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    Belial

    Lilith, com uma expressão sombria, começou a canalizar uma nova onda de magia. Sua aura escura pulsava de maneira ameaçadora, fazendo os próprios elementos ao nosso redor tremularem em resposta. Alice, mesmo se recuperando do meu último ataque, estava pronta para continuar a luta ao lado de sua mãe.

    “Lilith, você não precisa fazer isso,” tentei argumentar mais uma vez. “Podemos encontrar outra maneira. Não há necessidade de tanto derramamento de sangue.”

    “Você realmente acredita nisso, Belial?” ela retrucou, sua voz carregada de ceticismo e dor. “O mundo em que vivemos não nos permite esses luxos. Cada um de nós deve lutar pelo que acredita, pelo que ama.”

    Alice, agora em pé ao lado de Lilith, olhou para mim com uma mistura de determinação e arrependimento. “Pai, eu… eu também quero que isso termine, mas sei que precisamos lutar.”

    Olhei para as duas, sentindo um peso esmagador no coração. Sabia que não poderia recuar, mas também não queria machucar aqueles que amava. Precisava encontrar uma maneira de resolver isso sem causar mais dor.

    Enquanto ponderava, Lilith lançou um feitiço poderoso, conjurando uma tempestade de sombras que se aproximava rapidamente. Ergui uma barreira, absorvendo o impacto inicial, mas a força do ataque fez a barreira tremer. Alice aproveitou a brecha e avançou, suas lâminas de mana cortando o ar com precisão letal.

    Desviei dos ataques com dificuldade, contra-atacando com feitiços rápidos que a mantinham à distância. Lilith continuava a pressionar com sua magia, cada ataque mais intenso que o anterior. Estava ficando claro que, se eu não tomasse uma decisão drástica, seria esmagado pelo poder combinado das duas.

    “Você tem coragem, Belial,” Lilith admitiu, seus olhos fixos em mim. “Mas coragem não será suficiente.”

    Então, uma ideia surgiu. Era arriscada, mas talvez a única maneira de resolver isso sem destruir a todos nós. Canalizei minha energia, concentrando-me na conexão que compartilhávamos, uma conexão de amor e família.

    “Lilith, Alice,” comecei, minha voz firme. “Sei que estamos lutando por razões diferentes. Não podemos permitir que esse conflito destrua o que temos. Vou mostrar a vocês que há outra maneira.”

    Com isso, ativei uma técnica antiga que havia aprendido. Era um feitiço de união, que combinava as essências de magia e alma dos envolvidos. Canalizei a magia através do meu corpo, criando uma rede de energia que envolveu Lilith e Alice.

    “Pai, o que está fazendo?” Alice perguntou, surpresa.

    “Estou mostrando a vocês nossa verdadeira força,” respondi, concentrando-me para manter o feitiço. “Não precisamos lutar. Podemos unir nossas forças, nossas almas, e encontrar uma maneira de superar isso juntos.”

    Lilith hesitou, seus olhos brilhando com uma mistura de emoção e dúvida. “Belial… isso é…”

    Antes que ela pudesse completar, a magia do feitiço começou a se manifestar. Nossas energias se entrelaçaram, criando um campo de poder que pulsava com vida. Sentimos a conexão profunda entre nós, e por um momento, a batalha cessou, substituída por um entendimento silencioso.

    “Belial,” Lilith disse suavemente, uma lágrima escorrendo pelo rosto. “Você sempre foi capaz de me surpreender.”

    Alice, também emocionada, olhou para mim com novos olhos. “Pai… mãe… talvez ele esteja certo. Podemos encontrar uma maneira juntos.”

    Com isso, a tensão da batalha começou a diminuir. O campo de energia ao nosso redor brilhou intensamente, dissipando a magia ao nosso redor e deixando-nos em um silêncio pacífico. Sabíamos que, embora houvesse muitos desafios pela frente, nossa união era a chave para superar qualquer obstáculo.

    Lilith deu um passo à frente, estendendo a mão. “Belial, vamos tentar. Pelo nosso amor, pela nossa família.”

    Aceitei sua mão, sentindo o calor de sua magia misturar-se à minha. “Sim, juntos. Encontremos uma maneira.”

    E assim, com nossas forças combinadas, enfrentamos o futuro incerto com a certeza de que nosso amor e união seriam a verdadeira magia que nos guiaria.

    A magia que lancei conseguia mostrar memórias. Mostrei para Lilith o quanto sofri sem sua presença, o quão desiludido fiquei quando a reencontrei e como me senti quando ela reapareceu em minha frente. As lembranças doloridas foram suficientes para fazê-la entender que estávamos do mesmo lado e que eu queria apenas a proteger, com nossa família.

    A abracei, demonstrando um sorriso despreocupado.

    “Me desculpe, Belial,” disse Lilith com a voz trêmula. “Menti para você, me juntei à aliança… Vou te contar a verdade quando volt—”

    Foi quando uma onda de choque devastadora atingiu a todos, percorrendo o campo de batalha e deixando destruição ao seu redor. A energia escura parecia solitária e em agonia, trazendo um calafrio sem precedentes. Quando a onda de choque cessou, o poder de Azrael desapareceu, como se sua existência tivesse sido apagada. Olhei para Lilith em surpresa, e ela parecia não acreditar no que estava sentindo, assim como eu.

    A presença de Samael se aproximou, e ao lado dela estava a mãe de Eriel. Não demorou muito para chegar, e Samael também parecia surpresa com o que havia sentido.

    “Samael…”, disse Lilith, olhando para sua amiga. “O Azrael…”

    Sabíamos que ele não estava morto, mas era algo ainda pior.

    “Sim…”, disse Samael relutante. “A Primeira das Dez Magias Proibidas: Restrição.”

    Existiam dez magias que Azrael criou, e essas magias foram proibidas por Samael por demandarem muito do corpo do usuário. Apenas Azrael sabia usá-las, mas a Primeira Magia Proibida era a mais assustadora. Quando Azrael perdeu o controle, ele utilizou essa magia para lutar contra os Pecados, Lilith e eu. Até mesmo Samael teve que revelar suas asas para conter a força monstruosa que ele ganhou.

    “Temos que ir,” disse Lilith, prevendo que as pessoas que estavam contra Azrael não dariam conta.

    “O que está acontecendo?”, perguntou Júlia, confusa.

    “Azrael ativou uma habilidade perigosa,” respondi enquanto me preparava para ir. “Temos que pará-lo, já que, da última vez, ele passou cinco anos desacordado.”

    O cenário era desolador. Os campos de batalha, que antes estavam repletos de guerreiros, agora estavam cobertos por uma névoa escura, resquícios da energia liberada por Azrael. As forças de todos os lados pararam para observar a mudança no ambiente; o ar pesado dificultava a respiração.

    “Belial, precisamos ser rápidos,” disse Lilith, sua voz agora resoluta, apesar do medo que se escondia em seus olhos. “Se ele perder o controle novamente, não sei se conseguiremos contê-lo.”

    Eu assenti, sentindo a gravidade da situação. Juntos, começamos a nos mover em direção ao epicentro do poder de Azrael. O chão tremia sob nossos pés, e a energia pulsante no ar fazia nossos corações baterem mais rápido.

    Ao nos aproximarmos, a visão de Azrael se tornou clara. Ele estava envolto em uma esfera de energia negra, seus olhos brilhando com um poder que parecia não ter fim. Sua expressão era de pura agonia, uma batalha interna que ameaçava consumir tudo ao redor.

    “Azrael!” gritei, tentando alcançá-lo através da barreira de energia. “Você precisa parar! Isso vai te destruir!”

    Ele não respondeu, mas seus olhos encontraram os meus por um breve momento. Havia uma súplica silenciosa, um pedido de ajuda que quase foi perdido no turbilhão de poder que o envolvia.

    “Temos que quebrar a barreira,” disse Lilith, sua voz determinada. “Só assim poderemos alcançá-lo.”

    Combinamos nossas forças, canalizando nossa magia em um ataque concentrado. A barreira de Azrael resistiu inicialmente, mas aos poucos começou a ceder. Sentíamos o esforço exigido de nossos corpos, mas não podíamos desistir.

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