Capítulo 12 — Visitante inesperado
Os olhos escarlates brilhavam na densa escuridão, exalando uma sede de sangue quase palpável que se misturava à aura maligna que enchia o ambiente. O grupo, imobilizado por um instinto de cautela, hesitava em dar um passo. No entanto, a criatura com os olhos escarlates não compartilhava da mesma hesitação.
De repente, dezenas de olhos surgiram na escuridão, revelando uma horda de lobos que emergiu das sombras, cercando o grupo com precisão predatória. Eram bestas de mana, dotadas de inteligência, suas peles negras e olhos vermelhos cintilando no breu. Contudo, algo estava estranho. Embora cercados, os lobos que saíram da escuridão não emanavam a mesma aura aterrorizante da primeira criatura de olhos escarlates, como se a verdadeira ameaça tivesse se afastado.
Os lobos negros formaram um círculo apertado ao redor do pequeno grupo, mas ninguém demonstrou medo. Mesmo que essas criaturas não fossem incrivelmente poderosas, o número poderia se tornar um problema, especialmente com Sonne e Noir, que não eram combatentes treinados. A desvantagem numérica era clara.
Antes que qualquer plano de ação pudesse ser traçado, a temperatura ao redor despencou de forma abrupta. Em questão de segundos, o ar ficou gelado, e o chão começou a brilhar com cristais de gelo. Todos os lobos que momentos antes pareciam prontos para atacar ficaram imóveis, suas formas congeladas pela magia de Naara, que, com um simples gesto, transformou os predadores em estátuas de gelo.
Azrael soltou um suspiro, quebrando o silêncio que se seguiu ao espetáculo congelante. “Naara, estamos treinando como um grupo.”
A voz de Azrael era firme, mas Naara inclinou a cabeça em confusão, como se suas palavras não fizessem sentido.
“Seria uma perda de tempo gastar energia com criaturas tão inferiores”, respondeu ela, com um tom de absoluta certeza.
“Isso pode ser verdade”, admitiu Nain, com um meio sorriso, “mas isso parece bastante com os treinos em Givek. Talvez fosse melhor voltarmos para lá, já que você controla o lugar.”
Nain, parecendo descontente, resmungou algo. Givek não era um nome familiar, nem para os mais experientes, e isso parecia despertar ainda mais curiosidade. Havia algo especial naquele lugar, algo que o mantinha fora dos registros conhecidos.
“Givek está fora de questão”, respondeu Azrael sem mais explicações, sua decisão final.
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“Assim seja”, cedeu Nain, com um toque de resignação.
“Haha! Nain levou um sermão!”, zombou Noir, rindo baixo.
“Chefe, Noir está implicando comigo!”, reclamou Nain, infantilmente.
“Todos sabem que Nain é um idiota, Noir. Não precisa tornar isso mais evidente”, respondeu Azrael, com um leve sorriso, provocando uma risada contida no grupo.
A cena, embora descontraída, trouxe um alívio bem-vindo à tensão da masmorra. Eriel, que observava tudo em silêncio, deixou escapar um sorriso diante da interação leve.
“Vamos continuar”, disse Azrael, retomando a seriedade enquanto o grupo se preparava para seguir em direção ao centro da masmorra. A cada passo, o ambiente parecia crescer em complexidade, e Eriel se perguntou o quão vasto era aquele lugar. Minutos ou horas poderiam ter se passado, mas o tempo parecia distorcido naquele local.
Quando a formação do grupo foi reorganizada, Eriel percebeu que agora caminharia ao lado de Azrael. Noir, como sempre, mantinha-se próxima a ele, embora visivelmente sonolenta, lutando para manter os olhos abertos.
“Precisamos preparar uma nova arma para você”, comentou Azrael, seus olhos se voltando para a espada que Eriel carregava.
Ele observou a lâmina por um instante antes de continuar. “Posso te emprestar Sonne, mas você não pode alcançar o verdadeiro potencial dela. Uma arma feita especialmente para você seria muito mais adequada, não acha?”
Eriel olhou para a espada em suas mãos. Embora não estivesse insatisfeita com Sonne — afinal, a arma havia sido de grande ajuda na batalha contra Azrael — ela sabia que ele tinha razão. Usar uma espada emprestada não era o mesmo que possuir uma criada exclusivamente para ela.
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“Certamente”, respondeu Eriel, concordando.
Azrael sorriu de forma sutil ao ouvir sua resposta. “Isso é bom. Já preparei um protótipo, mas preciso de um pouco do seu poder para torná-la realmente utilizável. Quando tudo isso acabar, vou mostrá-la a você.”
Eriel ficou surpresa, mas sua curiosidade foi imediatamente despertada. Azrael, além de suas inúmeras habilidades, era capaz de forjar armas? Isso fazia suas expectativas crescerem.
“Oh? E como é esse protótipo?”, ela perguntou, intrigada.
“Pensei em fazer uma surpresa…”, respondeu ele, com um tom misterioso. “Você notou as armas de Naara, Zenith e Nain ?”
Era impossível não notar. As armas em posse dos três eram relíquias, e mesmo sem demonstrarem abertamente, o poder que emanava delas era quase palpável.
“Essas armas foram criadas por Hefesto”, revelou Azrael, como se fosse algo natural. “Foi realmente difícil conseguir permissão para obter armas tão poderosas.”
Eriel sentiu a gravidade das palavras de Azrael. Armas forjadas por Hefesto, o lendário deus ferreiro? O nível de poder dessas relíquias parecia inimaginável. E agora, uma arma própria estava sendo feita para ela. A expectativa a envolveu como uma corrente elétrica, a promessa de um poder ainda maior por vir.
Azrael fitou a espada negra em sua mão, como se estivesse relembrando o processo complexo de sua criação. Seus olhos brilharam brevemente ao mencionar o peso das palavras seguintes.
“Já Noir e Sonne foram forjadas pelo próprio Criador. Elas foram destruídas no passado, mas o Deus Supremo as reconstruiu, e eu tive o privilégio de presenciar esse milagre de perto.”
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Espera! Isso significa que o Azrael conhece o Deus Supremo? O pensamento surgiu na mente de Eriel, incapaz de disfarçar o espanto. A magnitude daquela revelação a impactou profundamente. Poucos, se é que algum mortal, podiam sequer sonhar em presenciar algo tão grandioso.
Azrael, parecendo ler seus pensamentos, continuou: “Ao observar as técnicas tanto de Hefesto quanto do Deus Supremo, pude criar uma espada que combina os dois métodos. Contudo, mesmo assim, sinto que não alcancei o nível deles. O protótipo é bom, mas ainda carece do seu poder para se equiparar verdadeiramente às nossas armas.”
Uma arma que poderia ser comparada às forjadas por Hefesto, um dos deuses do Olimpo, ou mesmo pelo Deus Supremo? Para qualquer humano, aquilo seria um feito invejável, mas poucos ousariam sequer imaginar portar algo tão poderoso. Era uma raridade inatingível, ao menos para mortais comuns.
“Estou curiosa”, disse Eriel, a voz carregada de expectativa.
“Não se preocupe, é uma arma funcional, mas não crie expectativas exageradas.” Azrael sorriu, como se quisesse manter o ar de mistério, mas, ao mesmo tempo, proteger Eriel de uma possível decepção.
Ele sempre faz isso. Eriel sabia que continuar insistindo seria inútil. A curiosidade era forte, mas sua mente precisava focar em algo mais urgente. Ao seu redor, a tensão no ar ainda não havia dissipado.
“Mais lobos?” A pergunta ecoou enquanto seus olhos fixavam-se nos inúmeros olhos vermelhos surgindo à frente, desta vez em um número muito maior do que antes. Eles emergiam das sombras, observando o grupo com uma inteligência sinistra.
Azrael se posicionou entre Noir e Sonne, assumindo seu papel como líder e estrategista. “Vamos começar.” Sua voz era calma, mas carregada de determinação. O resto do grupo sabia que sua missão era abrir caminho entre os lobos ou exterminar todos, dependendo de como a batalha se desenrolasse.
O grupo avançou lentamente em direção aos lobos. Três deles se destacaram, indo diretamente ao encontro de Eriel e Azrael. Usando o ‘Lorde do Tempo’, Eriel congelou o tempo ao seu redor, um movimento rápido e preciso, enquanto brandia a espada e cortava a cabeça de um dos lobos em um golpe limpo.
Os lobos restantes hesitaram, claramente confusos com o súbito desaparecimento de um de seus companheiros. A breve confusão deu a Eriel uma oportunidade, e ela recuou, enquanto Nain avançava, balançando sua espada com força esmagadora, arremessando os lobos a uma grande distância.
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Foi nesse momento que mais de trinta lobos, até então escondidos, surgiram da escuridão, cercando o grupo. Eles analisavam a situação, mais cautelosos do que antes, mas isso não os impediu de atacar.
Nain, com sua postura agressiva, foi ao encontro dos lobos, a espada cortando o ar. Naara o seguiu de perto, enquanto Zenith, posicionada estrategicamente ao lado de Sonne, disparava flechas certeiras, impedindo que as criaturas se aproximassem demais.
Azrael, percebendo que Zenith estava no controle da situação, voltou sua atenção para Eriel. “Vamos acabar com isso”, disse ele, aproximando-se dela enquanto eram cercados por mais lobos. Embora estivessem em desvantagem numérica, nenhum dos dois parecia preocupado. A batalha, embora intensa, fluía com precisão.
Eriel seguiu as instruções de Azrael com atenção. Ele apontava os pontos vitais das criaturas e sugeria quais técnicas ou movimentos seriam mais eficazes.
Os olhos de Eriel se arregalaram ao testemunhar o que acabara de acontecer. Seus instintos gritavam para que ela corresse, mas seus pés estavam paralisados, como se o medo tivesse enraizado seu corpo no chão. Seus pensamentos se chocavam, incapazes de decidir qual seria a melhor ação naquele momento de terror.
Zenith, percebendo os olhares fixos nela, franziu o cenho, confusa. “Tem algo no meu ros— cof-cof!” Sua frase foi interrompida por uma tosse violenta, acompanhada de sangue que escorria de sua boca. O rubro manchava seus lábios, enquanto sua expressão alternava entre surpresa e incompreensão.
Seus olhos se voltaram para o estômago, onde a verdade horrível se revelou: grandes garras negras atravessavam seu abdômen, saindo de suas costas. O ataque havia vindo por trás, tão rápido e silencioso que ela nem teve tempo de notar até ser tarde demais.
E então, diante dos olhos de todos, uma figura humanoide emergiu das sombras. O sorriso largo e distorcido em seu rosto lembrava perversamente o sorriso de um certo gato de “Alice no País das Maravilhas”. Sua presença era quase inexistente, envolta em uma densa sombra negra, enquanto seus olhos vermelhos, como os dos lobos que Eriel vira antes, brilhavam com uma consciência cruel.
Este não era um mero lobo, não. Era algo muito mais perigoso.
O ser envolto na escuridão manteve suas garras profundamente cravadas em Zenith, observando o grupo com uma paciência perturbadora, como se estivesse esperando para ver qual seria sua próxima jogada. Sua aparição foi fria e calculada, o predador aguardando o momento exato para atacar.
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“Az…” A voz de Zenith foi um sussurro abafado de dor e choque.
Azrael, em um borrão de velocidade, lançou-se em sua direção, mas antes que pudesse alcançá-la, um portal negro surgiu atrás de Zenith. Em um piscar de olhos, tanto ela quanto o ser desapareceram, engolidos pela escuridão.
O tempo parecia ter parado. A caverna, antes cheia de ruídos de batalha, foi tomada por um silêncio opressivo. Não houve chance alguma para Azrael reagir. Zenith foi levada antes mesmo de qualquer um entender o que estava acontecendo.
Eriel, Nain, Naara — todos estavam congelados, presos na incredulidade. Mesmo Nain, que sempre estava preparado para qualquer contratempo, e Naara, conhecida por sua frieza implacável, pareciam incapazes de processar o ocorrido.
“Zenith!” A voz de Azrael rasgou o silêncio. Ele caiu de joelhos no chão frio da caverna, os punhos cerrados com tanta força que seus ossos pareciam querer romper a pele. Seu olhar se voltou brevemente para o teto, como se buscasse uma resposta impossível, antes de desabar novamente para o solo.
Com um soco devastador, ele golpeou a terra, o som ecoando pela caverna como um trovão distante. O impacto reverberou pelo espaço, mas nada poderia abafar a sensação de impotência que pairava no ar.
Zenith estava desaparecida, levada para longe, e tudo o que restava era o vazio deixado por sua ausência.
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