Índice de Capítulo

    Com profundo respeito e distinção, tenho a honra de apresentar a soberana que, com sua sabedoria e virtude incomparáveis, conquistou o direito de governar a união de diversas raças. Permitam-me introduzir-vos a Sua Majestade Imperial, a Ilustre Imperatriz Eriel, cujo nome ressoa em todos os cantos deste vasto reino como símbolo de liderança e harmonia.

    Erguida à posição de eminência através de sua notável capacidade de conciliação e sua dedicação incansável ao bem-estar de todos os súditos, a Imperatriz Eriel personifica a graça e a majestade dignas de verdadeira admiração. Sob sua orientação, a união das diversas raças floresceu em uma era de prosperidade e cooperação, iluminando os caminhos da paz e da justiça para todos os que residem sob seu nobre domínio.

    Que sua presença inspire reverência e admiração, pois seu reinado é marcado pela compaixão e pela busca incessante da verdade e da virtude. Que todos nós, reunidos nesta nobre assembleia, possamos render nossas homenagens à grandiosidade de Sua Majestade Imperial, a Imperatriz Eriel, cujo legado será eternamente gravado na história.

    Não consegui parar de me sentir desencorajada ao percorrer todo o caminho até o trono da imperatriz. Por mais que tentasse, nunca senti que fosse realmente eu quem havia feito tudo acontecer, mas sim, recebi o crédito… Desde aquele dia, falar sobre Azrael se tornou um tabu entre todos que estavam presentes no local.

    O incidente ocorreu algum tempo após nosso retorno ao mundo demoníaco. Todos estavam perplexos com o que havia acontecido na batalha contra Hades, mas ainda mantínhamos esperanças de que Azrael estivesse do nosso lado. Contudo, nossas esperanças foram despedaçadas por uma única frase:

    “O ataque de Azrael tinha a intenção de nos matar.”

    Se essas palavras fossem proferidas por qualquer outra pessoa, poderíamos considerar nossas próprias experiências e protestar, afinal, muitos dos presentes naquele local haviam passado um tempo considerável com Azrael e sabiam que ele nunca trairia seus aliados. No entanto, aquelas palavras foram ditas pela pessoa que mais conhecia Azrael e que conviveu a maior parte do tempo com ele.

    “Samael, deve haver algum engano. Você conhece Azrael melhor do que eu e sabe que isso não é possível”, argumentou Alice, tentando negar as palavras de Samael a todo custo, mas mesmo ela parecia não acreditar.

    “Deixe-me ser claro, princesa. Azrael realmente tentou matar sua família e amigos”, disse Samael, com um toque de raiva em sua voz.

    “Alice, Samael está certa. Se não tivéssemos escapado pelo portal criado por ela, estaríamos mortos agora”, acrescentou Belial, preocupado.

    “Pai, você sabe que…”, no entanto, Alice se conteve.

    “Eu sei que é difícil de acreditar, mas posso afirmar. Azrael não estava sendo controlado; ele estava em perfeito estado e, além disso, lançou seu ataque mais poderoso em nossa direção. Sendo seu criador, Azrael sabia que ninguém poderia escapar do ataque”, insistiu Samael, que parecia mais relutante do que qualquer outra pessoa em aceitar que seu amado discípulo havia tentado matá-la. Seu olhar em direção à espada enferrujada Tsukoyomi deixava claro com quem ela estava falando.

    Nem mesmo os cavaleiros ousaram fazer comentários.

    “O que faremos agora? Vamos apenas renegar Azrael? Ele é meu senhor e meu amigo”, indagou Naara, em meio à atmosfera tensa.

    A única capaz de falar naquela situação foi a fraca Naara, que ainda se recuperava da última batalha.

    “Azrael desfez o Pacto de Alma com Noir, então, mesmo que ela saísse dessa forma, é impossível localizá-lo”, explicou Samael. As palavras fizeram a espada enferrujada tremer, mas sem sinais de que Noir sairia. O rompimento do Pacto de Alma deixou Noir em um estado de desamparo. Mesmo que tentassem falar com ela, não havia respostas da espada. Noir, com sua recusa em falar, deixou claro que não ajudaria.

    Entretanto, o conflito sobre quem estava certo não cessou. Alguns dias depois, encontramos alguns papéis descartados por Azrael. Esses papéis revelavam exatamente quais eram seus planos: o que ele pretendia fazer em relação às raças que agora vivem no mundo demoníaco, e os planos para os continentes e futuros reis e rainhas.

    Com o anel que recebi de Azrael no último momento, foi decidido que eu seria aquela a realizar todas as etapas para a conclusão do plano de criar um novo mundo demoníaco. O anel, agora em meu dedo indicador, significava que eu tinha poder sobre toda a raça demoníaca. Como imperatriz, eu estava abaixo apenas de Azrael em termos de poder e controle sobre o povo.

    Com o passar do tempo, conseguimos organizar tudo e, com a eficiência dos povos que hoje habitam o mundo demoníaco, os preparativos foram realizados em pouco tempo.

    Com um papel em mãos, comecei a analisar o conteúdo enquanto os líderes de cada continente eram apresentados…

    A primeira pessoa a ser anunciada foi a atual Rainha de Magaiver: Elara Felior. A mulher de pele pálida, cabelos e olhos negros adentrou o salão. Vestida com elegância, ela se dirigiu até mim e se ajoelhou, saudando-me formalmente antes de ocupar seu lugar.

    A próxima a ser anunciada foi a atual rainha do continente demoníaco: Zenith. Ela possuía olhos negros, profundos e enigmáticos, que brilhavam com uma intensidade magnética. Seus cabelos longos e escuros caíam em ondas sedosas pelos ombros. Sua pele impecável e translúcida emanava um brilho suave e radiante. Seus traços delicados e harmoniosos realçavam sua expressão serena e enigmática. Ao assumir seu lugar ao lado de Elara, Zenith me olhou de forma curiosa.

    Continuamos a cerimônia anunciando o atual Rei de Elehier: Nain. Ao ser anunciado, Nain adentrou o ambiente sem demora. O homem, imponente com mais de dois metros de altura, exibia um físico robusto. Diferente da primeira vez que o vi, agora ele usava trajes folgados. Seu sobretudo vermelho ostentava o símbolo de uma espada nas costas, adicionando um toque de autoridade e destemor ao seu visual. Uma pequena cicatriz marcava sua pele próxima ao olho direito, revelando uma aura de experiência e história à sua figura. Seus olhos amarelos, ágeis e penetrantes, capturaram rapidamente minha presença, revelando uma vivacidade e astúcia inesperadas. Um sorriso caloroso e amigável surgiu em seu rosto, contrastando com sua aparência imponente, transmitindo uma sensação de familiaridade e confiança em seu trato.

    Aquela reunião servia para apresentar a todos os governantes escolhidos por Azrael. Conforme escrito nas instruções que ele deixou para trás, Naara não aceitou o trono, e este foi passado para Elara como governante do novo país dos vampiros.

    Demorou bastante para me acostumar com o novo palácio criado em Zenunim, mas esse continente foi o escolhido para o coração do mundo demoníaco.

    Rapidamente, diversas raças que estavam procurando refúgio e proteção vieram até mim em uma reunião formal, pedindo moradia. Parecia que a aliança estava se movendo consideravelmente, e alguns perderam seus lares e famílias.

    Ao fim da reunião, consegui finalmente sair do ambiente exausta e fui até o escritório para terminar todos os assuntos pendentes.

    A divisão dos continentes e a realocação dos nobres parecem estar ocorrendo de maneira notável, e os outros líderes estão fazendo um trabalho maravilhoso em organizar tudo. Enquanto olhava para a pilha de papéis à minha frente, escutei batidas na porta. Com a minha permissão, a responsável pelas batidas entrou.

    A jovem demônio de cabelos vermelhos como o sangue adentrou o escritório, observando-me com seus olhos negros. Sua presença sempre cativante, com um sorriso marcante em seu rosto, ocultava sua aura assustadora.

    Como conselheira, seu trabalho era realmente desafiador, principalmente por sua imperatriz não ter experiência em liderar o povo ou governar.

    “Bom dia, Vossa Majestade Imperial. Espero que tenha tido uma noite agradável. Estou à disposição para discutir qualquer assunto que precise de sua atenção hoje”, disse Charlotte em tom de brincadeira.

    “Por favor, Srta. Charlotte. Estamos apenas nós três na sala. Não há necessidade de formalidade.”

    Já havia explicado para Charlotte e os outros que preferia uma conversa casual, sem títulos ou qualquer outra forma de tratamento formal. Mas Charlotte continuava brincando comigo.

    “Claro, como desejar”, disse ela com um sorriso malicioso. “Sobre o assunto que me pediu: Ethan disse que a mansão continua bem e todos os empregados estão fazendo o melhor possível para mantê-la o mais agradável possível para os convidados da Facção Humana.”

    Pedi a Ethan para receber alguns convidados no planeta. Eles foram em meu nome para atuar na facção humana como parte das forças demoníacas aliadas. Algumas tropas são o suficiente para defender o planeta de quaisquer investidas que a Aliança tente fazer.

    Com a onda de ataques da Aliança recentemente, senti-me preocupada em não conseguir arrumar alguns soldados, mas tudo ocorreu conforme o planejado. Como não tinham lugar para ficar, decidi usar a mansão de Azrael por um tempo, mantendo os quartos principais fechados e usando os quartos de hóspedes.

    “Nada ainda?”, disse Charlotte, olhando para o lado com um olhar triste.

    Segui a mesma direção de seu olhar para encontrar a espada enferrujada ao lado do sofá. Sem seu brilho ou aura, Noir passaria despercebida pela maioria das pessoas que não a conhecesse.

    “Sem respostas… Tentei conversar com ela várias vezes, mas ela não responde, não importa os esforços.”

    Não pude deixar de suspirar desanimada, mas já havia se passado muito tempo para Noir continuar deprimida, o mesmo, eu poderia dizer dos outros.

    “Alice está bem? Não vi sua presença na reunião de hoje.”

    “Não sei ao certo… Ela continua em seu quarto na maior parte do dia, fazendo caminhadas até o jardim em horários aleatórios. Notei seus suspiros desanimados várias vezes, mas ela continua sem querer contato com pessoas, e nem mesmo os guardas têm permissão para escoltá-la.”

    Ouvi sobre Belial, que está aproveitando o tempo visitando vários planetas em busca de alguns materiais. Samael, por outro lado, saiu do planeta há alguns meses e não tivemos notícias dela desde então.

    Após o fim de todo o relatório, decidi chamar Naara para conversar um pouco, já que não tivemos muitas interações nas últimas semanas. Não posso continuar apenas observando todos deprimidos por mais tempo.

    “Charlotte, quero que libere algum tempo amanhã de manhã. Estou pensando em visitar Naara e não terei horário para voltar.”

    “… Como desejar”, respondeu Charlotte, com relutância evidente em sua voz. Mas, na verdade, eu não precisava de tempo, precisava descansar, férias.

    “Bom, tenho que ir. Enviarei uma carta para a casa da Duquesa.”

    Com a saída de Charlotte, me dirigi ao sofá onde a espada enferrujada estava. Pegando-a, me sentei enquanto a abraçava em um aperto fraco. Não senti nenhuma vibração na espada, mas, de alguma forma, sabia que Noir estava me observando.

    “Eu sei que é difícil para você… Ser abandonada por aquele que ama… Me desculpe por não conseguir te ajudar neste momento… Não vou te apressar, ou dizer que você está errada… Noir, você pode fazer o que quiser. Se sua decisão é ficar aí, respeitarei o seu desejo. Esperarei até que você se revele e queira conversar… Apenas você sabe o que aconteceu para Azrael trair sua família e amigos, então eu te peço que nos dê uma saída. Eu não quero desconfiar de Azrael ou tratá-lo como inimigo.”

    Como imaginei, mais uma vez sem respostas.

    Decidi deixá-la em paz e fui até uma área especial no castelo. Os guardas em frente à porta me saudaram e, após explicar o motivo de minha visita, entrei no quarto sem demora. O ambiente estava repleto de equipamentos médicos trazidos da Terra.

    Deitado em uma cama, com equipamentos monitorando seus batimentos, estava o jovem de cabelos brancos e olhos vermelhos. Sua respiração era fraca, e seu corpo pálido parecia quase sem vida devido ao coma que o deixou em um estado precário.

    Lembro do dia em que o trouxemos. Elara foi contra permitir que ele continuasse vivo, já que ele e a irmã foram responsáveis pela morte do antigo rei dos vampiros. Mas, ao descobrir que se tratava do filho de Azrael, ela deixou seu ódio de lado por enquanto.

    Na verdade, tivemos sorte de ele estar vivo, pois estava em um estado quase irreparável entre a morte e a vida. Sua falta de mana e respiração fraca fizeram Azrael pensar que ele estava morto, mas conseguimos salvá-lo por pouco.

    Me sentei em uma cadeira preparada ao lado do jovem.

    “Como ele está?”, perguntei para a pessoa responsável por cuidar dele.

    “Ele continua em coma, Vossa Majestade. Contudo, seu estado tem melhorado gradualmente.”

    Se Noir não deseja falar, temos que torcer para que ele acorde e nos diga o que estava acontecendo com Azrael.

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