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    Abrindo agressivamente as janelas do quarto de Theo, uma ordem estrondou pelo cômodo:

    — Acorda, princesa — ordenou Ethan, sacudindo o pano da cama de Theo.

    Acordando gradualmente, ainda com preguiça no corpo e visão turva. Bocejando, ainda processando a voz do próprio pai, Theo se sentou na cama. Ele esperava ter a luz do dia entrando pela janela, porém, ainda era de madrugada.

    — Vamos, arrume sua cama e desça nos próximos dez minutos.

    Theo gemeu de insatisfação, sonolento e desconfortável. Mas, é o que deveria ser feito.

    Levantando-se e obedecendo às ordens de Ethan, o menino rapidamente se juntou com Edward no quintal da residência, onde o Duque costuma treinar casualmente.

    No gramado, apenas poucos metros à frente, Ethan realizava seu aquecimento ao lado de Luanne.

    — Hm… Se certifique de ensinar corretamente a ele, para desenvolver a própria ignição — disse Luanne.

    — Eu sei — retrucou Ethan, escrevendo num quadro móvel.

    — Hum… Tem certeza de que vai ser só isso?

    — Luanne… É o primeiro dia de treinamento. Quer que eu vá sobrecarregar ele de informações?

    — É.

    Ethan procurou sua amiga com os olhos e a encarou com uma expressão facial cômica e julgadora. Ao longe, na visão panorâmica, Ethan encontrou Edward e Theo sentados e os encarando de longe.

    O Duque deu ordem para que Theo se juntasse.

    — Tê, como prometi… Irei lhe ensinar o suficiente para poder sobreviver sem que extrapole minhas limitações.

    — O senhor não pode me ensinar muito, por quê…

    — Existe uma cota, filho — respondeu Luanne. — O conhecimento está monopolizado nas mãos das academias; o que são os núcleos? Como usá-los? Isso são coisas que podemos responder. Porém, conhecimentos complexos e específicos só podem ser ensinados nas instituições.

    — Uma besteira — retrucou Edward, cochilando para Theo.

    — Também acho, mas, infelizmente, há um tratado para todos que entram numa das Quatro Grandes Ordens. Somos proibidos de compartilhar conhecimento para indivíduos não pertencentes às ordens.

    — Certo…

    Ethan bateu com uma régua no quadro.

    — Ao todo, existem sete estágios de núcleos, cinco tipos de energia e três polaridades. Conversei com Beatrice quando as aulas foram canceladas devido ao Cataclismo, então, já deve saber alguma coisa, certo?

    Theo confirmou com um gesto de cabeça.

    — As três polaridades são: negativo, neutro e positivo. Dentro dos sete estágios, existem três estágios para as polaridades negativa e positiva, e só uma para o neutro.

    — Quais são as cores?

    — Amarelo, laranja e vermelho para positivo, azul, lilás e roxo para negativo… Por fim, verde para neutro — respondeu Edward, ao ver que seu sobrinha teve dificuldades para se recordar das sequências. Embora fosse um humano, Ed costumava estudar os desviantes e sua estrutura.

    — Mana, éter, ki, quantum e psicoenergia são os tipos — disse Theo, antes que Ethan lhe perguntasse.

    — Ótimo. Agora, simplesmente não se importe com isso. Esses são os conceitos que você só vai poder aprender na academia. Irei te ensinar apenas a como converter energia em atributo elementar, reconhecer sua afinidade e manipular.

    — Mas antes… — disse Edward, pegando Theo pelo braço não fraturado. — Vamos preparar seu corpo, né não, irmão?

    — Exatamente — concordou Ethan.

    Conduzindo Theo pelo gramado, Edward forçou seu sobrinho caçula a correr ao redor da casa durante toda manhã.

    Mesmo quando estava cansado e com as pernas fracas, quase caindo no chão…

    Theo se manteve de pé.

    Quando estava prestes a ceder à própria mente julgadora, ele continuou correndo até o fim.

    Edward o obrigou a praticar saltos enquanto corria, se mover entre as árvores do bosque e até mesmo a se localizar.

    Levando Theo pela estrada que chegaria em Loureto, Edward fez o garoto entrar no bosque e se perder por alguns minutos.

    Correndo entre as árvores, Theo procurou o caminho de volta. Saltando por cima dos pedregulhos, ele entrou numa rota à direita; uma clareira permitiu a passagem dos últimos feixes de luz do sol, alertando o anoitecer.

    Sentado numa rocha quase no fim da clareira, um skirran vigiou os movimentos bruscos do Jovem Mestre. Um pequeno esquilo branco de olhos vazios assustou-se com algumas braçadas que Theo desferiu em arbustos; por reação, o pequeno animal saltou para cima e ativou seus planadores abaixo das axilas.

    Com um impulso de vento, o pequeno skirran se perdeu novamente dentro do bosque.

    Ao notar que estava anoitecendo, Theo decidiu parar de correr e começar a andar. Ele precisava descansar: Edward o fizera correr pelas últimas duas horas, sua energia estava acabando.

    Ainda assim, ele não conseguia parar de pensar no quão incrível eram suas reservas de energia por permitir que corra tanto.

    Mas, até um super-humano tem suas limitações.

    Caminhando calmamente pelo bosque, Theo enxergou, no fim, resquícios de paralelepípedos seguindo uma linha reta, à medida que postes de luz acendiam e revelavam que aquele era o guia de Theo.

    Ainda que ele tivesse se perdido e desencontrado completamente as direções corretas, Theo sabia exatamente para onde deveria ir a todo momento. O único problema foi o terreno íngreme e desfavorável para ele andar sozinho.

    Chegando na estrada de paralelepípedos, Theo correu de volta para sua casa, seguindo os postes de luz à medida que a luz ia se apresentando.

    Mas, em nenhum momento ele esteve sozinho…

    — Gostou? — disse Edward, aparecendo ao seu lado — Da brincadeira de exploração. Gostou?

    — Uhum… Só não entendi a finalidade.

    — É que quando você for um agente de Vagus, no intervalo das expedições, você não pode ficar deitado e esperando informações. Intervalos não significam descansar, mas sim buscar completar a missão mais rápido… Pelo menos foi o que seu pai me contou.

    Os dois garotos corriam lado a lado, buscando um ritmo que Theo não cansasse tão rápido.

    — Terão dias que você ficará parado, então, o mais sensato a se fazer é conhecer o ambiente. Passar um dia explorando e caçando, é a melhor forma de matar o tempo numa missão.

    — E você me deixa sozinho, o dia inteiro, para isso?

    — Jamais! Eu não te deixei sozinho. Pelo contrário, estive te acompanhando esse tempo todo. Inclusive, até matei algumas bestas que tentaram te atacar.

    As sobrancelhas de Theo franzem em surpresa.

    — Mas eu nem senti isso…

    — Não é pra sentir… — Edward sorriu olhando para o final da estrada, esbanjando um brilho intenso em seus olhos. Virando o rosto para Theo, ele concluiu: — É para isso que eu treino igual um desviante.

    A velocidade de ambos foi gradualmente diminuindo conforme chegavam próximo à praça de entrada da Residência Lawrence. Uma surpresa estava projetada para Theo.

    O Jovem Mestre perdeu sua velocidade quando entendeu o que estava havendo.

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