Índice de Capítulo

    Eriel se aproximou com Nain ao seu lado. Zenith, Belial, Júlia e Lilith continuaram me observando de longe com olhares tristes.

    “Você está horrível, chefinho… Vai desistir agora?” A voz de Nain me fez sorrir enquanto ponderava em desistir. Meu corpo já estava sem forças e não havia muito o que eu pudesse fazer.

    “É isso que você acha? Você já me viu desistir, Nain?” perguntei, curioso com sua resposta.

    “Certamente que não, mas olhe bem, chefinho, você não tem forças. Certamente vencemos.”

    Eriel havia usado uma grande parte de sua mana na última habilidade, todos estavam esgotados. Eu mesmo também não tinha mana para me mover. Era realmente o fim.

    {Retroceder}

    Utilizando a mana do ambiente, ativei a habilidade {Retroceder} de Eriel. Toda a mana desapareceu em instantes, mostrando o quão poderosa era essa habilidade.

    Samael foi a primeira a notar o que eu estava fazendo e avançou rapidamente, contudo, meu corpo já havia se recuperado. Usando minha magia, lancei um orbe de escuridão em direção a Samael, mas Nain entrou na frente, recebendo o golpe em seu lugar e caindo no chão.

    Utilizando minha mana recém-recuperada, criei uma série de círculos mágicos que lançaram magias em todo o campo de batalha, atingindo a todos com precisão. Como todos estavam com pouca mana, todos os ataques acertaram os alvos.

    Naara conseguiu se defender por pouco, mas não veio me atacar; ao invés disso, correu em direção a Nain para curar seus ferimentos.

    Ah, tudo bem… Morrerei como um monstro, mas está tudo bem. Sim, está tudo bem…

    Meus olhos se voltaram para Eriel, que jazia no chão. Ela não tinha forças, e Noir, ao seu lado, exibia uma expressão estranha no rosto. Eu sabia, Noir… Me desculpe, mas este é o meu destino. Está tudo bem…

    Naara, caída, parecia não acreditar enquanto tentava curar Nain. Zenith estava no pior estado, suas habilidades a tornavam a mais perigosa.

    “Era isso que você queria, Azrael?” comentou Elara com os olhos marejados, ciente de que tudo estava acabado.

    “Eu avisei. Não havia como me derrotar.”

    Me forcei ao máximo para permanecer impassível, mas observar meus amigos caídos era doloroso. Muito doloroso. Foi então que notei algo estranho. A mana divina estava passando de Noir para Eriel. Era sutil, e imaginei que elas pensavam que eu não perceberia. Suspirei desanimado, já que parecia que elas não haviam perdido a esperança.

    Foi quando ouvi. Eram palavras sutis, mas me causaram calafrios enquanto a mana divina começava a brilhar no corpo de Eriel. Todo o meu corpo ficou paralisado devido às palavras que emanavam um poder familiar, mas, ao mesmo tempo, tão complexo quanto o universo.

    “Conceda-me o conhecimento para desafiar os limites e brilhar como uma estrela. Com o tempo, faço esta invocação. Venha, ser que pode trazer esperança e iluminar o campo de batalha. Atenda ao meu chamado, aquele que pode mudar o rumo da batalha e mostrar esperança aos corações sombrios.”

    E então, diante dos olhos de todos, ela apareceu.

    Surgiu do círculo de luz como uma visão angelical em meio ao caos. Seus cabelos negros como a noite, presos em um rabo de cavalo alto com um acessório dourado, dançavam suavemente ao redor de seu rosto. Os olhos âmbar brilhavam intensamente, fixando-se no campo de batalha com uma determinação inabalável. Ela não disse uma palavra, mas sua presença falava volumes.

    A blusa branca que vestia contrastava com o sangue e a poeira do campo de batalha, parecendo imaculada e pura. Os brincos de argola dourados em suas orelhas balançavam ligeiramente, refletindo a luz do sol poente. Ela exalava uma aura de serenidade e poder, como se fosse a personificação da esperança que todos ali haviam perdido.

    Eriel, assim como todos os outros, ficou paralisada por um momento, surpresa pela figura inesperada. Era como se o próprio campo de batalha tivesse mudado com sua chegada, a atmosfera pesada de desespero sendo substituída por uma nova sensação de força e possibilidade.

    Sem precisar de apresentações ou explicações, a simples presença instilou um novo ânimo em todos. Ela era a última esperança materializada, um farol de luz em meio à escuridão. E naquele momento, mesmo sem saber quem ela era, todos entenderam que a batalha ainda não estava perdida.

    Foi quando o segundo círculo mágico se manifestou, o brilho era mais suave, mas igualmente poderoso. Diante do campo de batalha, uma nova figura emergiu da luz.

    Ele era um jovem de aparência marcante. Seus olhos verdes brilhavam intensamente, irradiando uma mistura de determinação e sagacidade. Seu cabelo negro, com mechas verdes vibrantes que contrastavam com o restante, estava desordenado, dando-lhe um ar de rebeldia controlada. Vestia uma camisa clara, que parecia simples, mas deixava transparecer a força contida em seu corpo.

    Sua expressão era séria, quase impenetrável, mas havia uma intensidade silenciosa que emanava de seu olhar. O brinco escuro em sua orelha direita parecia absorver a luz ao redor, destacando ainda mais sua presença misteriosa e imponente. O campo de batalha, já abalado pela aparição da garota, ficou ainda mais eletrizado com a chegada deste novo combatente. Ele não disse nada, apenas observou a cena à sua frente, avaliando a situação com olhos calculistas.

    Eriel, recuperando-se do choque inicial da primeira invocação, mal teve tempo de processar a chegada deste segundo salvador. A presença dele, assim como a da garota, parecia carregar consigo uma promessa de que a batalha ainda não estava perdida.

    Continuei observando os dois convidados inesperados. Eles pareciam jovens e, por mais fortes que fossem, não seriam um desafio. Foi quando o garoto pareceu terminar de analisar a situação. Ele se virou para a garota do seu lado e sua expressão mudou para algo idiota.

    “Estamos no passado? Lembro-me bem da história sobre essa situação…”, disse o jovem enquanto olhava para Eriel.

    “Sei… Devemos manter nossos nomes ocultos, mas ajudar é algo que podemos,” disse a jovem com uma voz suave, seu olhar me observando.

    “Oh? Outro nome… Que tal amor, ou querida?”

    “Você quer morrer?”

    “Hehe! Se é assim…” O jovem se moveu rapidamente para ficar ao lado de Eriel. Ele estendeu a mão para ela e a ajudou a levantar. Noir, ao seu lado, parecia alerta, mas Eriel apenas se deixou levar pelo gesto. A jovem continuou a observar o que seu parceiro iria fazer.

    “Senhorita Eriel. Que tal esquecer o Azrael e fugir comigo? Posso te fazer feliz, pode confiar. Então case-se comigo, o que me diz?” ele disse em um tom que me deixou irritado de alguma forma. Contudo, ele logo pareceu surpreso com algo. “Na verdade, eu posso esperar mais alguns anos,” ele disse olhando para sua companhia com um sorriso e piscando o olho direito.

    Todos ficaram sem palavras, surpresos pela confusão repentina do jovem.

    “Ei idiota, não é assim que funciona.”

    “Eh? Fui rejeitado no futuro, não posso tentar no passado também? Quem sabe eu consiga.” Sua voz parecia mais estar brincando do que levando a situação a sério. Foi quando ele olhou em minha direção. “Nunca gostei do seu rostinho bonito, sabe? Quem é você para ficar com as garotas mais bonitas?” ele disse enquanto lágrimas pareciam cair de seus olhos. “Que tal assim, você convence Naara ou Sien a se casar comigo, e eu passo para o seu lado,” olhando em minha direção, parecia que suas últimas palavras foram direcionadas a mim e de alguma forma senti que ele estava falando sério.

    “Hmm… Me desculpe,” disse Eriel, tentando entender o que estava acontecendo.

    “Está vendo, fui rejeitado mais uma vez,” ele disse com olhos marejados. “Ho — Querida, vamos acabar logo com isso, meu coração está em pedaços…”

    “Tudo bem. Temos pouco tempo, afinal.”

    Foi quando o jovem pareceu procurar algo em suas roupas e, enquanto procurava, seu rosto ficou pálido.

    “Amor—”

    “Não me chame de amor. Não temos nada,” disse a garota irritada.

    “Amor da minha vida. Acho que esqueci minhas armas, L3 e R3…” ele disse enquanto colocava a língua para fora e batia na cabeça com um soco leve.

    “Eh? Como você esque— Espera, esses eram os nomes delas?”

    Ele então olhou para Noir, seus olhos ainda em lágrimas, mas logo começou a sorrir com uma expressão estranha enquanto parecia babar como uma criança que achou um doce.

    “Hehe, Ei minha querida Noir, a princesa mais bonita que eu já vi… Você poderia se transformar em minha arma?” ao qual Noir respondeu com o dedo do meio. “Ho— Amor…” seus olhos de cachorro se voltaram para a jovem.

    “Azrael, poderia esperar só mais um pouco? Logo vamos te vencer, está bem?” disse a garota enquanto parecia confiante da vitória.

    “Vá em frente.”

    A garota então se aproximou de Noir, se abaixando para ficar na altura de seus olhos. “Noir, querida. Apenas dessa vez, poderia ajudar esse idiota? Sei que ele não parece, mas é confiável.”

    “Ei!” disse o jovem visivelmente indignado.

    “Vamos vencer, eu posso te dizer com certeza, mas preciso da sua ajuda. Você não quer trazer o seu mestre de volta? Esse idiota é a sua melhor escolha.” Noir olhou para Eriel e, em seguida, materializou a espada negra Tsukoyomi. Ainda hesitante, Noir entregou a espada ao jovem.

    “Olha isso, olha isso. Finalmente, eu a tenho em minhas mãos. Isso significa que sou uma das pessoas aceitas por minha deusa da fofura?”, disse o jovem feliz, o que me deixou irritado.

    “Não, é apenas devido à situação.”

    “Tudo bem…” Sua expressão mudou novamente, e agora o jovem parecia sério. “Noir, você consegue se tornar a arma que seu portador desejar, certo?”

    “Sim…”

    Foi quando o brilho suave emanou da lâmina negra, e a espada se tornou uma pistola. Imaginei que ele tinha algum plano, já que balas convencionais não funcionariam em mim, mas sua confiança me manteve alerta.

    “Querida, posso começar?”

    “Vá em frente, ativarei minha habilidade, então o mantenha ocupado. Vou me juntar logo, logo,” disse a jovem enquanto sua mana era liberada.

    “Mana corrompida?”, murmurei, notando que a mana da jovem era parecida com a minha. A mana corrompida de Samael era densa, enquanto a minha era uma mana verdadeira, ou seja, pura. E essa garota possuía a mana corrompida verdadeira, tornando-a uma usuária de mana de Luz e Escuridão.

    “Nas profundezas do meu ser, desperte o poder adormecido. Que a lótus carmesim floresça, brilhando com a fúria do crepúsculo. Pétalas afiadas como lâminas, dançai sob minha vontade. A realidade se curva ao meu comando, enquanto o tempo obedece a minha voz. Lótus Carmesim, manifeste-se e devore meus inimigos!”

    {Lótus Carmesim}

    Uma linda flor de lótus apareceu no céu, gigantesca, criando uma área onde seu efeito se manifestava. As pétalas brilhavam em um vermelho intenso enquanto a mana parecia dançar ao lado da flor.

    {Quinto comando: Regeneração}

    As pétalas da Lótus começaram a flutuar pelo campo de batalha, como em uma dança, parando perto dos feridos e curando todos. Foi quando notei que a presença da garota era perigosa. Com Amaterasu de volta em minhas mãos, usei um movimento vertical mirando a garota problemática. O corte criou uma lâmina de fogo que avançou em direção à garota.

    {Sexto comando: Barreira de Pétalas}

    As pétalas de Lótus se moveram para criar uma barreira, protegendo todos do meu ataque.

    “Ei, eu sou seu oponente.”

    O jovem apareceu em minhas costas, com sua arma apontada para minha cabeça. Ele disparou, me dando pouco tempo para reagir. Movi minha cabeça para o lado e o disparo passou raspando meu rosto, criando um pequeno corte. Usei meu corpo como impulso e direcionei minha espada em direção ao seu pescoço, mas quando minha espada estava prestes a atingi-lo, seu corpo desapareceu, reaparecendo mais uma vez em minhas costas.

    “Bang!” ele disse, e no momento seguinte ouvi o disparo. O projétil perfurou minha perna, me forçando a saltar para criar distância. Foquei-me no jovem, que estava desaparecendo e reaparecendo repetidamente. Quando finalmente conseguia sentir sua presença, ele desaparecia e reaparecia em um lugar aleatório. Teleporte? Pensei, imaginando que essa era a habilidade do jovem.

    Teleporte de curta distância, não era de se admirar que eu tivesse dificuldades em acertá-lo. A habilidade do garoto era notavelmente irritante, mas não era nada que eu não pudesse superar. Respirei fundo e concentrei minha mana restante em meus sentidos. Precisava prever seus movimentos antes que ele se teletransportasse.

    Enquanto isso, a garota continuava a proteger seus aliados com as pétalas da Lótus Carmesim. Sua habilidade era incrivelmente versátil, fornecendo suporte e defesa simultaneamente. Precisava encontrar uma forma de romper aquela barreira.

    “Entendi,” murmurei, reativando meu foco. O garoto continuava a se mover, e cada vez que se aproximava, disparava com precisão letal. Minha perna ainda doía, e cada movimento era um lembrete da ameaça que ele representava.

    “Vamos acabar com isso,” murmurei para mim mesmo. Utilizei uma técnica antiga, condensando minha mana em uma área específica do campo de batalha. A garota notou e tentou reagir, mas era tarde demais.

    {Explosão de Mana: Zona de Contenção}

    Um campo de força invisível se espalhou rapidamente, confinando a área ao redor do garoto. Seu próximo teleporte o fez colidir contra a barreira, e ele se desestabilizou por um momento. Foi a abertura que precisei. Agarrei minha espada com ambas as mãos e investi contra ele. Ele tentou disparar novamente, mas minha lâmina encontrou seu caminho primeiro, atingindo sua pistola. Ele a soltou. Sem sua arma, ele estava vulnerável. Antes que pudesse reagir, desferi um golpe horizontal, forçando-o a recuar ainda mais.

    A garota percebeu o perigo que seu parceiro estava enfrentando e lançou uma onda de pétalas em minha direção, mas criei uma barreira de fogo para bloquear o ataque.

    “Você não vai atrapalhar!” gritei, concentrando toda minha força em manter a barreira.

    Aproveitei o momento e, com um último esforço, ativei minha habilidade.

    {Olho de Deus}

    Meus olhos brilharam intensamente, e por um breve momento, fui capaz de ver todas as possíveis ações que o garoto poderia tomar. Com essa visão, previ seu próximo movimento e, no instante em que ele tentou se teleportar novamente, estava pronto. Minha espada cortou o ar com precisão milimétrica, encontrando seu alvo e forçando-o a materializar-se no local onde havia iniciado o teleporte.

    “Meu bem, estou sendo pressionado,” ele disse enquanto olhava para a garota.

    “Idiota, não desvie o olhar!” gritou, notando que eu me aproximei e usei a minha força para realizar um corte em direção ao seu pescoço. Contudo, o corte foi desviado. Tentei cortá-lo mais uma vez e sem sucesso. Usando o máximo de minha velocidade, continuei tentando cortá-lo, mas não era possível acertá-lo, mesmo que ele não estivesse se movendo.

    Que droga? Pensei.

    “Amor, poderia me ajudar? O Azrael parece assustador já que notou que não pode me acertar,” disse o jovem, seu olhar de deboche me deixando ainda mais irritado. “Vamos, Azrael, vamos, me acerta.” Continuei com meus avanços, mas era impossível acertá-lo. Mesmo quando estava prestes a feri-lo, minha lâmina era desviada misteriosamente.

    “Heheh, esperei muito pelo dia que conseguiria ver essa expressão em seu rosto.”

    “Ei idiota, não o irrite.”

    Foi quando o jovem começou a se mover. Ele recuperou a arma do chão e disparou em direção ao meu ombro esquerdo. Eu poderia facilmente defender, e assim o fiz. Contudo, a bala atingiu o ombro esquerdo.

    Eh? Como isso é possível?

    Pude ver todo o trajeto da bala, e quando ia defender com minha espada, o tiro acertou o outro ombro. Não consegui entender, mas antes que pudesse pensar em algo, notei seu fluxo de mana mudar. Seria imperceptível para pessoas normais, mas como conseguia observar a mana com meus olhos, notei o padrão que se formava em meus ataques, mudando a direção dos golpes, tanto meus quanto os dele.

    Entendi…

    Comecei a desferir outros golpes para ter certeza enquanto tentava defender seus ataques. Enquanto os meus acertavam o ar em lugares aleatórios, os ataques dele acertavam meu corpo com a mesma aleatoriedade.

    {Cancelar}, eu disse, mirando no fluxo em forma de linha que estava em seu corpo. Foi quando minha lâmina finalmente o acertou, e ele se teleportou para uma distância segura, ainda incrédulo.

    “Como é possível? Ele já percebeu?” disse o jovem. “Amor, pensei que poderia dar um soco no Azrael, mas estou de mãos atadas. Help me.”

    “Não se preocupe, idiota. Já terminei as preparações,” disse a jovem, cancelando sua magia de Lótus Carmesim. “Agora eu serei sua oponente.”

    Ela avançou, sua aura de mana corrompida crescendo intensamente. Cada passo que dava fazia o ar ao redor tremer, mostrando o verdadeiro poder que ela escondia.

    “Azrael,” ela disse, sua voz carregando uma determinação fria, “você verá o que realmente significa enfrentar a verdadeira mana corrompida.”

    Respirei fundo, sentindo a pressão aumentada. Sabia que esta batalha seria diferente, e que teria que usar todo o meu poder e habilidades para sair vitorioso.

    “Vamos ver o que você tem,” respondi, preparado para o confronto iminente.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota