Índice de Capítulo

    O apito de Moris tocou novamente.

    — Kale foi queimado. Favor, se dirigir à zona morta.

    O agente Solaris — Kale — recuperou a bola e caminhou até a zona morta.

    — Vou acabar contigo, Zypher — resmungou para àquele que havia o eliminado.

    — Isso tudo é amor? — retrucou ironicamente.

    Enquanto esperava Kale se mover, Moris pensou: “Zypher está aprendendo como funciona sua base… Embora ele só possua uma ignição comum, seus movimentos e pensamentos começaram a ser mais sutis. Acho que ele está conseguindo assimilar sua ignição para algo além da espada.”

    — Reiniciar! — ordenou.

    Kale lançou a bola para Selina que, posteriormente, fingiu lançar para Theo, mas jogou entre seus adversários tentando eliminar algo. No fim, a bola parou nas mãos de Aidna.

    — Acho que a Serach evoluiu bem — disse Zemynder. — Seus lançamentos passaram a ser mais precisos, e está usando uma técnica de aura bem complexa desde o início.

    — Sim, a “antecipação”, creio eu — confirmou Javier. — Ela passou a aprimorar sua aura, agora, está conseguindo desviar de tudo. Além dos lançamentos precisos…

    — É a ignição dela. — Nihaya afirmou — Quinta configuração: Ponteiro de Ártemis. Faz com que ela marque a alma de um oponente e consiga uma espécie de acerto garantido em seus tiros.

    Moris se virou.

    — Tipo o Lock-On do Grande Mestre Lincoln? — perguntou Ziziel.

    — Parece que sim. Mas, uma versão extremamente inferior. Ela paralisa quando erra um inimigo, pelo que já pude perceber — pontuou Javier.

    — Sim. Este é o defeito que ela tenta resolver. — Nihaya sentou-se na arquibancada.

    Javier voltou a assistir à partida.

    Theo segurou a bola com as duas mãos e fingiu lançar, mas passou para Sara.

    O capitão correu em direção à linha de separação e se preparou para receber.

    O tempo, em sua perspectiva, parou novamente enquanto ele estava no ar.

    “Se eu atirar no Jack, irei eliminar a ameaça que está sincronizando com o Bastien. Não preciso eliminar o Zypher, ele será uma ameaça individual em qualquer parte da quadra. Está sendo difícil lidar com sua imprevisibilidade…” analisou ainda no ar.

    Eliminar Jess também seria uma derrota, pois seus lançamentos e arremessos passaram a ser mais preciso e fortes com o tempo.

    Cada um estava evoluindo de uma forma diferente, mas que mantinha sua essência.

    Porém, a única insatisfeita, era a que não estava evoluindo.

    O tempo retornou, e consigo veio um furo no roteiro que Theo alinhou.

    Sara lançou a bola de forma errada, a modo de passar pelas costas de Theo e ir rumo a Serach, que estava despreparada. E, como o fogo amigo estava liberado naquela partida, Selina poderia ser desclassificada.

    Porém, assim que tocou o chão, Theo fingiu escorregar e conseguiu recuperar a bola. Mas, por falta de tempo e reação, ele só pôde passar a bola por cima do time B e deixá-la nas mãos de Kale.

    — Cuidado — disse Theo. — Fogo amigo é liberado…

    — Estou ciente — retrucou Sara.

    Theo hesitou e olhou para ela de olhos estreitos.

    — Selie, vamos agilizar. Falta dois minutos para acabar a partida e só levamos o Bastien. Se mais um de nós formos, vai desempatar.

    — Cada time está com dois pontos, o líder vale dois pontos — disse Selina, ajudando o general a se levantar. — Se levarmos qualquer um deles, vencemos, se levarem você, perdemos definitivamente.

    Kale e Aidna mantiveram a posse de bola enquanto eles debatiam.

    — Passe para a Selina — pediu Aidna.

    — Não precisava pedir.

    Kale passou a bola entre os agentes do time B. Selina recuperou a posse com precisão.

    No que ela segurou a bola, revidou no mesmo instante com um lançamento poderoso contra Jess. Por sua vez, a agente Buoyvi passou para Bastien.

    Bastien recuperou a posse com calma e decidiu esperar um pouco.

    “Kris… Eles pensam que ela não tem força para eliminar alguém. Mas, se focar na Sara…” Ele olhou para o contador ao lado de Moris. “Um minuto… Precisamos segurar mais um pouco.”

    Ao passar nove segundos, ele lançou a bola novamente para Jack. Todos usufruíram do limite de dez segundos, até quando faltavam apenas trinta. 

    Jess fingiu que iria jogar em Selina, mas não conseguia achar uma brecha para isso. Se errasse, Selina iria tomar a posse de bola e poderia, facilmente, eliminar alguém.

    “Droga!” ela pensou, passando a bola para Kris.

    A feiticeira experiente resolveu não segurar por muito tempo: já estava no tudo ou nada, ela perder ou vencer não daria um resultado diferente, apenas uma conclusão decepcionante.

    Ela arriscou e lançou a bola contra a primeira à sua frente: Sara, que apenas deixou ser atingida.

    — Sara foi queimada! Favor, mover-se até a zona de morte.

    Nihaya suspirou tensamente.

    Com a tabela que carregava nas mãos, ele riscou o nome de Sara.

    — Sem determinação para coisas que ela não gosta… — disse Nihaya, explicando o motivo de sua ação.

    — Essa vai dar trabalho… — comentou Zemynder. — Mas o general tá botando ela no eixo.

    — Como um líder, ele sabe disfarçar as atitudes medíocres dela…

    — Reiniciar! — exclamou Moris, faltando apenas quinze segundos.

    Sara, desmotivada, apenas lançou a bola para os pés do time B.

    Zypher suspirou e se jogou no chão. Ele não quis e, protegendo a bola com os pés, não deixou ninguém dar continuidade a partida.

    — Ah, Sara… — disse Jess, em tom irritado, mas leve.

    Theo puxou uma abundância de ar e suspirou intensamente.

    — Partida encerrada! Time A: Dois pontos, time B: Três pontos.

    Todos os agentes caminharam em direção à arquibancada. Alguns se sentaram para descansar, mas o General Mason não permitiu que Sara realizasse o mesmo.

    Retirando as braçadeiras pretas dos antebraços, Theo chamou, mas com tom de ordem:

    — Sara, vamos beber água?

    Por seu tom estar diferente de sempre, ela apenas o seguiu.

    — Iiiiiih, a primeira a levar esporro do general — disse Zemynder, tirando sarro.

    — Quer ir também? — Theo virou o rosto de lado.

    — N-não…

    — Ótimo.

    Os Titãs estranharam o comportamento de Theo, mas entenderam seu lado.

    — Sinceramente… A família Augustus sempre vai criar uma galera bem casca-grossa — disse Javier engolindo em seco.

    — Que ele cresça assim. — Moris cruzou os braços nas costas e olhou a tabela com Nihaya.

    Limpando o suor do rosto, Jess observou sua amiga e general caminharam até uma torre perto da quadra.

    Eu sou Jess! — Uma memória surgiu na mente da mulher.

    — Prazer, Sara! — Ela tinha, somente, oito anos.

    Era engraçado para Jess, que Sara não mudou quase nada. Sua estatura se moveu e, diferente das demais desviantes com quatorze anos, nenhuma parte do corpo que podia torná-la uma “mulher desejável” havia se desenvolvido.

    Vendo sua amiga agir como uma menina birrenta, deixou ela transtornada. Desde que se conheceram há seis anos, Jess cuidou de Sara como se fosse a irmã mais nova.

    Vê-la assim a deixou envergonhada.

    Theo usou as próprias braçadeiras para enxugar o suor enquanto Sara tomava água no bebedouro.

    — Sabe… — disse Theo, minimamente ofegante — Esportes demonstram o caráter de uma pessoa.

    Sara continuou bebendo água.

    — Se o esporte os tornam famosos de mais, alguns não “perdem a humildade”, apenas expõem quem sempre foram por dentro. Os Titãs escolheram esse treinamento para nos testar além das lutas, talvez explorar novos polos.

    — É… — Sara resmungou baixinho, limpando a boca.

    Theo se manteve de costas e olhando para o céu.

    — No início, quando o Titã anunciou que a traição estava liberada, percebi um certo desinteresse seu na prática. Eu torci para não ser fato, mas era.

    — Fala logo…

    — Cala a boca. — A voz de Theo engrossou, adotando um tom sereno e rouco.

    Os cabelos de Sara se arrepiaram.

    Theo suspirou novamente, coçando a testa e se virando para ela. Os olhos cor de âmbar colapsaram com um ciano colorido pelo medo.

    — Tá bom… — Ele refletiu, tentando relaxar. — Você iria me trair por Bvoyna?

    Ela sequer hesitou: — Se a vitória estiver mais para lá do que para cá, eu nem pensaria de novo.

    — Certo… Vou ser bem direto ao ponto. Você me descreveu como um gênio sem emoção, pelo que disseram. Então, se você continuar com esse pensamento de traição, eu irei descobrir. E quando eu descobrir, Sara, garanto a ti; pode se aproximar de mim o quanto quiser, mas eu te matarei de modo que irá sentir dor até no pós-vida.

    — Virou general e acha que tem essa autoridade…?!

    A pintura dourada, ao qual se materializou em torno de Theo, caiu nas costas de Sara com uma pressão imensurável. Por um momento, ela sentiu a mesma sensação que Moris causou no sub-domínio quando usou a Ressonância Anímica.

    “Ele…” Sara o olhou de baixo. “Quando ele…”

    A agente comparou o Theo que ela conheceu, e aquele diante seus olhos.

    “Não são o mesmo ser…”

    — Está entendido? — perguntou uma última vez. — Eu detesto lealdade por medo, então, dentro do possível, mude essa sua mentalidade.

    — Me vença, e minha lealdade será sua. Eu não aceito que um gênio medíocre como você seja melhor que eu!

    — Tá certo. Quer lutar comigo? Que tal nas seções de treinamento do Lorde Javier?

    — Tá! — Sara berrou estressada. — Me vença e obedeço você como uma cadela! Mas, se eu te vencer… Não vai poder falar nada sobre minhas atitudes!

    — Hm… Péssima escolhas de palavras. Mas… Você está morta.

    O colapso de dois gênios… Dois talentos que ainda precisam ser polidos, porém, movidos pelo orgulho e egoismo. Qual deles se mostrará o verdadeiro sentimento mais importante para a “força”?

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