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    O tremor causado pela destruição foi sentido por todos que estavam na floresta, principalmente o grupo de Bastien que ainda corriam em direção ao emissário de Cepheus. Olhando para trás, eles viram um corte de energia verde tingindo o horizonte e rasgando a paisagem onde, sem que alguns estivessem no chão naquele instante, sentiram um abalo sísmico.

    Enquanto alguns curiosos pararam para processar o golpe, Nihaya os interrompeu. Haviam mais cinco quilômetros entre eles e o emissário, o djinn, embora entendesse que aquele poder podia ser absurdo para alguns, não entendia o motivo de tanto alarde.

    ‘Sabem esse corte que lhes deixaram pasmos? Então, o mais fraco golpe de um emissário causará isto.’ afirmou o djinn.

    — A coisa que nós estamos indo enfrentar…

    ‘Tem uma presença e poder ainda maior.’

    A poeira cessou na arena de combate.

    Em nenhum momento, nem nas menores possibilidades, o guardião pensou ter matado um monstro daqueles com um único golpe. Mesmo que tenha sido um de seus melhores ataques. Em resposta ao movimento precipitado do guardião, Selina avançou contra ele empunhando suas adagas da lua.

    [Terceira configuração derivada, Maré de correnteza]

    Selina arrancou ferozmente contra o guardião, deslizando pelo chão, posteriormente, cortou procurando cravar as adagas no abdômen da besta. No entanto, as armas não atravessaram a camada de armadura.

    Balançando o braço, Nosehel derrubou uma pilha de escombros que caíram por cima dele e de Aidna. Tendo certeza de que sua invocadora estava bem, o anjo artificial avançou rapidamente contra o guardião e serviu de contra parte para Selina. Sem permitir que a besta reagisse, Nosehel o suspendeu no ar com um gancho de esquerda; aquela foi a abertura perfeita para Selina.

    [Primeira configuração, Torre Celestial]

    Com apoio de Nosehel, Selina deslizou pelo corpo do guardião, rodando-o com suas adagas numa correnteza de energia que logo se demonstrou como uma torre. Ao cortá-lo superficialmente por todas as extremidades, Selina se viu parada no ar por um único momento. Seus olhos azuis brilharam.

    [Quarta configuração, Ponteiro de Ártemis]

    A visão de Selina foi bordada por um campo escuro, onde tudo havia sumido. Tudo exceto seu alvo; a mão do guardião que empunhava o chicote. Aplicando pressão no cabo da adaga, Serach não hesitou em atirá-la contra o guardião. Embora não fosse uma flecha, serviu perfeitamente como uma, tendo em vista que ela acertou perfeitamente as costas da mão do guardião.

    Um grito afiado de raiva e dor escapou do guardião. Este ainda tentou revidar, porém, Nosehel o agarrou tomando a adaga de Selina e jogando para o chão onde, posteriormente, jogou o guardião contra o solo. No que o guardião caiu, o anjo artificial o chutou para o outro lado da arena.

    Aidna se recuperou, saltando dos escombros que se escondia. Convocando mais bestas, desta vez dois lobos sirius, a druida correu em direção à conjuradora que batalhava para achar os lugares onde armaria sua armadilha.

    Serach caiu no chão, buscando recuperar a adaga e ponderando por um momento.

    O mundo se acalmou de repente, dando espaço para respirar.

    Selina pensou em como ela estava pondo pressão em si. A seguidora de Alunne sempre lutou por quatro motivos: em nome daquela que a gerou e daquelas que cresceram consigo, sua salvadora e sua divindade espiritual. Desde que sua salvadora, Luanne Darkmoon, a resgatou de um mundo aparentemente podre nas periferias de Fulmenbour, Selina prometeu lutar em nome de sua mãe e irmãs, além de sua mentora e da deusa Alunne.

    Mas, agora havia um quinto motivo. Uma luz cintilante que ilumina o ambiente por onde passa e, embora ainda seja apenas uma semente, em algum tempo irá se tornar uma árvore com frutos perfeitos. Uma luz que ilumina a mente de terceiros, esquecendo do próprio ser: Theo.

    Embora não tenha dito isso, mas ensinou para Selina algo valioso: o mundo não é injusto, não existe injustiça, existe apenas a ausência da justiça nas pessoas e, infelizmente, muitas pessoas esquecem de serem humanas. 

    Theo ensinou para Selina, através de suas ações breves, que o mundo não é sujo ou podre, podre são seus habitantes que dizem fazer justiça. Para Serach, o futuro Lumen é apenas uma criança com uma mentalidade próspera, que visa o futuro da humanidade. Aquele brilho nos olhos que Theo emitiu quando notou seu objetivo iluminou a mente de Selina, a mostrou que o mundo ideal para suas irmãs seria um mundo onde houvesse uma humanidade com aquele olhar.

    Uma humanidade que avançasse em prol da justiça sem, jamais, esquecer o motivo de suas ações. Selina adotou que seu dever era, naquele momento, ajudar a semente de Theo florescer na melhor das árvores. Somente assim ela ficaria satisfeita, e é por isso que está disposta a deixar uma luz lhe guiar em meio ao túnel escuro da vida.

    Ela sabia pelo que estava lutando, e isso a tornou ainda mais forte.

    Selina olhou para Nosehel por um momento, notando sua aura e símbolos dos quatro elementos, entendeu tardiamente que aquela coisa era um aliado. Ambos se curvaram levemente.

    — Flua naturalmente por mim… — cochichou Selina. Sua mana, consequentemente, preencheu todas as veias de energia sem deixar espaços vazios.

    Se concentrando profundamente, uma aura de mana se elevou pelo corpo de Selina onde, ao mesmo tempo, sua aura espiritual se manifestou na forma de uma névoa noturna, semelhante a uma noite chuvosa abaixo da lua cheia. Seus olhos brilharam em azul e, por um instante, os olhos de uma águia tomaram sua máscara branca.

    Com a concentração perfeita, Selina experimentou o melhor estágio de concentração e controle de energia: a sincronia. O estado onde a mente e corpo fluem num único fluxo guiado pela energia, agindo unicamente para exercer o objetivo atual.

    Selina passou a trilhar um mundo além do físico.

    Em um rápido movimento, Selina e Nosehel arrancaram contra o guardião. Nosehel foi infinitamente mais rápido que Selina, chegando no guardião com um único movimento. Os dois golias se enfrentaram fisicamente, trocando socos e chutes poderosos que, embora fossem fortes, não afetaram a defesa um do outro. O máximo de dano foram alguns amassados em suas armaduras naturais.

    O punho de ambos se colidiram, criando uma turbulência com a pressão do impacto. O guardião, habilmente, se esgueirou por debaixo do braço de Nosehel e deslocou-se para as costas do anjo druida. Agarrando Nosehel pela cintura, o guardião o levou para cima de sua testa e cravou a nuca do anjo no chão. Se movendo para o lado, o guardião criou um bloco de pedras que lançou Nosehel para longe.

    [Segunda configuração, Luas implantadas]

    Selina de repente saltou nos ombros do guardião, cravando as adagas — revestidas em mana — em sua nuca, ignorando quase que absolutamente o elmo resistente. Movendo milimetricamente as lâminas, cortes de energia se estenderam como meias luas, mutilando o guardião por completo.

    Retirando as adagas, Selina saltou para cima, buscando recuar para utilizar outra configuração. No entanto, o guardião agarrou-a pela perna e a puxou para si. O corpo de Selina reagiu involuntariamente, graças ao estado de sincronia.

    [Primeira configuração, Torre Celestial]

    Inclinando-se para baixo, Selina conseguiu se soltar do agarrado e descer pelo corpo da besta, desferindo dezenas de cortes imbuídos em energia que paralisaram o guardião momentaneamente. Pousando no chão, ela se virou para outra configuração.

    [Terceira configuração, variação, Maré de Correnteza]

    Para os esbeltos olhos azuis de Selina, o espaço comprimiu. Criando um túnel no espaço-tempo onde tudo o que existia era apenas energia, embora não fosse em abundância devido ao núcleo da jovem. Toda a energia do corpo de Selina se concentrou na ponta do pé, criando uma explosão de velocidade em seguida.

    Um único raio de mana se estendeu do ponto inicial de Selina até a parede da arena. Após uma faísca de eletricidade ecoar, um silêncio ensurdecedor agarrou o ambiente. Num único e ligeiro piscar de olhos, Selina atravessou todo o campo de batalha e surgiu grudada na parede, encarando uma tempestade de cortes lunares rasgando tudo por onde passou.

    Como em uma cena de terror, o guardião surgiu repentinamente diante dos olhos de Selina, ignorando todos os golpes que levou. Seus olhos, profundos e agora vazios, reluziam uma cor morta, sem qualquer remorso destacado. De uma manopla em sua mão a espada esmeralda ressurgiu, acompanhada de um brilho e uma aura jamais vista. 

    O guardião estava determinado a decapitar Selina sem permitir que ela fugisse.

    No entanto, Nosehel se materializou ao lado do guardião, segurando a espada com sua mão direita limpa. Com a mão esquerda livre, o anjo artificial deu um tapa no plexo solar e arremessou o inimigo para trás. O simples tapa foi forte o bastante para amassar e, até certa parte, romper a armadura bestial. 

    O guardião cravou a espada no chão e se apoiou, despejando um líquido translúcido de sua boca.

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