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    Após o termino do primeiro treinamento, os agentes descansaram cerca de duas horas durante o almoço para recompor as energias. Porém, Theo, Bastien e Kale continuaram treinando; fazendo uma corrida até verem o limite que eles aguentariam.

    Na verdade, mesmo após duas horas correndo sem parar, não ficaram cansados.

    Portanto, vendo que não seria suficiente para se esgotarem, eles descansaram por trinta minutos antes de começar o próximo treinamento.

    Moris levou a bola até o centro do campo.

    [Treino 2: Bolverk]

    [Finalidade: Capacidade de Processamento, velocidade, agilidade, precisão e capacidade de adaptação]

    Time A: [Theo {Capitão}, Kale e Artur]

    Time B: [Bastien {Capitão}, Jack, e Zypher]

    Descrição do esporte Bolverk: duas equipes, de quatro até onze jogadores, se enfrentam em um campo ou quadra, de tamanho equivalente à quantidade de atletas, cujo objetivo é marcar a maior quantidade de “score” possível — que são obtidos após a bola passar da linha das traves.

    Para praticar o esporte, é utilizado um orbe Nexus — comumente chamado de bola. No entanto, com um orbe que consegue assimilar a pressão e força aplicadas sobre si quando os atletas a chutam. Além de verificar o uso ou ausência de energia, já que se tornaria injusto para o esporte padrão.

    Para isso, o campo é dividido entre área inferior, área intermediária e área superior. A última, portanto, sendo o limite conhecido como “meio de campo”, onde separam as zonas de cada time. A área inferior é o local de domínio do defensor, o único que pode pegar a orbe com a mão. 

    A área intermediária limita até onde o defensor pode se mover.

    Por precisar de quatro membros e as mulheres não aceitarem participar, Zemynder aceitou ser o defensor do time B, enquanto Javier assumiu a defesa do time A.

    Para completar o time A — que possuía somente dois homens — Zemynder convidou Artur, um nativo do reino onde o Bolverk foi consagrado o “Esporte Real”.

    Theo, sentado no gramado lateral, amarrou o tênis antes de entrar no campo.

    — Pronto — disse ao finalizar.

    Artur estendeu a mão e o levantou.

    — Usa isso, para evitar que o cabelo caia nos olhos e lhe prejudique — disse Artur oferecendo uma faixa branca.

    Theo colocou a faixa na testa, prendendo o cabelo para cima e evitando que sua franja casual caísse sob seus olhos.

    Mesmo que Kale tivesse cabelo grande, ele deixava casualmente os fios jogadas para cima e pelas laterais, logo não iriam interferir nenhum pouco em campo.

    — Certo, o capitão vai ser tu, né? — perguntou a Theo.

    — Sim…

    Artur grampeou um emblema no ombro de Theo.

    — Vai lá, decidir posse ou domínio.

    Bastien e Moris estavam juntos no centro do gramado, apenas esperando por Theo.

    O general caminhou pacientemente até o Titã e seu vice-tenente.

    Eles se cumprimentaram devidamente.

    — Certo. — Moris puxou uma moeda do bolso — Você  é valor, — disse à Bastien. — você o emblema. — Apontou para Theo. 1

    Moris jogou a moeda para cima e ela caiu nas costas de sua mão.

    Suavemente e sem deixar suspeitas, Theo afetou a rotação para que a moeda desse o resultado que ele gostaria. 

    Afinal, um dos pontos que os Titãs queriam observar era a capacidade de omitir, tanto informações quanto ações.

    Além de Nihaya, nem os Titãs — principalmente Moris, que estava em sua frente — conseguiram perceber sua trapaça.

    — Time A fica com a posse. Bastien, qual seu domínio? — perguntou Moris.

    — Direito — respondeu.

    — Certo. Regras: Caso marquem um ponto, não haverá reinicio de partida, ela continuará normalmente. Ao marcar dois gols de dois jogadores diferentes, a partida se encerra. No mais, as outras regras do esporte irão se manter.

    Todo o time B se posicionou na metade direita do campo, enquanto o time A se reuniu no centro para iniciar.

    Para organizar o time, Theo ordenou que Kyle — o maior e mais forte fisicamente entre eles — ficasse no centro, porém, mais recuado para a defesa, criando uma dupla de defensores com Javier. Porém, ele pediu para que o seguidor de Surya estivesse sempre livre para tentar novos lances.

    Enquanto isso, por ter um certo conhecimento do esporte, Artur ficou na lateral esquerda, tendo permissão de Theo para criar jogadas e corrigi-los sempre que houvesse erros.

    O general, no entanto, iria ser um mediador entre ataque e defesa, sempre buscando equilibrar o ritmo e ditar quando atacar e quando recuar.

    — Certo… Vocês já jogaram? — perguntou Artur.

    — Nam — retrucou Kyle. — Só joguei com bolas normais. Sabe, aquelas de borracha.

    — Tô ligado. Bom, a nexus vai reagir conforme a força e pressão do atleta; sua cor predominante é cinza. Caso alguém toque nela suavemente, o orbe no centro vai piscar em uma luz clara. Quando colocamos força… — Artur pisou na nexus bol, aplicando um pouco de força. — Ela brilha em branco. Quem dos dois tem energia positiva?

    Theo tocou na bola. Por estar com energia neutra por todo o corpo, a nexus bol reagiu e brilhou em verde.

    — Bem… — Artur se impressionou, mas manteve a explicação. — Se você aplicar energia neutra, ela brilha em verde. Energia negativa, ela irá brilhar em vermelho e roxo para energia positiva.

    — Medida de proteção? — perguntou Kyle.

    — Justamente. Se a bola brilhar em uma dessas cores, uma penalidade é marcada e o jogador que aplicou energia é expulso.

    “É… Faz sentido. No esporte anterior, a maioria continuou usando mana, mesmo que numa escala quase imperceptível.” ponderou Theo.

    — É. Estamos prontos! — Theo exclamou para Bastien, que assentiu de volta.

    Moris ergueu o braço para cima e apitou, dando início a partida.

    — Devolve e recua. — Theo ordenou por cochichos.

    Kyle tocou para o general que, no mesmo instante, cruzou a bola para Artur na lateral esquerda. O seguidor de Surya recuou para a zona mista, enquanto Theo e Artur avançaram para a zona do time B.

    Artur correu pela lateral, mantendo a nexus bol colada no pé. Porém, seu obstaculo como marcador estava se aproximando: Zypher manteve uma certa distância do adversário, se aproximando com cautela enquanto seguia os movimentos da nexus.

    “Ele é baixo e magro, então vai ser difícil lidar com a agilidade.”

    Armando a defesa — pondo as mãos nas costas e fechando a visão de Artur — o braço direito de Moris tentou investir.

    Art tentou investir pela lateral quando Zypher ameaçou avançar, mas o marcador agarrou seu braço e o escorou com seu ombro.

    O membro da primeira Legião tentou defender a nexus para que não saísse pela lateral enquanto pensava no que fazer.

    “Muito maior que eu…” pensou Artur, tentando entrar em conflito com a força física de Zypher.

    No entanto, ele não precisava.

    “Sim… A primeira regra que disseram: explorar a base da minha técnica.”

    Estranhamente, Zypher não sentiu o corpo de Artur bloquear seus avanços. O agente quase caiu no chão.

    A sensação de tocar na areia agarrou sua pele.

    Em resposta, a nexus bol passou por debaixo das pernas de Zypher sem notar. E, quando notou, já era tarde para impedir.

    Artur, rodeado por sua aura; uma tempestade de areia, passou por debaixo do braço de Zypher e avançou para o meio de campo.

    — É a primeira configuração da ignição do Art — disse Nora, sentada na arquibancada enquanto arrumava os cabelos de Jeanne.

    — Como? — perguntou Selina.

    — A propriedade elementar do Art escapa das quatro básicas ou das propriedades periódicas. Ele consegue manipular areia, mas, como não existe uma combinação de elementos que crie areia a partir da troca equivalente, ele achou uma forma melhor de usar.

    — Tipo uma névoa — completou Jeanne. — Artur consegue criar ilusões e sensações, manipulando os sentidos dos adversários como tato, visão e audição. Ele se torna praticamente invisível, por não ter que usar mana para isso, já que é um poder inato e desenvolvido por ele.

    Por não estar marcando ninguém, Jack teve que correr para o meio-campo e impedir os avanços de Artur à medida que Zypher tomava sua posição.

    Ao notar a aproximação de Jack, Artur passou a bola para trás com o calcanhar, fazendo-a parar nos pés de Kyle.

    Theo, sendo marcado cruelmente por Bastien, notou a antecipação de Kyle e tentou avançar para as traves, embora o arauto de Hades não o deixasse sair do lugar.

    Kyle dominou a bola e a carregou para a lateral esquerda.

    Ele esperou.

    Esperou… Levando a nexus um pouco para o centro.

    Até que, finalmente, uma abertura surgiu: Theo conseguiu se livrar do braço de Bastien e correr para dentro da área inferior.

    Com a perna esquerda, Kyle lançou a bola para Theo, invertendo completamente o jogo.

    O general confiou no passe de seu aliado… A ponto de sequer virar o rosto.

    Apenas pela sensação da distorção no vento, Theo conseguiu analisar corretamente onde Kyle havia lançado a nexus: foi literalmente onde o general desejava.

    Porém, por ainda ter que lidar com os puxões de Bastien, Theo não foi rápido o suficiente.

    A bola tocou no chão e quicou.

    Novamente…

    A nexus estava praticamente destinada a sair de campo. Contudo, nos últimos esforços, Theo esticou a perna e conseguiu salvá-la na linha final.

    Por Bastien estar muito próximo, Theo optou por dar um leve toque na nexus, a ponto de brilhar apenas em um tom claro, para ela retornar por cima.

    Theo conseguiu driblar Bastien com um lindo movimento arqueado; enquanto a bola voltava por cima da cabeça do arauto de Hades, o general da Quinta Legião deu uma meia volta e fez seu marcador cair no chão.

    Mas, os desafios não tinham acabado.

    Zemynder, como defensor do time B, estava determinado a pular e parar a bola.

    Todavia, antes que ela tocasse o chão, Theo deu um chute mal posicionado para marcar.

    Enquanto virado com o braço direito para as traves, invés de arriscar com a perna esquerda, Theo tentou chutar com o pé direito. A nexus foi vagarosamente em direção ao canto inferior direito das traves; já havia saído do alcance de Zemynder.

    E, após uma linda sessão de movimentos… O apito de Moris ecoou para entregar a recompensa do general.

    1. Valor: o lado da moeda que apresenta o valor capital. Enquanto o símbolo apresenta a imagem daquele valor. Naquele caso, uma das torres do castelo de Kiescrone.[]

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