Índice de Capítulo

    A tempestade despencou numa chuva forte e devastadora, tornando o dia em noite ainda pela tarde. Os trovões rasgaram o céu, trazendo um clarão a cada segundo. A fúria da natureza chegou a danificar algumas casas do subúrbio e desmoronar alguns pequenos morros que sustentavam casas mal estruturadas.

    Com a água da chuva se acumulando na rua, não demorou muito para a inundação chegar — se durasse mais algumas horas, seria necessário andar de barcos ou nadar nas ruas da região inferior.

    Diante a uma provação amedrontadora da natureza, um vulto cortou o céu, pulando de um telhado para outro no outro lado da rua.

    Passando de telhado em telhado, fazia apenas um leve barulho nas telhas, mas não as quebrava graças aos passos leves como os de um gato. Serach manteve o ritmo de perseguição por mais alguns minutos até descansar no que deveria ser o centro do subúrbio.

    Selina vigiou a movimentação em uma praça rodeada por árvores. Ela só parou, pois estranhou pessoas na rua em meio àquela tempestade, o que, realmente, não fazia sentido.

    Mason, na escuta? — cochichou perguntando enquanto ajustava um aparelho no ouvido.

    O maior fator que difere o mundo “normal” do domínio, é o avanço tecnológico. Graças a Marelia, a Quinta Legião estava vivendo uma experiência quase futurista.

    — Sim.

    Theo estava posicionado há quase setecentos metros de Selina, no entanto, observando um galpão abandonado.

    Moris, Jack?

    Estamos. — Moris respondeu somente após Jack assentir para o Titã.

    Eles deviam estar em duplas, mas Selina e Theo decidiram se separar e vigiar uma região, ao contrário de Moris e Jack que continuaram juntos.

    — O aparelho funciona mesmo nessa tempestade… — comentou Selina.

    Tecnologia de comunicação avançada é outro nível. Quase não tem alteração na voz… — disse Jack.

    É… Ainda me pergunto o porquê de gastarem tanto tempo e verba para arriscarem nas máquinas de mana…

    Moris se mostrou insatisfeito. O Titã, assim como a maioria dos militares conservadores, não compactuava com a ideia de focar o avanço tecnológico apenas nas máquinas que, outrora, causaram o Cataclismo Negro.

    — Pense nesse aparelho, Lorde Moris. Porém, com uma propriedade elementar sonora e durabilidade para mais de cem anos. — Theo argumentou, sua voz pouco abafada graças a máscara da lua. — Toda tecnologia que nos foi apresentada, pode ser aprimorada com núcleos de energia. O problema está em não controlar essa força.

    Justamente, Jovem Mestre. Eles tentaram construir antes de formular, então, uma catástrofe aconteceu.

    — Não acho que eles deram um passo maior que a perna… Aquelas máquinas tinham uma estrutura que, falando matematicamente, não possuia margem de erros.

    Esse é o erro. Confiar de mais nessa matemática.

    — Não é um erro. — Theo retrucou. — A matemática não erra, ela é perfeita. O erro está nos homens não conseguirem traduzir perfeitamente suas leis…

    Theo se calou gradualmente e estreitou os olhos por debaixo da máscara.

    — Certo. Debate militar cientifico para outra hora. Movimentação suspeita na região B, galpão quatro.

    Para facilitar a familiarização dos agentes, eles dividiram o subúrbio em regiões de A, B e C. Como os assassinatos foram encontrados em um galpão e, posteriormente, mais três crimes foram contabilizados em galpões abandonados, eles decidiram mapear todas as estruturas da região.

    Ao todo foram encontrados quinze estruturas.

    — Que tipo de movimentação? — indagou Moris, se apoiando num pilar para poder correr em direção a Theo.

    Visualizei um grupo de pessoas fazendo segurança na entrada e nas janelas.

    Jack olhou para Moris.

    — Pode ser uma reunião de negócios…

    Todos entenderam o que o agente Glaciel quis dizer.

    — Irei me aproximar. — Theo avisou antes de se mover.

    — Tome cuidado — disse Moris. — Estamos chegando.

    Quinhentos metros. — Selina informou enquanto pulava os telhados.

    Usando o túnel vetorial, Theo analisou cuidadosamente cada brecha do galpão. Ele não conseguiu ver nada além de quinze guardas e uma certa movimentação em um contêiner.

    Passeando cautelosamente no telhado, Theo espionou pelas janelas quebradas e algumas falhas na estrutura.

    Uma luz fraca saia das brechas do contêiner.

    Num instante, Selina surgiu na frente de Theo, averiguando a mesmo brecha que o general.

    — E aí. Achou alguma coisa? — perguntou Selina.

    — Não. Além dos guardas, não consegui achar nada. Mas, tem aquela luz no contêiner.

    Selina verificou para onde Theo apontou.

    Um trovão iluminou o céu naquele instante.

    — Vamos invadir. Estou sentindo a mesma sensação do galpão um — afirmou Serach.

    Sem hesitar, Theo ordenou: — Entrarei pela frente e irei abordar os guardas, você avance direto para o contêiner.

    — Certo!

    Os dois seguidores da lua sumiram em vultos negros.

    Os guardas na entrada principal estavam um pouco relaxados. Ao todo, eram dois no chão e dois numa plataforma superior. Estavam entediados, com um chegando a brincar de malabarismo com sua arma de fogo.

    Um dos guardas no telhado estava começando a acender um cigarro enquanto ria de seu companheiro.

    Um vento frio fez a chuva entrar mais a fundo no galpão.

    — Essa tempestade não tem fim… — Um guarda comentou.

    — Viu a nuvem que se formou? Vai demorar a noite inteira, e talvez pegue parte da manhã.

    — Que horas são, hein? Tá perto?

    — Hum… — O guarda que brincava com o rifle buscou olhar um relógio. — Ainda são dezenove horas — informou.

    — Caralho! — exclamou. — Não chegou nem à noite ainda, porra.

    Um trovão iluminou o galpão inteiro.

    Junto do cessar do clarão na porta, o general Mason surgiu sorrateiramente se esgueirando pelo vento.

    — A noite já chegou, e ela é uma criança.

    Os guardas se surpreenderam ao ver Theo surgir e logo se desesperaram.

    Ativando suas armas, eles perceberam que já era tarde para seguir os protocolos…

    Um domo de vento, originando-se a partir de Theo, empurrou os dois guardas inferiores e os jogaram contra a parede, levando as armas para longe.

    Antes do cigarro cair da boca do guarda superior, uma lâmina de vento levitou em direção a ele e derrubou a arma, em seguida, moldou-se em uma algema de vento condensada e prendeu o guarda na parede.

    Theo não precisou mover um músculo para nocauteá-los.

    — Quatro — disse Theo.

    Seu comunicador estava ativado.

    Rapidamente, o general Mason usou um túnel vetorial para avançar contra alguns guardas em plataformas superiores, aos quais vigiam as janelas de vidro.

    Num único instante, ele derrubou mais dois.

    — Seis…

    Somente naquele movimento, os guardas notaram a presença dele.

    — Atenção! Invasão da facção inimiga! Eles enviaram um desviante…! — Um guarda informou no rádio, mas sua voz foi cortada por Theo.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota