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    — O elemento que está na ausência dos demais, revela-se como o ancião do abismo — disse Nihaya, caminhando ao lado de Kyle e Selina. — A ausência da luz é a forma mais pura da escuridão… Porém, assim como a lua, seu dever não é estar na ausência da luz… É refletir ela.

    Num corredor grandioso, coberto por pedras irregulares e deformadas artificialmente, o trio caminhou em direção a um portão de aço.

    O vento frio tentou correr por onde tivesse caminho.

    — Então… É isso que você quer me passar? — indagou Selina.

    Seu interesse estava surgindo.

    — Nessa Legião, apenas três pessoas estão concentradas em dano elemental: Kyle, Jack Van Glaciel e Theo. Por vezes, Sara ainda os controla, mas não é sua liberdade. Por isso, devemos criar os opostos…

    — Vamos ser a dupla celestial, agora legitimamente — disse Kyle, dando um leve toque no ombro de sua companheira. — Ainda mais, percebemos que você iria se sair melhor utilizando um elemento base do que apenas aprimoramento. Para isso, iremos te criar como um híbrido.

    Selina saltou para trás.

    — Mudar a composição de um desviante não é algo que acontece do dia pra noite!

    — Você é quem chamamos de percursora especializada em atribuição e aprimoramento — disse Kyle. — Porém, precisamos que seja um suporte especializada em atribuição, aprimoramento e manipulação elemental.

    A empolgação de Selina morreu instantaneamente.

    — Para que essa Legião funcione, precisaremos aumentar o nível dos nossos suportes. Atualmente, temos Bastien, Zemynder, Javier, Moris, eu, Zypher e Theo como percursores. Embora tenhamos bons suportes, não temos ninguém que acompanhe os Titãs, e, muito provavelmente com a evolução do Theo, será difícil acompanhá-lo também… — explicou Kyle.

    Ela entendeu diretamente o ponto.

    — Vocês querem que eu seja a suporte capaz de acompanhar o Theo…

    — Logicamente… — disse Nihaya.

    Olhando para o portão de aço em frente a si, o djinn explicou:

    — Não é querendo desmerecer vocês, mas o Theo é perfeito. Ele tem a melhor estrutura óssea e metabolismo, graças ao sangue azul da linhagem imperial. Além disso, tem um núcleo perfeito; sendo verde e com as melhores características, ainda tendo afinidade a todos os elementos. Isso, claro, contando com a mente adaptativa dele… Consegue vê-lo assim, ou apenas como um adolescente?

    Pondo a mão no portão, o djinn liberou uma pequena parcela de energia para que uma enorme engrenagem começasse a funcionar.

    — Ele não é escolhido, apenas sortudo. Mas, é essa sorte que o faz ser escolhido… Entende? É para esse homem que precisamos de sua determinação. Precisamos que esteja pronta para lutar por ele, não importando o que aconteça.

    — Não precisa me dizer isso. Eu já prometi à minha mestra — disse Selina.

    — Ótimo… Sendo assim, precisamos concluir sua composição primeiro.

    O primeiro portão abriu-se; rangendo pelo corredor quase sem fim, criando ecos imensuráveis e abalos na estrutura pelo movimento colossal.

    Após a abertura completa do primeiro portão, o segundo iniciou sua abertura. Posteriormente, o terceiro, quarto, quinto, sexto e sétimo seguiram o padrão.

    — Que lugar é este? — Selina perguntou, presenciando a abertura dos portões.

    — Uma câmara de âmbar — respondeu Nihaya, caminhando para a câmara.

    — Theo está em uma dessas — comentou Kyle.

    A postura de Selina despencou.

    Ela ficou feliz em saber daquilo, até pensou que iria treinar com seu General… Porém, não era o caso.

    Correndo vagamente até a câmara, Selina ficou esperançosa de que iria encontrar Theo. No entanto, não havia ninguém.

    — Onde…

    — Theo está noutra câmara — disse Kyle.

    — E por que eu não vou para a mesma câmara que ele?

    — É perigoso.

    Selina ficou confusa.

    — Essas câmaras são projetadas para que o desviante possa aumentar sua reserva de energia: liberando-a em forma de aura e, posteriormente, acumulando ela na atmosfera para consumir mais tarde. Atualmente, Theo está junto de Zypher, o núcleo com mais energia da Legião. Para Zypher, não será um problema perder algumas porcentagens de energia em prol do aumento de armazenamento de Theo, porém, o mesmo não se aplica a você…

    Theo iria absorver mais energia do que a capacidade de geração do núcleo de Selina. Se ficassem juntos na mesma sala, enquanto Theo estava no plano espiritual, Serach teria suas reservas de energias drenadas num único momento.

    Além disso, Theo precisa de um núcleo que libere a forma mais perfeita da mana: tanto densa quanto refinada. Naturalmente, o núcleo de Zypher já estava nesse estágio avançado.

    Enquanto Zypher libera mana no ar, Theo absorve a energia e converte para éter com seu colar triluna. Graças ao refino de Zypher, ele não passa por desgaste ou falta de armazenamento, mesmo quando Theo acaba consumindo as reservas atmosféricas.

    — Está pronta? — indagou Nihaya, ficando de braços cruzados no meio da câmara de âmbar.

    Os portões começaram a, gradualmente, se fecharem. Causando estrondos imensuráveis, Selina apenas encarou o djinn até que os tremores e reverberações passassem.

    — Você aprenderá a controlar este elemento assim como controla sua respiração. Portanto, se esqueça do mundo lá fora. Se esqueça dos seus companheiros, da guerra que acontecerá ou de qualquer outra coisa… Concentre-se apenas em tua sombra.

    ***

    Parque Nacional Saint Jianl

    Aidna caminhava calmamente pelas trilhas do parque. As árvores abundantes, cercando a calçada de pedras, permitia uma visão ampla e sincera da região.

    Um traço azul vislumbrava, vagando perdido pelo ambiente. Os passos calmos da druida seguiam os rastros sem pressa. Ela queria apreciar a passagem, acima de tudo.

    Claro, a conexão com o mundo… Não há como abdicar disso. Sentir-se conectada às veias da natureza, o coração pulsando fortemente: a mente concentrada em encontrar cada vez mais detalhes esbeltos naquilo que é perfeito.

    — Quanto tempo a mais iremos acompanhá-la? — indagou Nora, impaciente.

    Caminhando logo atrás de Aidna, estavam Jeanne e sua General Nora, onde a princesa se manteve em sintonia com a natureza assim como a druida. A companhia, no entanto…

    Nora estava desagradada com a calmaria dos últimos dias. Graças a Quinta Legião, ela não foi enviada em missões de campo e tão pouco participou da captura dos seguidores de Elohim.

    E agora estava seguindo uma druida que não fala nem asneira…

    — Quanto tempo for necessário, Nora… — disse Jeanne — Você sabe o que ela está fazendo?

    — Não.

    — Libertação… — disse Aidna, movendo as mãos até um pequeno santuário no final da calçada, entre duas árvores de carvalho.

    Abrindo os braços, uma pequena névoa de energia se espalhou pelo ar.

    — Isso que eu estava seguindo era um espírito perdido… Existem espíritos como estes em todos os ambientes, é até comum vê-los.

    — E por que estava o seguindo? — Nora perguntou com uma mão na cintura.

    — Por que, sendo uma druida, é minha função libertá-los.

    Virando-se para Jeanne e Nora, colocando uma mão sobre a outra na altura dos olhos, ela disse:

    — Nosso mundo é separado por inúmeras camadas. Como seres mortais, estamos presos na primeira camada: o plano terreno. A segunda camada é o que eu chamo de ponte espiritual…

    Separando as mãos, olhou para Nora entre a brecha.

    — E, além disso, se encontra o mundo espiritual. Um mundo que eu ainda não consigo enxergar… Porém, vejo a ponte. Onde os espíritos ainda estavam visíveis aos nossos olhos comuns. Minha função, como druida, é guiar esses espíritos até um santuário, visando sua liberdade…

    — Por que perder tempo com isso?

    Aidna não encarou aquela pergunta com bom-tom.

    Cerrando os olhos, a druida questionou:

    — Por que perder tempo salvando uma vida que não irá te agradecer? Não é essa sua função como general?

    — Ela está correta… — disse Jeanne, entrando na frente de Nora. — Não são apenas as vidas humanas que importam, Nora… O mundo é composto por outros organismos, sistemas… E cada um deles importa no fim de tudo. Não é isso?

    — Precisamente. Mas, não precisa pensar nisso. Não é do seu convívio, apenas do meu. Enfim, princesa… O que você queria ao me acompanhar?

    Jeanne despertou ao se lembrar do motivo. O dia estava sendo tão calmo que ela se esqueceu do por que estavam ali.

    — É sobre a Catedral de Elohim…

    — O que tem? — Despencando os braços nas curvas de sua cintura e rebolando levemente o corpo para a esquerda, Aidna franziu o cenho.

    — Belial… — Jeanne disse com o rosto virado para baixo. — Já ouviu esse nome?

    — O pai dos demônios? — Aidna rapidamente cruzou os braços.

    — Sim…

    Jeanne caminhou até o santuário e se sentou à beira de uma pedra, cruzando sua perna e olhando para suas companheiras.

    — A maioria está treinando no momento… Bastien foi enviado hoje de manhã para uma expedição nos túneis de Kiescrone… Então, ficaram apenas nós para isso… Mas, quando Selina tiver a ordem para invadir a Catedral de Elohim, nós estaremos responsáveis para encontrar o mal por trás da família Dür…

    — Opa… Belial está ligado com a família real Dür? — Aidna saltou para trás.

    — Marelia me informou que Belial é um antigo ancestral da família Dür…

    Nora e Aidna, soltando os braços e dispensando as expressões curiosas, espantaram-se subitamente.

    — Portanto, a missão de nós três será… Exorcizar o pai dos demônios.

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