se seguiu à confissão de Eisheth parecia esmagar o coração de Azrael, como se o peso de ambos os mundos estivesse sobre seus ombros. O ar à sua volta vibrava com a pressão do feitiço e da mana exaurida, enquanto ele observava o rosto de Eisheth, o desespero estampado em cada linha de sua expressão.
Sem outra opção, ele assentiu, os olhos queimando com lágrimas que ele se recusava a derramar.
“Me perdoe…” ele sussurrou, e então aceitou a mana de Eisheth.
O fluxo de poder reavivou os círculos mágicos ao redor de Eriel. Os elementos giravam violentamente em torno da cama, e o ar se tornou pesado com a energia condensada. O corpo de Azrael tremia, consumido pelo esforço de manter o feitiço ativo enquanto as runas brilhavam em um vermelho escaldante. Mesmo com a mana que Eisheth fornecia, ele sabia, no fundo, que ainda não seria o suficiente.
A consciência de Azrael piscava, oscilando como uma chama prestes a ser apagada pelo vento. A cada segundo que passava, ele sentia seu corpo enfraquecer, sua alma se dilacerar um pouco mais. A mana de Eisheth era vasta, mas o ritual exigia algo além. Algo mais profundo e sombrio.
Foi então que, do nada, ele sentiu outra presença.
Um rasgo no espaço abriu-se ao lado dele, e duas figuras emergiram da escuridão dimensional. Noir e Sonne apareceram em um redemoinho de sombras e calor. A energia delas era diferente, quase primordial, e ao se aproximarem, Azrael sentiu a mana ao seu redor se renovar como uma tempestade prestes a explodir.
“Você precisa de ajuda, Az,” disse Noir, a voz suave, mas com uma firmeza inabalável.
“Não vamos deixar você carregar esse fardo sozinho,” acrescentou Sonne, enquanto estendia a mão sobre o círculo, liberando sua própria mana.
A combinação de poder das duas divindades, somada à mana de Eisheth, reabasteceu o ritual de forma abrupta. A pressão no ar cresceu tanto que Azrael mal conseguia respirar, o ambiente ao redor vibrava com tamanha força que as paredes tremiam. A magia, carregada pela essência de seres de imenso poder, avançou além de qualquer limite que ele havia imaginado.
Os círculos mágicos brilharam intensamente. O som da magia pulsava em seus ouvidos como um rugido distante, e então… silêncio. Um brilho suave começou a emanar de Eriel, como se seu corpo estivesse finalmente aceitando o feitiço.
Azrael caiu de joelhos, exausto, seu corpo queimando com a dor da energia vital perdida. Seus olhos fixaram-se em Eriel, esperando, implorando para que ela se mexesse. Ele a chamava em pensamento, seu coração ainda carregado de esperança.
E então, finalmente, ela respirou. Azrael quase desmoronou de alívio, o peso de sua missão finalmente liberado. Mas sua paz durou pouco.
Ao seu lado, o corpo de Eisheth começou a brilhar de maneira fraca, quase translúcida. Azrael virou-se rapidamente, percebendo o que estava acontecendo. Ele sentiu uma onda de desespero novamente preencher seu peito ao vê-la se desvanecer lentamente diante dele.
“Eisheth, não!” Azrael gritou, tentando segurá-la, mas seus dedos atravessaram o ar vazio. “Por favor, não!”
Eisheth, com um sorriso triste, balançou a cabeça. “Azrael… Eu sinto muito por tudo. Por tudo o que fiz, pelas escolhas que tomei.”
Azrael tentou falar, mas as palavras pareciam presas na garganta, incapazes de sair. Ele não queria perdê-la, não depois de tudo.
Ela se aproximou, seu corpo quase etéreo agora. “Eu sabia que meu destino estava selado quando viajei para este momento. Não posso mudar o que está para acontecer, mas… sempre vou te amar, Azrael. Sempre.”
Uma lágrima solitária desceu pelo rosto de Azrael. “Eisheth…” Sua voz se quebrou, carregada de uma tristeza infinita.
“Viva… por elas. Sua amada Eriel e a filha que ela carrega em seu ventre,” ela sussurrou, antes de se inclinar para dar um último beijo em sua testa. “Adeus, meu amor.”
E então, como fumaça ao vento, Eisheth se desfez em luz. A energia dela, que tanto o apoiou, se dissipou, deixando apenas um vazio insuportável no peito de Azrael.
Ele ficou ajoelhado ali, a cabeça baixa, enquanto o silêncio voltava a dominar o quarto. Eriel estava salva, mas à custa de alguém que ele amava profundamente. O peso da decisão, da perda e do sacrifício, o esmagava.
Azrael não conseguiu se mover, a dor rasgando seu ser.
***
Azrael estava sentado em frente ao túmulo de Belial, o ar pesado e imóvel ao seu redor. As árvores antigas balançavam levemente com o vento, suas folhas sussurrando como se partilhassem do luto que o consumia. O céu estava cinzento, uma extensão de nuvens que refletia a escuridão que envolvia o coração de Azrael. Tudo ao redor parecia distante, como se o mundo estivesse em pausa, em respeito ao sofrimento que ele carregava.
Ele fitava o túmulo de seu pai, sentindo-se pequeno diante da perda. Não era mais o poderoso Imperador dos demônios, mas apenas um filho, vulnerável em sua dor. A dor caído sob ele parecia prestes a desmoronar. Seu luto era como uma sombra, silenciosa, mas constante, cobrindo cada pensamento, cada lembrança. O som suave da floresta, antes reconfortante, agora parecia amplificar o vazio deixado pela morte de Belial.
Então, a calma do ambiente foi quebrada por uma presença que se materializou diante dele. Um mensageiro dos deuses, sua figura radiante em meio à escuridão, com asas douradas que pareciam feitas de pura luz. Ele não era humano, nem completamente divino, mas uma mistura de ambos, trazendo consigo a autoridade dos deuses.
“Azrael,” sua voz ressoou, profunda como um trovão distante, “os deuses exigem sua presença no Olimpo. Deve vir imediatamente.”
Azrael não esboçou surpresa. Ele já sabia que algo desse tipo aconteceria. Desde o momento em que decidiu quebrar os tabus e realizar o ritual para salvar Eriel, aceitou as consequências de seus atos. Levantou-se, lançando um último olhar para o túmulo de Belial. Não havia mais nada que pudesse fazer ali. O peso da inevitabilidade caiu sobre ele como uma pedra, mas, ao mesmo tempo, sentiu-se livre. Não haveria mais batalhas a serem lutadas. O destino já estava traçado.
A viagem para o Olimpo foi rápida, embora o tempo parecesse se arrastar. Azrael mal notava o caminho; seus pensamentos estavam fixos no que estava por vir. Ao atravessar o portal de luz, deparou-se com a grandeza do Olimpo: colunas de mármore subiam aos céus, e uma luz dourada irradiava de todos os lados. O poder daquele lugar era tangível, envolvente, mas também distante, como algo inalcançável.
O mensageiro o conduziu até o trono de Zeus. O grande deus estava sentado, sua presença avassaladora. O trono era um espetáculo de ouro e pedras preciosas, mas o que realmente dominava era a expressão de Zeus, fria e severa.
“Azrael,” Zeus começou, sua voz ecoando como o trovão sobre um campo de batalha, “por cometer um tabu tão grave, eu o condeno à morte.”
Azrael não reagiu de imediato. Ele já esperava por isso. As palavras de Zeus eram apenas a formalização de um destino que ele sabia ser inevitável desde o momento em que escolheu salvar Eriel. Ainda assim, o peso da sentença caiu sobre ele com força, como um último golpe destinado a quebrar qualquer resquício de esperança.
“Por que?” ele perguntou, sua voz rouca, mas sem medo ou surpresa. “Tudo o que fiz foi por amor. Quebrei o tabu para salvar a vida de Eriel.”
Zeus manteve seu olhar firme, inabalável. “Os tabus não existem sem motivo, Azrael. Eles são a base que mantém o equilíbrio do universo. Ao quebrá-los, mesmo com boas intenções, você trouxe o caos e desafiou o Deus Supremo. E, por isso, deve enfrentar as consequências.”
Azrael sentiu o eco dessas palavras ressoando em seu peito. Mas não havia mais luta em seu coração. Ele já havia aceitado. Naquele momento, quando segurou a mão de Eriel, sabendo que poderia perder tudo, aceitou que seu destino estava selado. Não havia arrependimento. Apenas a certeza de que, de uma forma ou de outra, ele faria tudo de novo.
Enquanto Zeus falava, o ambiente ao redor de Azrael parecia ficar cada vez mais distante. O Olimpo, com toda a sua grandiosidade, tornou-se um pano de fundo para a decisão final. Azrael não estava mais ali como o Imperador dos demônios, o herdeiro de Belial, o guerreiro indomável. Ele era apenas um homem que aceitava seu fim.
“Eu sabia que isso aconteceria,” disse Azrael, sua voz agora serena. “Desde o início, eu sabia que salvar Eriel me custaria a vida. E mesmo assim, não mudaria nada. Aceito meu destino.”
Zeus o olhou por um longo momento, talvez surpreso pela tranquilidade com que Azrael abraçava a morte. Mas, afinal, o que mais restava a ele senão aceitar?
No silêncio que se seguiu, o destino de Azrael estava selado.
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