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    Nik’Hael rendeu-se de joelhos tentando estancar o sangramento em seu peito. Sangue esse que escorria pela boca, rapidamente tomou conta dos lábios e queixo.

    Arriscando tudo novamente, Theo imbuiu sua perna com fogo e chutou Nik’Hael três vezes na cabeça com o último golpe sendo uma espécie de chute machado na nuca do pequeno anjo e enterrando sua face no chão.

    Brandindo a Intempérie do Firmamento com as duas mãos, Theo apontou a espada para as costas de Nik’Hael, onde o núcleo do pequeno anjo seria danificado ao ser atingido. 

    Theo não hesitou ou demorou para atacar, pelo contrário, ele desceu a espada mais rápido do que qualquer outro.

    Todavia, antes que a ponta da espada perfurasse o alvo, das sombras de um anjo remanescente dos caídos nasceu a vida…

    Conforme o tempo perdeu seu absolutismo pelo espaço, Theo assistiu à mão de um gigante, ainda transbordando pelos fios das sombras, avançar gradativamente contra si. 

    Somente a pressão gerada pelo movimento foi necessária para lançar Theo ao longe, evitando qualquer contato físico.

    Theo voo quase quinhentos metros até se chocar contra um dos Pilares. 

    O impacto de Theo abriu uma pequena cratera na estrutura cinco metros acima do nível do solo, onde o rapaz manteve-se saudável, entretanto, desnorteado pelo ataque. Quando se deu pela realidade, o zunido de uma lâmina cintilou rumo a si.

    Um corte destrinchou o cenário e distorceu o próprio espaço ao lado da cabeça de Theo. 

    Em seguida, a lâmina de um enorme cutelo, que se dizia respeito à arma de um terceiro nefilim, penetrou facilmente a máscara de Theo como se cortasse manteiga.

    Ele sentiu o frio da lâmina rasgar lentamente sua máscara, enquanto a energia do nefilim entrava em contato com a pele e apodrecia ao ponto de forçar uma cicatriz por seu mero desfecho. 

    A realidade do Lawrence parou. 

    O cutelo passou de raspão pelo rosto de Theo, mas, ainda assim, foi capaz de causar uma destruição sem pretendentes nos Pilares do Renascimento.

    O lado direito da máscara de Theo dividiu-se em dois, restando apenas o chifre direito. 

    As duas parcelas do item caíram no chão e revelaram o olhar de Theo; mais afiado do que jamais foi, com sua pupila adotando a aparência da de um lobo com uma cor âmbar ainda mais penetrante. 

    Em seu rosto, estendendo-se da bochecha até o pé do nariz, sangue começou a escorrer lentamente até finalmente banhar seu rosto branco e tomado por opressão.

    Quando os fragmentos da máscara da lua caíram no chão e ecoaram pelo espaço, a lâmina do cutelo também completara o ciclo e retornava contra Theo: utilizando as costas do gume da lâmina, o nefilim retornou sua arma contra o jovem e o atacou com a parte cega, resultando novamente em Theo arremessado para longe.

    Voando pelo cenário destruído pelo corte do nefilim, Theo chocou-se contra três Pilares antes de ser esmagado pelos entulhos de um quarto. 

    Sem deixar sua mente descansar, Theo tentou se mover para o lado e livrar-se das pedras que lhe esmagavam; da terra que lhe cobria; da dor que percorria todos os músculos do corpo; da pressão que faltava pouco quebrar cada osso.

    O rapaz se arrastou pelo chão com cuidado, para não ter os membros inferiores esmagados. Após tanta luta contra o próprio corpo, Theo conseguiu se livrar da maioria dos destroços tendo apenas o pé direito pressionado por uma pedra mineral. 

    Ele se deitou de barriga para cima e observou o céu mover suas nuvens.

    O Jovem Mestre Lawrence ofegou pela dor nos pulmões e músculos, incapaz de realizar movimentos bruscos. 

    A camisa preta estava totalmente encharcada pelo próprio sangue por machucados adquiridos enquanto atravessava as estruturas colossais. 

    O sangue que jorrava pela face atribuiu, ao rosto nobre e cheio de vida, uma característica moribunda. 

    Ele tentou fechar as mãos, mas os dedos estavam dormentes e não eram capazes de realizar tal feito. 

    Utilizando o apoio do pé esquerdo, virou-se para o lado direito onde sua mão tentava puxar a Intempérie do Firmamento; estendida, mexendo os dedos para certificar-se de que ainda existiam, liberava éter tentando conjurar a espada que perdeu pelo caminho, mas não obteve êxito em suas tentativas.

    O pensamento de desistência bombardeou sua mente: aquele era o limite do que ele queria para si. 

    Como já havia afirmado anteriormente, ele luta apenas para evoluir; ficar mais forte; aprender algo; qualquer coisa que o beneficie. 

    Mas, quando essa luta arrisca sua vida… Ele desiste. 

    Deixa a mercê do que o destino tenha lhe preparado; antes havia Liam Mason para possuir seu corpo e lutar no lugar. Porém, agora tinha somente uma alma e um corpo no controle.

    Aquele sentimento era… familiar.

    Sempre que Liam treinava com seu pai, ao fim da noite quando estava jogado na lama do campo de treinamento, o ex-general Egoriano ponderava desistir. 

    Ficar deitado ali durante a noite inteira e apenas dormir, descansar depois de um dia tão árduo. 

    Porém, se o fizesse, o pai de Liam iria espancá-lo ainda mais no dia seguinte. 

    Com o decorrer do tempo, Liam criou a disciplina de expurgar a procrastinação e preguiça de se levantar; não para evitar a surra do dia seguinte, mas para nunca ser vencido pelo cansaço. Contudo, com Theo foi o oposto.

    Sempre que ele cansava nas sessões com Ethan, o Jovem Mestre Lawrence desistia no mesmo instante e pedia descanso ao duque. Ethan sempre esteve desapontado, embora não assumisse, mas respeitava as decisões do filho mais novo.

    Com isso, naquele segundo, Theo impediu que o cansaço e a vontade de desistir tomasse o seu ser. Batalhando contra a pressão aplicada ao pé direito, ele agarrou o chão e se impulsionou para o lado visando livrar-se do aprisionamento.

    Suspirando aliviado, Theo encostou a cabeça no chão e observou o próprio sangue despencar para com o solo enquanto lágrimas naturais tomavam os olhos. 

    Juntando os punhos cerrados na testa enquanto se esforçava para levantar, ele gemeu de agonia e frustração.

    Nik’Hael estava prontamente correto; a força é o que dá sentido à vida, e a ganância por ser forte é a virtude primordial. Não exatamente nessas mesmas raízes, mas Theo sempre entendeu, mesmo que inconscientemente, que ser mais forte iria lhe permanecer vivo.

    Durante esse tempo no domínio, ele buscou ser mais forte pois estava sendo divertido testar o Horológio de Bóreas e novas mecânicas que ele não conseguiria executar caso fosse fraco. 

    Para Theo concluiu-se a própria visão: ser forte dá realmente sentido à vida, pois a sobrevivência é uma virtude, e ser forte conclui que seja possível ficar vivo. 

    Movido pela determinação de ver o pôr do sol mais uma vez, Theo se ajoelhou e concentrou o éter no chakra laríngeo — localizado na garganta. 

    Ele lutou contra si próprio para manter seus sete chakras alinhados enquanto o sangue subia a cabeça, fazendo os neurônios ferverem por adrenalina.

    Quando se sentir petulante, libere sua fraqueza num grito mortal que rasgaria sua garganta e atinja os tímpanos do inimigo.” palavras ditas por Edward vagou pela mente de Theo, lembrando da última vez em que viu seu tio criado como um irmão.

    Grite como eu gritei, seja forjado de ferro, oh, teu sangue. 

    Como um animal ou uma besta, um dragão ou o maior dos lobos… 

    Mostre ao mundo porque tu és teu próprio universo.

    Que, para aquele que vagou pelo inferno, o desmoronar do céu é insignificante. 

    Seja imponente, mesmo que arrogante.

    Libere sua frustração.

    Tomando consciência do próprio corpo, Theo gritou… Não. 

    Tendo em vista que ele imbuiu a habilidade [Imponência] pelo chakra laríngeo e amplificou o efeito do encantamento, seria mais honesto afirmar que Theo rugiu; talvez como um dragão rugia, ou como um lobo sirius uivou, ele estremeceu a estrutura.

    Seu rugido agarrou cada milímetros de todo o Pilares do Renascimento.

    Alguns temeram; outros o admiravam; e apenas Selina se preocupou.

    O Roar imponente durou por vinte segundos e afetou totalmente o mundo físico, inclusive a mente de Nik’Hael e do nefilim que o atacou. Por finalização, sua garganta falhou e sangue foi ejetado em resposta a uma segunda tentativa de gritar.

    Theo caiu novamente no chão, desta vez, matando o olhar súbito e revivendo uma expressão fria e de poder; penetrante e afiado, capaz de fazer qualquer homem tremer. 

    Assim eram os modos de Liam Mason.

    — Que intenso e frustrante… — comentou Malcolm, após presenciar o rugido e o olhar frio de Theo. O rapaz despertou rapidamente.

    Sentado de pernas cruzadas ao lado de Theo, o general de Jane assistiu ao rapaz num estado deplorável.

    — E aí, garoto. Entendeu a discrepância entre nossos mundos?

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