Capítulo 154 — O Céu de Prometeu (3)
“Ele é um monstro.” Theo afirmou.
Notando a própria postura recuada, Metcroy retornou a agir naturalmente.
— Rei Pendaculos? — Theo perguntou buscando quebrar a tensão.
— Sim — respondeu Croy. — Pela proximidade com a Lady Amira e por seu nome, julgarei que a senhorita seja a princesa de Alsuhindr, Jeanne?
— Correto — afirmou Jeanne.
Theo e Metcroy soltaram as mãos.
— Estou ciente do posicionamento de vocês quanto a briga interna em Kiescrone, por isso, peço que não me enxerguem como um inimigo por agora…
— Espero que não precisemos ser. É por isso que estou aqui, pretendo evitar essa possível guerra civil. — Jeanne tremeu internamente.
A tensão que Theo estava criando era quase palpável, ela nunca o viu tão nervoso. Na verdade, ele nunca esteve tão nervoso.
— Nem se preocupe. Se depender do rei, jamais haverá.
“Obviamente está mentindo.” afirmou Theo.
Ele podia ver um sorriso falso e sádico tentar se formar no rosto de Metcroy.
— Esperamos — concordou Jeanne. — Então, Amira…
As duas princesas conversaram como amigas de infância por um tempo, mas isso não foi o bastante para desfazer a tensão já criada.
“Essa vadia vai interromper os planos de Belial.” Metcroy pensou olhando discretamente para Jane. “Mas, não pode acontecer. Hoje mesmo irei por em prática o plano com Amira, tirá-los um pouco da linha de Pendaculos.”
Croy disfarçava seus olhares entre Jeanne e Amira, evitando que pudessem notar suas intenções.
“Ao mesmo tempo, tenho que evitar o máximo de obstáculos para os planos do Pai.”
Ele olhou para o lado oposto de Amira, parecendo analisar os movimentos da rua, mas estava olhando para um telhado atrás deles onde uma placa de publicidade tomava a vista.
Metzerai estava escondido atrás daquela placa observando tudo com cautela.
“Não posso deixar que esse sentimento me domine aqui.” Metcroy olhou para Theo. “Esse general está nervoso com a minha presença, ele obviamente deve saber quem sou. Mas, como? Zethíer? Não. Metz já teria sentido a energia do nosso irmão se esse general tivesse enfrentado ele. Com toda certeza, esse Liam e a princesa já teriam morrido.”
Croy estreitou os olhos encarando Theo, mas logo desviou para o chão.
“Ele tem a energia do Nik’Hael cobrindo o corpo… Não só isso, mas há rastro de…”
Arregalando os olhos, Metcroy recuou novamente.
“A mesma energia que o Pai e Hael estavam envolvidos quando saíram do verdadeiro domínio… Ele esteve na presença de Arcduth? Sim…”
Ele sorriu escancaradamente.
Theo notou sua expressão, mas tentou evitar contato.
“Esse cara é do outro mundo, do verdadeiro mundo. Os convidados do Pai chegaram à capital!”
A alma de Metcroy saltou de felicidade. Ele sequer lutava para esconder o sentimento agitado.
“Vamos Jeanne…” Theo implorou mentalmente. “Se ficarmos mais um minuto, seremos atacados. Eu morreria facilmente para esses dois, embora aquele no telhado esteja devidamente calmo.”
Theo sentiu a presença de Metzerai graças a turbulência na atmosfera.
“Dois Emissários, talvez?” Ele engoliu em seco. “Que força descomunal. São quase tão poderosos quanto os Titãs…”
Metcroy suspirou profundamente.
— Algum problema? — perguntou Amira, vendo o comportamento do guarda.
— Não. É que está muito movimentado, minha intuição está em alerta o tempo inteiro — respondeu Croy.
— Exatamente — confirmou Theo, buscando manter uma parceria falsa com o Emissário. — Nosso trabalho é proteger vocês duas, então, qualquer afronta está nos chamando atenção.
Amira os olhou distante.
— Sei…
Algo, além de Theo, estava o incomodando. A presença que ele sentia era tão forte que chegava a anular todas as outras.
Era como um oceano cobrindo sua parte mais escura.
“Eu podia… Eu podia simplesmente matá-lo.” ponderou Croy. “Mas essa inquietação está ao seu lado, rapaz. Rapaz? Não… A terceira criança abençoada pelo tempo seria mais justo.”
— Princesa, precisamos terminar a rota. — Theo disse, tentando tirá-los dali o mais rápido possível.
— De fato, só um minuto. Amira, voltou a sair do quarto?
— Estou tentando voltar ao normal — respondeu a princesa Nerai.
— Que ótimo!
Jeanne sorriu de felicidade genuína.
“Será a única chance…”
Metcroy queria matá-los, sua mão estava armada para iniciar o ataque. Ninguém entenderia de onde veio o ataque cataclísmico.
Então, por que o Emissário estava hesitando?
— Olá, general Liam.
Sua resposta surgiu subitamente ao lado de Theo, repousando a mão no ombro do rapaz e fazendo Metcroy recuar.
— Javier!
Theo quase pulou de alegria, mas manteve a postura.
Aquela presença intimidadora era do Titã dos Mares. Agora, além da presença sufocante de Liam, também havia a presença imensurável de Javier afogando o Emissário.
— Bom dia — O Titã disse encarando Metcroy.
— Olá.
— Javier, esta é a Jovem Dama do clã Nerai, a princesa Amira — disse Theo. — E este é o guarda pessoal do rei Pendaculos, o guarda real Metcroy.
“Pendaculos, é?” pensou Javier.
— Prazer, eu sou Javier, o Titã dos Mares.
— Titã? — murmurou Amira.
— É o maior título que qualquer ser pode receber. Eu sou do mundo fora deste domínio, vossa alteza.
Amira arregalou os olhos em surpresa.
Metcroy, no entanto, havia concretizado suas suspeitas.
— Um convidado de outro mundo, é um prazer conhecê-los — disse Metcroy.
“Esse arrombado tem a energia do lagartixa mulherengo. Ele pode não ter visto Zethíer, mas entrou em contato com outro Emissário. Ele quem o matou?” pensou o Emissário da Força.
— General, princesa, temos que ir. A tenente Serach tem informações. — Javier cochichou a última parte apenas para os dois.
— Amira, foi ótimo te ver! Vamos sair qualquer dia, apenas nós duas — disse Jeanne.
— Traga seu namorado — retrucou olhando escancaradamente para Theo.
— Foi um prazer lhe conhecer. — Theo se curvou.
— Idem.
— General, princesa, Titã… — Metcroy cumprimentou cada um com os olhos e saiu em busca de Amira.
No telhado, atrás da placa, Selina descansava sua adaga lunar na garganta de Metzerai.
— É, infelizmente não teve nada. — Metz reclamou.
— Para a sorte de vocês — disse Selina, sua voz distorcida graças à máscara lunar.
— Nossa sorte? Você está tremendo com essa adaga. O garoto estava nervoso com a presença do meu irmão, e nós tivemos sorte?
Num movimento brusco, Metzerai desapareceu e apareceu atrás de Selina, onde o telhado terminava em um térreo.
— Sabendo que são de outro mundo, estou ansioso para enfrentá-los em nome do Pai. Adeus, jovem lua.
Selina correu atrás do Emissário do Céu, mas este já havia desaparecido sem deixar rastros.
— Por que toda essa tensão? — Jeanne reclamou com Theo, puxando o punho do jovem General.
Jane tentou puxá-lo para dentro do estabelecimento, mas Theo enrijeceu o corpo e ficou parado. Parecia tentar puxar uma montanha.
— Nós iremos para casa — ordenou.
De repente, Selina juntou-se ao grupo. Jeanne entendeu que se tratava de algo sério.
— O que foi?
Olhando para o chão de olhos arregalados, Theo se manteve em silêncio.
Javier entendeu a tensão, obviamente Theo estava perturbado com a imponência que foi jogada sob si.
O General estalou a língua de raiva.
— Ele era um Emissário. — Theo afirmou puxando Jeanne, e logo a arrastou pela rua movimentada.
A princesa, surpresa em ficando pálida eventualmente, retornou seus olhos para trás.
Destacado entre os civis, o sorriso sádico do Emissário da Força banhou o dia quente com uma sensação congelante.
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