Índice de Capítulo

    O ambiente escuro e cavernoso, tal qual se encontravam outrora, havia sido substituído por um bosque verdejante. A floresta estava úmida, com um pequeno clima de inverno e uma baixa névoa fria cobrindo apenas os pés dos agentes.

    Aquele clima, em certas partes, trouxe uma sensação familiar para Theo. Pois, embora tivesse um ecossistema mais vivo, o clima era similar à floresta do vento norte onde a classe especial realizou a primeira missão. Ele se lembrou do tempo que passou com Amiah, caminhando pela floresta enquanto buscavam animais Anemo; gotas d’água caíam pelas folhas, uma atmosfera fria mesclando com o chão úmido. De certo forma, Theo amava aquela sensação.

    No entanto, o bosque atual transmitia a sensação de perigo a todo instante. Poderia ser pelo aviso prévio de Isak, porém mesmo se o agente não tivesse informado, talvez aquele bosque fosse ainda mais perigoso. Mas isso não incomodava Theo de maneira alguma.

    Por algum motivo ao qual ele não entende, sua confiança sobre si próprio estava no ápice. Ele se sentia invencível, pelos menos mentalmente.

    — Ei, Theo! — chamou Aidna. — Olha.

    A druida estendeu uma fruta bastante exótica e peculiar para Theo. Era uma fruta do tipo baga, de tonalidade verde-escuro e feita por espinhos. Espinhos estes que aparentemente eram moles. Theo foi atraído pela baga, pois sua aparência entregava um sabor doce. Apenas provando que ele conseguiria concluir.

    — Puxe um dos espinhos.

    — Eu não faria isso… — Selina resmungou ao longe, escondendo seu rosto para que Theo não a visse rir dele.

    Por um momento, ele ficou sem entender. Seu braço ficou parado no ar, erguido, antes de sequer cogitar tocar naquela fruta. Ver Selina rindo era algo considerável impossível, logo, é racional estranhar as segundas intenções da druida.

    Ainda assim, ele avançou. Pegando o espinho da baga com seus dedos, Theo chegou a conclusão que realmente eram folhas. Bom, uma conclusão tão precipitada quanto errada.

    Ao puxar o pequeno espinho, o que parecia uma folha de espinho se tornou em um besouro-verde e branco, concentrando uma massa absurda de energia.

    Theo deu um leve salto para trás, ainda segurando o besouro em suas mãos. Momentaneamente, ele se sentiu intrigado pela espécie do besouro. No entanto, sua curiosidade foi bruscamente interrompida por uma ação repentina do besouro; sem cerimônias, o inseto liberou uma onda de energia contra Theo, espalhando uma névoa verde no ar.

    Por instinto, Theo jogou o besouro no chão e recuou um passo, porém, ao recuar ele tropeçou numa pedra e caiu no chão.

    Vendo o rapaz se arrastar no chão para escapar do besouro Aidna jogou aquela “colmeia”, que parecia uma baga, na frente de Theo, fazendo todos os besouros voarem e explodirem em ondas de energia.

    Selina protegeu seu rosto, buscando se esconder atrás de uma árvore enquanto ficou rindo da cara de Theo. Aidna, por sua vez, andou alguns metros para trás e tapou a boca para esconder sua risada.

    Uma névoa se expandiu contra Theo. Ele não teve outra reação senão criar um vendaval e jogar os insetos e a névoa para longe.

    — Druida imunda… — reclamou se levantando do chão.

    Aidna surgiu rapidamente por detrás de Theo, pulando em suas costas.

    — Oi lindo — retrucou risonha.

    Posteriormente, Aidna relaxou seu queixo no ombro de Theo e demonstrou cansaço. Não contente, obviamente, mas ele segurou suas pernas e apoiou seu corpo nas costas dele. Theo carregou Aidna em suas costas até um riacho na frente, onde Selina estava agachada no leito.

    Serach deixou seus dedos descansando na correnteza do riacho, apenas aproveitando o movimento da natureza.

    Theo se agachou ao lado de Selina, soltando Aidna das costas. A druida ficou em pé, observando as árvores do outro lado do riacho. Ao mesmo tempo, Theo encarava seu reflexo na água; parecia mais limpo. 

    Alguns segundos de silêncio entre os três foram interrompidos por Bastien. O arauto de Hades, embora cansado, tocou no ombro de Theo com bastante determinação e força em seu rosto. Entre todos os agentes, ele foi o único que sequer grudou os olhos durante os últimos dias.

    — Vamos — chamou, olhando para a floresta.

    Aquela floresta, embora completamente desconhecida para Theo, causava uma confusão em sua cabeça.

    A floresta um pouco espaçosa que eles estavam não se parecia em nada com aquela no outro lado do riacho. As árvores eram grudadas, causando uma poluição visual tão grande que não dava para ver nada além delas.

    No entanto, o que causava a confusão em Theo era um pequeno elemento; uma névoa que vazava de dentro para fora. Mas, por algum motivo, não ousava tocar a água do riacho.

    Aquilo era familiar para Theo.

    Sim, um dos detalhes da floresta era dona de seu trauma…

    A postura do rapaz se reajustou sozinha apenas por lembrar. Ele respirou profunda e isoladamente. 

    — Essa é a floresta das ninfas. — Theo afirmou.

    Todos os outros olharam para ele. Aidna era a mais surpresa, tal reação tinha um motivo simples; Aidna deveria sentir que estavam na floresta, mas não aconteceu.

    — Você tem certeza? — perguntou Aidna.

    — Absoluta certeza. Só existe um lugar no mundo com esse cheiro de morte iminente.

    — Agora faz sentido… — um membro do grupo de Isak resmungou.

    — É. Do outro lado parece um inferno — disse Isak. 

    — Estejam prontos — ordenou Bastien. — Defensores, tomem a frente. Jack, Theo, fiquem atrás de mim.

    — Grupo três — chamou Selina, levantando a mão e caminhando para trás. — Fiquem por detrás do grupo dois. Preparem seus feitiços e flechas mais poderosas, iremos precisar.

    Quatro círculos de energia se moldaram ao lado de Aidna. Uma luz verde, emitida pelos círculos de energia, brilhou intensamente a ponto de incomodar todos os agentes. A druida levou dois dedos a sua boca e começou a sussurrar.

    Realizado o ritual após alguns segundos, os círculos implodiram em quatro pequenos pontos de luz verde que se moviam para todos os lados inquietos.

    Dois daqueles pontos de luz rodaram por Theo e pousaram em seus ombros.

    — São pixies, fadas de luz. Elas irão te ajudar — informou Aidna, dando um leve toque no braço de Theo. Posteriormente, caminhou para o grupo de Isak no centro.

    Theo assentiu para a druida em gratidão.

    Ele tentou encarar as pequenas fadas, no entanto, a luz emitida incomodou sua vista. O rapaz tomou ar e coragem para decidir avançar.

    Com um momento tenso entre os doze agentes, Theo refletiu sobre si por um instante. Seus olhos, outrora esbanjando uma confusão de sentimentos, se firmaram em uma expressão confiante e de autoestima. Ele decidiu se concentrar em si próprio naquele momento.

    Bastien retirou suas adagas do cinto, enquanto Jack criou uma espada longa de gelo.  O agente de gelo moveu sua arma para a mão esquerda e, com o braço direito, abraçou Theo pelos ombros. 

    Os dois trocaram olhares amistosos.

    — É um prazer lutar ao seu lado, enquanto está no auge atual — disse Jack, de certa forma, encorajando e massageando o ego de Theo.

    — Obrigado — agradeceu desajeitado.

    — Você amadureceu, não é Bastien?

    — Muito — retrucou Bastien.

    Jack retornou para sua posição e, simultaneamente, Theo retirou a espada das costas. Ele demorou para realizar o movimento, pois a espada zweihänder era grande demais para estar nas costas de um adolescente. Isso o fez refletir sobre uma bainha comum.

    A mando de Selina, a conjuradora, que antes criou o domo para Bastien e Theo, criou uma ponte de terra sobre o riacho.

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