Capítulo 120 — Erguendo-se da luz (5)
Após alguns minutos, Zemynder surgiu ao lado dos agentes. Ao mesmo tempo que Theo, Islan e Rod caminhavam pelos Pilares do Renascimento, o carrasco de Alsu surgiu com uma pilha de bestas que o próprio havia matado junto da conjuradora Kris.
Aquela cena surpreendeu Bastien, pois a quantidade de energia que vazava dos corpos era similar à presença de um tenente.
Zemynder e Kris agilizaram o mais rápido que puderam para realizar a conclusão da caça, pois queriam estar presentes na despedida dos dois defensores.
Enquanto a conjuradora queria estar presente na morte dos colegas, o carrasco queria apenas ver o potencial que Theo iria alcançar naquela luta.
Portanto, para decidir iniciar o combate de dois contra um, Sara se posicionou em um dos Pilares, cuja própria julgou estar próximo do centro do novo bioma.
Depois de pegar uma distância razoável de Islan e Rod, Theo se posicionou virado para o último local de encontro entre os três.
Exceto pelos raios de luz do sol que tinham dificuldades para atingir o chão da região, o jovem não conseguia ter um campo de visão agradável. O local era escuro e assombroso, mas estava perdendo esses efeitos na mente de Theo.
Carregando um olhar pesado e sereno, esboçando bastante concentração, Theo apoiou a zweihänder em um dos pilares e alongou-se apropriadamente.
“Hm… A Sara falou que iria cuidar de um sinalizador.” ponderou Theo, esticando a lombar. “Consigo sentir os dois parados à minha frente, provavelmente estão conversando…”
Graças às informações que recebeu após capturar o djinn, Theo conseguiu padronizar as posições dos Pilares conforme o vento batia nas estruturas sólidas e marcava as posições, com isso, graças a diferença estúpida de altura e formato dos corpos entre os defensores e os pilares, Theo os localizou há cerca de trezentos metros.
“Esse djinn é útil.” Olhando para a mão esquerda, Theo observou sua ressonância ativar-se lentamente. “Ele não possui informações sobre a ressonância, mas, aparentemente, os djinn de vento possuem uma espécie de marca elementar também. Embora sejam conceitos diferentes, a base é igualmente complexa… Ressoar e atribuir.”
O rapaz analisou e reorganizou os próprios pensamentos, chegando ao ponto de lembrar de várias coisas esquecidas por desviantes comuns.
“Atribuição, o quarto fundamento do controle de energia… Fui ensinado a usar isso apenas com o éter, mas, e se eu usar o atributo elementar? Já que são fontes de energia diferentes em sua essência…”
Ethan Caesar ensinou ao seu filho apenas como conduzir, controlar, manipular, atribuir e aprimorar usando a energia principal de seu núcleo. No entanto, o duque Lawrence é mundialmente conhecido por controlar perfeitamente os cinco fundamentos, mas usando o atributo elemental do fogo.
Theo sempre observou seu pai utilizando técnicas com o elemento, mas nunca conseguiu entender como funcionava. E como Ethan queria que seu filho aprendesse e desenvolvesse seus próprios métodos, nunca ensinou como atribuir o elemento.
Mas, agora estava claro como o dia. Desde que Jeanne comentou sobre a forma que os Vanir alteraram o DNA de mortais para se assimilarem aos deuses, Theo não parou de pensar naquela possibilidade. Agora, não apenas o éter, mas também os elementos poderiam ser utilizados para aquilo.
“Isso é…” pensou, calculando todas as possibilidades. “Uma forma magnífica de se suicidar! Mas, irei tentar.”
— O Jovem Mestre está se preparando muito bem… — disse Kris, no topo de um dos pilares.
A conjuradora estava deitada no limite da estrutura, agarrando a borda com medo de cair enquanto observava Theo a quase dois quilômetros abaixo dela. Naquela altura dava para perceber o preparo de Theo; sua energia transbordava para a quem dos limites físicos, o que resultou numa pequena e chamativa torre de aura.
— É… Definitivamente — concordou Sara, segurando seu cajado. — Vamos, Kris. Quero que eles descansem logo.
Virando-se de costas, Kris se posicionou em linha reta à Sara e estendeu os braços. A garota, no fim, executou os mesmos movimentos.
Gradualmente, um círculo de energia se formou e conectou-se através de vértices e arestas, criando símbolos e runas diversas aos quais se estenderam ao céu. Flutuando até pairar aos três metros de altura, o círculo girou como uma engrenagem e comprimiu igual elástico.
— Cânticos etéreos, sinais do divino, forças harmônicas… — cantou Sara. — Luz priorizada, calor do sol, estrutura rompida…
Reprimindo-se para o próprio centro, o feitiço emitiu uma vibração sonora padronizada semelhante a um coral de crianças.
O céu escureceu por um segundo quando as energias, liberadas por Sara e Kris, se uniram harmonicamente. Toda e qualquer fonte de luz num raio de cinco quilômetros foi engolida pela luz emitida no feitiço, ao qual transbordou um calor insuportável.
Notando uma pressão avassaladora na atmosfera, Theo respirou profundamente para investir na luta. Os defensores, seguindo os mesmos passos, respiraram forçadamente — pois os pulmões não conseguiam suportar tal ação — e ajustaram as posturas.
Com uma ruptura na própria barreira do som e atmosfera, um feixe de luz rasgara as nuvens durante dez segundos. Durante esse tempo, a Trupe de Ataque pôde presenciar uma ausência de luz quase que absoluta, se não fosse pelo pilar de luz.
Ao cessar do sinalizador, Kris não teve tempo para anunciar o combate com um feitiço de amplificação sonora; Theo já havia saído do ponto inicial.
Enquanto os olhos da maioria estavam tentando se adaptar à mudança repentina de luzes, Theo iniciou o ataque, dando sinal verde para o combate começar.
Utilizando o túnel vetorial, Theo saltou toda a distância entre ele e os defensores em questão de segundos. Brandindo a [Intempérie do Firmamento] com as duas mãos, Theo saltou na frente de Islan e atacou sem cerimônias com um corte de cima para baixo. Surpreendido por uma distorção de luz, o defensor usou o braço direito para bloqueio.
A lâmina da zweihänder colidiu com uma barreira de energia sólida que repeliu a força do ataque para Theo. Uma breve sensação atacou o rapaz; se continuasse a disputa, sua espada seria repartida em dois pedaços. Buscando evitar a situação, ele recuou.
O último apagão cessou, trazendo o dia a tona novamente.
A expressão de Theo estava fechada como o céu em tempestade, com olhos serenos e sérios ao contrário da turbulência que apresentavam a cada minuto. Ele estava absolutamente sólido e imerso num único objetivo.
— Ei… — disse Islan. — Pode parar!
Theo relaxou a postura.
— Vamos reiniciar.
— Hum?
— Abra um sorriso, aí aceitaremos lutar contra você. Enquanto estiver incomodado com o fato de matar dois colegas, não vamos aceitar, de forma alguma, que você nos mate.
— Não queremos nos tornar um peso pra você, entendeu? — disse Rod. — Você vai passar por coisas piores, Jovem Mestre. Como a senhorita Sara deduziu, você não irá sentir o peso das nossas mortes nos próximos dias, então, aja dessa maneira agora!
— Imagine um festival, e essa luta será a abertura. Você iria competir com medo de ferir o outro?
— Não… — retrucou Theo.
— Então venha com todo seu talento, geniosinho. Já iremos morrer, você está apenas prolongando nosso sofrimento. Tenha isso em mente.
De alguma forma, as palavras da dupla alcançaram onde quer que a consciência de Theo estivesse se afogando.
Após ponderar a mentalidade Egoriana, ele quase se afogou na própria mente, permitindo que as mãos das sombras o puxasse novamente para o próprio abismo.
Um sorriso largo e vivo apareceu lentamente no rosto do rapaz, acompanhando um par de olhos âmbar que brilhavam como uma joia.
— Então, vamos ao festival…
Theo piscou lentamente e permitiu que um analepse inundasse sua mente.
— Pactos nucleares? — perguntou Theo.
— Sim, ou pactos individuais. Deve ter alguma outra expressão, mas desconheço. É basicamente fazer um acordo com seu núcleo, impor um requisito e uma necessidade — explicou Sara, enquanto viajavam para os Pilares do Renascimento.
— Tá ponderando realizar algum? — indagou Selina, escutando o debate estando no lado oposto da carruagem.
— Talvez. Como funciona exatamente? Me lembro dos pactos vinculativos e familiares, mas desconheço estes…
— Assim, recomendo começar por coisas básicas, sabe? Exemplo, se você quiser usar alguma metamorfose, pode impor que deseja alcançar 100% do potencial. Mas, só pode estar ativada durante dois minutos, algo do tipo — retrucou Sara.
— E se eu colocar um requisito bobo?
— A depender do que você quer, o núcleo vai apenas recusar o pacto. Isso, claro, se você não tiver autoconhecimento. Se você entende a si perfeitamente, seu núcleo não vai se importar com o requisito e a proporção dele quanto a necessidade. Irá apenas executar o combinado e se importar com isso depois…
— Isso se aplica às ignições? — perguntou após refletir.
Selina sabia onde Theo queria chegar, e, naquela altura, ela sinceramente não estava mais se importando. Depois de tantos avisos, Serach não poderia mais contrariar, apenas apoiar nas decisões daquele que foi designada a cuidar.
— Sim. Existem pactos pré-estabelecidos para isso — respondeu Serach.
— Quais?
— Depende. Para qual fundamental você quer? — inquiriu Sara, animando-se com o interesse de Theo. — Existe para precisão, nitidez de despertar, força, eficiência…
— Nitidez de despertar? — Theo escorou-se no encosto do banco e se manteve focado em Sara.
— Sim. Nesse momento, nossa mente se torna iluminada… O mundo se encaixa perfeitamente, como se nós fossemos seu dono. Tudo começa a ser bem-sucedido para nós, assim, conseguimos executar coisas inaceitáveis.
— É o estado perfeito da sincronia…
— Correto. Nesse estado, conseguimos criar novas configurações com facilidade. Mas em contrapartida, quando esse estado se esgota… Nossos corpos não conseguem replicar perfeitamente os mesmos feitos.
“Será isso.” afirmou Theo, após tanto refletir sobre o assunto. Encarando Rod e Islan nos Pilares do Renascimento, suspirou profundamente.
— Já que está reconfigurando sua ignição, invés de somente invocá-la, tente convocá-la verbalmente… — A indicação de Selina transcendeu a mente de Theo.
Antes que Theo o fizesse, seu éter nuclear materializou-se em formas divergentes: assumindo cores escura e elementares, adotando uma circunferência de meia-lua como aparência predominante.
— Ignição… — Posicionando a zweihänder no lado direito do corpo, entoou: — Festejo do Eclipse Calamitoso.
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