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    Hope, Aiden e Elior caminharam pelos corredores da facção humana, imersos em uma conversa animada sobre o progresso de seus treinamentos. Elior, com sua voz cheia de paixão juvenil, não conseguiu conter o sorriso.

    “Você está melhorando a cada dia”, comentou com uma seriedade que parecia contrastar com sua aparência infantil. “Logo, nenhum desafio será grande ou bastante para vocês.”

    Aiden, sempre descontraído, lançou um sorriso confiante.

    “Com alguém tão rápido quanto eu ao lado da Hope, já somos praticamente imbatíveis.”

    Hope revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um sorriso. “Ou talvez você tenha finalmente aprendido a não me atrapalhar, Aiden.”

    Elior soltou uma risada suave, o som ecoando pelos corredores. “Vocês dois são uma dupla interessante. Acho que o próximo teste vai ser bem divertido.”

    Antes que continuasse, Ethan e Eriel apareceram no fim do corredor, caminhando em direção a eles. Hope foi a primeira a notar e seu rosto se iluminou ao vê-los.

    “Mãe! Tio Ethan!” Ela acenou com entusiasmo evidente na voz.

    Ethan, com sua postura sempre firme, deixou escapar um leve sorriso. “Vocês parecem prontos para qualquer coisa”, comentou, avaliando os jovens com um olhar atento.

    Eriel se moveu, trazendo consigo um ar de calma. “De onde estão vindo? Parece que algo interessante aconteceu.”

    Hope falou amplamente, ainda sentindo a energia da sessão de treinamento. “Estávamos treinando, nos preparando para a próxima aula.”

    Ethan virou-se para Aiden, erguendo uma sobrancelha. “E você, está conseguindo acompanhar minha sobrinha ou ela continua te deixando para trás?”

    Aiden abriu um sorriso divertido. “Acho que finalmente estou dando algum trabalho para ela, senhor.”

    Ethan riu, satisfeito. “É isso que eu gosto de ouvir.”

    Enquanto a conversa fluía, Hope percebeu que algo estava errado. Olhando ao redor, ela notou que Elior havia desaparecido. Um sentimento de frustração tomou conta dela.

    “Mãe, você viu para onde o Elior foi?” Hope tentou esconder a decepção em sua voz.

    Eriel franziu o cenho e olhou ao redor. “Elior? Não vi ninguém além de você e Aiden.”

    Hope suspirou, o desânimo evidente em seu rosto. “Eu queria tanto apresentá-lo a você… Ele sempre desaparece. Já tentei apresentá-lo à Naara e à Sien, mas nunca dá certo.”

    Eriel sorriu gentilmente e tocou o rosto da filha com carinho. “Tenho certeza de que você vai conseguir apresentá-lo um dia, querida. Ele só precisa de mais tempo.”

    Aiden, percebendo o clima melancólico, decidiu quebrar a tensão. “Talvez ele nem existe. Quem sabe o garoto seja só uma alucinação coletiva.”

    Todos riram, e o comentário conseguiu aliviar um pouco o momento. Hope lançou um olhar agradecido para Aiden.

    Ethan então voltou para Hope, seu tom ficando mais sério. “Hope você pode acompanhe por um momento? Há algo que quero discutir com você.”

    Hope olhou para a mãe, que assentiu com um sorriso encorajador. “Claro, tio.” Virando-se para Aiden, ela acenou. “Nos vemos mais tarde.”

    Aiden devolveu o gesto com seu sorriso despreocupado. “Boa sorte, Hope. Não se esqueça de me contar tudo depois.”

    Hope se juntou a Ethan e Eriel enquanto começavam a caminhar juntos pelos corredores. O silêncio entre eles era confortável, mas carregava uma tensão implícita. Depois de alguns minutos, Hope não pôde conter uma curiosidade.

    “Para onde vamos indo, tio?”

    Ethan lançou um olhar de canto para ela, com um leve sorriso. “Vamos para a sala de reunião no penúltimo andar. Há algumas coisas importantes que precisamos discutir.”

    Hope assentiu, tentando esconder o nervosismo crescente. Enquanto caminhava ao lado de sua mãe e tio, sentia o peso da expectativa aumentando a cada passo.

    Quando as portas do elevador se fecharam, isolando-os no espaço silencioso, Hope lançou um olhar curioso para Ethan, cuja expressão permaneceu séria.

    “Hope”, Ethan começou, com sua voz firme, mas acompanhada de uma gentileza inesperada. “As pessoas que estão na sala são extremamente importantes para a facção. Esta não será uma reunião comum.”

    Hope franziu o cenho, ainda mais intrigada. “Mas por que eu estou indo? Não sou tão importante como a mamãe, a tia ou o vovô. O que eu poderia contribuir?”

    Ethan lançou-lhe um olhar de canto, com um sorriso enigmático. “Alguém pediu para conhecê-la, Hope. E eu acredito que isso será importante para você também.”

    Antes que ela pudesse fazer mais perguntas, o elevador chegou ao seu destino. As portas se abriram silenciosamente, revelando um longo corredor iluminado por uma luz suave, que conduzia a uma porta dupla imponente. Hope respirou fundo, sentindo a tensão crescer em seu peito, enquanto seguia seu tio e sua mãe pelo corredor até a sala.

    Ao entrar, foi como se o mundo ao seu redor mudasse. A sala era ampla e luxuosa, mas não era isso que fazia a atmosfera do local parecer mais densa. Era a presença das pessoas ali. Havia algo esmagador, um peso palpável de poder e autoridade que fazia Hope hesitar por um instante.

    No centro da mesa de conferência, estava sentada uma mulher que capturou a atenção de Hope no mesmo instante. Sua beleza era impressionante, quase sobrenatural. A pele pálida tinha um brilho translúcido, e os cabelos negros e planos emolduravam perfeitamente seu rosto de traços marcantes. No entanto, foram seus olhos que paralisaram Hope. Amarelados como ouro puro, irradiavam uma intensidade quase hipnótica, como se contivessem eras de sabedoria e segredos.

    Hope engoliu em seco, incapaz de desviar o olhar. Havia algo esmagadoramente imponente naquela mulher, algo que deixava claro que ela não era alguém comum.

    Poucos metros ao lado dela, outra figura. Uma mulher de beleza feroz e perigosa. Seus olhos azuis-escuros lembravam as profundezas do oceano, enquanto os cabelos vermelhos vibrantes caíam em cascatas flamejantes pelas costas. Cada movimento seu era fluido, carregado de uma energia selvagem, quase predatória. Hope sentiu um arrepio subir pela espinha, quando cruzou olhares com ela, como se estivesse diante de uma fera à espreita.

    No canto da sala, duas guardas completavam o cenário, mas não eram meros importantes. A primeira era uma mulher de longos cabelos dourados que brilhavam como raios de sol. Seus olhos negros, misteriosos e profundos, carregavam um enigma que parecia desafiar qualquer tentativa de compreensão. O sobretudo branco impecável que vestia realçava sua presença quase divina, mas havia algo mais ali — uma sombra de tragédia escondida em seu olhar. Hope não sabia explicar, mas sentiu como se aquela mulher tivesse enfrentado algo devastador e saído transformada.

    Ao lado dela, um homem imponente se destacava como uma fortaleza viva. Com pouco mais de dois metros de altura, sua figura musculosa era impossível de ignorar. O sobretudo vermelho que usava trazia o símbolo de uma espada nas costas, e a pequena cicatriz perto de seu olho direito apenas realçava sua aparência de experiência de guerreiro. Seus olhos amarelos brilhavam como os de um predador, revelando sua verdadeira natureza — ele era um vampiro, e não um qualquer. Havia uma força imponente em sua presença, um ar de veterano que parecia dominar qualquer ambiente que ocupasse.

    Hope se forçou a respirar, tentando absorver a magnitude do que estava diante dela. Era como se cada pessoa naquela sala fosse um pilar de poder absoluto, e ela, por contraste, se sentisse pequena e deslocada.

    Eriel tocou suavemente o ombro da filha, trazendo-a de volta ao presente. “Fique calma, Hope. Apenas ouça e observe.”

    Ethan deu um passo à frente, quebrando o silêncio. “Senhoras, senhores. Esta é Hope.”

    Todos os olhos se voltaram para ela. Hope sentiu o peso dos olhares — curiosos, analíticos, avaliando. Respirando fundo, ela levantou o queixo, determinada a não deixar sua insegurança transparecer.

    “É um prazer conhecê-los”, disse ela, sua voz firme, apesar do frio que sentiu nas mãos.

    A mulher de olhos dourados esboçou um sorriso quase imperceptível, mas não respondeu imediatamente. Era como se estivesse medindo cada traço de Esperança, cada palavra dita e não dita.

    No centro da sala, cercada por aqueles guardas imponentes, era uma jovem de beleza delicada e etérea. Seus cabelos longos e castanho-escuros caíam suavemente em ondas que emolduravam seu rosto sereno e impecavelmente pálido. Seus olhos, de um castanho profundo, irradiavam calma e sabedoria, uma combinação que parecia transcender sua aparência jovem. Sua presença emanava uma aura de paz tão evidente que Hope sentia sua respiração vacilar, como se aquela mulher pudesse, de algum modo, apaziguar até as tempestades mais furiosas.

    Do outro lado da sala, Naara mantinha-se em pé, em sua habitual postura de guarda. O sobretudo amarelo-alaranjado que vestia contrastava com a firmeza de seu semblante, um equilíbrio entre força e tranquilidade. Ao seu lado, uma criança que aparentava ter a mesma idade de Elior observava tudo em silêncio. Seus olhos negros eram intensos, e seus cabelos igualmente escuros caíam em cachos suaves. As vestes nobres da menina realçavam sua beleza quase angelical, mas havia algo mais profundo em seu olhar — um peso que Hope não conseguia compreender, mas que a deixou inquieta.

    A magnitude das pessoas reunidas era avassaladora. Cada um ali parecia carregar o peso de eras e poderes imensuráveis. Apenas estar na mesma sala era algo que Hope jamais imaginou, e a percepção de que estava sendo observada por aquelas figuras tão impressionantes a fazia sentir-se minúscula.

    Ethan acomodou-se na cadeira à cabeceira, sua expressão firme e resoluta, enquanto Eriel, sempre graciosa, tomou seu lugar ao lado dele. Antes de se sentar, lançou um olhar encorajador para Hope e indicou o assento vazio próximo. Hope hesitou por um instante, mas, reunindo sua coragem, sentou-se, tentando aparentar mais compostura do que realmente sentia.

    Conforme ela se ajustava na cadeira, o peso dos olhares alheios tornou-se evidente. Havia curiosidade e interesse neles, mas também um julgamento sutil. Hope sentiu o coração disparar. Não poderia deixar o nervosismo transparecer. Este momento era único — uma chance de provar seu valor, mesmo que ela ainda não entendesse o porquê de estar ali.

    Ethan foi o primeiro a quebrar o silêncio, sua voz soando firme e direta. “Estamos aqui hoje para apresentar nossa jovem convidada a alguns dos ilustres presentes. Antes de começarmos, gostaria de pedir que se apresentassem.”

    Hope arregalou os olhos, surpresa, mas manteve a postura. Ela sabia que o que estava prestes a presenciar era algo que mudaria tudo.

    A primeira a se levantar foi uma mulher de pele pálida e olhos dourados, cuja presença dominava a sala. Com movimentos graciosos, ela passou a mão em seus cabelos negros, emoldurando sua figura imponente. “Eu sou Elara”, disse ela, sua voz suave e melodiosa, mas carregada de poder. “Rainha dos vampiros. É um prazer finalmente conhecê-la, Hope.”

    Hope sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Elara, Rainha dos Vampiros, estava ali, falando diretamente com ela. A presença daquela mulher parecia conter séculos de história e uma sabedoria tão profunda que era quase impossível de analisar.

    Logo depois, uma mulher de cabelos vermelhos intensos e olhos azuis-escuros se declarou, sua expressão adornada por um sorriso enigmático. “Belzebu”, disse com uma leve reverência. “Rainha dos demônios. Espero que esta reunião seja produtiva para todos nós.”

    O coração de Hope acelerou. A rainha do reino demoníaco era conhecida não apenas por seu poder descomunal, mas também por sua astúcia e um senso de propósito implacável. A beleza selvagem de Belzebu combinava com sua aura — uma força quase incontrolável, sempre à beira de uma explosão.

    Então, foi a vez da mulher de longos cabelos dourados e olhos negros. Ela se apresentou com uma postura elegante, quase divina. “Zenith”, anunciou, sua voz controlada. “Um dos quatro cavaleiros do apocalipse, o Cavaleiro Branco, e guardiã responsável pela princesa.”

    A presença de Zenith era arrebatadora. Havia nela uma combinação única de majestade e mistério, como se estivesse envolta em uma aura divina, mas com sombras que carregavam histórias não ditas. Hope sentiu-se intrigada, como se houvesse algo mais por trás daquela figura perfeita e intocável.

    Por último, o homem de sobretudo vermelho aparente-se. Ele era imenso, tanto em altura quanto em presença, e seu olhar parecia perfurar o ambiente. “Nain”, disse com sua voz grave e ressonante. “Cavaleiro Vermelho da Guerra”.

    Hope prendeu a respiração. Era impossível ignorar o poder bruto que exalava de Nain. Ele parecia ser a personificação do campo de batalha, um guerreiro cuja força e experiência o tornavam inabalável.

    A sala mergulhou em silêncio após as apresentações, e Hope sentiu os olhares novamente relembrando sobre ela. Era como se todos esperassem algo, um sinal, uma palavra, ou talvez apenas sua ocorrência. Engolindo a ansiedade, ela inclinou a cabeça levemente e falou, sua voz firme apesar da tensão.

    “É uma honra conhecê-los. Espero estar à altura deste momento.”

    O leve sorriso que Elara esboçou foi a única resposta imediata.

    Hope mal conseguia processar a informação. Estava diante dos Cavaleiros do Apocalipse, figuras lendárias cujos nomes evocavam poder e destruição. E ali estavam eles, reunidos numa sala com ela, como se fosse algo comum.

    Finalmente, todos os olhares se voltaram para a jovem de beleza delicada no centro da sala. Ela se levantou com uma suavidade que parecia desafiar a gravidade, seus cabelos castanhos caindo em ondas suaves que emolduravam seu rosto sereno. “Eu sou Mana,” disse ela, sua voz suave e calorosa. “Princesa imperial… e tia de Hope.”

    Hope ficou imóvel, surpresa e confusa. Ela nunca imaginou que teria uma tia tão poderosa e respeitada. O fato de que Mana era sua tia trouxe uma nova perspectiva sobre seu próprio lugar naquele mundo. Eriel, percebendo a surpresa de Hope, sorriu levemente, orgulhosa da revelação.

    Por fim, todos os olhares se voltaram para a pequena garota ao lado de Naara. A garotinha, com uma timidez encantadora, deu um passo à frente, seus olhos negros brilhando de curiosidade. “Meu nome é Chloe,” disse ela suavemente. “Estou aqui como representante da duquesa Lune D’Argent.”

    Hope mal podia acreditar na magnitude das pessoas reunidas ali. Cada uma delas era uma figura imponente, dotada de um poder que ela nunca poderia imaginar presenciar. A sala, que antes parecia um espaço comum, agora se transformara em um lugar quase sagrado, onde as forças mais poderosas do mundo estavam reunidas.

    Ethan, sentindo a gravidade do momento, inclinou-se levemente para frente e começou a falar novamente, com uma voz que misturava respeito e propósito. “Agora que as apresentações foram feitas, vamos ao que realmente importa…”

    Ethan estava prestes a continuar sua fala quando Belzebu levantou uma das mãos, interrompendo-o com um sorriso que misturava curiosidade e algo mais difícil de definir. “Antes de seguirmos, Ethan, peço um instante. Estou bastante ansiosa para conhecer a filha dele,” disse Belzebu, referindo-se a Hope com um brilho travesso nos olhos. O comentário foi acompanhado por um olhar carregado de intenções ambíguas, típico da rainha dos demônios.

    Hope ficou um pouco desconcertada, mas não conseguiu desviar os olhos do sorriso enigmático de Belzebu.

    Mana, inclinou-se levemente para frente, seu olhar caloroso fixo na sobrinha. “Foi por minha causa que pedimos essa reunião, Ethan,” revelou Mana com um tom suave, mas determinado. “Estava ansiosa para conhecer minha sobrinha, Hope. Quero muito passar um tempo com ela.”

    Hope piscou, surpresa e um tanto emocionada. A revelação de que sua tia, uma figura tão poderosa e respeitada, havia solicitado vê-la, a fez sentir-se ainda mais conectada a essa parte da família que ela mal conhecia.

    Ethan, embora reconhecesse o desejo das duas, manteve sua postura firme. “Podem conversar com ela mais tarde, depois da reunião,” respondeu ele, sua voz carregada de autoridade e foco. “No momento, temos assuntos importantes a tratar.”

    Belzebu, no entanto, não deixou a oportunidade passar sem uma de suas respostas carregadas de sarcasmo. “Ah, sempre tão formal, Ethan. Talvez pudéssemos discutir esses ‘assuntos importantes’ enquanto apreciamos a presença de sua encantadora sobrinha,” disse ela, o tom leve e brincalhão, mas os olhos brilhando com um desafio implícito.

    Mana sorriu levemente ao comentário de Belzebu, mas acenou em concordância com Ethan. “Ele tem razão. Vamos focar no que viemos tratar. Teremos tempo depois.”

    Com isso, a reunião seguiu seu curso normal. Discutiram uma série de assuntos importantes para as relações entre o mundo humano e o império demoníaco. Ethan mencionou a importação de armas e equipamentos mágicos, essenciais para que os humanos pudessem enfrentar criaturas mágicas cuja tecnologia convencional não conseguia derrotar. Em contrapartida, o mundo humano enviaria alguns de seus membros ao império demoníaco, um intercâmbio cultural que acontecia todos os anos.

    No meio da discussão, Belzebu, ainda com aquele brilho travesso no olhar, perguntou casualmente: “E quanto a Hope? Ela será enviada também?”

    Assim que a pergunta saiu, a sala caiu em um breve silêncio. Belzebu percebeu seu erro quase imediatamente, sua expressão mudando para uma mistura de surpresa e arrependimento. “Me desculpem,” disse ela, sua voz formal agora, contrastando com o tom brincalhão de antes. “Foi uma pergunta inadequada. Eu realmente esqueci.”

    Ethan suspirou, mas manteve o tom calmo. “Não podemos enviar Hope. E todos aqui sabem muito bem o motivo.”

    Hope sentiu a tensão no ar, mas não se atreveu a perguntar. Ela sabia que havia muito sobre sua família e sua própria história que ainda lhe era oculto. O motivo pelo qual ela não podia ser enviada ao mundo demoníaco estava além de seu entendimento, mas percebeu que aquele não era o momento para questionar.

    Belzebu, agora mais séria, inclinou a cabeça levemente em um gesto de desculpas sinceras. “Lamento de verdade, Ethan. Foi um deslize imperdoável de minha parte.”

    Com o clima na sala mais controlado, a reunião continuou. Discutiram detalhes sobre os armamentos a serem trocados, as datas dos intercâmbios culturais e outros assuntos que afetariam ambos os mundos nos meses seguintes. Embora Hope permanecesse em silêncio, a magnitude das discussões e a presença daqueles ao seu redor deixaram claro para ela o quão importante era o papel de sua família no equilíbrio entre os mundos.

    Após a reunião, Ethan encerrou a discussão com um aceno firme, sinalizando que era hora de todos se retirarem. As figuras imponentes que estiveram presentes começaram a se mover, seus passos ecoando pelo salão enquanto se preparavam para sair. Hope, que havia passado todo o tempo em silêncio, estava prestes a seguir o fluxo quando ouviu uma voz suave chamando seu nome.

    “Hope, você tem um momento?” Era Mana, sua tia, que se destacava no meio das outras figuras com sua beleza etérea e postura serena. Hope se virou, encontrando os olhos castanhos profundos de Mana, que agora exibiam um calor acolhedor. “Gostaria de conversar um pouco com você,” continuou Mana, com um leve sorriso.

    Sentindo a curiosidade crescer com uma certa timidez, Hope assentiu. “Claro, tia Mana.”

    Antes que Mana pudesse continuar, ela olhou para Eriel, que estava ao lado de Hope. “Eriel, você se importaria de nos acompanhar?”

    Eriel, sempre atenta, sorriu e concordou, mas antes que pudesse dar uma resposta, Belzebu, que até então havia permanecido em silêncio, levantou uma sobrancelha e se intrometeu. “Espere um pouco!” Sua voz era carregada de um tom brincalhão, mas também de um certo descontentamento. “Eu também quero conversar com a Hope.”

    Ethan, sempre o mediador, interveio rapidamente, não querendo que a situação se prolongasse. “Belzebu, que tal eu te mostrar as instalações enquanto elas conversam? Pode ser algo interessante para você.”

    Belzebu piscou, surpresa pela oferta, e logo um sorriso travesso se formou em seus lábios. “Ah, é mesmo? Bem, se é assim, não vou recusar,” disse ela, ainda claramente intrigada.

    Ethan então se voltou para os outros presentes. “Vou conduzir todos em um tour pelas instalações. Mana, Eriel, por favor, levem Hope para que possam conversar. Eu cuidarei do resto.”

    Com isso, ele começou a guiar Belzebu e os outros para fora da sala, deixando Mana, Eriel e Hope sozinhas para seguirem seu próprio caminho.

    Enquanto as três caminhavam pelos corredores do edifício, a atmosfera mudou. A tensão formal da reunião desapareceu, dando lugar a uma conversa mais leve e descontraída. Mana, que momentos antes parecia uma figura imponente e majestosa, agora conversava com Hope de maneira casual, quase íntima, como uma irmã mais velha que tenta se aproximar.

    Hope, ainda processando a mudança repentina na postura da tia, não pôde deixar de refletir em silêncio. Agora ela não parece em nada com a figura imponente que era há poucos momentos pensou, sentindo-se um pouco mais à vontade, embora ainda um tanto intimidada pela presença de Eriel e Mana.

    Mana quebrou o silêncio com um tom suave e interessado. “Eriel, como você tem estado?”

    Eriel, sempre serena, respondeu com um sorriso tranquilo. “Estou bem, Mana. Obrigada por perguntar.”

    Houve um breve silêncio antes de Mana falar novamente, desta vez com uma hesitação perceptível em sua voz. “Me desculpe, Eriel…” Ela não completou a frase, mas o peso das palavras não ditas pairou no ar.

    Eriel, compreendendo completamente o que Mana queria dizer, esboçou um sorriso compreensivo. “Não se preocupe, Mana. Nada disso é culpa sua.”

    O ambiente relaxou ainda mais, e Mana suspirou, parecendo aliviada por ter abordado o assunto. “Eu soube que seu aniversário passou recentemente, Hope,” comentou Mana, olhando carinhosamente para a sobrinha. “Sei que já faz um tempo, mas sinto muito por não conseguir preparar algo especial para você.”

    Hope, sentindo-se um pouco mais conectada com sua tia, sorriu em resposta. “Está tudo bem, tia Mana. Talvez possamos fazer algo na próxima vez que nos encontrarmos.”

    Mana retribuiu o sorriso, tocando o ombro de Hope com um gesto afetuoso. “Certamente faremos. Prometo que vamos preparar algo especial.”

    Depois de alguns instantes de silêncio, Hope decidiu compartilhar algo que vinha guardando consigo. “Na verdade, encontrei algo interessante no livro que meu pai deixou,” disse ela, retirando o brinco e o bracelete que havia encontrado na biblioteca. “Já aprendi bastante sobre runas de mana, mas ainda não sei como usar esses itens.”

    Eriel, ao ver os itens, franziu a testa ligeiramente, surpresa com a raridade dos objetos. “Esses são artefatos bastante incomuns, Hope.”

    Mana, por sua vez, sorriu levemente, observando os itens com um olhar de reconhecimento. “Esses itens são realmente especiais. Para ativá-los, você deve usar a runa de mana ‘Liberar’ na pedra dourada. E no bracelete prateado, você deve utilizar a runa de mana ‘Ligação do Espírito’.”

    Hope inclinou a cabeça, intrigada com as instruções. “E o que exatamente isso vai fazer?”

    Mana continuou, sua voz suave e instrutiva. “Você precisa descobrir o que existe dentro da pedra dourada primeiro. Somente após liberar o poder da pedra é que poderá usar a ‘Ligação do Espírito’ para conectar seu poder ao bracelete. Mas não se preocupe, você saberá o que fazer quando o momento chegar.”

    A curiosidade de Hope se intensificou. “Mãe, tia… Vocês sabem o que tem dentro da pedra?”

    Mana sorriu enigmática, seu olhar cheio de segredos. “Quem sabe?” disse ela, enquanto Eriel também esboçava um sorriso misterioso.

    Era claro para Hope que ambas sabiam o que estava escondido na pedra, mas, por algum motivo, estavam se divertindo em manter o mistério. Ela aceitou o silêncio delas, compreendendo que algumas respostas precisavam ser descobertas por si mesma. Enquanto continuavam caminhando, Hope sentiu uma estranha mistura de familiaridade e mistério envolvendo aquelas mulheres poderosas. Ela sabia que, de alguma forma, estava mais próxima de sua família do que jamais estivera, e aquela conexão nova e crescente trazia tanto conforto quanto inquietação.

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