Índice de Capítulo

    Observando Azrael de perto, Eriel notou algo sutilmente diferente. Sua presença parecia mais fraca do que momentos atrás, mas ainda assim, imponente e ameaçadora. Por outro lado, Ex respirava pesadamente, os ombros arqueados como se sustentassem o peso da batalha prolongada. Era evidente que a luta estava drenando suas forças, algo que ele claramente não havia planejado.

    Ex limpou o suor do rosto com um gesto apressado, os olhos fixos no oponente à frente.
    “Parece que, dessa vez, sou eu quem lutará ao lado dos cavaleiros…” murmurou ele, antes de voltar-se para os outros. 

    Naara, apesar de parecer cansada, exibiu um brilho peculiar no olhar. Ela queria lutar, mesmo que a situação parecesse desfavorável. Ao lado dela, Nain já se encontrou com Eriel, a voz grave, mas carregada de urgência:
    “Eriel, posso contar com você para dar suporte ao lado de Zenith? Não consigo medir a extensão do poder de Azrael, e isso me preocupa. Esta luta será perigosa.”

    Eriel concordou, mantendo a calma.
    “Tudo bem.”

    Ela sabia que não era sua função estar na linha de frente; suas habilidades de suporte eram seu maior trunfo. Enquanto Ex, Naara e Nain se preparavam para avançar, Eriel e Zenith se reuniam na retaguarda, já canalizando mana para fortalecer as defesas do grupo.

    Naara foi o primeiro a atacar, avançando em um movimento ágil para tentar acertar Azrael com um chute giratório. Azrael se moveu para desviar, mas sua velocidade parecia diminuída. Ex e Nain o seguiram de perto, coordenando ataques precisos. Naara conseguiu atingir Azrael na costela, arrancando dele um grito abafado de dor. Ele cambaleou para trás, e Nain aproveitou o momento, desferindo um soco direto. Azrael, entretanto, conseguiu esquivar-se no último instante.

    Os cavaleiros atacaram em rápida sucessão, forçando Azrael a recuar. Mas algo mudou. O ar ao redor de Azrael parece vibrar, e um fraco brilho violeta envolveu o seu corpo. Antes que qualquer um pudesse reagir, duas adagas se materializaram em suas mãos.

    Ao ver as armas, os cavaleiros recuaram, cautelosos. O campo de batalha ficou em silêncio completo. Cada movimento era medido, cada respiração, contida.

    Zenith cortou o silêncio, com a voz tingida de preocupação:
    “O Azrael treinou com diversas armas no passado. Ouvi dizer que ele era incomparável com um tipo em específico, mas Samael o proibiu de usá-los.”

    Eriel, atenta, disse em um sussurro:
    “Essas armas são…?”

    Zenith respondeu com um tom sombrio:
    “As adagas.”

    Com elas, Azrael era imbatível. As adagas aumentaram sua velocidade já impressionante, permitindo ataques devastadores e movimentos imprevisíveis. O simples fato de ele estar usando aquelas armas mostrava que a situação havia escalado para algo muito além do controle.

    Azrael caminhou lentamente na direção de Nain, desaparecendo de vista em um piscar de olhos. Ele reapareceu em um instante, já deferindo um golpe preciso no ponto cego de Nain. Mesmo tentando reagir, Nain foi superado pela velocidade de Azrael, que realizou uma série de cortes rápidos.

    Percebendo que a situação poderia se intensificar rapidamente, Eriel agiu.
    {Aceleração de Pensamentos}
    {Ampliação}

    Uma aura azulada irradiada de Eriel cobriu os cavaleiros. De repente, o mundo pareceu desacelerar para eles, os movimentos de Azrael se tornaram mais nítidos, como se a vantagem de sua velocidade tivesse sido parcialmente neutralizada.

    Mesmo assim, Azrael continuou rápido demais, seus ataques extremamente precisos. Suas adagas cortaram o ar, e as mesmas barreiras conjuradas por Eriel e Zenith mostraram dificuldade em conter sua força.

    Azrael mudou de alvo, investindo contra Ex, antes de se lançar em direção a Naara. Mas Naara, com os reflexos ampliados pela magia de Eriel, estava pronto. Ela desviou por um fio, embora uma mecha de cabelo tenha sido cortada pelas lâminas afiadas.

    Naara disse, determinada.
    {Congelar}

    Uma fina camada de gelo começou a se formar a partir de seus pés, espalhando-se rapidamente pelo campo de batalha. Azrael tentou saltar, mas o gelo o atingiu, como se tivesse vontade própria. Quando ele foi finalmente alcançado, o gelo envolveu sua perna direita, puxando-o violentamente ao chão.

    Antes que Azrael pudesse reagir, Naara conjurou um caixão de gelo, prendendo-o. Os cavaleiros pararam por um instante, mas Eriel sabia que aquilo não seria suficiente.

    “Ele vai sair… Preparem-se!” gritou Zenith, canalizando uma poderosa quantidade de mana enquanto suas mãos tremiam levemente.

    {Flechas de Fogo}

    Zenith disparou uma torrente de flechas flamejantes. As flechas acertaram o caixão de gelo com precisão, uma após a outra, enquanto o brilho intenso das chamas iluminava o campo de batalha. Azrael, preso no gelo, parecia incapaz de reagir.

    Aproveitando a oportunidade, Nain avançou com um salto impressionante. Sua grande espada brilhava com uma energia pulsante enquanto ele desferia um golpe devastador. A lâmina cortou o caixão ao meio, enviando uma onda de choque tão poderosa que fez Eriel hesitar por um momento, preocupado com o impacto sobre Azrael.

    Ex, sem perder tempo, surgiu logo atrás de Nain.

    {Mil Cortes Divinos}

    Com sua espada de mana brilhando em um tom etéreo, ele avançou em alta velocidade, transformando os pedaços do caixão em pequenos fragmentos de gelo que se espalharam como uma chuva cristalina pelo campo. Todos ficaram atentos, esperando o corpo de Azrael emergir dos destroços.

    Mas ele não estava lá.

    “Não acertamos…?” murmurou Nain, ofegante.

    Então, a voz de Azrael ecoou no campo, com um tom de ironia que fez todos se enrijecerem.
    “Vocês estavam tentando me matar, certo? Foi o que pareceu.”

    Eriel sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Instintivamente, ela saltou para o lado, e foi então que viu a presença de Azrael, parado bem onde ela estava momentos antes.

    Sem hesitar, Azrael agarrou a cabeça de Zenith com força e a esmagou contra o chão, criando uma pequena cratera. Para qualquer outra pessoa, aquilo seria fatal. No entanto, Zenith reagiu rapidamente, agarrando o braço de Azrael mesmo caída e prendendo-o em uma chave de braço com precisão cirúrgica.

    Naara surgiu como um raio. Com um chute devastador, acertou o rosto de Azrael, que cuspiu sangue no mesmo instante. Não satisfeita, ela agarrou o corpo de Azrael com força descomunal e o lançou para o alto.

    Nain, aproveitando a abertura, canalizou sua mana em uma poderosa combinação de terra e fogo. Uma enorme esfera de energia foi disparada, atingindo Azrael no ar com uma explosão que iluminou o céu. Ele caiu como um meteoro, levantando uma nuvem de poeira e destruição.

    Antes que Azrael pudesse sequer se mover, Ex avançou, sua espada de mana vibrando em uma frequência mortal. Ele atacou com um golpe preciso, mirando o braço de Azrael. O corte não foi profundo, mas o impacto foi suficiente para fazer Azrael cambalear.

    “Veneno?” Azrael perguntou, confuso, enquanto olhava para o pequeno ferimento.

    Ex falou, arrogante.
    “Você notou rápido. Foi um presente de uma velha amiga.”

    O veneno começou a surtir efeito rapidamente. Azrael cambaleou, e sua respiração ficou pesada, mas ele não parecia disposto a desistir. Com um suspiro profundo, ele concentrou uma quantidade massiva de mana em suas adagas.

    Desaparecendo do campo de visão, ele surgiu atrás de Nain em um piscar de olhos e desferiu um golpe certo, derrubando-o.

    “Droga!” gritou Nain, caído. “Não consigo me mover!”

    Azrael não hesitou. Ele mirou Zenith, que ainda se recuperava, mas antes que pudesse atingi-lo, Eriel reagiu.

    {Lorde do Tempo}

    O tempo ao redor de Eriel desacelerou até parar. Tudo parecia congelado: seus aliados, os movimentos de Azrael, até mesmo o som cessou, deixando apenas o pulsar de sua própria mana como companhia.

    Eriel avançou, tentando arrancar as adagas das mãos de Azrael. Mas, para sua surpresa, ele moveu a cabeça levemente e encarou diretamente. Seus olhos brilhavam com o símbolo do infinito.

    “Você realmente achou que isso funcionaria?” Azrael sorriu.

    Eriel saltou para trás instintivamente, seu coração disparado. Azrael começou a se mover dentro de seu domínio, algo que jamais esperava que fosse possível.

    “Foi uma jogada inteligente, Eriel, mas… eu já imaginava que algo assim pudesse acontecer”, disse Azrael, observando os arredores enquanto analisava a situação. “Se eu sou sincero, todos vocês parecem querer me matar.”

    Eriel mostrou-se sincera, apesar da tensão.
    “Talvez você seja um chefe terrível,” ela retrucou com sarcasmo.

    “Quem sabe?” Azrael respondeu, avançando sem suas adagas.

    Eriel se preparou, ativando toda a energia que poderia para enfrentar o próximo embate. Mesmo que Azrael fosse mais rápido, com o Lorde do Tempo ativo, ela conseguia acompanhar seus movimentos. O problema era o preço que pagava: a dor crescente em seu peito e a fadiga que ameaçava derrubá-la a qualquer instante.

    Enquanto trocavam golpes, Eriel começou a traçar um plano. Com a aceleração de pensamentos ainda ativa, ela guiou sutilmente Azrael para uma posição estratégica. Ele parecia não perceber, concentrado apenas em acompanhá-la.

    Azrael encarou Eriel com um olhar determinado e disse com um tom calmo, mas carregado de significado: “Me desculpe, mas você perdeu.”

    Com sua histamina em um estado crítico, Eriel mal conseguia se manter em pé. Azrael se preparava para desferir o golpe final, mas, antes que pudesse completar seu movimento, algo o interrompeu.

    “O quê?!”

    Correntes de gelo surgiram do chão, prendendo seu braço no último instante. Foi Ex quem aproveitou a abertura, aproximando-se rapidamente. Ele agarrou o rosto de Azrael com firmeza e invocou sua habilidade:

    {Drenar Mana}

    Azrael sentiu sua energia sendo drenada, o que o fez arregalar os olhos momentaneamente. No entanto, antes que pudesse reagir, Alice surgiu silenciosamente em seu ponto cego. Azrael se surpreendeu ao notar a presença de sua irmã, como se houvesse esquecido completamente dela durante a batalha.

    {Selar Movimentos}

    Uma runa brilhou intensamente sob os pés de Azrael, e seu corpo parou de se mover instantaneamente. Todos ao redor respiraram aliviados, mas ainda com certa cautela, observando atentamente o oponente. Azrael parecia completamente imobilizado.

    Eriel, ainda recuperando o fôlego, deu um passo à frente e explicou, com um leve sorriso no rosto:

    “Enquanto estávamos no Lorde do Tempo, usei a aceleração de pensamentos para me comunicar com todos. Foi assim que elaboramos essa estratégia.”

    Azrael, surpreendentemente, sorriu de volta. Ele se sentou no chão com calma, deixando todos os presentes em alerta imediato.

    “Magnífico. Estou impressionado,” ele declarou com uma voz serena. “Vocês foram melhores do que eu esperava.”

    Alice, franzindo o cenho, deu um passo à frente, mantendo a mão sobre o cabo de sua arma.

    “Como você conseguiu sair do selo?” ela perguntou, visivelmente surpresa.

    Azrael riu baixinho e respondeu, com um ar quase casual:

    “Simples. Você nunca conseguiu me selar. Eu apenas parei de me mover, aceitando a minha derrota.”

    Ex estreitou os olhos e se aproximou lentamente de Azrael. Sem cerimônias, deu um leve tapinha na cabeça do irmão.

    “Então era isso, irmão… Posso perguntar: desde quando?”

    Azrael apenas sorriu, desviando o olhar.

    “Não se prenda aos detalhes. Estávamos apenas brincando.”

    Ao perceber que Azrael havia voltado ao normal, Nain, Zenith e Naara desabaram no chão, exaustos, mas aliviados.

    “Fico feliz em saber que você está de volta,” disse Naara, ainda recuperando o fôlego.

    Todos se sentaram ao redor, compartilhando o silêncio de alívio. Azrael olhou em volta, absorvendo o ambiente destruído pela batalha. Apesar do caos ao redor, havia algo reconfortante na presença de seus companheiros. Ele sorriu, sentindo uma paz rara.

    “Acho que posso deixar o resto com os mais velhos,” ele brincou, observando a destruição que se estendia pelo campo de batalha. Seu tom irônico arrancou alguns sorrisos cansados.

    Samael se aproximou, pousando uma mão leve na cabeça de Azrael. O gesto simples era carregado de gratidão.

    “Você foi incrível, meu aluno. Se não fosse por você, essa batalha poderia ter tido um desfecho bem diferente,” ela disse, com convicção na voz.

    Azrael acenou com a cabeça, aceitando o elogio sem arrogância. “Então é assim… Deixarei Lúcifer cuidar do resto,” ele comentou, referindo-se ao líder dos anjos caídos.

    No entanto, antes que pudesse sair do local, algo estranho chamou sua atenção. Uma aura intensa e avassaladora se aproximava rapidamente. Azrael ergueu os olhos para o céu, um sorriso largo se formando em seu rosto.

    “Ares!” ele exclamou com uma alegria genuína ao reconhecer a presença do novo visitante.

    Descendo dos céus em alta velocidade, Ares pousou com um impacto suave, mas poderoso. Sua figura era imponente: cicatrizes atravessavam sua pele, testemunhos de incontáveis batalhas. Seus cabelos negros e longos, junto à barba espessa, davam-lhe um ar de selvageria contida. Vestindo uma armadura dourada adornada com pedras preciosas e uma capa vermelha que tremulava como o fogo, ele parecia uma obra de arte viva.

    Ares se aproximou de Azrael e o abraçou com força, mas havia uma tristeza contida em seu gesto. Seus músculos definidos pareciam de um guerreiro lendário, e sua aura era esmagadoramente divina.

    “Meu amigo,” ele disse, olhando em volta. “Vocês passaram por um inferno.”

    Ele cumprimentou Samael com um aperto de mão vigoroso antes de pousar finalmente o olhar em Eriel. Seus olhos penetrantes a estudaram com curiosidade.

    “Essa pessoa… Tem algo de familiar,” ele disse, com um sorriso intrigante, antes de se virar novamente para Azrael. “Essa energia… Alguma vez nos encontramos?”

    Azrael abriu um sorriso, mas antes que pudesse responder, Ares o interrompeu com um gesto.

    “Entendi. Ela é a reencarnação de… Então é assim. O tempo foi cruel com você, meu amigo.” Ele suspirou, mas logo sorriu novamente. “Mesmo assim, você continua sendo um dos maiores guerreiros.”

    Azrael estreitou os olhos e mudou o tom de voz. “Então? O que te traz ao planeta dos caídos?”

    Ares explicou, ainda sorrindo: “Encontrei um dos mensageiros que pediram a ajuda dos pecados. Quando soube que você estava em uma guerra, não poderia deixar de vir. Afinal, você é meu amigo.”

    Mas, enquanto falava, Azrael fez um gesto discreto para Samael, fora do campo de visão de Ares. Algo estava errado, e Eriel percebeu. Um arrepio percorreu sua espinha.

    Azrael deu um passo para trás, posicionando-se entre Eriel e Ares. “Sabe? Na verdade, não foram enviados mensageiros para encontrar os pecados. Essa foi uma história criada para proteger informações sigilosas.”

    O sorriso de Ares desapareceu, substituído por um olhar afiado. “Então é assim?”

    Antes que pudesse reagir, Azrael ergueu uma barreira em volta de si e de Eriel. Um ataque massivo colidiu com a barreira, ofuscando a visão de todos. Quando a luz se dissipou, Ares havia desaparecido com o corpo inconsciente de Malak.

    Eriel lembrou da mensagem do Deus Supremo. “No momento de calmaria, olhe para o céu e sorria para aqueles encapuzados.” Instintivamente, ela ergueu os olhos e viu dez figuras encapuzadas observando o campo de batalha.

    Suas auras eram imensas e opressoras. O silêncio se tornou sufocante enquanto todos assimilavam a nova ameaça. Azrael observou as figuras com uma expressão sombria. Ele cerrou os punhos e disse, com voz firme:

    “Não podemos deixá-los vencer. Lutaremos até o fim.”

    Foi quando Eriel ouviu, quase como um sussurro, uma palavra:

    “Mãe?”

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