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    Hope, sentindo o perigo iminente, canalizou sua magia rapidamente. Seu corpo começou a pulsar com energia, as faíscas de sua magia dançando em torno de seus dedos, prontas para qualquer sinal de ataque. Aiden, ao seu lado, também assumiu uma postura defensiva, os olhos alertas, enquanto Mana mantinha-se completamente imóvel, estudando as criaturas com uma calma desconcertante.

    “Eles não vão atacar… ainda,” Mana disse com firmeza. “Estão esperando.”

    “Esperando pelo quê?” Hope perguntou, sua voz firme, mas cheia de desconfiança.

    “Por ele,” Mana respondeu, seu olhar fixo em Elior.

    Elior, no entanto, não parecia preocupado. Ele deu um passo à frente, se aproximando das criaturas, que se encolheram levemente, como se a presença dele fosse uma ameaça silenciosa. O ar ao redor dele parecia vibrar, uma força invisível e avassaladora emanando do garoto, uma presença que até mesmo a floresta parecia reconhecer.

    As criaturas hesitaram, seus corpos tensos, mas não avançaram. A tensão no ar era palpável, como se cada segundo fosse um fio esticado prestes a se romper.

    Elior olhou diretamente para a criatura que parecia ser a líder do grupo. Seus olhos se encontraram, e algo passou entre eles, uma comunicação silenciosa que nenhum dos outros conseguia entender. Depois de alguns momentos, a criatura abaixou a cabeça lentamente, e, um a um, os outros fizeram o mesmo, recuando para as sombras, desaparecendo tão rápido quanto haviam aparecido.

    “Isso foi… novo,” Aiden disse, quebrando o silêncio com um tom aliviado. “Eu nem precisei me mexer.”

    Elior voltou a caminhar, como se nada tivesse acontecido, enquanto Mana lançava um último olhar para as árvores ao redor. “Essa foi a recepção,” ela murmurou. “Agora, estamos entrando de verdade no coração da floresta.”

    Hope olhou ao redor, sentindo a tensão se dissipar ligeiramente, mas a sensação de alerta permanecia. “Então… o que exatamente eles estão protegendo?”

    Elior finalmente falou, sua voz baixa, mas firme. “A passagem.”

    “Passagem para onde?” Aiden perguntou, agora claramente mais intrigado do que preocupado.

    “Para o outro lado,” respondeu Mana, lançando um olhar significativo para Hope e Aiden. “E isso é algo que só entenderemos quando chegarmos lá.”

    Eles continuaram a caminhar, a floresta ao redor ainda mais densa e misteriosa, como se cada árvore e cada sombra estivesse viva e observando cada um de seus movimentos. O coração da floresta os aguardava, e a sensação de que algo maior estava por vir nunca foi tão forte.

    O grupo avançava em silêncio pelas sombras densas da floresta até que, à frente, uma estrutura antiga e desgastada pelo tempo surgiu: as ruínas de um templo esquecido. Paredes de pedra cobertas de musgo e hera despontavam entre as árvores, revelando colunas quebradas e passagens que levavam a escuridões ocultas. Hope parou por um momento, seus olhos percorrendo o local com fascínio.

    “Esse lugar tem mais de 300 anos,” ela murmurou, sentindo uma estranha familiaridade que parecia surgir do nada.

    Aiden lançou-lhe um olhar curioso, enquanto Elior permanecia observando-a em silêncio, seus olhos fixos nas ruínas como se pudesse enxergar além da superfície. “E como você sabe disso?” Aiden perguntou, quebrando o silêncio.

    Hope ficou pensativa por um segundo, confusa. Ela realmente não sabia como tinha essa informação. Antes que pudesse responder, Mana deu um passo à frente, o rosto dela mostrando um misto de reconhecimento e inquietação.

    “Porque quem criou esse lugar foi seu pai,” Mana disse, sua voz carregada de uma seriedade rara. Ela olhou diretamente para Hope, cujas feições se transformaram em pura surpresa.

    “Meu pai?” Hope balbuciou, sua mente tentando processar a revelação. “O que… ele fez aqui?”

    Mana suspirou, lançando um olhar melancólico para as ruínas à frente. “Ele criou este lugar como um refúgio. Uma fortaleza escondida nas profundezas, para proteger algo. Ou talvez para esconder.”

    O ambiente ao redor parecia ter ficado ainda mais denso com essa revelação. Hope sentiu seu coração acelerar. Ela não sabia muito sobre o passado de seu pai, especialmente sobre suas ações antes de seu desaparecimento. “E o que exatamente ele escondeu aqui?”

    Mana hesitou por um instante, como se estivesse decidindo se devia ou não revelar a verdade. “Se há uma relíquia aqui, como eu imagino, então é algo realmente importante. Algo que seu pai considerou crucial para manter em segredo…”

    Aiden olhou para as ruínas à frente, a seriedade em sua expressão pouco comum para ele. “Ótimo. Parece que vamos encontrar algo muito maior do que esperávamos.”

    Elior, que até então permanecera em silêncio, deu um passo à frente, seus olhos brilhando com uma curiosidade sombria. “Se seu pai guardou uma relíquia aqui por tanto tempo, ela pode ter afetado qualquer criatura que estivesse nas proximidades. A criatura guardiã deve ter absorvido o poder da relíquia ao longo dos séculos… tornando-se algo que talvez nem possamos enfrentar diretamente.”

    As palavras de Elior ecoaram no ar tenso, enquanto Hope tentava processar o que acabara de ouvir. “Que tipo de relíquia estamos falando, Mana?” Ela perguntou, sua voz embargada de ansiedade. Era impossível não sentir a pressão esmagadora da importância desse lugar.

    Mana respirou fundo, os olhos fixos nas ruínas à frente. “Azrael me disse que se tratava da Coroa de Hades. Um artefato antigo e de poder inimaginável. Aqueles que a usam podem convocar e controlar exércitos inteiros de mortos. Durante a guerra que está acontecendo agora no mundo demoníaco… ela pode ser a chave para a vitória.”

    Hope sentiu um frio na espinha. A Coroa de Hades não era apenas um objeto de poder; era uma arma capaz de mudar o destino de nações. Se caísse nas mãos erradas…

    “Então, meu pai escondeu isso aqui, e agora cabe a nós encontrarmos antes que outra pessoa o faça,” Hope murmurou, mais para si mesma do que para o grupo.

    Mana assentiu, sua expressão sombria. “Exatamente. E parece que ele preparou esse lugar para garantir que ninguém indesejado saísse daqui com vida.”

    Ao se prepararem para entrar nas ruínas, notaram pequenos animais movendo-se rapidamente por entre as pedras desgastadas, como se estivessem observando seus passos. Mas, à medida que avançavam para o interior do templo, o ambiente mudou drasticamente. A atmosfera se tornava cada vez mais pesada, como se o próprio ar estivesse saturado por uma energia antiga e opressiva.

    Aiden olhou em volta, seus ombros se curvando sob a pressão esmagadora. “É só impressão minha, ou parece que estamos sendo esmagados por algo invisível?”

    Hope lutava para respirar, seus passos ficando mais lentos à medida que avançavam, enquanto Elior e Mana continuavam a caminhar com cuidado. Mana de repente parou, seu rosto ficando pálido. “Isso é… Azrael, o que você escondeu aqui?” Ela murmurou, como se falasse com o próprio irmão. “Esse lugar está impregnado com uma energia que nem eu consigo decifrar totalmente.”

    “E se ele colocou a Coroa de Hades aqui, isso significa que devemos enfrentar uma criatura que se alimentou dessa energia por séculos,” Elior completou, sem demonstrar medo, mas sua voz estava carregada de cautela.

    Enquanto continuavam seu caminho, criaturas menores começaram a aparecer nas sombras, seus olhos brilhando com um ódio irracional. Elas avançaram rapidamente, atacando sem qualquer hesitação. O grupo foi forçado a lutar a cada passo, repelindo os inimigos com magia e armas. Hope lançou feitiços que afastavam os inimigos, enquanto Aiden utilizava sua intangibilidade para desviar de ataques mortais.

    “Essas coisas não vão parar!” Aiden gritou, enquanto desviava de mais um ataque.

    “Aparentemente, estamos nos aproximando da relíquia,” Elior comentou, sua voz serena, mesmo em meio ao caos. “Quanto mais nos aproximamos, mais forte se tornam as defesas.”

    O caminho à frente estava se tornando cada vez mais conturbado. A escuridão parecia crescer, como se as próprias sombras os quisessem consumir.

    Mana apertou sua espada, um brilho feroz em seus olhos. “Se o meu pai escondeu a Coroa aqui, então estamos muito perto. E ninguém vai nos deter de encontrá-la.”

    Pouco mais de uma hora se passou desde que começou a lutar contra as pequenas criaturas, seus corpos encharcados de suor e a respiração pesada. Os monstros que surgiram ao longo do caminho eram cada vez mais perigosos, mas um a um, foram derrotados. Aiden, Hope, Elior e Mana seguiram em frente, seus passos firmes, ainda que cansados. A tensão pairava no ar, enquanto o som de suas respirações ecoava pelas ruínas.

    Finalmente, chegaram a uma enorme porta de pedra, esculpida com runas antigas que brilham sob a fraca luz ambiente. Era imponente, uma barreira final antes do que seria a sala central onde a relíquia os aguardava. Mana, com determinação no olhar, tocou a porta e a empurrou lentamente, revelando uma grande sala além. O som pesado da pedra se move ecoou pelas paredes, como um aviso ancestral.

    Ao cruzarem a soleira, uma pressão esmagadora caiu sobre eles, como se o ar estivesse saturado com a presença de algo monstruoso, algo antigo e poderoso. Cada passo parecia mais pesado, e até mesmo Elior, sempre calmo, franziu o cenho diante do peso invisível que os envolvia.

    A sala em si era majestosa, quase uma catedral esculpida no subsolo. Colunas enormes de pedra negra, decoradas com gravuras intrincadas, sustentavam o teto, que pareciam distantes como o céu noturno. No final do salão, iluminado por uma luz fantasmagórica que não tinha fonte visível, estava a relíquia: a Coroa de Hades . Ela flutuava suavemente no ar, rodeada por uma aura negra que se contorcia como sombras vivas. Seu metal era um misto de prata e obsidiana, almejado por pedras que pulsavam com energia infernal. A coroa parecia atrair o olhar de todos, como se fosse impossível desviar os olhos de sua sinistra beleza.

    Mas então, algo se moveu nas sombras. Uma presença terrível e antiga despertava. Do fundo da sala, uma criatura monstruosa começou a emergir, cada passo fazendo o chão tremer sob seu peso colossal.

    A criatura era uma visão aterradora, como se tivesse sido esculpida diretamente de um pesadelo. Sua estatura colossal ultrapassava os cinco metros, imponente e esmagadora. A pele, de um cinza escuro e áspero, parecia endurecida como pedra antiga, com fissuras que corriam por todo o corpo, dando a impressão de algo velho, mas incrivelmente resistente. Suas pernas musculosas e arqueadas eram perfeitas para a batalha, terminando em garras afiadas que perfuravam o solo de pedra com uma facilidade assustadora, como se fosse nada mais que areia sob seus pés.

    O corpo estava coberto por uma camada espessa de ossos protetores, que se projetavam como armaduras naturais, formando uma defesa quase impenetrável. Essas placas ósseas, porém, exibiam cicatrizes profundas de incontáveis batalhas, cada marca contando uma história de sobrevivência contra inimigos formidáveis. A combinação de força bruta e resistência absoluta estava evidente em cada aspecto físico da criatura.

    Sua cabeça era o ápice do terror. Um híbrido grotesco de touro e dragão, ela era moldada por características bestiais que irradiavam uma sensação de poder indomável. Dois pares de chifres curvados se erguiam de seu crânio, imponentes e ameaçadores, enquanto seus olhos, vermelhos como brasas vivas, pareciam arder com uma fúria ancestral. O sorriso sádico que moldava sua boca revelava fileiras de dentes irregulares e afiados, prontos para dilacerar qualquer coisa que se aproximasse. De sua mandíbula gotejava uma saliva ácida, que queimava e corroía o chão onde caía, deixando um rastro de destruição ao seu redor.

    Nas costas, longas espinhas pontiagudas se erguiam, movendo-se de maneira quase orgânica, como se estivessem vivas e pulsando com a mesma energia maligna da criatura. Das laterais de seu corpo emergiam dois pares adicionais de braços, tão poderosos quanto os membros principais. Cada braço terminava em mãos gigantescas, com garras afiadas o suficiente para cortar rocha com um único golpe. Esses braços balançavam com força, como se ansiassem por ação e destruição.

    A aura que envolvia a criatura era quase tangível. Uma névoa densa e escura flutuava ao seu redor, carregada com a pura essência do mal. Cada movimento da criatura fazia essa névoa pulsar, oprimindo tudo à sua volta com um sentimento avassalador de maldade. Era uma criatura nascida para a guerra, para o caos, e sua simples presença era uma ameaça.

    Seus passos ecoavam pela sala, pareciam vibrar de energia destrutiva. Hope sentiu seu corpo se encolher involuntariamente, uma sensação de pavor quase insuportável. A criatura exalava um poder esmagador, uma força que fazia o próprio ar vibrar. Era uma manifestação física do terror, como se as ruínas tivessem dado vida ao próprio guardião do inferno.

    Mana segurou a empunhadura de sua espada, sua voz baixa enquanto murmurava: “Essa coisa… foi alimentada pelo poder da Coroa por séculos. Não é apenas um guardião… é um monstro criado para destruir qualquer um que tente roubar o que ele é protege.”

    A criatura rugiu, um som profundo e reverberante que parecia fazer o chão tremer. Era um rugido que carregava fúria e aviso, como se dissesse que eles não teriam chance.

    Elior deu um passo à frente, sua expressão mais sombria do que o habitual. “Se queremos a coroa, teremos que derrotar isso. E rápido.”

    Hope, com o coração acelerado, lançou um olhar para seus companheiros, sentindo o peso da tarefa à frente. A criatura não era apenas assustadora — era uma força que parecia impossível de vencer. Mas eles não tinham escolha. A Coroa de Hades era a chave para vencer a guerra no mundo demoníaco, e ninguém além deles poderia levá-la.

    A luta estava prestes a começar, e o destino do mundo poderia muito bem ser decidido naquele salão escuro, sob o olhar voraz do guardião monstruoso.

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