Capítulo 18 — Um rosto conhecido
Eriel sentia a urgência de um grito interior: “Fuja, fuja, fuja!” Não havia como vencer aquele ser.
Ao encontrar o rosto familiar, um arrepio percorreu seu corpo. A máscara que segurava em mãos começou a tremer, refletindo seu medo crescente. Cada fibra de seu ser implorava para que ela saísse daquele lugar. Sabia que, se ficasse ali, a morte seria sua única companhia.
A aura que o cercava era como nada que já havia sentido; a escuridão pulsava ao seu redor como uma força viva, uma proteção que exaltava sua presença. Diferente de Vuk, que estava envolta em sombras, o ser diante dela parecia ser a própria escuridão.
“Fuja, fuja!” O mantra ecoava em sua mente, mas seu corpo se recusava a obedecer. A dor lacerante e o desespero de confrontar algo tão aterrador a paralisavam. O olhar gélido do ser fixava-se nela, indiferente e assustador.
“Az…?” A voz de Noir a puxou de volta à realidade. A semelhança entre aquele ser e Azrael era inegável. Seus cabelos castanho-escuros, agora expostos sob o capuz, contrastavam com os olhos verdes que sempre brilharam com um sorriso. Mas agora, esses olhos eram inexpressivos, vazios, como se a vida tivesse sido drenada deles.
A certeza de que ele não era Azrael a consumia, mas a dúvida persistia. A aura, a postura, tudo exalava uma frieza opressiva.
“Eu disse antes. O garoto iria ficar, mas não te disse o motivo.”
O ser de escuridão se aproximou rapidamente, segurando o pescoço de Eriel, erguendo-a como se fosse uma pena. A pressão de seus dedos era um lembrete cruel de sua força inigualável.
“O garoto está morto. Ele era uma casca perfeita.” A voz distorcida carregava uma verdade cruel, e as palavras cortavam mais fundo que qualquer lâmina.
“Pensei em usar o corpo do grandão ali, mas o garoto parecia mais adequado.” As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Noir enquanto ela encarava o ser de escuridão, a fúria e a dor transparecendo em cada gesto.
“Você sabe que não estou mentindo, certo, Deusa?” A voz do ser era uma sinfonia de malícia e verdade.
“Nossa ligação foi cortada… Foi por você ter matado ele?” A voz de Noir era trêmula, seu desespero evidente.
“Uma ligação de alma? Entendo. A ligação desaparece quando o mestre é morto. Normalmente, você também morreria, certo?”
As palavras do ser pareciam reverberar no espaço, enquanto Noir lutava contra a incredulidade. “Esse foi o nosso acordo, mas se tratando do Azrael…”
Os olhos de Noir se encontraram com Eriel, transbordando de lágrimas e fúria. “Me prometa que você vai matá-lo.” Sua súplica era uma chama acesa em meio à escuridão.
Eriel, apesar da dor e do pânico, sentiu a determinação fluir através dela. “Eu juro!”
Nesse momento, a lâmina negra surgiu em sua mão livre. Assim que Noir desapareceu do lugar, Eriel sentiu sua presença na espada, uma conexão de esperança e desespero. Prometo que não vou te decepcionar.
A dor que Noir estava sentindo era palpável, mas a raiva a impulsionou. O desespero de Noir, a crença de que Azrael estava realmente morto, não poderia ser em vão. “Essa espada?”
Eriel empunhou a lâmina, cortando o braço do ser de escuridão com um movimento ágil. Sentindo o impulso, usou seu corpo como suporte e se afastou rapidamente. O braço do ser caiu ao chão, e ele a observou, inabalável, como se cada movimento dela fosse apenas um entretenimento passageiro.
A tensão no ar era palpável, e Eriel sabia que, a partir daquele momento, tudo mudaria. O confronto estava apenas começando, e sua determinação crescia a cada segundo. Ele foi pego de surpresa; não terei outra oportunidade como essa. Preciso prestar atenção na luta e aprender a usar minha habilidade nascente. É agora ou nunca; só existe uma maneira de vencer: usar minha habilidade ao máximo.
“Dahak!” Aion gritou ao perceber que seu líder havia perdido um braço.
“Não é uma ferida fatal.” A voz de Eriel soou firme, mas sua atenção estava voltada para o ser de escuridão que caminhava em direção ao seu braço cortado. Com um gesto desdenhoso, ele pegou o membro e o colocou de volta no lugar. Para sua surpresa, o braço curou-se instantaneamente, e até mesmo a roupa rasgada se reconstituiu.
Os olhos vazios do ser a observavam, mas não havia emoção em seu rosto. Ele não demonstrava dor, nem mesmo parecia surpreso com o golpe que acabara de sofrer.
Noir, me desculpe, mas você pode me emprestar seu poder?
{Sim, por favor… Mate esse ser que ousou ferir meu mestre.} A voz triste e aflita de Noir trouxe esperança a Eriel. Compreendendo o que precisava fazer, suas chances de vencer aumentaram drasticamente. Sabia que havia uma chance de derrotá-lo.
{Desperte, senhora da escuridão. Conceda-me o poder para derrotar meus inimigos e molde o meu futuro.}
“Segunda forma, controle absoluto de mana.” A primeira forma era chamada de Despertar, mas a segunda, Controle Absoluto de Mana, prometia maestria. Essa forma da espada não apenas ajudava Eriel a controlar sua mana com habilidade, mas também lhe permitia utilizar uma das habilidades do mestre de Noir. A habilidade de Azrael era extremamente poderosa, e ao ativar a segunda forma, Eriel poderia usá-la livremente.
{Olho Perfeito.} Parte de sua mana se concentrou em seus olhos, e ela sentiu as runas aparecerem. Com elas, Eriel conseguiu observar o fluxo de mana que pulsava nos corpos ao seu redor: Aion exibia uma mana branca radiante, enquanto Ielong carregava uma energia escura.
Então, ela se voltou para o ser que a desafiava, aquele que agora a observava como um predador. Ele não tem apenas mana escura; ele é a própria escuridão.
Determinada, Eriel avançou em sua direção. {Técnica Divina: Mil Cortes.} Seu corpo se moveu por vontade própria, desferindo uma série de golpes verticais.
{Defesa Absoluta.} Contudo, apesar da velocidade de seus ataques, sua lâmina não conseguiu atingir Dahak. Ele desviou com facilidade, redirecionando sua espada apenas com as mãos. A frustração crescia dentro dela; não havia maneira de acertá-lo.
Após desviar de todos os golpes da técnica, Dahak ativou sua mana novamente. Com um movimento fluido, ele segurou a gola e a manga da camisa de Eriel, puxando-a para perto. Em seguida, avançou com um pé, fazendo um gancho por trás de suas pernas, derrubando-a com um simples movimento.
A mente de Eriel disparou ao ser puxada para o chão, a força do impacto quase a atordoando. O confronto estava longe de acabar, mas ela sabia que tinha que se levantar e contra-atacar, ou tudo estaria perdido. A luta apenas começava, e a verdadeira batalha por sua vida e pela esperança de Noir estava apenas iniciando.
Um dos golpes básicos do Judô. O golpe é feito com o Judoca de frente para seu adversário. É importante não exitar ao usar esse golpe, Uma execução errada e o oponente pode realizar um contragolpe.
{Ataque Absoluto.} Aproveitando que ela estava no chão, Dahak segurou a gola da camisa de Eriel e começou a arrastá-la pela superfície áspera. Após percorrer uma certa distância, ele a arremessou na direção da parede. O impacto foi brutal e, antes que ela pudesse se recuperar, ele avançou com um joelho certeiro no estômago. A dor a atingiu de forma intensa, e mal teve tempo de respirar antes de ser arremessada novamente, desta vez em direção a outra parede.
Ainda no ar, Dahak a alcançou e usou seu calcanhar para atingi-la, fazendo com que Eriel perdesse a visão por um instante.
“Você parecia confiante antes… Parece que fui apenas sorte.” A voz dele era fria, quase cínica, enquanto ele se afastava um pouco para observá-la, como se estivesse avaliando sua presa.
“Quem sabe?” A determinação começou a tomar conta dela. Todos os requisitos estavam atendidos. Agora era hora de usar mais uma vez a habilidade de Azrael. {Olho Perfeito.} Essa habilidade permitia que Eriel copiasse qualquer técnica de luta ou habilidade nascente que tivesse visto, e ela sabia que precisava disso para se manter viva.
A espada negra em suas mãos transformou-se em uma balestra. Com um movimento rápido, ela armou a primeira flecha e disparou, atingindo o rosto de Dahak com precisão. Sem hesitar, armou novamente e disparou uma segunda flecha, que acertou seu ombro.
“Ah?” O impacto foi seguido por um instante de confusão em seu olhar. A flecha que o atingira foi congelada pelo poder que Eriel havia copiado de Naara.
Dahak colocou a mão no olho perfurado, perplexidade se transformando rapidamente em raiva. “Como?”
“Haha, você foi atingido novamente.” Todos ao redor pareciam sorrir, talvez achando a situação engraçada, mas Eriel sabia que não podia relaxar.
“Parece que continuo com meu mau hábito…” Dahak arrancou a flecha presa ao seu olho com um movimento brusco. Foi nesse momento que Eriel sentiu uma dor aguda no braço. Olhou assustada e viu uma parte faltando.
“Urgh!”
“Perdão… Minha mão escorregou.” Ele a olhou com seu único olho bom, seu sorriso malicioso provocando ainda mais raiva.
{Domínio Absoluto.} A ativação dessa habilidade derivada do “Tempo” fez o coração de Eriel disparar. Assim como o “Lorde do Tempo”, o Domínio Absoluto permitia que o tempo se movesse lentamente, mas também concedia a ela a capacidade de antecipar todos os movimentos de seu oponente. Dahak avançou, e Eriel sabia que ele usaria seu punho para atingir seu abdome antes que seu joelho viesse em direção ao seu rosto.
Conseguiu desviar por pouco, mas não o suficiente. Com um giro rápido, Dahak acertou seu hipocôndrio direito. A dor foi tão intensa que a fez cair de joelho, ofegante. Ele puxou seu cabelo, forçando-a a encarar seu rosto, que tinha um sorriso familiar, lembrando-a de Azrael.
A expressão de Dahak era de pura satisfação enquanto ele a golpeava repetidamente, um soco após o outro. O gosto de sangue em sua boca era um lembrete cruel da realidade da luta.
“Você morre aqui!” Sua voz era ameaçadora, ressoando nos ouvidos de Eriel enquanto o desespero começava a se infiltrar em sua mente. Era uma batalha pela sobrevivência, e ela sabia que precisava encontrar uma maneira de reverter a situação. A luta apenas se intensificava, e Eriel não poderia se permitir ser derrotada.
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