Índice de Capítulo

    Era uma manhã tranquila na mansão, o sol iluminava suavemente os arredores, trazendo consigo uma brisa fresca que entrava pelas janelas abertas. Hope estava em seu quarto, deitada na cama com o olhar fixo no teto, ainda processando os eventos do torneio do dia anterior. A voz de Elior e suas palavras enigmáticas ainda ecoavam em sua mente, mas agora, com o brilho suave do sol, esses pensamentos se dissipavam lentamente.

    Ela ouviu uma batida leve na porta. Antes que pudesse responder, a porta se abriu lentamente, revelando Eriel. Sua presença sempre trazia uma calma acolhedora, e Hope sorriu ao vê-la entrar.

    “Bom dia,” disse Eriel com um sorriso, fechando a porta atrás de si. “Eu estava me perguntando se você já tinha acordado.”

    “Bom dia,” respondeu Hope, levantando-se lentamente e esticando os braços. “Acordei faz pouco tempo. Por que você está aqui tão cedo?”

    Eriel caminhou até a janela, observando o jardim lá fora antes de se virar para Hope. “Não vai treinar hoje?” perguntou, sua voz carregada de uma curiosidade suave, quase como se soubesse a resposta antes mesmo de perguntar.

    Hope deu um suspiro, lembrando-se da última mensagem de Elior. “Na verdade, não. Elior cancelou o treinamento de hoje. Ele disse que tinha alguns assuntos importantes para resolver.”

    Eriel acenou com a cabeça, como se já estivesse a par dessa informação. “Entendo… Bem, já que você está livre hoje, pensei que poderia dar uma volta comigo.”

    Hope ergueu uma sobrancelha, estranhando o convite. “Agora?”

    Eriel riu suavemente. “Sim, agora. É uma manhã bonita, e eu queria lhe mostrar uma coisa. Venha, vai valer a pena.”

    Sem muitas alternativas, Hope se levantou, vestiu um casaco leve e seguiu Eriel pelos longos corredores da mansão. O ar dentro da casa estava calmo, com poucos sons além do farfalhar das folhas do lado de fora. Ao descerem as escadas e atravessarem o corredor principal, Eriel a guiou até uma grande porta dupla que dava para o salão principal.

    Quando Eriel empurrou as portas, o ambiente iluminado de repente encheu-se de vozes e risadas.

    “Surpresa!”

    Hope congelou na entrada, seus olhos se arregalando enquanto processava o que estava acontecendo. A sala estava lindamente decorada com fitas coloridas, balões flutuavam no ar e uma longa mesa estava repleta de comidas e doces de aparência deliciosa. Mas o que realmente chamou sua atenção, foram as pessoas ao redor, sorrindo para ela com entusiasmo.

    “Surpresa, Hope!” repetiu Alice, acenando animadamente enquanto se aproximava.

    Hope levou alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Seu aniversário. Ela havia esquecido completamente.

    Os olhos de Hope percorreram a sala. Ethan, de pé ao lado de Noir, que estava vestida elegantemente como sempre, com um sorriso discreto no rosto. Naara estava próxima, conversando com Sien, enquanto Alice se aproximava de Eriel, que a olhava de forma cúmplice. Aiden estava encostado em uma das paredes, fazendo uma careta exagerada, claramente se divertindo com a surpresa de Hope.

    “Vocês… planejaram tudo isso?” Hope perguntou, ainda tentando processar a cena diante dela.

    “Claro que sim!” respondeu Sien, dando uma risadinha. “Você realmente achou que deixaríamos seu aniversário passar despercebido?”

    Ethan se aproximou, colocando uma mão reconfortante no ombro de Hope. “Você merece uma pausa e uma celebração. 17 anos é uma data importante, Hope.”

    Antes que ela pudesse responder, seu olhar foi atraído por alguém que estava mais afastado do grupo, próximo à entrada. Hope parou abruptamente, seus olhos se arregalando quando reconheceu a figura. Seus pés se moveram antes que pudesse pensar, e ela correu até ele.

    “Dian!” exclamou, lançando-se nos braços de seu irmão mais velho.

    Dian a abraçou com força, uma risada suave escapando de seus lábios. “Feliz aniversário, maninha.”

    Hope deu um passo para trás, olhando para ele com os olhos cheios de emoção. Ele parecia exatamente como ela se lembrava: cabelos brancos e lisos caindo pelos ombros, e aqueles olhos vermelhos, tão intensos e familiares. Três anos. Havia sido tanto tempo desde que ele partiu em sua jornada pelo universo.

    “Você… está aqui! Eu não acredito!” Ela sorriu amplamente, suas bochechas coradas de felicidade.

    Dian bagunçou os cabelos dela com carinho, rindo. “É claro que estou aqui. Não perderia o seu aniversário por nada.” Ele olhou ao redor da sala, admirando a decoração. “E parece que seus amigos também não.”

    Hope riu, o coração aquecido por toda a atenção e carinho ao redor. Ela mal conseguia conter a alegria de ver seu irmão mais velho de volta, depois de tanto tempo distante.

    Enquanto a festa continuava, risadas ecoavam pelo salão. Ethan e Eriel estavam sentados próximos à mesa, conversando com Noir, enquanto Sien contava histórias da infância de Hope para Alice e Naara, provocando risadas ocasionais. Aiden, como sempre, se divertia em brincar com tudo e todos, fazendo piadas e comentários que arrancavam sorrisos de todos ao redor.

    Em um momento de tranquilidade, Hope se aproximou de Aiden, que estava mexendo em uma bandeja de doces.

    “Aiden, você não convidou Elior?” perguntou Hope, tentando disfarçar a preocupação na voz.

    Aiden, com um biscoito na boca, deu de ombros. “Convidei. Mas você sabe como ele é… Não gosta de multidões.” Ele terminou de mastigar e então apontou para um pequeno embrulho sobre a mesa. “Mas ele deixou isso pra você. Disse que achava que era do seu gosto.”

    Curiosa, Hope pegou o pacote pequeno e o desembrulhou com cuidado. Dentro, havia um colar delicado, com um pingente em forma de uma pequena estrela que brilhava com uma luz suave.

    Um sorriso tomou conta de seu rosto ao olhar para o presente. Elior pode não ter comparecido, mas seu gesto mostrava que ele pensava nela.

    “É lindo,” murmurou, enquanto passava os dedos pelo colar. Aiden, vendo o brilho nos olhos de Hope, deu um leve soco em seu braço.

    “Viu? Ele pode ser estranho, mas tem bom gosto.”

    A festa de aniversário de Hope estava em pleno vapor. Risadas ecoavam pelos corredores da mansão enquanto os convidados se movimentavam, prontos para a parte mais esperada do dia: a hora dos presentes. Hope observava, um sorriso iluminando seu rosto, enquanto seus amigos se preparavam para surpreendê-la.

    Ethan foi o primeiro a se aproximar, segurando um embrulho brilhante. “Feliz aniversário, Hope! Este é um gadget que encontrei durante uma de minhas viagens,” disse, entregando um pequeno cristal que emanava uma luz suave. “Ele vai ajudar nas suas práticas mágicas. Confiável e super útil!”

    Hope sorriu, admirando o presente. “Obrigada, tio! Eu com certeza vou usar bastante,” respondeu, já pensando em como poderia incorporar o cristal em seus treinos.

    Naara, com um sorriso caloroso, se aproximou e entregou um colar delicado. “Este é um colar de proteção, feito com pedras encantadas. Espero que te lembre que sempre estarei ao seu lado, não importa o que aconteça.” Hope ficou emocionada e deu um abraço apertado em Naara, sentindo a sinceridade nas palavras dela.

    Alice, sempre cheia de energia, foi a próxima. Com um brilho nos olhos, entregou a Hope um diário em branco. “Este é para que você possa registrar suas aventuras e pensamentos. Estou ansiosa para ler suas histórias!” Hope adorou a ideia e prometeu que compartilharia cada página com ela.

    Aiden, com seu jeito descontraído, se aproximou com um presente consideravelmente maior. “Prepare-se para algo épico!” Ele abriu a caixa, revelando um conjunto de equipamentos de combate. “Com isso, você vai se tornar ainda mais forte. Vamos treinar juntos e superar nossos limites!”

    Hope riu, a empolgação de Aiden era contagiante. “Obrigada, Aiden! Mal posso esperar para experimentar tudo isso!” Ela sentiu a adrenalina subir ao pensar nas futuras batalhas e treinos.

    Sien também se fez presente, entregando um pequeno vaso de cerâmica com uma planta que brilhava suavemente. “Esta é uma planta mágica que traz sorte. Cuide dela bem, e ela cuidará de você,” disse, com um sorriso carinhoso. Hope ficou grata e imaginou todos os momentos que poderia passar com aquela planta ao seu lado.

    Finalmente, chegou a vez de Eriel. Hope estava ansiosa, já que sabia que Eriel sempre tinha algo especial reservado. ela se aproximou, segurando duas caixas com um olhar que mesclava carinho e seriedade. “Tenho dois presentes para você. Um é algo que escolhi com todo o carinho, e o outro… bem, é um pouco diferente.”

    Hope aceitou os presentes, sua curiosidade crescendo a cada segundo. Ao abrir a primeira caixa, encontrou um delicado anel adornado com uma pedra que brilhava em várias cores. “Este é um símbolo da sua força, Hope. Sempre se lembre de que você é mais poderosa do que imagina,” Eriel disse, com um olhar carinhoso que fez o coração de Hope aquecer.

    Mas a segunda caixa trouxe uma sensação diferente. Ao abri-la, viu que era um livro antigo, com capa de couro desgastada e páginas amareladas. “Esse livro foi escrito pelo seu pai, anos atrás. Ele pediu que fosse entregue a você em seu aniversário de 17 anos.”

    A menção de seu pai fez o coração de Hope disparar e um frio percorreu sua espinha. Seu primeiro impulso foi de destruir o presente, mas todos olhavam para ela com expectativa. Hesitando, ela disfarçou sua tensão e aceitou o livro, forçando um sorriso.

    Quando finalmente abriu, viu que era um conto de fadas infantil em três partes. O primeiro conto falava sobre um lobo negro que protegia a floresta, o segundo sobre um falcão prateado que trazia a chuva, e o terceiro sobre uma coruja roxa que guardava os segredos do céu. No final do livro, havia alguns números que ela não conseguia entender. Confusa, Hope decidiu guardar o livro, mesmo sem saber o que fazer com ele.

    Com a festa seguindo alegremente, Hope se afastou um pouco do grupo e observou Aiden em uma interação hilária com Sien. “Ei, Sien! Que tal me acompanhar em uma caça ao tesouro? Prometo que vou te impressionar com minhas habilidades!” Aiden disse, fazendo gestos exagerados.

    Sien sorriu, divertida, mas antes que pudesse responder, uma voz sombria ecoou na sala, e todos os olhares se voltaram para ela. Da sombra de Sien, uma aura negra começou a se formar, transformando-se em uma mulher deslumbrante. Seu olho direito brilhava em um vermelho carmesim, enquanto o esquerdo lembrava o céu azul. Seus cabelos, metade brancos e metade negros, alcançavam sua cintura, e seu rosto combinava a malícia e pureza.

    “Essa é Levi,” Sien explicou rapidamente para Aiden, que observava com fascínio e um toque de medo.

    Levi olhou para Aiden com um sorriso provocante. “Sien já é minha. Ela tem o mesmo cheiro de seu pai, e isso me atrai. Portanto, você não pode ficar com ela.”

    Os risos se espalharam pela sala, enquanto Hope observava a cena com um sorriso no rosto. “Levi está sempre com Sien, mas não gosta de sair da sombra dela, a menos que seja para interagir com a família ou quando alguém tenta conquistar Sien,” explicou Hope, achando graça na dinâmica entre as duas.

    A atmosfera se encheu de risadas e brincadeiras, enquanto Hope sentia a alegria do momento. Apesar dos desafios que a esperavam, ali estavam todos que amava, celebrando não só seu aniversário, mas a amizade e os laços que formaram.

    Foi quando Dain se aproximou. 

    “Hope, esse e um presente e meu. Encontrei em minhas viagens…”, disse Dian, entregando uma pequena caixa negra com uma runa. 

    Ao abrir a caixa, hope demonstrou um leve sorriso. “Luvas… Elas são lindas.”, diante dos olhos de Hope, luvas negras com runas douradas.

    “O melhor ainda está por vir.”, disse Sien com um sorriso travesso em seu rosto. “Você deveria colocar.”

    Hope sentiu que existia algo por trás de suas palavras, e talvez por esse motivo, exitou um pouco, mas colocou as luvas. 

    As runas emanaram um brilho fraco e quando Hope se deu conta, o peso em suas mão a puxou para baixo. Hope lutou para se manter em pé, notando que as luvas eram as responsáveis pelo peso que sentia. 

    “Dian, essas luvas são?”, perguntou Eriel curiosa. 

    “Sim.”, Dian respondeu sem demora. “Por falar nisso.”, ele voltou seu olhar para Eriel. “Tenho uma mensagem para você, mãe.” 

    Naquela noite, Hope estava deitada em seu quarto, envolvida por uma sensação de tranquilidade e satisfação. A festa havia sido agradável, e as risadas e conversas ainda ecoavam suavemente em sua mente, aquecendo-lhe o coração. Sentia-se leve, como se o mundo à sua volta estivesse em perfeita harmonia. No entanto, ao se virar na cama, uma sensação incômoda a fez parar. Algo pesado pressionava o tecido de seu bolso, gerando um desconforto inesperado.

    Curiosa, Hope deslizou a mão pelo bolso e retirou o objeto. Seus olhos caíram sobre o livro que sua mãe lhe entregara mais cedo — o presente de seu pai. O toque do livro contra sua pele trouxe uma onda de emoção, pensamentos inundaram sua mente, provocando um aperto doloroso em seu peito. Em um reflexo de frustração e dor reprimida, ela o atirou para o lado, sem se preocupar com onde ele cairia. O livro aterrissou no chão com um baque suave, suas páginas se espalhando e uma delas se abrindo sozinha, como se estivesse convidando-a a olhar.

    Hope observou o livro por um momento, relutante, mas algo na maneira como ele se abriu despertou sua curiosidade. Lentamente, ela se agachou, pegando-o novamente. Foi então que notou uma sequência de números enigmáticos rabiscados na última página. Eles formavam uma série desconexa — símbolos que pareciam um código, como se contivessem uma mensagem que escapava à compreensão imediata.

    Franzindo a testa, ela tentou decifrar o padrão. Conhecia várias formas de criptografia e charadas, mas esses números pareciam escapar de qualquer lógica comum. A sensação de algo escondido nas entrelinhas provocava sua mente, e uma faísca de determinação surgiu em seus olhos. Olhando mais atentamente, Hope notou algo peculiar na estrutura do livro: as páginas eram numeradas meticulosamente. Uma ideia começou a se formar, e com renovado interesse, ela voltou à sequência de números na última página.

    “4/9\7,” murmurou, enquanto tentava deduzir o que aquilo significava. “Página quatro… linha nove… palavra sete.”

    Com uma pontada de expectativa, folheou o livro até a página quatro. O cheiro suave de papel antigo envolveu o ar, adicionando um toque de mistério à atmosfera. Hope percorreu os olhos pela página, contando cuidadosamente as linhas até chegar à nona. O texto parecia um relato de aventuras e mistérios, uma narrativa que, até então, passara despercebida por ela. Ao contar as palavras da linha, encontrou o que procurava: “Está.”

    Seu coração acelerou, e um sorriso de satisfação iluminou seu rosto. Estava no caminho certo. Porém, ainda havia mais a descobrir. Voltou rapidamente à última página, ansiosa por decifrar o restante da sequência de números, sentindo a excitação crescente em seu peito.

    Os números formavam mais do que um simples código; eram instruções claras. “Está na biblioteca, procure pela numeração 8*/12*24,” leu em voz alta, enquanto um arrepio subia por sua espinha. O que poderia estar escondido na biblioteca? Por que esse segredo fora deixado ali para ela?

    A curiosidade crescia, incontrolável. Algo dentro de si a impelia a descobrir a verdade oculta nas páginas. Hope se levantou da cama com o livro firmemente em suas mãos. O mistério despertara um desejo profundo de explorar o desconhecido. O que quer que estivesse aguardando por ela na biblioteca, sabia que precisava descobrir ao amanhecer. Ali, talvez, houvesse respostas que haviam permanecido escondidas por muito tempo — segredos que poderiam mudar tudo.

    Determinada, Hope decidiu que, assim que o sol despontasse no horizonte, partiria em busca daquilo que o código tentava revelar. A biblioteca seria o próximo passo na jornada que, até aquele momento, ela nem sabia que estava trilhando.

    Hope acordou com os primeiros raios de sol invadindo suavemente seu quarto, pintando as paredes com uma luz dourada. O canto dos pássaros parecia uma melodia distante, enquanto ela lentamente se espreguiçava, permitindo que a tranquilidade da manhã a envolvesse. Por um breve momento, esqueceu-se dos mistérios que havia descoberto na noite anterior.

    Mas então, como um flash de memória, ela se lembrou do livro. O presente de seu pai, as estranhas sequências de números, e aquela mensagem enigmática sobre a biblioteca. Uma onda de curiosidade tomou conta dela, substituindo o sossego matinal por um senso de urgência. “Está na biblioteca, procure pela numeração 8/1224″**, ela relembrou as palavras enquanto se vestia rapidamente.

    Determinada a desvendar o mistério, Hope saiu de seu quarto e se dirigiu para o terceiro andar da mansão, onde a biblioteca ficava. O corredor era longo e silencioso, seus passos ecoando enquanto caminhava pelas antigas tapeçarias e quadros ancestrais. Ao chegar à entrada da biblioteca, sentiu a familiar sensação de reverência. Aquele lugar, com suas estantes imponentes e cheias de conhecimento acumulado ao longo de gerações, sempre a fascinava.

    Hope entrou, fechando a porta suavemente atrás de si, e olhou ao redor. As estantes se erguiam como gigantes imponentes, repletas de livros que contavam histórias de eras passadas, de magia, de lendas e sabedoria esquecida. Ela percorreu os corredores, os dedos passando levemente pelas lombadas dos livros empoeirados, mas algo estava faltando. Onde estavam os números que a mensagem mencionava? Não havia sinal de símbolos ou marcas que correspondessem à sequência.

    Após quase uma hora de busca infrutífera, a frustração começou a se acumular. “Como posso encontrar algo sem direção clara?”, ela pensou, sentindo-se um pouco derrotada. Finalmente, decidiu se sentar em uma das cadeiras de couro no canto da sala, olhando em volta, em busca de inspiração. Seus olhos percorreram mais uma vez as prateleiras infinitas, até que uma ideia começou a se formar.

    “E se os números representassem as estantes em vez das páginas?”, ela ponderou. Era uma suposição simples, mas fazia sentido. Ela se levantou com um novo propósito, correndo para o início da biblioteca, onde as estantes começavam. Lá, começou a contar.

    “8… estante oito…” murmurou enquanto contava, os dedos roçando as lombadas dos livros. Ela caminhou até encontrar a oitava estante, uma fileira alta e repleta de tomos antigos. Respirando fundo, começou a contar as prateleiras. “Doze prateleiras… e agora… livro vinte e quatro.”

    Ela alcançou o vigésimo quarto livro, com a capa desgastada e sem nenhum título visível. No entanto, ao puxá-lo da estante, percebeu algo curioso. O livro era mais pesado do que o esperado, e sua capa estava levemente descolada nos cantos. Intrigada, Hope puxou a capa, revelando que era, na verdade, falsa. Dentro do livro, havia algo que ela definitivamente não esperava encontrar: um pequeno brinco.

    Ela ergueu o objeto à altura dos olhos, franzindo a testa em confusão. “Um brinco? O que isso tem a ver com o código?”. Ainda assim, algo a instigava a continuar. Hope se concentrou no pequeno brinco, canalizando uma quantidade mínima de sua mana. Assim que fez isso, uma energia estranha começou a pulsar ao redor do objeto, e de repente, o ar ao seu redor distorceu.

    Um espaço dimensional se abriu na frente dela, como uma fenda que revelava algo escondido em outra realidade. Hope deu um passo para trás, surpresa, mas a curiosidade a venceu rapidamente. Ela estendeu a mão com cautela e retirou três objetos de dentro da fenda: uma pedra dourada, um bracelete prateado ornamentado e um pequeno pedaço de papel dobrado.

    Seu coração acelerava enquanto abria o papel com mãos trêmulas. As instruções eram claras, mas misteriosas:

    “Encontre alguém habilidoso com mana. Peça que te ensine sobre as ‘Runas de Mana.’ A resposta que você procura está além deste conhecimento.”

    Hope olhou para os objetos em suas mãos, seus pensamentos correndo em várias direções. Quem poderia ser essa pessoa habilidosa com mana? Ela conhecia muitas pessoas talentosas, mas sentia que o bilhete falava mais do que ela já conhecia. O bracelete parecia ter uma aura mágica poderosa, e a pedra dourada emitia uma energia que ela nunca havia sentido antes.

    Com o coração ainda acelerado, Hope percebeu que o mistério apenas começara. Não sabia o que as Runas de Mana eram exatamente, mas estava claro que isso era crucial para entender a mensagem e o legado que seus pais haviam deixado para ela.

    “Preciso descobrir mais sobre isso…”, pensou, enquanto guardava os objetos com cuidado. Hope sentiu um novo peso sobre seus ombros, como se o destino estivesse se movendo ao seu redor, guiando-a para algo muito maior do que ela poderia ter imaginado.

    A biblioteca, que antes parecia apenas um lugar de sabedoria tranquila, agora se transformava em um portal para o desconhecido. Os segredos que ela começara a desvendar ali eram apenas a superfície de um mistério muito mais profundo e antigo. Ela mal podia esperar para ver onde essa jornada a levaria.

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