Capítulo 60 — Guilda
Nunca imaginei que seria assim. Eu nunca pensei que acabaria me tornando um vilão. Mas aqui estou, cercado por todos os meus atos malignos, pelas mortes que causei, e pelas atrocidades que cometi.
Sei que muitas pessoas me veem como um monstro, um ser sem coração e empatia. E, na verdade, talvez seja isso mesmo. Fiz coisas que nunca deveria ter feito. Causei dor e sofri a tantas pessoas inocentes. Sei que nada pode apagar o que fiz, mas queria retroceder no tempo e fazer as coisas de maneira diferente.
Eu costumava pensar que; estava fazendo o que era certo, que estava lutando por uma causa nobre. Mas agora percebo que tudo o que foi para alimentar meu próprio ego, minha sede de poder e controle. E agora estou pagando o preço por minhas escolhas.
Talvez nunca tenha sido destinado a ser um herói. Sempre tive essa escuridão dentro de mim. Mas ainda assim, eu sinto um remorso tão profundo pelas vidas que destruí e pelas famílias que arruinei. Gostaria de fazer algo para consertar meu passado, mas sei que era tarde demais.
No fim das contas, acho que o que me resta é tentar encontrar algum tipo de redenção, se for possível. Talvez eu possa realizar algo de bom com o pouco tempo que me resta.. Sei que nunca poderei mudar o passado, mas pelo menos posso tentar realizar algo de bom no presente.
Mas talvez eu não tenha o poder de mudar. Talvez não consiga encontrar a redenção que procuro. Sou destinado a permanecer nesta escuridão para sempre. E se for esse o caso, deveria abraçá-la. Imagino que deva me tornar o mais perverso dos vilões, o mais maligno dos seres.
Causei tanto mal, já feri tantas pessoas, então, penso que seja melhor aceitar quem sou e abraçar minha verdadeira natureza. Posso deixar de lutar contra mim mesmo e abraçar o lado sombrio que sempre esteve dentro de mim.
Mas, mesmo enquanto penso em abraçar minha maldade, ainda sinto uma voz dentro de mim que clama por redenção. Uma voz que deseja mudar, que deseja fazer o bem e auxiliar as pessoas. Talvez essa voz nunca vá embora, e talvez ela seja a única esperança que tenho de me redimir.
No final, não sei o que acontecerá comigo. Posso continuar a ser o vilão que sempre fui, ou talvez encontre uma maneira de me tornar um herói. Mas seja qual for o caminho que escolher, sei que terei que enfrentar as consequências dos meus atos. E sei que terei que lidar com as cicatrizes que deixei nas vidas das pessoas que feri.
Eu não sou aquele salvará o universo. Não tenho interesse em coisas fúteis assim. Na verdade, queria destruí-lo com minhas próprias mãos, mas existe uma pessoa para me parar em momentos assim. Sim, estava escrito. Serei aquele que destruirá tudo.
Eriel era a verdadeira salvadora. Eriel salvará o universo enquanto continuarei observando a destruição.
Estarei lá no momento último momento do universo e verei Eriel salvar todos.
Ao menos era assim que eu pensava. Não era tão simples. Minha morte estava perto. Muito mais perto do que gostaria de imaginar.
Olhei na direção de Eriel. Lembranças do tempo que passei com Eisheth vieram a mente.
Mesmo sabendo que Eisheth não voltará, me pego lembrando de seu sorriso sempre que observo o rosto de Eriel. Imaginando que o passado voltou para me assombrar…
Até mesmo meu sorriso se tornou forçado com o passar do tempo. Em momentos estou sorrindo verdadeiramente, mas às vezes notei que meu sorriso se forma de maneira automática.
“Vamos?”, perguntou Samael enquanto preparava sua magia de teleporte.
Todos checamos mais uma vez os itens que iriamos levar. Claro, estou levando uma quantidade significativa de mantimentos, mas logo eles podem acabar.
Pensando nisso, decidi qual seria o primeiro planeta que iria visitar.
“Estou pronta.”, comentou Eriel ao terminar de conferir suas coisas.
Alguns dias atrás, mandei Ex de volta para Givek, já que seus companheiros estavam esperando.
Minha maior surpresa foi; Jofiel quem se juntou a equipe, não imaginei que algo assim poderia acontecer, mas o Deus Supremo deu a permissão, então não haviam motivos para recusar a sua presença.
Criando um pequeno círculo de teleporte, dei as coordenadas para Samael quem aumentou o alcance da magia. Nosso Objetivo era um planeta comercial chamado Nigiork.
No centro de Nigiork, estava o local que precisaríamos visitar para dar início a viagem. Sem o suporte necessário, não seria possível visitar o país das fadas.
Todos que me acompanhariam passaram pelo portal, Samael primeiro seguida de Jofiel e Eriel. Noir estava no espaço dimensional com Sonne.
Leviatã estaria me acompanhando em minha sombra, já que ela passou muitos anos selada. Com o selo de poder, ela precisava recuperar sua mana e sugava a mana do seu mestre para repor a própria.
Tivemos sorte por meu corpo conseguir recuperar a mana mais rápido do que Leviatã consome, mas se alguma outra pessoa tentasse esse método, estaria com falta de mana muito rápido.
“Chegamos.”, comentou Samael enquanto observava o local onde páramos.
O ambiente era uma densa floresta ao norte da cidade principal.
“Vamos caminhar por enquanto. Temos algumas horas até o sol nascer.”
O motivo de não usar o teleporte na cidade era simples, não era permitido. Se usar o teleporte para o planeta, tem que parar no máximo na floresta e seguir caminho após chegar.
Uma regra idiota que ajuda a manter a paz na cidade.
“Você realmente vai até a ‘Guilda’?”, perguntou samael curiosa.
“Sim.”, respondi sem demora. “Temos que conseguir uma missão para o país das fadas e a ‘Guilda’ é o melhor local para conseguir.”
A guilda, um ambiente para mercenários que trabalham em busca de fama e reconhecimento. Aceitando pedidos de todas as partes do universo, o melhor local para conseguir o que buscamos era la.
“Bom, não acho que vamos ter muitos problemas. Você vai ‘Mudar’, certo?”
“Não imaginei que usaria essa identidade novamente, mas não é um problema.”
Usando minha magia, alterei a cor do meu cabelo para um negro brilhante. Meus olhos continuaram da mesma cor, mas a cor do meu cabelo me destacaria.
Todos sabem que príncipe dos demônios tem cabelos brancos e olhos vermelhos, por esse motivo tenho que esconder minha aparência. Um demônio aparecendo no planeta com as mesmas características do atual rei poderia causar um alvoroço na cidade.
“Acho que assim está bom.”
“Então devemos continuar.”
Ao adentrar os muros, notei que Eriel continuou observando a grande cidade que lembrava as cidades medievais na terra. O ambiente era bem barulhento com vários comerciantes e alguns nobres de todas as partes do universo.
Para uma pessoa que viveu na terra por toda a sua vida, não consegui deixar de sorrir com Eriel supressa com as diversas raças.
Elfos, anões, fadas, gigantes, semi-deuses. Esse era o planeta onde a maioria das raças visitava para conseguir matérias ou pegar serviços na guilda.
Finalmente chegamos ao local certo. Uma grande casa que parecia um bar… Várias pessoas estavam reunidas nas mesas enquanto apreciavam as bebidas e comida.
Notei olhares curiosos em nossa direção e, na verdade, era algo normal, já que era a primeira vez que me viam no ambiente. Os mercenários são cautelosos com todos, até mesmo pessoas que trazem trabalhos são tratados da mesma forma.
“Olá..”
Me aproximei da recepcionista e com um leve sorriso, continuei.
“Existe algum trabalho relacionado com a terra das fadas?”
A atendente parecia um pouco intrigada com minha pergunta, mas continuou agindo com seriedade.
“Me desculpe, mas os trabalhos no planeta das fadas exigem um grau elevado de nossos mercenários. Não lembro te ter-lhe visto antes, você seria?”
Um leve sorriso apareceu no rosto de Samael enquanto Jofiel pareceu surpresa.
“Olha só? Parece que você já foi esquecido. Bom, quantos anos se passaram?”
“Surpiro… É normal algo assim acontecer.”
Retirando um pequeno castão de meu espaço dimensional, mostre a atendente sem demora.
“Me desculpe pela apresentação tardia. Meu nome é Dahak. Como pode ver, sou um mercenário diamante.”
Ao relevar meu ranking todos que estavam bebendo de maneira animada pararam para me observar enquanto o ambiente se tornou silencioso.
“Dahak… Eh? Darak!?”
Até mesmo a atendente que estava agindo normalmente, ficou surpresa com a revelação do meu nome.
“Po — Poderia esperar só um segundo, senhor?”
“Claro, fique a vontade.”
Os olhares de todos se tornaram um incômodo enquanto esperava a atendente voltar.
Poucos minutos se passaram sem sinais de que ela voltaria, até….
Uma aura densa foi emanada por todo o salão. O ambiente se tornou pesado a medida com que o dono da aura se aproximava.
Com um suspiro, observei o dono da densa aura entrar no salão.
“Quem é o desgraçado que está fingindo ser o Dahak—”
“Há quanto tempo, Grumir Deliort.”
Grumir Deliort um anão idoso, com uma aparência imponente e venerável. Sua barba grisalha era longa e trançada, indicando sua idade avançada e sabedoria acumulada ao longo dos anos. Seus olhos profundos, de um tom azul intenso, emanam uma expressão serena e sábia.
Grumir possui uma estatura baixa, típica dos anões, mas sua postura era ereta e firme, refletindo sua força de caráter e competência. Seu corpo robusto e musculoso, uma prova de sua vida de trabalho árduo nas minas das montanhas, onde os anões têm especialização.
O traje de Grumir é uma combinação de tecidos resistentes e armaduras de aço, que protegem seu corpo envelhecido, mas sustentam sua mobilidade. Ele usava um manto de cor esverdeado, adornado com símbolos ancestrais de sua tribo e detalhes em ouro, que indicam sua posição de destaque.
“Não é possível. Meus olhos estão ficando velhos? É você mesmo Dahak?”
Sua voz grave e profunda ecoa com autoridade e comando quando necessário, mas ele também possuía uma capacidade única de ouvir e compreender os problemas dos outros.
Grumir carregava consigo um machado de batalha forjado pelos melhores ferreiros anões, sendo uma herança familiar de grande valor. Ele também possui uma bengala de madeira resistente, que o auxilia em suas caminhadas mais longas.
Como anão, Grumir valoriza muito as tradições e o respeito à família. Um defensor incansável de sua raça, sempre buscando preservar os valores ancestrais e as relações entre as diferentes raças. Sua tribo é conhecida por sua habilidade em forjar armas e armaduras, e Grumir tem um conhecimento profundo das técnicas de trabalho com metais e mineração.
Grumir era um conselheiro sábio e experiente, sendo frequentemente procurado por outros líderes de raças diferentes em busca de orientação e conselhos. Sua influência amplamente reconhecida, e ele era considerado uma lenda viva entre os anões e apreciado por todos os reinos.
“Você acha mesmo que alguém ousaria se passar por mim Grumir?”
Um leve sorriso apareceu no rosto do velho anão.
“Certamente que não.”
Com uma voz poderosa, Grumir falou para que todos pudessem ouvir.
“Escutem todos. Esse homem é o mais conhecido e respeitado mercenário. Não desrespeitem-no e muito menos tentem lutar contra ele. Seu rank atual é o mais alto entre os mercenários. Agradeçam por estarem vivos hoje, já que podem observar o retorno de Dahak.”
Todos pareciam animados com as palavras de Grumir e era algo normal, já que meu nome se tornou uma lenda entre os mercenários.
“Bom, não teria como confundir, com uma beleza tão surreal te acompanhando, Faz bastante tempo; Samael.”
“Sim, bastante, seu velho bêbado.”
“E vejo que não são apenas vocês… Bom, proponho conversarmos lá em cima… Na verdade, você chegou em um momento perfeito.”
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