Capítulo 121 — Sentimentos Revelados
Ao despertar, pisquei lentamente, ajustando-me à luz suave que preenchia o quarto. O teto adornado com intricados detalhes dourados indicava que eu estava no palácio, mas minha mente ainda estava enevoada pela dor e pelo cansaço. Tentei mover-me, mas meu corpo protestou, enviando ondas de dor por meus membros. Foi então que notei as bandagens que envolviam meu corpo e a fraqueza que me dominava.
Ao meu lado, uma jovem mulher estava sentada, observando-me com olhos atentos e preocupados. Seus cabelos escuros caíam em cascata sobre os ombros, e ela segurava uma tigela de água morna com um pano. Quando percebeu que eu havia acordado, um leve sorriso se formou em seus lábios.
“Você finalmente acordou,” disse ela, sua voz suave e reconfortante. “Como se sente?”
Tentei falar, mas minha garganta estava seca. Ela imediatamente entendeu e trouxe a tigela para mais perto, molhando o pano e gentilmente passando-o pelos meus lábios. A sensação refrescante foi um alívio.
“Onde estou?” consegui perguntar, minha voz rouca e fraca.
“Você está no palácio,” respondeu ela, mantendo o olhar fixo no meu. “Você foi gravemente ferido na última batalha. Eu sou Amara, sua cuidadora designada.”
Lembrei-me vagamente da luta, das explosões de poder e do momento em que tudo ficou escuro. Mas havia algo mais… algo importante que eu não conseguia lembrar.
“O que aconteceu depois da batalha?” perguntei, tentando juntar as peças.
Amara hesitou por um momento antes de responder.
“Foi um milagre que você sobreviveu. Eriel foi quem o trouxe de volta ao palácio. Ela ficou ao seu lado o tempo todo, até que seus ferimentos foram tratados. Ela está muito preocupada com você.”
O nome de Eriel trouxe uma enxurrada de lembranças. O pedido de casamento, seu rosto cheio de emoção, e minha resposta que nunca consegui ouvir. A fraqueza em meu corpo parecia insignificante comparada à urgência de saber a resposta dela.
“Eriel…” murmurei, sentindo uma nova onda de energia e determinação. “Onde ela está?”
“Ela está descansando em seus aposentos. Ficou acordada por dois dias seguidos cuidando de você.” Amara sorriu gentilmente. “Vou chamá-la para que saiba que você acordou.”
Enquanto Amara se levantava e saía do quarto, uma mistura de ansiedade e expectativa tomou conta de mim. Eu precisava ver Eriel, precisava saber sua resposta, precisava sentir a conexão que tinha sido interrompida tão bruscamente.
Olhei para o teto dourado novamente, tentando acalmar meu coração acelerado. O palácio estava silencioso, exceto pelo som suave do vento soprando através das janelas abertas. Sabia que, apesar da fraqueza em meu corpo, havia uma força maior dentro de mim, uma força alimentada pelo amor e pela esperança.
E, enquanto esperava, um pensamento persistente ecoava em minha mente: não importava quão ferido eu estivesse, enquanto Eriel estivesse ao meu lado, eu encontraria a força.
Não demorou muito para Eriel entrar no quarto, seguida por Noir e Alice. As três me olharam de forma preocupada, e quando tentei me sentar na cama, Noir foi a primeira a me ajudar.
Ao sentar, pude contemplar seus rostos que pareciam cansados. As palavras pareciam se misturar em minha garganta enquanto não conseguia encontrar as palavras certas.
“Me desculpem,” eu disse, abaixando minha cabeça. Contudo, Alice colocou a mão em minha testa.
“Parece que ele está bem. Sabe, maninho, você dormiu por dois dias,” disse Alice com um sorriso, contendo as lágrimas que apareciam em seus olhos.
“Certamente, meu mestre é alguém forte, vai conseguir sobreviver aos leves arranhões,” brincou Noir sem olhar em meu rosto.
“Azrael, fico feliz que esteja bem,” comentou Eriel, sem demonstrar qualquer expressão.
Sim, a culpa é toda minha… pensei.
Se não tivesse agido por egoísmo, se tivesse parado para conversar, ao invés de tentar fazer tudo sozinho, tenho certeza que não encontraria esses rostos tristes em minha frente.
O quão tolo eu sou, o quão tolo me tornei. Parece que o tempo me deixou tolo.
Eriel se aproximou, seu olhar fixo em mim, mas ainda mantendo aquela máscara de indiferença. Mesmo sem expressar emoções, podia sentir a tensão em seu corpo. Ela se sentou ao meu lado, segurando minha mão com um toque leve, quase hesitante.
“Eu… sinto muito,” comecei, tentando encontrar as palavras certas. “Sei que todos vocês passaram por muito por minha causa. Eu deveria ter sido mais cuidadoso, deveria ter confiado mais em vocês.”
Eriel apertou minha mão um pouco mais forte, seu olhar finalmente suavizando. “Não precisamos falar sobre isso agora. O importante é que você está aqui, vivo.”
Olhei para Alice e Noir, ambos com expressões mistas de preocupação e alívio. Alice ainda segurava minhas mãos, suas lágrimas agora correndo livremente. Noir mantinha aquele sorriso brincalhão, mas havia algo mais profundo em seus olhos, algo que refletia a gravidade da situação que havíamos enfrentado.
“Vamos dar a Azrael um pouco de tempo para descansar,” disse Eriel, levantando-se e puxando Alice gentilmente. “Ele precisa recuperar suas forças.”
Alice relutou por um momento, então assentiu, soltando minhas mãos com um último aperto. Noir, deu-me um tapinha no ombro.
“Descansa, mestre. Ainda temos muito para conversar e planejar,” disse ela, piscando antes de sair do quarto com as duas mulheres.
Fiquei sozinho novamente, o silêncio do quarto agora acolhedor e calmante. Fechei os olhos, tentando organizar meus pensamentos. Tudo parecia tão confuso, mas havia uma clareza emergente em meio à névoa: eu precisava mudar, precisava ser melhor para aqueles que amava.
Algum tempo depois, ouvi passos leves se aproximando. Abri os olhos e vi Eriel entrando novamente, desta vez sem as outras. Ela se aproximou da cama e se sentou ao meu lado, segurando minha mão mais uma vez.
“Queria falar com você a sós,” disse ela, sua voz suave mas firme. “Há algo importante que precisamos discutir.”
Meu coração acelerou, e as lembranças do pedido de casamento voltaram à tona. “Eu… eu sei que tenho muito a explicar. Eriel, sobre o pedido…”
Ela ergueu a mão livre, interrompendo-me. “Azrael, eu entendo o que você estava tentando fazer. E sei que fez isso por amor e preocupação. Mas precisamos ser honestos um com o outro, compartilhar nossos medos e esperanças. Não podemos continuar assim, escondendo coisas um do outro.”
Assenti, sentindo um peso ser aliviado de meus ombros. “Você tem razão. Prometo que a partir de agora, serei mais aberto e confiarei mais em você e nos outros. Não quero perder o que temos, Eriel.”
Ela sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno, e inclinou-se para me beijar suavemente na testa. “Então vamos começar de novo, juntos.”
O calor de seu toque e a sinceridade de suas palavras deram-me uma nova força. Sabia que, com Eriel ao meu lado, poderia enfrentar qualquer desafio que viesse. E juntos, iríamos reconstruir e fortalecer nossa relação, passo a passo.
Enquanto ela permanecia ao meu lado, senti uma nova determinação crescer dentro de mim. O futuro ainda era incerto, mas com Eriel e meus amigos ao meu lado, estava pronto para enfrentá-lo.
“Na verdade, tem algo que eu gostaria de discutir com você,” eu disse.
“Sim, eu também.”
Naara
Sentei-me na grande mesa de mogno em meu escritório, empilhando documentos importantes e revisando decretos que precisavam de minha assinatura. As responsabilidades de uma duquesa eram muitas, e eu me dedicava a elas com todo o meu empenho. O sol da tarde entrava pelas janelas, iluminando o ambiente e refletindo nos objetos dourados que adornavam a sala.
Foi então que ouvi batidas suaves na porta.
“Entre,” disse, sem levantar os olhos dos papéis.
Chloe, minha filha adotiva, entrou com uma bandeja de chá. Seu rosto sempre radiante trazia um sorriso que iluminava qualquer ambiente.
“Trouxe um pouco de chá para você, mãe,” disse ela, colocando a bandeja na mesa ao meu lado.
“Obrigada, Chloe,” respondi, erguendo finalmente o olhar para ela. “Você sempre sabe quando eu preciso de uma pausa.”
Ela sorriu e se sentou na cadeira à minha frente. Peguei a xícara de chá e dei um gole, sentindo o calor e o sabor reconfortante da bebida.
“Como está seu dia?” perguntei, curiosa sobre as atividades dela.
“Tranquilo. Estive estudando e auxiliando os servos nos jardins,” respondeu Chloe, observando-me atentamente. “E o seu?”
“Cheio de trabalho, como sempre,” disse com um suspiro, colocando a xícara de volta no pires. “Mas há algo que está em minha mente, algo que gostaria de compartilhar com você.”
“O que é?” perguntou Chloe, inclinando-se para frente com interesse.
“Azrael pediu Eriel em casamento,” revelei, tentando manter a voz estável.
Chloe abriu um sorriso largo. “Isso é maravilhoso! Estou tão feliz por eles!”
Assenti, mas por dentro, meus sentimentos eram confusos. A felicidade e a tristeza se misturavam.
Estou feliz por Azrael e Eriel. Eles merecem toda a felicidade do mundo. Mas, ao mesmo tempo, não posso negar que uma parte de mim sente uma pontada de tristeza. Sempre amei Azrael, em silêncio, sem nunca expressar meus sentimentos. Ver o homem que amo escolher outra pessoa é doloroso, mesmo que eu saiba que é o melhor para ele. A felicidade deles é minha prioridade, mas ainda assim, não posso evitar esse sentimento de perda.
“Sim, é realmente maravilhoso,” disse, forçando um sorriso. “Eles são perfeitos um para o outro.”
Chloe me observou por um momento, seu sorriso se suavizando. “Você está bem, mãe?”
“Estou, querida,” menti, tocando sua mão para tranquilizá-la. “Só estou um pouco cansada, isso é tudo.”
“Se precisar de qualquer coisa, estou aqui,” disse Chloe, apertando minha mão com carinho.
“Obrigada, Chloe. Sua presença sempre me conforta,” respondi, sentindo um pouco do peso em meu coração se aliviar com seu apoio.
Enquanto continuávamos a conversar sobre trivialidades e nossos planos, eu sabia que precisaria enfrentar meus sentimentos e encontrar uma maneira de lidar com eles. Afinal, minha felicidade estava em ver aqueles que amo felizes, e eu faria qualquer coisa para assegurar isso, mesmo que custasse um pedaço do meu coração.
Mas quem eu queria enganar, essa não era Naara. Fingir ser sociável, me enganar assim, era o contrário de minha personalidade. Talvez devido ao convívio com Chloe, que pude aprender mais sobre socializar e interpretar uma mulher mais caridosa e gentil.
Por anos, observei Azrael e o admirei, um homem que seguia seus ideais, sempre se preocupando com os amigos. Eu, por outro lado, sentia ciúmes de uma pessoa que comecei a considerar amiga. Há algum tempo, deixei meu orgulho de lado e decidi me tornar uma ‘mulher normal’, uma mulher que tem amigos, família…
Olhei para Chloe, que devolveu meu olhar com um sorriso enquanto apreciava os doces deixados pelos empregados. Bebi um pouco de chá, voltando meu olhar para o restante dos papéis.
Enquanto revisava os documentos, minha mente vagava, recordando os momentos em que Azrael e eu estivemos juntos. Lembrava-me das batalhas que enfrentamos lado a lado, das noites em que conversávamos sobre nossos medos, e das vezes em que seu sorriso iluminava meu dia. Esses momentos eram preciosos para mim, mas agora eles pertenciam ao passado.
Abracei a realidade de que, mesmo com meus sentimentos não correspondidos, eu ainda tinha um papel importante a desempenhar. Como duquesa, minha responsabilidade era grande, e como mãe de Chloe, minha prioridade era garantir sua felicidade e segurança.
“Você acha que Eriel e Azrael vão se casar logo?” perguntou Chloe, interrompendo meus pensamentos.
“Não sei, querida. Eles ainda têm muitas coisas a resolver, mas estou certa de que, quando for o momento certo, eles farão o que for melhor para ambos,” respondi, tentando soar otimista.
Chloe assentiu, parecendo satisfeita com a resposta. “Eu só quero que todos sejam felizes, assim como nós somos.”
“Sim, Chloe. A felicidade de todos é o que mais importa,” concordei, sorrindo para ela.
Enquanto ela continuava a falar sobre seus estudos e os planos, eu me concentrei em ouvi-la. Sua voz alegre e entusiasmada era um lembrete de que, mesmo em meio às minhas próprias lutas internas, havia muito pelo que ser grata. Afinal, a vida tinha um jeito de seguir em frente, e eu estava determinada a encontrar um novo caminho para a felicidade, não apenas para mim, mas para todos ao meu redor.
Contudo, tomei um banho de água fria quando um dos guardas bateu na porta do meu escritório. “Duquesa D’Argent, Vossa Majestade, a Imperatriz, solicita uma audiência,” disse o guarda ofegante.
Ah… Eu não quero vê-la agora… Eu não consigo vê-la, pensei.
“Recuse, ela deve estar ocupada com vários assuntos. Vir me ver nesse momento não é a melhor opção,” eu disse, mas fui surpreendida mais uma vez.
“Na verdade, a Imperatriz está lhe esperando no salão de visitas,” disse o guarda, que me fez suspirar em desânimo.
“Chloe, poderia recebê-los? Vou apenas terminar esses papéis e logo me juntarei a vocês.”
Chloe assentiu, levantando-se com graciosidade. “Claro, mãe. Vou entretê-los enquanto você termina seu trabalho.”
“Obrigada, querida,” respondi, observando-a sair do escritório com a mesma confiança e dignidade que comecei a admirar nela.
Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos antes de enfrentar Eriel. O peso das responsabilidades e dos sentimentos não resolvidos pressionava meu peito, mas sabia que não podia me permitir fraquejar agora. Terminei rapidamente os documentos mais urgentes e, após um último gole de chá, levantei-me e me dirigi ao salão de visitas.
O caminho até lá parecia mais longo do que o habitual, cada passo ressoando com minhas incertezas e preocupações. Quando finalmente cheguei à entrada, respirei fundo mais uma vez antes de empurrar as portas e entrar.
Eriel estava sentada em uma poltrona luxuosa, com Chloe ao seu lado, ambas conversando animadamente. Azrael estava ao lado de Eriel, observando atentamente a conversa. Ao me ver entrar, Eriel ergueu o olhar e sorriu, um sorriso que sempre carregava um misto de calor e autoridade.
“Naara, é bom vê-la,” disse ela, levantando-se para me cumprimentar.
“Vossa Majestade,” respondi, fazendo uma reverência. “É uma honra recebê-la em meu palácio.”
“Por favor, Naara, dispense as formalidades,” disse Eriel, sorrindo gentilmente. “Sente-se, temos muito o que conversar.”
Assenti e sentei-me, sentindo o olhar atento de Azrael sobre mim. Chloe permaneceu ao meu lado, sua presença reconfortante como sempre.
“Espero não ter interrompido nada importante,” começou Eriel, ainda sorrindo.
“Não, Majestade. Apenas revisando alguns documentos,” respondi, tentando manter a voz calma.
“Excelente. Então, vamos direto ao assunto. Há questões que precisamos discutir de maneira mais informal,” disse ela, seu tom ficando mais leve.
“Claro, Eriel,” respondi, forçando um sorriso.
Enquanto conversávamos, sabia que, apesar de tudo, precisaria encontrar uma maneira de lidar com meus sentimentos. Afinal, a felicidade de Eriel e Azrael era o mais importante para mim.
“Seu castelo é realmente bonito,” comentou Eriel, olhando em volta da sala. “Poderia me mostrar o ambiente, Chloe?” perguntou, deixando Chloe surpresa.
“Eh? Sim?”
Contudo, Eriel apenas sorriu. “Os guardas poderiam me acompanhar? O futuro imperador precisa conversar com a duquesa, então quero dar-lhes um pouco de privacidade.”
Até mesmo os guardas ficaram surpresos, mas não havia como rejeitar o seu pedido. “Como desejar, Vossa Majestade,” respondeu Chloe enquanto direcionava seu olhar em minha direção.
Com todos saindo do local, ficamos apenas eu e Azrael em um silêncio constrangedor. O ambiente parecia estar carregado com uma tensão palpável, e eu não sabia o que esperar a seguir.
Azrael quebrou finalmente o silêncio, sua voz baixa e reflexiva. “Sabe, Naara, às vezes eu me pergunto como o tempo passou tão rápido. Lembro-me de quando éramos jovens, e você sempre esteve ao meu lado. Às vezes, a vida tem uma maneira estranha de nos surpreender.”
Olhei para ele, meu coração batendo mais rápido. A referência ao passado me fez lembrar dos momentos que compartilhamos e dos sentimentos que nunca havia expressado.
“Eu também me lembro desses tempos,” respondi, tentando manter a voz neutra. “Era um tempo mais simples.”
“Sim,” disse Azrael com um suspiro. “Mas mesmo então, eu sabia que havia algo mais entre nós. Nunca foi fácil para mim lidar com isso, mas agora tudo parece tão… complicado.”
Percebi que ele estava tocando um ponto sensível e que talvez houvesse mais por trás de suas palavras. A sensação de que ele sempre soubera dos meus sentimentos parecia se concretizar.
“Você sempre foi uma amiga importante para mim, Naara,” continuou ele. “E eu deveria ter falado com você antes de fazer o pedido a Eriel. Sinto muito por não fazer isso.”
Tentei parecer compreensiva, mas a dor interna era quase insuportável. “Não se preocupe com isso, Azrael. O que importa é que vocês dois são felizes agora. É isso que eu quero, realmente.”
Mas, na verdade, essas palavras não refletiam completamente meus sentimentos. A realidade era que eu estava lutando para manter a compostura diante de uma dor imensa. Sentia que havia perdido algo precioso, algo que nunca poderia ser recuperado.
“Naara,” disse Azrael, sua voz cheia de pesar. “Eu realmente sinto muito. Eu deveria ter sido mais cuidadoso, e eu lamento profundamente não ter considerado seus sentimentos.”
“Não há necessidade de se desculpar,” respondi, embora a dor em meu coração não pudesse ser totalmente escondida. “Eu entendo a situação e estou apenas… tentando seguir em frente.”
Azrael parecia aliviado por minha resposta, mas eu sabia que a realidade era bem diferente. A dor e a tristeza estavam presentes, e eu estava lutando para encontrar uma maneira de lidar com isso.
“Eu conversei com Eriel,” disse Azrael, sua expressão agora mais séria. “Nós dois tomamos uma decisão importante. E gostaria de discutir isso com você, para que possamos resolver tudo da melhor maneira possível.”
“Que decisão?” perguntei, curiosa e apreensiva.
“Estamos considerando o que é melhor para todos nós,” respondeu Azrael, olhando-me com um olhar que misturava esperança e incerteza. “E precisamos da sua compreensão e apoio para seguir em frente.”
Azrael fez uma pausa, respirando fundo antes de continuar. “Naara, você sempre foi fiel a mim, deixando de lado seus próprios sentimentos para me seguir, não importando as minhas decisões. E eu… demorei muito para perceber algo que estava diante dos meus olhos todo esse tempo.”
“Do que você está falando, Azrael?” perguntei, sentindo meu coração acelerar.
“Eu conversei com Eriel, e chegamos a uma conclusão,” disse ele. “Percebemos que há algo que precisamos fazer para garantir que todos nós sejamos felizes. Naara, eu amo você tanto quanto amo Eriel. Sempre amei. Eriel percebeu isso, e ela sugeriu algo que eu deveria ter considerado antes.”
Meus olhos se arregalaram enquanto tentava processar suas palavras. “O que você quer dizer?”
“Eriel aceitou se casar comigo, mas com uma condição,” continuou Azrael. “Que eu também peça você em casamento. Ela quer que todos sejamos felizes juntos.”
Minha raiva começou a crescer ao ouvir isso. “Você só está fazendo essa proposta por causa de Eriel,” respondi, minha voz tremendo de indignação. “Eu não quero me casar com você por uma razão tão superficial. Isso não é justo comigo.”
Azrael balançou a cabeça, sua expressão firme. “Não, Naara. Se Eriel não tivesse feito a sugestão, eu teria feito. Durante o tempo em que estive fora, percebi que meu maior desejo era ficar ao seu lado, tanto quanto ao lado de Eriel. Eu me arrependi de não ter visto isso antes, de não ter expressado meus sentimentos.”
Ele se aproximou de mim, pegando minhas mãos nas suas. “Eu te amo, Naara. Sempre amei. E quero que você saiba disso, não porque Eriel pediu, mas porque é a verdade do meu coração.”
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto ouvia suas palavras. A sinceridade e a profundidade de seus sentimentos eram palpáveis, e minha raiva começou a se dissolver, substituída por uma onda de emoção avassaladora.
“Azrael…” murmurei, incapaz de dizer mais alguma coisa.
Ele se ajoelhou diante de mim, segurando minhas mãos firmemente. “Naara, você aceita se casar comigo?”
Meu coração disparou, e as lágrimas continuavam a cair. Senti uma mistura de felicidade, alívio e amor, como se todas as minhas emoções se unissem em um momento perfeito e avassalador. Por anos, desejei ouvir essas palavras, e agora, finalmente, elas eram reais.
“Azrael, eu…”
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