Índice de Capítulo

    Hope e Aiden caminhavam em um ritmo controlado pelo vasto campo do domo, o ambiente cuidadosamente construído para o evento de “pega bandeira”. Colinas verdes, árvores artificiais e formações rochosas serviam como obstáculos naturais e esconderijos. O ar no domo era fresco, e as paredes, tão distantes que mal se viam, faziam com que o local parecesse quase infinito. A tensão no ar era palpável, mas ambos permaneciam em silêncio, concentrados no que estava por vir.

    “Temos que focar na bandeira,” disse Hope calmamente, seus olhos atentos ao redor. “Elior pode lidar com os outros. Nosso objetivo é apenas pegar a bandeira.”

    Aiden assentiu, já com um plano se formando em sua mente. “Concordo. Eles podem ser muitos, mas Elior é mais do que capaz de lidar com eles sozinho.”

    Ele olhou rapidamente para Hope, um sorriso malicioso se formando em seu rosto. “Vamos economizar energia. Em vez de enfrentar o time de Damien diretamente, podemos nos teleportar perto da bandeira. Se evitarmos o confronto, pegamos eles de surpresa.”

    Hope observou o campo à frente, visualizando a rota que precisavam seguir. A bandeira inimiga estaria bem protegida, mas se fossem rápidos e astutos o suficiente, não precisariam se preocupar com os outros membros da equipe adversária. Apenas uma pessoa estava defendendo, e essa era a verdadeira batalha que importava.

    “Seu teleporte vai facilitar a aproximação,” ela concordou. “Quanto mais rápido chegarmos lá, maiores são as chances de surpreender o defensor. Vamos confiar no Elior para lidar com o resto.”

    Aiden sorriu de lado. “Teleporte é o meu forte. Vamos poupar esses caras do embaraço de tentar nos parar.” Ele pegou seu revólver mágico e girou casualmente entre os dedos antes de guardá-lo novamente no coldre, pronto para agir. “Espero que esteja pronta para uma corrida rápida.”

    Hope apenas lançou um olhar determinado. “Você vai me surpreender com a velocidade?”

    Aiden abriu um portal à sua frente, o brilho mágico tremeluzindo suavemente no ar. “Só tem um jeito de descobrir,” ele respondeu, já saltando para dentro.

    Eles foram envolvidos por uma sensação de distorção no espaço, e quando surgiram novamente, estavam alguns metros à frente, escondidos atrás de uma densa formação rochosa. Aiden se manteve em silêncio, gesticulando com a cabeça para Hope, indicando que estava pronto para o próximo salto.

    “O defensor estará atento,” comentou Hope, com a voz baixa, enquanto se posicionava ao lado de Aiden. “Mas se chegarmos perto o suficiente, tenho uma vantagem que pode garantir nossa vitória.”

    Aiden olhou para ela com curiosidade, arqueando uma sobrancelha. “Uma vantagem, hein? E qual seria essa?”

    Hope lançou-lhe um olhar enigmático, recusando-se a dizer mais. “Você verá. Mas, por enquanto, vamos continuar.”

    Aiden deu uma risadinha curta, apreciando o mistério. “Está bem, vou confiar em você. Só não me deixe curioso demais.”

    Ela sorriu brevemente, sem tirar os olhos do campo à frente. “O importante agora é chegar à bandeira antes que eles percebam que estamos aqui.”

    Com outro aceno de cabeça, Aiden abriu mais um portal, e os dois passaram por ele em um piscar de olhos. Agora, estavam ainda mais próximos da bandeira inimiga, escondidos atrás de uma árvore alta. A distância até o centro, onde a bandeira estava posicionada, não era mais tão grande, e a tensão no ar se intensificava.

    “A defesa vai estar apertada,” Hope murmurou, agachada ao lado de Aiden, mantendo-se fora de vista. “Mas se conseguirmos nos aproximar sem sermos notados, podemos virar o jogo a nosso favor.”

    Aiden olhou ao redor, seus olhos procurando possíveis inimigos. “Deixe o resto comigo. Vou continuar nos teleportando até estarmos perto o suficiente para que você possa usar sua… vantagem misteriosa.”

    Hope não respondeu, apenas observou o local onde a bandeira estava posicionada. Um único adversário os aguardava, alguém confiante o suficiente para proteger o ponto crucial sozinho. Era um risco e tanto, mas sabiam que Elior havia criado a oportunidade perfeita. Se conseguissem, a vitória seria deles.

    “Vamos,” disse Aiden, abrindo o último portal que os levaria para o ponto estratégico, logo ao alcance do defensor.

    Ambos se prepararam, sabendo que estavam prestes a enfrentar o obstáculo final.

    Hope parou ao avistar o defensor da bandeira. Seu corpo enrijeceu instantaneamente ao reconhecer o rosto diante dela. Não era Damien, como ela esperava. Era alguém muito mais familiar.

    “Alaric…” murmurou ela, surpresa. Seu antigo companheiro de equipe, um dos mais talentosos do grupo. “Isso vai ser complicado.”

    Aiden olhou para ela com uma expressão de curiosidade, esperando por mais explicações. “Alaric? Era ele quem você esperava?”

    Hope assentiu lentamente, seus olhos fixos no jovem de cabelos prateados, com uma postura relaxada, mas perigosa. “Ele fazia parte do meu antigo time. Tem uma habilidade que pode nos causar problemas… Alaric é capaz de manipular a gravidade ao seu redor. Ele pode aumentar a força gravitacional em áreas específicas, o que pode nos imobilizar ou até esmagar, se não formos cuidadosos.”

    Aiden franziu o cenho, percebendo a seriedade da situação. “Isso explica por que ele está defendendo a bandeira sozinho. Se nos aproximarmos de forma errada, estaremos ferrados.” Ele olhou para Hope com determinação. “Então, qual é o plano?”

    Hope respirou fundo, calculando suas opções. “Precisamos ser rápidos e imprevisíveis. Ele vai esperar que a gente avance diretamente, então talvez possamos usar seus teleportes de forma estratégica para confundi-lo. Se formos inteligentes, podemos evitar as áreas de gravidade alterada e surpreendê-lo.”

    “Entendido,” respondeu Aiden, seu tom confiante. “Vamos pensar em algo antes de nos aproximarmos.”

    A tensão entre os dois era palpável, e ambos sabiam que a estratégia precisava ser perfeita para superar Alaric. A vitória dependia disso.


    Enquanto isso, do outro lado do campo, Elior caminhava calmamente em direção ao grupo que avançava. Seus olhos observavam cada movimento deles com precisão, notando a cautela com que se aproximavam. Eles sabiam que Elior não era um oponente comum.

    Um dos membros do grupo, um rapaz alto com cabelo castanho bagunçado chamado Eran, parou e levantou a mão, sinalizando para os outros pararem. “Nosso líder nos avisou para termos cuidado com você, Elior. Sabemos que você é perigoso, mas estamos prontos.”

    Elior sorriu de leve e, com um movimento quase casual, riscou uma linha no chão com a ponta do pé. “Interessante… Vamos ver se vocês são realmente preparados.” Ele apontou para a linha. “Aqui está o desafio. Quem cruzar essa linha não vai conseguir se mover por um bom tempo.”

    Os membros do grupo olharam para ele com desconfiança, achando que ele os estava provocando. “Você acha que isso vai nos assustar?” provocou Eran, avançando com os outros membros. “Não temos medo de você.”

    No entanto, assim que cruzaram a linha, suas pernas e braços pararam instantaneamente. Suas expressões mudaram de confiança para choque absoluto. Nenhum deles conseguia se mover.

    “O que… o que é isso?!” um deles exclamou, tentando desesperadamente mover seu corpo, mas sem sucesso.

    Elior deu alguns passos na direção deles, sua expressão divertida. “Eu avisei, não avisei? Mas vocês preferiram não me ouvir.” Ele colocou as mãos nos bolsos, seu tom agora mais sombrio. “Isso é apenas uma brincadeira de criança. Sinceramente, estou desapontado. Pessoas tão fracas como vocês não deveriam estar em uma facção tão importante.”

    Os olhos de Elior cintilaram com uma raiva controlada, mas intensa. Ele se aproximou ainda mais, sua presença se tornando cada vez mais intimidante. “Mas, para ser sincero… estou um pouco irritado.”

    Ele então começou a falar de forma fria, suas palavras encharcadas de rancor. “Eran, Lysandra, e Tyron,” ele disse, chamando os nomes dos membros restantes do antigo time de Hope. “Eu sei quem vocês são… e também sei o que fizeram com ela.”

    O grupo congelado observava com medo e confusão.

    “Vocês a traíram, a sabotaram. Deixaram-na sozinha quando mais precisava. Sabem o que isso significa?” Ele se abaixou para olhar Eran diretamente nos olhos, seu tom gélido. “Vou fazer cada um de vocês se arrepender por ter se voltado contra ela.”

    Elior se levantou lentamente, seu sorriso sinistro ainda no rosto. “Hoje, vocês não vão apenas perder essa partida. Vocês vão entender o que significa provocar alguém que realmente se importa com a Hope.”

    O grupo tentava se libertar, mas nada podiam fazer além de assistir, impotentes, enquanto Elior planejava sua próxima jogada.

    Elior observou o grupo com uma frieza penetrante. Seus olhos se estreitaram quando ele focou em um dos membros, Tyron, o rapaz de estatura média e olhar apavorado, que tentava manter a compostura. A tensão no ar era palpável. Elior estendeu a mão calmamente em sua direção.

    “Chegou a sua vez, Tyron,” disse ele, sua voz soando quase gentil, mas com uma nota sinistra. “Medo.”

    No mesmo instante, os olhos de Tyron se arregalaram, e ele caiu de joelhos, suas mãos agarrando o cabelo em desespero. Um grito desesperado e agonizante escapou de seus lábios enquanto ele se contorcia no chão. A visão era aterrorizante: lágrimas escorriam de seus olhos, e seus gritos se intensificavam a cada segundo.

    “Por favor! Não! Tirem isso de mim!” ele berrava, a voz desesperada cortando o ar.

    Elior se aproximou, suas palavras frias ecoando no ar. “Tyron foi o único de vocês que tentou ajudar Hope, no início. Ele percebeu a injustiça, viu o que estava acontecendo, mas… a pressão de seu líder foi demais. Ele cedeu. Embora tenha sido fraco, não foi tão vil quanto vocês dois.”

    Elior olhou para os outros, Eran e Lysandra, que agora estavam ainda mais petrificados. Eles tremiam, seus corpos congelados pelo medo, sem saber o que aconteceria a seguir.

    “Tyron, por isso, terá o menor dos castigos,” continuou Elior, seu tom quase de lamento. “Ele apenas precisa enfrentar seus piores medos… até que sua mente desmorone.”

    O som dos gritos de Tyron preenchia o espaço, enquanto os outros assistiam impotentes, seus olhos arregalados de puro terror.

    “Agora,” disse Elior, virando-se lentamente para Eran e Lysandra, “é a vez de vocês.”

    Lysandra deu um passo para trás, tentando se afastar, mas suas pernas não respondiam. Eran, por outro lado, manteve os olhos fixos em Elior, tentando conter o terror, mas o pavor estava estampado em seu rosto.

    “O que… o que você vai fazer conosco?” Eran perguntou, a voz trêmula.

    Elior sorriu de leve, inclinando a cabeça de maneira quase inocente. “Vocês vão pagar na mesma moeda. Sabotaram, traíram e manipularam Hope para alcançar o sucesso pessoal. Agora… vocês vão experimentar um pouco do que ela sentiu.”

    Com um simples estalar de dedos, Elior ativou uma magia mais profunda, mais cruel. Um brilho sinistro emanou de suas mãos, e de repente, Eran e Lysandra começaram a gritar também, suas vozes sendo rasgadas pelo desespero.

    “Medo não é apenas uma sensação,” explicou Elior, enquanto observava os dois se debaterem, suas mentes sendo despedaçadas pela ilusão da magia. “É uma manifestação dos seus piores pesadelos, os mais sombrios e profundos. Eles reviverão os momentos mais dolorosos de suas vidas, multiplicados infinitamente. Uma tortura mental.”

    Os gritos ecoavam, mais aterrorizantes e profundos a cada segundo. As expressões de Eran e Lysandra estavam desfiguradas pelo pânico, seus corpos tremendo incontrolavelmente enquanto tentavam escapar da agonia imposta por suas próprias mentes.

    Elior, sem alterar sua expressão, se aproximou e murmurou com desprezo. “Isso é o que vocês merecem por trair alguém que confiava em vocês.”

    A intensidade dos gritos aumentava. Finalmente, um som alto ecoou pelo domo, interrompendo o caos. Era o sinal de desistência. O time de Eran não aguentava mais. Todos os membros estavam fora da competição, incapazes de continuar.

    Um sistema de som no domo anunciou os desistentes, e os nomes de Eran, Lysandra, e Tyron ecoaram como um sino de derrota.

    Elior olhou para eles, ainda contorcidos e em pânico, e balançou a cabeça em desaprovação. “Desistir foi a escolha certa. Vocês não tinham chance desde o começo.”

    A calmaria voltou ao campo, e com um sorriso frio no rosto, Elior se afastou dos três derrotados, deixando-os para trás, ainda presos em seus próprios pesadelos.

    Ethan caminhava com passos firmes até o local onde os três desistentes estavam caídos, ainda sob o efeito da magia de Elior. Ele observou, por um momento, o semblante tenso e preocupado, antes de virar-se para o garoto, que assistia à cena com uma expressão indiferente.

    “Isso foi realmente necessário?” Ethan perguntou, a voz carregada de desaprovação, enquanto olhava para os antigos companheiros de Hope, que gemiam e choramingavam no chão.

    Elior, com as mãos nos bolsos, deu de ombros. “Sim. No momento, eles estão sofrendo e apavorados, mas isso não vai durar para sempre. Em meia hora, eles vão voltar ao normal, sem nenhum dano permanente.”

    Ethan suspirou profundamente, esfregando as têmporas. “Você está se divertindo com isso? Torturando crianças como se fosse um jogo?”

    O ar ao redor deles ficou denso por um momento, e Elior evitou o olhar de Ethan, mas a resposta foi seca. “Eu não estou me divertindo. Mas não posso permitir que algo assim aconteça com Hope novamente.”

    Ethan encarou o garoto, estudando sua expressão. “Esse não foi o trato,” ele disse, a voz mais baixa agora, como se tentasse controlar a situação. “Você disse que…”, Ethan conteve suas palavras.  “Não pensei que fosse aterrorizar as pessoas dessa maneira.”

    Elior mordeu o lábio por um instante, quase como se estivesse refletindo sobre suas ações. “Eu sei. Desculpa. Mas essas pessoas… elas fizeram Hope sofrer muito. Sabotaram, a traíram… e ela confiava neles. Não posso deixar isso passar em branco.”

    Houve um silêncio entre eles, e Ethan respirou fundo, mantendo a calma. “Então, o que vai fazer sobre Damien?” perguntou ele, mudando de assunto, mas o tom permanecia firme.

    Elior lançou um olhar frio para o horizonte, onde sabia que Damien estava se preparando para o confronto. “Quando eu terminar com Damien, vou cuidar de tudo. Ele não vai mais ser um problema para ninguém, principalmente para Hope.”

    Ethan assentiu, mesmo que de forma relutante. “Só não se perca nesse caminho, meu amigo. Lembre-se que a justiça pode se tornar vingança muito rapidamente. E quando isso acontecer, já será tarde demais para voltar. Você sabe disso melhor que ninguém.”

    Elior manteve o silêncio, mas algo em suas feições endureceu. Ele sabia que Ethan estava certo, mas naquele momento, a dor e a traição que Hope havia sofrido ainda estavam frescas em sua mente. Ele não podia simplesmente deixar isso de lado.

    “Vou tomar cuidado,” ele respondeu finalmente, sem muita convicção, antes de virar as costas e caminhar em direção ao campo de batalha, onde o confronto com Damien o esperava.

    Ethan ficou para trás, observando o garoto se afastar. Ele suspirou novamente, se abaixando para ajudar os três desistentes a se recuperarem, mas seu pensamento permanecia fixo em Elior. As consequências desse caminho ainda estavam por vir, e ele só podia esperar que o garoto soubesse o que estava fazendo.

    Elior caminhava tranquilamente. Seus passos eram lentos e deliberados, e ele parecia estar desfrutando do momento de calma. No entanto, ele parou abruptamente e olhou ao redor com um sorriso entediado.

    “Quanto tempo vocês pretendem continuar se escondendo?” Elior chamou, sua voz carregada de desdém. “Já está ficando chato.”

    Damien e o restante do seu grupo emergiram das sombras, revelando-se como seis pessoas no total. Damien, com seu olhar arrogante e descontraído, avançou, claramente confiante em sua vitória.

    “Eu sabia que você não poderia resistir por muito tempo, Elior,” Damien disse com um sorriso desdenhoso. “Parece que você se divertiu um pouco demais com os outros. Mas, sinceramente, espero que tenha algo mais para oferecer.”

    Elior ergueu uma sobrancelha e seu sorriso tornou-se mais frio. “Ah, Damien. Sempre tão seguro de si. O que você faz agora? Apenas espera que sua confiança o leve à vitória?”

    Damien deu uma risada curta, sem se abalar. “Confiança é tudo o que eu preciso. E a vitória, bem, ela já está garantida.”

    Elior continuou a provocá-lo, seu tom de voz apenas aumentando a frustração de Damien. “Você acha mesmo que é tão fácil? Subestimar os outros pode ser um erro caro. Principalmente quando se trata de alguém que está realmente comprometido.”

    Damien franziu a testa, claramente irritado com a provocação contínua de Elior. “Você está tentando me irritar? Parece que sim. Mas vou lhe mostrar que você está lidando com alguém que não se impressiona facilmente.”

    Com um movimento das mãos, Damien começou a reunir mana, preparando-se para o ataque. Elior observou com um sorriso de satisfação, sabendo que o confronto estava prestes a começar.

    O ar ao redor deles parecia vibrar com a tensão, e a preparação de Damien para o ataque era evidente. Elior se posicionou, seus olhos fixos em Damien, esperando o momento certo para agir. A batalha que se aproximava prometia ser decisiva.

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